Capitulo III 

 A visita de Touya

- Gostaste da aula? - Perguntou Sakura, a Haki, enquanto caminhava pelas ruas em direcção a casa.

- Sim – respondeu Haki, baixinho, lembrando-se que quase tinha adormecido, encostado na carteira.

- Ainda bem! – Disse Sakura aliviada, porque tinha visto ele fazer caretas enquanto o professor falava.

- Tens a certeza que queres que fique na tua casa? – Perguntou ele corando, e lembrando-se de como Sakura lhe tinha pedido para ficar na casa dela.

- Claro! Respondeu Sakura, olhando para ele. O seu irmão não ia gostar muito, mas não podia deixar aquele rapaz na rua – Bem, ao menos até que te lembres de algo e encontres um lugar onde ficar...

- Sim...- resmungou Haki baixinho, 'Porque tinha de ter perdido a memoria!? Tinha a certeza que ficar em casa de Sakura não era uma boa ideia, mas não podia fazer nada, não tinha nenhum lugar mais para ficar.' Olhou momentaneamente para as ruas. Não se lembrava de nenhuma delas.

Os dois continuaram caminhando em silêncio, enquanto a Sakura lhe aparecia uma gotinha na fronte, ao lembrar-se do gritinho que tinha dado Mikaro ao vê-lo entrar na aula.

- Ele é bem bonito! – Tinha comentado ela sussurrando, enquanto um barulho se instalava na aula silenciosa.

Sakura sorriu para Haki.


- De onde o arranjaste? – Perguntara Mikaro com um sorriso maroto.

Sakura começara a explicar-lhe a historia, enquanto Mikaro dava risinhos, e Haki as observava.

- Srta.Kinomoto e companhia! Preferia que falassem lá fora – exclamou o professor calando Sakura e Mikaro, enquanto Haki se sentava numa cadeira atrás de Mikaro.


- Sakura! – Chamou Haki por uma segunda vez, vendo que ela não reagia.

- Haa? – Perguntou Sakura, saindo de repente das lembranças dos acontecimentos da tarde, no fim das aulas ela tinha explicado tudo a Mikaro e Tomoyo. – O que aconteceu Haki?

- Eu estava dizendo... – Começou Haki atrapalhado, Sakura esperou pacientemente, enquanto caminhavam lado a lado – Se não ia causar algum problema, com a tua família, por ficar na tua casa...

Antes de responder, Sakura, imaginou a cara que Touya faria, ao ver um rapaz em casa, uma gotinha apareceu na sua fronte. – Não acho que não vai haver problema – Disse enquanto pensava 'Ao menos espero que não...'

Olhou em seu redor. – Já estamos a chegar! – Disse Sakura, olhando como Haki, estava a ficar nervoso, a cada passo que dava.

A sombra, que tinha visto de relance, na sala de aula e na entrada do parque, passou de novo, desta vez pelas paredes das casas.

- Ahh... – grunhiu Haki baixinho, algo o tinha atingido nas costas.

- Haki! - Exclamou Sakura ao olhar para o rapaz. Estava branco como a cal, com os olhos baços sem mexer-se.

- Haki! O que tens? – Perguntou Sakura assustada, aproximando-se a ele e tocando-lhe na cara. O sangue da sua ferida, começou a brotar novamente, manchando a gaze que tinha, cobrindo-a. Ele não reagia, e de repente, caiu no chão, sendo amparado por Sakura, antes que batesse de cara no chão.

- Ahhhhh! – Gritou Sakura, ao sentir, um rasgão, perfurar o casaco do uniforme da escola, e uma queimadura ficar no seu braço. Virou a cabeça para trás rapidamente.

Um homem careca, só com uma trança comprida, vindo do meio da cabeça, até o fim das costas, estava parado atrás deles com um sorriso diabólico nos lábios.

- Por fim te encontro! – Disse, olhando para Haki. Os seus olhos eram pequeninos, e injectados de ódio, tinha uma cicatriz num olho, como se tivesse sido cortado, por alguma coisa. Não media muito mais que Sakura, e estava vestido com umas vestes amarelas, com símbolos e bordes pretos. As suas vestes eram parecidas as que Li, tinha em criança, só que as dele eram verdes, com vermelho. Uma tristeza, aprofundou-se no coração de Sakura.

- Quem és?! – Perguntou Sakura, para o homem, enquanto este, ria maldosamente.

- Isso não te incumbe! – Respondeu ele, parando de rir, Sakura imediatamente lembrou-se do que tinha dito Haki, quando ela lhe tinha feito a mesma pergunta.

- O mesmo! – Concluiu nos seus pensamentos.

O olhar do homem dirigiu-se a Hakinaze.

- Desaparece inútil! – Disse olhando-a com ódio – Não preciso de ti, eu só quero a ele!

Continuou, assinalando o rapaz que tinha a cabeça no colo de Sakura, com um dedo curto e gordo, aproximando-se.

- Nem pensar! Reclamou Sakura, cobrindo Haki com o corpo.

- Sai da frente, rapariga estúpida! – Exclamou o homem furioso, fuzilando-a com o olhar – Não te quero a ti!

- Não! – Gritou Sakura, metendo a mão dentro do uniforme, e procurando um fio. Um palavrão fez-se ouvir fortemente na consciência de Sakura, 'Esqueci-me da chave!' pensou.

O homem começou a rir novamente, mas desta vez o riso era frio e cortante.

- Oh poder dos malditos, trevas, escuridão! Vinde a mim. Eu, Xing Lao, mestre na arte, invoco-te! Abate-te sobre eles! FOGO!

Uma seta de fogo negra, apareceu do nada, indo em direcção do coração de Sakura.

- NÃO! – Gritou Sakura, deitando-se por cima de Haki e protegendo-o. Uma poderosa força fez-se sentir, deixando-a atordoada. O chão tremeu levemente, e um escudo foi criado, envolvendo Sakura e Haki, protegendo-os.

A seta embateu no escudo e virou-se contra aquele que a tinha lançado.

- Maldita!!! – Gritou o homem, fazendo uma pirueta, para evitar a seta, que passou de raspão pela sua cara, e acabou embatendo numa parede. – Nunca te deverias ter metido nisto!

- Oh poder dos malditos, trevas, escuridão! Vinde a mim. Eu, Xing Lao, mestre na arte, invoco-te! Detroça a aqueles que se me impõe, negra tormenta onde as almas atormentadas deambulam! DESTRUAM AGORA!

Uma bola de energia negra, surgiu das suas mãos, dirigindo-se para Sakura e Haki.

O escudo protegeu novamente Sakura e Haki, mas após um momento tremeluziu e desapareceu.

Antes que ela pudesse fazer alguma coisa, a energia negra atingiu-os... Um espantoso frio, uma sensação de vazio preencheu a sua alma, metendo-a num vértice de uma tormenta, onde sentia dor... dor...gritos atormentados nos seus ouvidos na sua mente, e a dor não cessava...

Tudo na sua mente estava desvanecendo-se, as memorias, que tinha de Li, seus momentos de infância, seu pai, Touya, Yuquito, Tomoyo, entre outras pessoas, passavam rapidamente pela sua mente, enquanto a seta se aproximava, a uma velocidade hilariante...

- SAAAKURAAA! – Ouviu o seu nome, antes de desmaiar, alguém estava chamando-lhe.

- O que... – conseguiu dizer antes de cair completamente sem sentidos no chão.


Caía novamente na escuridão.

Estava quente e suada.

Ainda caía, sozinha no escuro, sem ninguém amparando a sua queda.

Sentiu uma mão fria tocar na sua testa, tentou abrir os olhos mas não conseguiu, as suas pálpebras estavam muito pesadas. Uma presença quente e aconchegada apareceu ao lado de Sakura, fazendo parar a sua queda.

- Vai correr tudo bem...filha – Disse uma mulher de cabelos ondulados e compridos, afagando a cabeça de Sakura – Cuida de ti! – Deu um beijo leve em Sakura e desapareceu.


Sakura, continuava igual, não tinha ouvido nada, só sentido o leve roçar duma boca na sua testa, acalmando-a, baixando a temperatura do corpo.

- A febre melhorou – Anunciou Touya contente, com os olhos brilhando e sorrindo, olhou para um boneco de felpa amarela, que estava em cima do estômago de Sakura, que estava coberta com edredões.

- Oh...Sakurita – lamentou-se Kero, olhando-a, e vendo como lutava contra a febre alta, que se apossava dela, e lembrando-se do que tinha acontecido.


- Ohhh! Não perdi novamente! – Gritou Kero, zangado, mandando o controlo do vídeo game para o chão.

Uma força fez-se sentir, alias quatro, três delas eram desconhecidas, e uma era de Sakura.

- Sakura esta em perigo! – Pensou Kero aflito, e saindo a voar pela janela, em direcção ao local onde tinha sentido as forças.

-SAAAAKUUURAAA! – Gritou Kero ao ver a sua dona, cair no chão, com um estrondo, enquanto um homem em frente dela ria. ' Mas eu senti quatro presenças', prensou Kero, depois olhou para outro rapaz que estava deitado no chão.

O homem olhou lentamente para ele e sorriu.

- O "poderoso" Kerberos... – Sussurrou olhando para umas asas brilhantes, abrindo-se e revelando um enorme tigre. – Que pena ter de desfazer-me de ti! – Disse, enquanto uma bola de fogo, lançada pelo tigre, o alcançava sem lhe causar nenhum dano.

Começou a rir, olhando para um perplexo Kerberos.

- Achas que com isso me venceras, guardião? Esperava mais de ti!

Kerberos lançou outra bola de fogo, mas o chinês, conseguiu desviar o ataque com a mão e continuou a rir.

Kero olhou para Sakura, preocupado, vendo-a pálida, voltou o seu olhar para o homem, mas antes de conseguir fazer algo, este caiu no chão, contorcendo-se com um grito.

- YUE! – Gritou Kero aliviado, ao ver, um anjo, voando na sua direcção pelo céu.

- Ataca Kerberos! – Ordenou Yue, descendo e pairando no ar ao lado de ele.

Uma gotinha apareceu na cabeça de Kero, porque Yue sempre tinha que ser tão mandão? Sem outra alternativa, Kerberos, abriu a boca, lançando mais uma vez uma bola de fogo ao homem que lutava para pôr-se em pé.

- Irão pagar por isto! – Gritou Xing Lao, desaparecendo, numa nuvem de pó amarelo, e fazendo com que o ataque de Kero embatesse no chão, deixando uma grande marca, como se um meteorito de pequenas dimensões tivesse caído no meio da rua.

- O que aconteceu aqui? – Perguntou a voz de um homem, de repente.

Kerberos e Yue começaram a examinar o lugar, a procura de alguém. Pararam quando, viram um homem entre os vinte anos, apoiado numa parede. Com o cabelo castanho rebelde, e os olhos castanhos fundos, com uma pequena mala nas mãos. Tinha uma expressão extremamente cansada e estava pálido.

- Touya? – Exclamou Kero, olhando surpreendido para ele, Yue simplesmente o olhava, sem expressão na cara, já com Sakura entre os braços.

- O que aconteceu aqui? – Repetiu Touya, sem olhar para Kerberos, e olhando para Yue com Sakura nos braços.

- Um novo ataque – Respondeu Yue, cortando com o olhar, a Kero, que ia reclamar, por Touya o ter ignorado.

- Ela esta bem? – Perguntou Touya aproximando-se de Yue.

- Não – respondeu Yue, olhando para Touya seriamente e entregando-lhe Sakura– Mas vai ficar.

Touya olhou para Yue, segurando a sua irmã nos braços, enquanto, uma luz brilhante envolvia o ser na sua frente.

Um homem jovem de cabelos castanhos e com óculos, olhou para ele, após a luz ter desaparecido.

- Yuquito... – Disse Touya em forma de comprimento, olhando-o com carinho.

- Olá Touya! – Exclamou ele, olhando para Touya confuso, e vendo Sakura nos seus braços. – O que aconteceu aqui? – Perguntou, nunca se iria acostumar, a mudança de ser, aquelas coisas sempre o deixavam confuso, e ele nunca se lembrava do que tinha acontecido, ainda que alguns dos pensamentos do anjo, se fundissem com os seus, deixando-o ainda mais confuso. Suspirou.

- É uma história comprida! – Respondeu Touya, resmungando, e olhando para Kero, chamou – Oh...bola de pelo, convertida...

Uma gotinha apareceu na fronte de Kero e Yuquito. 'O seu melhor amigo nunca iria mudar' pensou.

Kerberos rosnou, mostrando os dentes afiados, ao ouvir Touya chamando-lhe de "boneco". Como detestava o irmão mais velho da sua dona, pensou Kero com uma veiazinha na sua cabeça.

- Levanta, aquele ranhoso dai... – Resmungou mostrando com o olhar, um rapaz, que sangrava, e ainda estava deitado no chão, e ignorando completamente o rosnar do tigre com asas que estava ao seu lado.

- Deixa que eu o faço – Disse Yuquito, sorrindo, e afastando Kero – Tu, é melhor voltares a tua outra forma...ninguém vai ficar muito bem, ao ver um tigre com asas na rua.

Kero acenou afirmativamente com a cabeça e obedeceu, transformando-se num peluche amarelo, com asas pequeninas.

- Fica aqui – Disse Yuqui, mostrando o bolso do casaco, e preparando-se para levantar o rapaz do chão.

- Ele está a sangrar Touya! – Avisou Yuquito, olhando para o seu amigo, que ainda segurava Sakura nos braços.

- Espera – Disse Touya, entregando Sakura a Yuqui, que ficou, a olhar para ela. Estava com a face muito pálida e arroxeada, seu corpo estava frio, como se tivesse sido posta dentro de um congelador.

Touya, arrancou um pedaço de tecido da sua camisola, e apertou o tecido fortemente, ao redor do braço do rapaz.

- Eu carrego, ele – Anunciou Touya – Fica com a minha irmã, ela é mais leve que este ranhoso aqui.

Yuqui sorriu gentilmente, e balançou a cabeça negativamente, com uma gotinha na sua fronte. Touya nem conhecia o pobre rapaz e já lhe chamava de "ranhoso". Mas ele o lembrava de alguém, que não via há muito tempo...

- Touya, tens a certeza que ela esta bem? – Perguntou, olhando preocupado para Sakura.

- Não, mas penso que vai ficar – respondeu ele, acomodando o rapaz, nas suas costas. – O "anjo" disse-mo.

- Hummm... – Murmurou Yuquito, não se lembrava de nada. Tudo o que se lembrava, era que estava caminhando em direcção a sua casa, com um saco de bolinhos, que por acaso tinha desaparecido, fazendo um ruído sair da sua barriga. E depois estava em frente de Touya. Não que não tivesse ficado contente, mas o tinham apanhado de surpresa, essas mudanças, não aconteciam há tanto tempo, que já se tinha esquecido, como eram.

- Vamos Yuqui! – Disse Touya, ao ver o amigo pensativo, agarrando bem, o rapaz que levava nas suas costas e pensando 'Ranhoso!'.

Enquanto caminhavam em direcção a casa dos Kinomoto, o estômago de Yuquito rugiu novamente e uma gotinha apareceu na sua fronte.

- Touya... – Chamou.

- Sim? – Respondeu Touya ainda caminhando.

- Hummm... estou com fome.

Uma gotinha apareceu na fronte de Touya, 'Yuqui nunca iria mudar'.

- Esta bem... eu faço algo para ti lá em casa – Respondeu, sério e continuando a caminhar.

Yuquito sorriu, e olhou novamente para Sakura, a sua cor estava melhorando, tinha recuperado alguma temperatura.

- Afinal o que aconteceu, com eles os dois? – Perguntou, olhando desta vez, para o rapaz nas costas de Touya.

Uma voz fina, falou, vindo dum dos bolsos do casaco de Yuquito, interrompendo Touya que ia começar a falar.

- Eu explico! – Anunciou Kero, fazendo que Touya, fizesse uma careta.

E começou a explicar, desde que tinha sentido as quatro presenças.


O peluche de felpa amarela, continuou a olhar para Sakura tristemente. Não tinha conseguido fazer nada para vencer aquele homem.

Sakura mexeu-se na cama.

- O teu pai não vem hoje? – Perguntou Kero, olhando para Touya, que estava a por um pano molhado, na testa de Sakura.

- Sim – respondeu ele, calando-se mais uma vez.

- Que lhe vais dizer?

- Não é da tua conta, boneco! – Replicou Touya, exasperado, e fazendo uma careta.

- Não me chames de boneco! – Exclamou Kero zangado.

- Eu chamo-te o que quiser!

- Grrr! Seu...seu... – Começou Kero, mas não conseguiu dizer mais nada, pois Touya tinha deixado o pano na cabeça de Sakura, interrompendo-lhe.

- Toma conta dela, boneco, eu vou ver o ranhoso que esta no outro quarto! – E dizendo isto saiu do quarto.

- Grrrrrr! – Fez mais uma vez Kero, vendo Touya fechar a porta de onde estava.

O outro rapaz que estava no quarto de Touya, estava bem pior do que Sakura, tinha perdido muito sangue, devido a ferida que não sarava, e esta sangrava constantemente, também sem esquecer que tinha recebido o mesmo impacto que ela. Piorando assim a situação.

- Touya! – Exclamou Yuquito, ao ver ele entrar no quarto como um fantasma.

Touya tinha andado cansado, nos últimos dois dias em que Sakura e o tal rapaz tinham estado desacordados. Andava quase arrastando-se pelo chão, adormecendo sempre que podia e com muitas olheiras.

Estas bem?? – Perguntou, olhando para a fisionomia de Touya, que agora tinha 27 anos, o seu corpo era bem constituído, como sempre tinha sido, a sua pele morena, não deixava transparecer ainda nenhuma marca de envelhecimento, os seus olhos castanhos-escuros, tinham ganho uma madurez, que antes não tinha, e os seu cabelos rebeldes, continuavam iguais. Era o mesmo Touya de sempre, com mais uns centímetros de altura e um corpo um pouco mais definido, ele tinha-se formado em medicina, e trabalhava, como subdirector, chefe, da parte 1 do hospital de Tokyo; com o seu primeiro ordenado tinha começado a pagar um apartamento que ainda continuava a pagar, e continuaria a pagar, até quase o fim dos seus dias.

Yuquito sorriu para ele.

- De que estas a rir? – Perguntou um Touya sério, olhando para ele.

- De ti! – Respondeu Yuquito, fazendo uma gotinha aparecer na fronte de Touya, que o continuava a olhar, Yuquito não tinha mudado muito, os seus olhos castanhos seguiam iguais, doces e gentis, e o sorriso sempre se mantinha na sua boca fina.

- E de como mudaste...- Continuou ele olhando para Touya, ainda sorrindo.

- Hummm... – resmungou Touya, olhando para o rapaz na sua cama – como esta o ranhoso?

- Perdeu muito sangue – respondeu Yuquito preocupado – Não sei.

Touya se aproximou da cama, os sinais vitais do rapaz, estavam muito fracos. A ferida que tinha no braço, tinha aberto novamente, na tarde anterior. Sendo depois limpa e curada, estava agora com uma nova gaze cobrindo-a, mas mesmo assim ela não sarava.

- Se isto continua assim... – Começou Touya preocupado – Vou ter de leva-lo para algum hospital, aqui em casa, não temos as coisas suficientes, para cuidar dele.

- Porque a ferida não sara? – Perguntou Yuquito, olhando, para o rapaz deitado na cama, estava branco como a cal, e os seus cabelos compridos estavam atados, numa coleta, mas mesmo assim, ele continuava desacordado, como se nada de mais se passasse com ele.

- Não sei – continuou Touya – Mas sinto que, essa ferida, não é exactamente, normal que digamos...

Yuquito sorriu – Touya e os seus pressentimentos... – pensou.

- De onde achas que ele conhecera a Sakura??

- Não sei, mas se estava com ela, deve conhece-la, não?

- Sim, penso que sim... – Respondeu Yuqui pensativamente.

A porta de entrada, abriu-se e fechou-se.

Touya e Yuquito se entreolharam.

- O teu pai... – começou Yuquito mas foi interrompido.

- Alguém em casa?? – Uma voz calma fez-se ouvir no andar de cima.

- Pai...! – Chamou Touya no segundo andar.

- O que vais dizer nele, Touya? – Perguntou Yuquito preocupado, ouvindo os passos se aproximarem.

- Não sei... – resmungou Touya – Eu invento qualquer coisa...

A porta do quarto abriu-se deixando entrar, um homem de cabelos castanhos, óculos e um sorriso calmo e carinhoso, que foi apagando-se ao ver a figura de um rapaz deitado na cama do seu filho maior.

- Filho? – perguntou chocado, olhando para os três, Touya, Yuquito e o rapaz que estava caído na cama.

- É uma longa historia... – Suspirou Touya, resmungando, antes que o seu pai pudesse dizer qualquer coisa.

- Boa tarde, senhor Fujitaka – Disse Yuquito educamente e sorrindo.

- Olá Yuquito – Disse o pai de Touya recuperando o sorriso, não via Yuquito há muitos meses – Tudo bem?

- Sim obrigado e consigo?

- Também – Respondeu Fujitaka calmamente, virando-se para Touya.

- E Sakura? Tive um mal pressentimento quando estava na congregação da Universidade.

Touya olhou duvidosamente para ele.

- Ela apanhou uma febre, e agora esta descansando no quarto.

- E este rapaz?

- Bem... como já disse é uma larga historia... – resmungou Touya, olhando de lado, para o miúdo que estava na sua cama – Ranhoso! – Pensou, enquanto voltava a olhar para o pai.

- Vou ver a minha pequena... com licença Yuquito – Anunciou Fujitaka, olhando para o filho – Vem comigo, Touya...

- Esta bem... – respondeu Touya, trocando um olhar soturno com o amigo, enquanto este sorria, ao ver o olhar que Touya tinha feito, quando o pai pediu que fosse com ele.

Touya caminhava atrás do pai – Espero que o maldito boneco de felpa, esteja no seu devido lugar – Pensou, enquanto entrava no quarto de Sakura.

Fujitaka olhou para a sua filha, aproximando-se da sua cama. Um boneco de Felpa amarelo, que sempre a acompanhava estava ali.

A Kero lhe surgiu uma gotinha na cabeça, sempre ficavam a olhar para ele, pensou desgostoso, mas tinha que aguentar os olhares em mexer-se.

- Quando é que começou a febre? – Perguntou o seu pai, tocando na testa de Sakura, e acariciando-lhe a face.

- Há dois dias – Disse Touya, olhando para o boneco amarelo, com uma expressão gozadora.

- Porque não me telefonaste?

- Não queria interromper o teu trabalho – Respondeu Touya, enquanto via o olhar do pai dirigir-se a um monte de presentes, postais, doces e cadernos, que estavam encima da mesa da filha. Uma gotinha surgiu na sua cabeça, ao lembrar-se da discussão que tivera com Daidouji, no dia em que Sakura tinha faltado às aulas. Tinha aparecido ao lado, de uma rapariga de cabelos vermelhos, com olhos castanhos-claros, que quase o tinha hipnotizado, era tão parecida com Kaho, mas a sua personalidade era mais viva e divertida. Quando começara a discussão com Daidouji tinha sido ela quem os tinha interrompido. Mentindo que a febre de Sakura tinha subido, e fazendo com que eles parassem de discutir.


Ding Dong! – A campainha da casa estava a tocar.

- Já vai! – Disse Touya largando o pão e a faca que tinha na mão e indo abrir a porta, Yuquito tinha ido ao trabalho, e só voltaria, a tarde.

Duas raparigas de cabelos compridos, o cumprimentaram.

- Olá Touya! – Disse uma, Touya ficou a olhar para ela.

- Quem és? – A rapariga, abriu os olhos desconcertada, certamente, não tinha mudado assim tanto.

- Não te lembras de mim? - Perguntou.

- Não – respondeu Touya secamente.

- Sou a Tomoyo Daidouji, a amiga de Sakura...

- Ahhh, pois... – Disse Touya relembrando, uma criança de cabelos longos pretos, com reflexos azuis e olhos azuis. Tinha agora na sua frente uma bela rapariga de 18 anos, com os cabelos compridos apanhados, num rabo-de-cavalo no cimo da cabeça, com alguns fios de cabelos soltos, tinha o uniforme que se usava na sua escola, quando andava na secundária.
A sua pele pálida em contraste com os cabelos pretos e os olhos azuis-escuros, davam-lhe um ar quase angelical. As bochechas rosas, com a boca carnuda e vermelha, davam vontade de ser beijadas, e o corpo bem delineado e frágil, Teria dado a qualquer um, vontade de agarra-la. Mas a ele, não lhe causou a mínima diferença.

- Entra. – Disse afastando-se da porta.

- Esta é a Mikaro Kihamo, uma colega da turma dela – Disse Tomoyo, enquanto Mikaro fazia um leve sinal com a cabeça em forma de comprimento e Touya a examinava.

- Hummm... – Resmungou ele, enquanto elas entravam.

- O que aconteceu a Sakura? – Perguntou Tomoyo.

- Ela apanhou uma febre, esta a dormir agora. – Respondeu Touya secamente, sem contar-lhe a verdade.

- Hum... Podemos ir vê-la? – Perguntou mais uma vez Tomoyo, já cansada dos resmungos de Touya.

- Sim, esta no seu quarto – Respondeu mais uma vez Touya, subindo.

Tomoyo fez um sinal em Mikaro que a seguiu.

- Eu vou lá em baixo, se ela precisar de alguma coisa chamem-me. – Disse Touya abrindo a porta do quarto de Sakura e afastando-se.

Tomoyo e Mikaro entraram.

- O irmão de Sakura, não é nada parecido com ela! – Disse Mikaro, fechando a porta do quarto silenciosamente.

- Sim, mas ele sempre foi assim...resmungão... – Informou Tomoyo suspirando – Mas agora esta pior - pensou, aproximando-se da cama de Sakura.

- Ela esta bem? – Perguntou Mikaro, também aproximando-se.

- Parece que sim – respondeu, afagando a face de Sakura. – Ao menos a febre, parece que já passou.

- Ainda bem!

Mikaro retirou várias coisas da mala.

- Vou deixar isto aqui. – Disse, pousando, três cadernos, vários chocolates e cartões de melhores, encima do apoio que estava ao pé da janela.

Tomoyo Deu um beijo na testa de Sakura, levantando-se do chão, para deixar Mikaro aproximar-se de Sakura.

- Ela esta um pouco pálida de mais, não? – Perguntou Mikaro, olhando para ela.

- Sim... – respondeu Tomoyo, desconfiando que tivesse sido algo mais que uma simples febre – Mas ela vai melhorar, não te preocupes.

- Eu sei que vai, ela é forte.

- Sim... Eu já volto vou falar com o seu irmão.

- Esta bem – concordou Mikaro estranhada, enquanto via Tomoyo sair do quarto.

Tomoyo desceu as escadas lentamente e entrou na cozinha, Touya olhou para ela agitado.

- Aconteceu algo?

- Não nada... – respondeu ela, olhando-o fundo nos seus olhos – Só queria saber o que realmente aconteceu.

Touya examinou Tomoyo de cima a baixo, Como essa miúda soube que aconteceu alguma coisa em Sakura – pensou.

- Não aconteceu nada que te interesse – respondeu Touya, sabendo logo a seguir que tinha dado a resposta errada e arrependendo-se, mas não voltando atrás. Os olhos de Tomoyo tinham ficado de outra cor, e a sua face tinha deixado de ter o seu sorriso gentil e tinha ficado seria, e dura, quase como se fosse uma pedra muito bem trabalhada, mostrando a beleza e perfeição da sua cara.

- Como que não me interessa? – Perguntou Tomoyo num sussurro perigoso, odiava quando as pessoas lhe tratavam assim, já quando tinha estado em França, muitas pessoas lhe tinham tratado assim, fazendo com que o seu carácter, mudasse completamente, não ia deixar mais ninguém, nunca mais, lhe tratar assim, prometeu-se uma vez, quando a filha de uma milionária de lá, amiga da sua mãe, a tinha desprezado.

Touya olhou para ela, Daidouji tinha mudado bastante - concluiu.

- Achas então, que eu estou aqui, por não me interessar por Sakura? – perguntou ainda nesse tom, fazendo os pelos da nuca de Touya se eriçarem.

- Não, simplesmente acho que não te interessa o que aconteceu.

- Então não aches nada! Pois sim me interessa – Replicou Tomoyo, com raiva.

- Tu não me podes dizer o que devo achar e o que não devo! – Respondeu Touya elevando o tom de voz. A fedelha estava a ser arrogante demais, para o seu gosto.

- Estas a ser um grosso! – Respondeu ela – Só te int...

Mas foi interrompida por Mikaro que entrou na cozinha.

- Hemmm... disculpem – Disse ela, olhando os dois com uma cara surpreendida, nunca tinha visto Tomoyo zangada. – Mas a febre de Sakura, subiu.

Touya e Tomoyo olharam para ela, pela primeira vez, desde que tinha entrado na cozinha, desviando os seus olhares.

- Vamos embora Mikaro! – disse Tomoyo firmemente, enquanto saia da cozinha.

Mikaro olhou para ela, era impressão sua ou os olhos de Tomoyo tinham mudado de cor, riu com a própria imaginação, e virou o seu olhar para Touya, que se estava preparando para sair da cozinha.

- Cuida dela! Adeus...

- Adeus – Disse Touya sem olhar-lhe, enquanto Tomoyo esperava por Mikaro na porta.


Não sabia muito bem, porque Tomoyo tinha ficado tão revoltada, com a sua resposta, tudo bem que tivesse sido um pouco grosso, mas os olhos azuis escuros dela, tinham ficado, cor de amora... Aquela miúda, o tinha tirado do sério... porque discutiram... agora isso já não era problema, mas a criança que tinha conhecido quando tinha dezoito anos, não tinha nada a ver com o que ela se tinha tornado. Ela era doce, e quase sempre estava calada, mas sempre fora muito educada, tinha mudado completamente o seu carácter. Há tantos anos que não lhe via... – Pensou.

- Filho...

Touya saiu do seu mar de pensamentos, voltando a realidade

- Sim pai?

- O que aconteceu àquele rapaz que esta ferido? – Perguntou Fujitaka levantando-se.

- Mais um problema – pensou Touya, suspirando – Vamos lá em baixo pai, eu lá te explico, o que aconteceu – Respondeu ele, revirando um pouco os olhos.

Fim do segundo capitulo

Continua...

Notas da autora: Oii... aqui vou eu com o capitulo nº 3 vindo, sei que por estas alturas, alguem me quer matar, eu sei, que a historia, esta se desenrolando muito lentamente, mas não tenho culpa, a minha imaginação não é boa...Esperem só mais um pouquinho, na historia tudo tem o seu porque, Haki vai revelar a sua verdadeira personalidade, falta pouquinho, pouquinho... Sigam lendo, e por favor COMENTEM!!!

E como sempre, comentários, sugerencias e criticas ao meu mail... ou deixem REWIEW!

Avances para o próximo capítulo: Sakura recupera do ataque e acorda confusa, Kero anda muito desconfiado do "ranhoso" e Touya volta para casa, enquanto uma Tomoyo zangada, anda na escola, não prestando muita atenção nas aulas...

Capítulo III – A revolta de Tomoyo

Descubram tudo para o próximo Cap...