Capitulo III
A revolta de Tomoyo
- Ela esta bem melhor, não esta Touya? – Perguntou Yuquito, tocando na cara de Sakura.
- Sim, ainda esta um pouco fraca – respondeu Touya - mas deve acordar hoje!
- Que bom! – Disse Yuquito feliz, há muito tempo que não ouvia a voz de Sakura, dois meses quase.
- Sim! – Disse Touya, arrumando, uns medicamentos, que tinha posto encima da mesa de Sakura.
- Touya! Yuquito! – Fujitaka estava chamando-os. – O almoço esta pronto!
Touya olhou para Yuquito com uma gotinha na cabeça, ao ver a cara de estar sonhando que fazia. O pai de Touya e Sakura sempre cozinhara bem.
- Já vamos! – Disse Touya, acabando de arrumar os medicamentos, e saindo do quarto, enquanto Yuquito esperava por ele nas escadas.
Uma rapariga de cabelos esbranquiçados e olhos verdes, olhava para Sakura desde o cimo da Torre de Tokyo.
Na sua boca estava desenhado um sorriso, doce e maléfico, como se soubesse algo muito importante, mas o mantivesse escondido.
Sakura estava, parada encima de um prédio, também olhando quase hipnotizada para a rapariga, parecia um ser das suas próprias cartas, mas ela tinha algo diferente, os seus olhos pareciam ter vida, pareciam o reflexo duma alma escondida.
A rapariga olhou para ela e assinalou para baixo com o dedo indicador.
Sakura desviou os olhos, para o chão, uma energia maligna, estava saindo do solo, formando uma bola ao redor de Tokyo que ia crescendo com o passar dos segundos, apagando tudo ao seu passe.
Levou a sua mão a boca, para não gritar.
- O que esta acontecendo? – Perguntou, olhando novamente para a rapariga, que agora olhava para ela com um sorriso desdenhoso. Uma palavra saiu da boca dela, mas Sakura não ouviu.
As cartas que tinha guardado num bolsinho, saíram de lá, começando a voar em direcção a energia, cada uma desaparecendo, quando entravam na barreira de energia.
- NÃOOO! – Gritou Sakura.
A chave que tinha pendurada no pescoço, começou a pesar-lhe, puxando-a também para baixo. Começou a tentar tirar a chave.
Mas a rapariga encima da Torre mexeu o dedo indicador negativamente, como se dissesse. Não tentes nada! Vais morrer a mesma!
Depois voltou a indicar o chão.
A chave começou a pesar mais, quase como se fosse atraída pela barreira, que já tinha quase engolido o prédio onde ela estava.
Olhou mais uma vez para a rapariga, que tinha começado a rir.
A chave deu um novo puxão, fazendo Sakura dar vários passos para a frente, caindo no vazio.
- AHHHHH!!!!! – Gritou ela, enquanto via a criatura saltar da torre e desaparecer.
Estava caindo novamente.
- NÃOOooO! – Gritou, acordando, e olhando para todos os lados.
- Sakura! – Exclamou Kero preocupado, parando de comer uma caixa de chocolates, que Mikaro tinha deixado.
- Kero? – Perguntou confusa, tentando acalmar a sua respiração, deitando-se de novo na cama.
- Sakuritaaaa! – Gritou Kero feliz, voando até ela.
- O que aconteceu Kero? – Perguntou Sakura, olhando-o, tinha toda a boca manchada de chocolate.
- Alguém atacou a ti e a aquele ranhoso! – Respondeu ele, lembrando-se do rapaz que estava no quarto de Touya ainda adormecido.
- Onde esta ele?? – Começou Sakura preocupada, tentando levantar-se da cama.
- Não Sakura! – Disse Kero angustiado – Ainda estas fraca!!
- Não estou nada! – Replicou Sakura, afastando Kero, e tentando levantar-se.
Uma forte dor de cabeça, atingiu-a, fazendo-a cair novamente.
- Vês!! – Gritou Kero sentando-se ao lado de Sakura, ainda mais angustiado – Não te mexas, ainda estás muito fraca, aquele ataque, fez-te muito mal!
Sakura ia começar a falar, quando a porta do quarto abriu-se, interrompendo-a.
Fujitaka, Touya e Yuquito, entraram no quarto.
- Sakura! – Exclamou o seu pai aliviado, e correndo para abraça-la.
- Paii! Voltaste! – Disse Sakura, sorrindo, e abraçando o seu pai.
- Sim, estava muito preocupado contigo filha!
- Mas eu estou bem... – Disse Sakura fazendo uma careta e mexendo todo o corpo – Vês!
- Sim, filha! – Respondeu o seu pai sorrindo e abraçando-a ainda mais, realmente, aquela febre tinha sido algo estranho, pensou. O seu olhar passeou pela cama de Sakura. E parou num boneco amarelo de pelúcia, que tinha a boca toda castanha.
- Que estranho – pensou – Jurava que o tinha visto, encima dessa mesinha.
Uma gotinha surgiu em Kero, diante do olhar observador de Fujitaka.
- Monstro! – Chamou o irmão fazendo, que uma gotinha aparecesse na cabeça de toda gente no quarto.
- Touyaa!! Eu já disse para não me chamares de monstro! – Gritou Sakura desde a sua cama, pena que não pudesse pontapear Touya. Ainda não tinha forças, mas esse pontapé ia ficar guardado para uma outra oportunidade. Que raiva...– Grrrr!
Touya sorriu, aproximando-se dela e despenteando-a com a mão.
- Monstro – disse baixinho para que só ela ouvisse.
- GRRRR!! – Fez Sakura, tentando alcançar Touya com as mãos, mas ele já estava longe, deixando ver outra pessoa.
Um homem de cabelos castanhos, olhava para ela sorrindo calmamente.
- Yuquitoo! – Exclamou emocionada. Há tanto tempo que não o via.
- Sakura! – Disse ele, indo até ela e abraçando-a, tal como fez o seu pai – Sentes-te bem?
- Sim obrigada! – Disse Sakura com um sorriso de orelha a orelha – E tu como estas?
- Eu também estou bem! – Respondeu Yuquito, olhando agora para ela com os olhos brilhando. Sakura lhe lembrava uma pessoa que tinha conhecido há pouco tempo.
Sakura olhou para um monte de coisas, que estavam ao pé da sua janela. Uma gotinha surgiu na sua cabeça.
- O que é isso? – Perguntou.
Outra gotinha surgiu na cabeça de Touya.
- São umas coisas que as tuas amigas deixaram – respondeu exasperado, ainda lembrando-se do incidente de Sexta-feira.
- Quando vieram??
- Sexta-feira
- O QUE? – Gritou Sakura surpresa, enquanto Fujitaka a olhava preocupado.
- O que aconteceu filha?
- Ahmmm? Quanto tempo estive em cama? – Perguntou olhando para Touya.
- Quase quatro dias...
- O QUE? – Perguntou de novo.
Uma gotinha surgiu na cabeça de Touya.
- Sim, estavas no teu período de hibernação Monstro!
- Touya! – Avisou o pai.
Touya ficou calado observando-a com um sorriso de gozo nos lábios, enquanto a raiva de Sakura aumentava.
- Então hoje estamos domingo? – Perguntou Sakura incrédula.
- Sim... – Respondeu o seu pai – Estiveste muito doente.
- OOOoo! Não! – Exclamou Sakura angustiada – Amanha, tenho teste de Matemática!
- Bem, monstro, é melhor começares a estudar senão... – começou Touya, parando ao ver o olhar de aviso do seu pai.
- Não te preocupes... E ajudo-te a estudar, se for preciso – Disse Yuquito, olhando para ela sorridente.
- Ajudas??
- Sim.
- Obrigada!! – Disse Sakura levantando-se da cama, e abraçando Yuquito, enquanto este retribuía o abraço. – Já me sinto melhor.
Tiririririririrnnnngggg....
- Pufff... – Resmungou Sakura espreguiçando-se e apagando o despertador, Kero continuava adormecido na sua gavetinha.
Levantou-se, e lentamente foi até o quarto de Touya, onde estava Haki, ainda desacordado.
Abriu lentamente a porta, para não alertar o seu pai.
Ele dormia descansadamente, na cama, pelos vistos Touya e Yuquito lhe tinham mudado de roupa. Pois ele já não estava, mais com a roupa que o tinha visto, no dia que o conheceu.
A sua cara, estava já com a cor normal, parecia um anjinho, o seu cabelo rebelde e comprido, ainda estava atado.
Sakura ajoelhou-se ao pé da cama, e começou a observar Haki de perto.
A sua pequena boca, estava sem nenhuma expressão e os olhos fechados não se mexiam, parecia, que o tempo tinha parado.
Sakura afagou a face morena do rapaz, suspirando.
- Porque me fazes lembrar a ele...
Ouviu movimentos no andar de baixo, o seu pai deveria estar a fazer o pequeno almoço.
- Sakuraaa!
Sakura alarmou-se ao ouvir o seu nome, o seu pai a estava chamando, olhou para o relógio.
- Ahhhh não, estou atrasada! – Exclamou, saindo a correr do quarto de Touya, e dirigindo-se ao seu quarto para mudar de roupa, os seus livros de matemática estavam espalhados pela mesa, ontem tinha estudado quase toda a noite com Yuquito.
Vestiu-se rapidamente, e saiu do quarto, indo até a cozinha.
- Tenho de ir embora, pai! – Disse agarrando uma tosta com marmelada.
- Não vais tomar pequeno-almoço? – Perguntou Fujitaka preocupado – Ainda estás fraca filha.
- Não faz mal, vou chegar atrasada pai! – Disse ela dando um beijo na bochecha de Fujitaka e preparando-se para sair.
- Espera filha!
Sakura virou-se para encara-lo.
- Toma, leva isto! – Disse dando a sorrir, um saquinho de frutas e sandes a Sakura.
Uma gotinha surgiu na fronte dela.
- Obrigada pai! – Agradeceu Sakura, também sorrindo exasperada, o seu pai era sempre tão atencioso...
– Adeus... boa sorte no trabalho! – Gritou Sakura já na rua com o seu pai a acenar-lhe desde a porta.
- Boa sorte para ti também filha! – Exclamou o seu pai, sorrindo e voltando a entrar em casa.
Agora que ela, já não tinha os seus patins, tinha que acordar mais cedo, pois também não tinha bicicleta, e andar da sua casa até a escola a pé, era um longo percorrido, sem contar que a escola onde andava era um pouco longe.
Tudo bem, que deveria ter comprado uma bicicleta há muito tempo, mas elas nunca lhe inspiraram muita confiança, mas agora depois de vários anos a correr para a escola, estava arrependida, de não ter aceite a oferta da bicicleta de Touya.
- Ufaaa... – suspirou Sakura, entrando na sala de aula, tinha chegado a tempo.
- Sakuraaa! – Uma rapariga de cabelos vermelhos aproximou-se dela sorrindo – Chegas-te a tempo! Milagree!
- Olá Mikky!
Sakura olhou para ela, tentando recuperar a sua respiração e metendo a mão no peito, sentiu um colarzinho debaixo da camisola, dessa vez não se tinha esquecido da chave, após que tinha tido a conversa com Kero, ontem a noite, depois de Yuquito ter ido embora.
- Sakura, correste um grande perigo!! – Tinha dito Kero, pensativo e preocupado.
- Se não tivéssemos chegado, por estas alturas, tu podias estar... estar... – Continuou Kero, quase tremendo.
- Oh! Kero, não sejas pessimista! – Exclamou Sakura, também tremendo, ao imaginar-se o que Kero ia dizer.
- PESSIMISTA?! – Quase gritou Kero – se aquela barreira que dizes que te protegeu, não estivesse lá! Tinhas morto!!
Sakura confortou-se com os braços.
- Eu sei... Kero disculpa! – Disse, lembrando-se do poder que tinha sentido, quando a barreira tinha surgido.
- Hummm... – Continuou Kero pensando – Eu senti quatro poderes esse dia... mas só lá estavas tu e aquele homem.
- Sentiste quatro?? – Perguntou Sakura incrédula.
- Sim e muito fortes! – Exclamou Kero, sentando-se no ar, com as pernas e os bracinhos cruzados.
- Eu só senti, uma, e foi quando a barreira surgiu... – Disse Sakura, agora ela pensativa.
- Só uma?! – Exclamou Kero, preocupado, a sua dona, não praticava magia, desde há muito tempo, ela tinha deixado tudo para trás quando Eriol e aquele outro ranhoso, tinham ido embora.
- Sim... – Respondeu ela, agora preocupada. – Porque terá sido?
- Há quanto tempo não usas a tua magia? – Perguntou Kero, quase sabendo a resposta, como ele podia ter deixado a sua dona, esquecer a magia tão rapidamente... como... com ele perto, ela podia ter continuado a practicar!
- Bem... – Começou Sakura, contando os anos – Não me lembro bem, mas acho que quase uns 6 anos. – Lembrava-se muito bem da última vez que tinha usado magia, tinha sido, porque Shaoran não tinha respondido a nenhuma das suas cartas, e ela estava desesperada, mas o feitiço não tinha funcionado, e tinha criado um pequeno caos na sua casa, a partir dai, ela tinha desistido de usa-la.
- Sete... – Disse Kero suspirando – O teu poder deve estar muito fraco... – sussurrou – Vamos testa-lo... em pé Sakura! – Exclamou com energias renovadas, esticando-se e puxando Sakura por um braço.
- O que queres que faça...?
- Invoca o poder de uma das tuas cartas!...
- Estas doidoo?? – Perguntou Sakura, os seus olhos verdes se abriram como pratos, ante a perspectiva – Por acaso não te lembras do que aconteceu a ultima vez que utilizei as cartas?!
- Agora há uma diferença!... Tu utilizaste as tuas cartas para seguir o rasto do ranhoso, mas agora é só uma prova... Tens de tirar da tua cabeça que a magia, produz problemas, senão do contrário, nunca poderás ter o uso total dos teus poderes...Vamos! - Exclamou Kero, fazendo Sakura levantar-se completamente.
Sakura olhou para ele incrédula.
- Vamos Sakura, por acaso não consegues usar as tuas próprias cartas?? – Resmungou Kero - ...Afinal estas pior do que pensava!...
- Deixa de dizer isso...Kero! – Gritou Sakura – Estar voando de cabeça, não é precisamente muito tranquilizante, que digamos!
Kero suspirou, olhando para o velho báculo mágico, de onde brotavam duas asas... e a rapariga estava sobre ele mesmo... De cabeça para baixo e contra todas as leis da gravidade...
- É obvio que perdeste muita...muita prática! Se isso te ocorre com "Fligth" não quero ver o que acontece com as outras! – Replicou Kero, a sua dona tinha descido um nível, já que antes, as asas saissem das suas costas... – Vais ter que praticar muito!!! Para conseguir controlar todas as cartas...
- Estas-me a dizer...que as cartas podem sair do meu controlo?
- Não... isso é quase impossível – Respondeu Kero – Elas respondem perante ti, pois elas são tuas, mas estas com tantas dúvidas sobre o teu poder... penso que se devem estar sentindo confusas...
- Vais ter que usa-las sempre que puderes! Como é que quando eras criança, não tinhas tantos problemas...?
- Bem... é que... – Começou Sakura, mas foi interrompida por um bater na sua porta...
O coração de Sakura, disparou, enquanto Kero se escondia...Foi abrir a porta...
- Pai?? – Perguntou Sakura assustada.
- Filha... – Disse Fujitaka olhando-a preocupado – Gritaste?
- Ahhh... pois... Tive um pesadelo... – Mentiu Sakura, isto estava tornando-se um habito, pensou.
- Hummm... – Disse o seu pai, olhando para o interior do quarto de Sakura e não vendo nada de estranho – Então dorme bem filha.
- Tu também pai! – Disse Sakura, com uma gotinha na sua cabeça, tinha o seu báculo, segurado nas suas costas.
- Bons sonhos! – Disse o seu pai, indo até o quarto de Touya...
- Estas melhor? – Perguntou ela, examinando-a de pés a cabeça, para ver se não lhe faltava nada, Sakura estava com bastante olheiras...
- Sim! Obrigada...
- Eu ontem telefonei a tua casa de manha mas disseram-me que ainda estavas a descansar.
- Sim, eu só acordei a hora do almoço... – Respondeu Sakura, dando um último suspiro.
- Parece que essa febre te atacou forte! – Comentou Mikaro, olhando para Sakura, e sentando-se
- Febre? – Perguntou Sakura sem perceber.
- Sim Sakura! O teu irmão disse que apanhas-te febre.
- Ahhh pois... – Exclamou Sakura, percebendo, Touya tinha inventado uma desculpa, para o seu problema, o que terá inventado para o Haki – perguntou-se.
- E onde esta aquele bonitão?? – Perguntou Mikaro, fazendo um olhar maroto.
- Qual? – Perguntou Sakura confusa, depois lembrando-se de Haki.
- Aquele... – Disse Mikaro, dando entoação a palavra.
- Ahhh – disse Sakura corando – Ele não vem hoje, ficou em casa.
- Oh que pena! – Lamentou-se Mikaro, enquanto algumas raparigas também suspiravam, estavam esperando que ele viesse.
- Onde esta a Tomoyo? – Perguntou Sakura desviando o assunto, para não ter que responder a perguntas embaraçosas.
- Não sei... – Respondeu Mikaro ainda com o semblante triste, por Haki não ir a essa aula – Ainda não a vi hoje.
- Hummm... Ela va... – Começou Sakura mas foi interrompida pelo toque, e pela entrada do professor na sala.
- Sentem-se todos! – Exclamou o professor, enquanto tirava umas folhas da sua mala.
Todos, começaram a sentar-se nos seus lugares, desejando-se sorte uns aos outros.
Praticamente tinha fugido da sala com Mikaro ao seu lado. O exame de matemática tinha sido realmente difícil. Todos os seus colegas tinham a mesma expressão de desalento, quando abandonaram a sala. Salvo, muito poucas excepções.
Não queria pensar nisso... Não ia pensar nisso! Já tinha tido suficiente, se não tivesse sido por Yuquito, que a ajudara...ela nunca teria conseguido responder a uma única pergunta nesse exame...Ainda bem que Yuquito era um muito bom professor de Matemática.
- Então como te correu o teste? – Perguntou Mikaro, lembrando-se de como a tinha visto, com uma expressão de total concentração.
- Mais ou menos... – Respondeu Sakura, sem querer continuar essa conversação.
Uma rapariga, passou por ela a correr, Sakura só chegou a vislumbrar uma parte da sua cara.
- Tomoyo? – perguntou-se baixinho, duvidosamente.
- Eii... essa ai, não era a Tomoyo?? – Exclamou Mikaro, indicando a rapariga, que tinha entrado numa casa de banho.
- Acho que sim... – Respondeu Sakura, caminhando mais depressa – Vamos ver...
- Não pode ter acontecido isso! – Gritou Tomoyo, para a sua mãe, que a olhava penosamente.
- Desculpa filha... – Começou Sonomi, quase chorando – Mas... eu te menti...
- Não podes! – Gritou Tomoyo chorando e saindo a correr da sua casa.
- Menina! – Tinha dito uma das, suas guarda-costas, mas ela tinha continuado a correr, sem parar...
Começou a chorar desesperadamente, ao relembrar-se dos acontecimentos da noite anterior...
- Porque a sua mãe...lhe tinha mentido! Ela não podia ter feito isso...
- Tomoyo? – Uma voz doce, tinha interrompido os seus pensamentos.
Tomoyo tentou esconder as lágrimas, soluçando.
- Estás ai, Tomoyo? – Continuou a voz, era de Sakura.
Tomoyo levantou-se do chão, secou as lágrimas, arrumando o seu uniforme.
- Sim Sakura – Respondeu Tomoyo, tentando fazer a sua voz normal, mas falhando totalmente.
Abriu a porta. Sakura a olhava perscrutadoramente, atrás dela estava Mikaro.
Arrependeu-se totalmente de ter saído do cúbico onde estava.
- O que aconteceu Tomoyo? – Perguntou Sakura olhando para a sua amiga, preocupada.
- Nada... – Respondeu tentando esboçar um sorriso.
- Como nada... – Começou Sakura angustiada, nunca tinha visto Tomoyo triste, ou ainda pior, chorando. – Estas a chorar.
Uma lágrima correu pela face de Tomoyo.
- Tomoyo... – Exclamou Sakura, aproximando-se de Tomoyo e abraçando-a e deixando-a chorar no seu peito, não podia fazer mais nada por ela, senão estar com ela nos seus momentos difíceis – O que aconteceu?
- Nã...não quero falar disso! – resmungou Tomoyo soluçando, e chorando ainda mais...
Tinha chegado em casa, vendo as malas da mãe na entrada, depois tinha corrido para a sala contente... Não via a sua mãe há quase um mes!
Era estranho, não ver empregados por perto, mas mesmo assim Tomoyo continuou.
A portada da sala, estava entreaberta. Os gritos da sua mãe faziam-se ouvir, pelo corredor, escuro coberto de formas...
- NÃO! – Gritava Sonomi – Eu NÃO te quero aqui de volta!
Ninguém lhe respondia. Tomoyo já estava pensando que a sua mãe estava virando maluca com tanto trabalho.
Maldita a hora, quando resolveu parar para ouvir a conversa.
Tomoyo começou a chorar ainda mais, o toque já se tinha feito ouvir, mas Sakura continuava do seu lado, apoiando-a.
- Tomoyo... – Falou Mikaro ajoelhando-se ao lado de Sakura, e também abraçando-a.
- Mikky... vai a aula... eu fico aqui com ela... – Disse Sakura apertando o corpo de Tomoyo contra o seu, tentando dar-lhe mais conforto – Tenta desculpar-me com o professor de historia.
Mikaro olhou para ela, acenando afirmativamente com a cabeça e fazendo uma careta, ao lembrar-se do aborrecimento dos aborrecimentos.
Deu um beijo na cabeça de Tomoyo e saiu da casa-de-banho.
- Tomoyo... – Começou Sakura, tentando lembrar-se de algo simpático para lhe dizer – Obrigada, pelas prendinhas, quando estava doente.
Para a sua surpresa, Tomoyo não reagiu, só após um pouco, começou a chorar mais que antes.
Uma gotinha surgiu na cabeça de Sakura. Sempre dizia asneiras... pensou.
- Tomoyo... desculpa... – Sussurrou Sakura no ouvido de Tomoyo, enquanto ela se alcamava e levantava a sua cabeça.
Tomoyo encarou Sakura.
Os seus olhos estavam inchados de tanto chorar, e a sua cara tinha ficado com algumas pintas vermelhas, dando-lhe um ar engraçado.
- Não tens porque desculpar-te... – Respondeu Tomoyo soluçando.
- Sim... – replicou Sakura – Eu não consigo proteger-te, enquanto tu sempre estiveste do meu lado e ainda estas!
- Sakura... – Suspirou Tomoyo – Tu sempre estives-te do meu lado!
Sakura abraçou ainda mais Tomoyo.
- Tu sabes que sempre podes contar comigo!
- Obrigada... – Respondeu Tomoyo, levantando-se, não queria ficar mais ali – Vem! – Disse agarrando a mão de Sakura e ajudando-a a levantar-se.
Tomoyo olhou-se para o espelho, a sua cara estava horrível, sempre que chorava ficava assim, com a cara toda vermelha, e os olhos azuis inchados. Abriu a corrente e começou a lavar a cara, enquanto Sakura a olhava preocupada.
Secou a cara decidida. Ia voltar para casa, pensar nos seus problemas, não queria estar com ninguém, e transmitir a sua tristeza para todos.
- Sakura... – Começou Tomoyo, olhando-a – Vou para casa, não me estou sentindo bem...
- Não queres que vá contigo? – Perguntou Sakura preocupada.
- Não Sakura, eu preciso de ficar sozinha – Disse Tomoyo, esfregando os olhos.
- Esta bem... – Aceitou Sakura sem mais delongas, abraçando-a mais uma vez, sabia muito bem como se deveria estar sentindo a sua amiga, ela própria a tinha consolado, quando tinha chorado por Shaoran – Tudo vai sair bem! Ta... não te preocupes Tomoyo.
Tomoyo sorriu... Sakura continuava optimista como sempre.
- Obrigada...
- Já disse que estou aqui... sempre que quiseres!
- Sim... – Disse Tomoyo, movendo a cabeça, e largando o abraço de Sakura – Adeus amiga. – e sem dizer mais nada, deixou uma Sakura aturdida e sozinha na casa-de-banho.
Sakura suspirou. O que teria acontecido a Tomoyo, para a deixar naquele estado? Ela nunca tinha chorado, sempre mantinha o seu sorriso gentil e doce. Ela certamente tinha mudado muito, desde que voltara de França - Pensou ela, olhando-se por um momento no espelho e depois saindo da casa-de-banho - Agora tinha que enfrentar aquele professor... Uma gotinha apareceu na sua cabeça, enquanto se encaminhava a sua sala de aula a correr, já estava muito atrasada.
- Grrr! – o seu irmão sempre tinha de fazer asneira! – Pensou Sakura, lembrando-se o que Mikaro lhe tinha contado, como ela tinha dito, nas circunstacias especiais em que Tomoyo estava, porqueTomoyo tinha pedido para não contar nada em ela.
Como ele se atrevera a tratar Tomoyo assim! Como!... Ahhh... mas dessa não se safava mesmo! – Pensou, enquanto caminhava rapidamente para casa com raiva – Como a pode fazer chorar!
Entrou em casa, atirando com força a porta.
- Sakura? – a voz do seu irmão fez-se ouvir da cozinha, dando-lhe um susto, ele não tinha ido embora na tarde anterior? Porque voltara?
- Ainda bem que estas aqui! – Exclamou Sakura zangada.
- O que foi monstro? – Perguntou Touya tirando a cabeça, pela porta da cozinha. E vendo a expressão seria da sua irmã, parou de sorrir. Nunca a tinha visto tão seria.
- Porque discutiste com Tomoyo? – Começou Sakura com raiva, entrando na cozinha e vendo Yuquito, com os olhos abertos, pelo que tinha dito Sakura. Olhou para Touya interrogativamente.
- Eu não discuti! – Reclamou Touya – Ela é que...
- Foste tu! – Disse Sakura, ainda com mais raiva, como ele podia ter a coragem de acusa-la! – Ela chorou por tua culpa!
- Ela chorou? – Perguntou Touya incrédulo, Daidouji podia ter ficado muito zangada, mas dai a chorar, estava muito longe, certamente ele não tinha a culpa do seu choro...
- Sim... Seu...– o seu irmão nunca se deveria ter metido com alguém como Tomoyo, com ela, tudo bem, a podia chamar de monstro e tudo o que quisesse, mas com Tomoyo...definitivamente não!
- Sakura... – interrompeu uma voz calmante. Ela olhou para Yuquito que tinha acabado de falar – Acalma-te por favor... – Yuquito olhou para Touya, como dizendo... Agora pede desculpa...
Uma gotinha surgiu na cabeça de Touya, porque Yuquito tinha ganho o hábito de conseguir dissuadir-lhe, olhou para Sakura lentamente fazendo uma careta, enquanto esta o olhava com raiva.
- Sakura... des...desc – Começou Touya, nunca tinha dito essa palavra, e não ia começar a dize-la agora, pensou melhor –...Tenho muita pena de ter magoado a tua amiga, mas tenho a certeza, que não foi por minha culpa que ela chorou.
Yuquito olhou para Touya com uma careta, porque nunca conseguia pedir perdão...desculpa... Mas deu-se conta que Touya tinha razão, conhecia Tomoyo um pouco, e ela não parecia ser rapariga de chorar só por uma discussão.
- Sakura... – Começou Yuquito novamente – Também penso que Tomoyo, não é rapariga de chorar só por uma discussão tola.
Sakura olhou para ele incrédula.
- Tu também? – Perguntou – Claro! Só estas aqui para protege-lo! – Reclamou Sakura, indicando a Touya.
- Sakura calma! – Disse Yuquito com a voz mais seria – Pensa bem, tu conheces bem a Tomoyo, achas que ela ia chorar só por isso?
Sakura calou-se, na verdade, Tomoyo mesmo quando estava zangada, o que quase nunca acontecia, só uma única vez, que a tinha telefonado desde França, contando como uma rapariga a tinha tratado, e pelo menos dessa vez, parecia não ter chorado, só parecia estar mesmo zangada.
- Vês...
- Sim, desculpa-me Yuquito... Mas ele... – Disse indicando Touya, sem dizer o seu nome, a raiva estava passando – Também não tinha nada que ter discutido com ela...
- Não fui eu que com... – Começou Touya, sendo interrompido por Yuquito.
- Sim Sakura, tens razão, tenho a certeza que ele lamenta muito, ter contribuído, na tristeza dela, não é Touya? – Perguntou Yuquito, olhando para Touya por cima dos seus óculos.
Touya acenou afirmativamente...
Uma mansão, iluminada pela luz do crepúsculo, mostrava a sua figura imponente.
A mansão estava silenciosa, só se ouvia o rogaçar das saias das empregadas, que passavam de um lado para o outro, limpando uma coisa ou outra.
Um quarto enorme, com uma varanda, tapada por uns cortinados quase transparentes, estava escurecendo, com a luz do sol que ia embora.
Uma rapariga de cabelos pretos compridos, estava deitada de costas, com os braços cobrindo a cara.
- Afinal... aquele ditado que dizia,"Sabes que aqueles que gastam tempo protegendo os outros são aqueles que realmente precisam de alguém para protegê-los?" era verdade, ela sempre precisou de protecção.
Recomeçou a chorar.
A escuridão encobriu o dormitório, finalmente tinha escurecido, deixando-a na mais sozinha escuridão, pior que aquela da noite, a sua escuridão estava na sua alma.
- O que achas dessa? – Uma voz fria de homem, fez-se ouvir na escuridão. Estava a olhar para uma mansão, iluminada pelos últimos raios de sol.
- Ela ainda não pensou nada. Esta triste, nada mais do que isso. – Respondeu outra voz, esta, era cortante e gelada, quase como se um cubo de gelo descesse pela garganta da pessoa que a ouvia.
- Hummm...
- Vamos embora.
- Está bem...
Fim do 3º Capitulo
Notas (revoltadas) da autora: Porque ninguém comenta...vou chorar! TT
ok, esqueçam... Espero que tenham gostado desse Cap. Ahhh, bem, agora fica no ar... quem terá criado a barreira de protecção a Sakura, se não foi ela própria? E o Haki, porque não acorda? E a Tomoyo??... Bom, ficam para os próximos capítulos...E desculpem pelos erros, blablabla....
E como sempre comentários, sugerencias ou criticas ao meu mail ou deixem REWIEWS!
Avances para o próximo capítulo: Sakura e kero, junto com o outro hum... rapaz começam a ver claro o problema que tem na sua frente – ainda de enfrentar alguns perigos. Lhe vamos dar também uma olhadela ao vingativo Lao. Por outro lado, Sonomi conta os verdadeiros motivos dos seus problemas com Tomoyo y Yukito vê a sua vida ante os seus próprios olhos, entretanto Kero começa a preocupar-se seriamente....
Capitulo IV – Reencontro com as lembranças...
