3 Contos Natalinos
Quem fala é a Karen e apareci apenas para anunciar o primeiro conto natalino (eles me obrigaram a vir pra cá apenas para apresentar essa droga). Ele conta a minha história.
Na série de Inu-Yasha3 Contos Natalinos não sofreu tantas adaptações como Brass-senpai pensou que sofreria (exceto por uma: tentamos desesperadamente encontrar alguém que se encaixasse melhor com meu papel, mas a que menos apresentou mudanças em sua personalidade quanto ao anime/manga Inu-Yasha foi Kagura).
Mas isso não quer dizer que ficou ruim. Melhor explicar outra vez: não ficou ruim quanto à escrita e à gramática como Brass-senpai pensou que ficaria, mas realmente é um conto dark. Isso pode significar que ficou ruim para você que não gosta de fics dark (aqui incluídos as classificações drama e angst
Na verdade, Brass-senpai aliviou um pouco a barra. A fic não ficou tão dark quanto deveria ser (seria completamete dark, mas ao introduzirmos uma dupla inteligente de policiais, a fic ficou mais aliviada).
Mesmo assim, nós duas trabalhamos a noite inteira no script e Kagura ensaiou várias vezes a apresentação. Por isso, envie-nos uma review (aponta para a caixinha de e-mails no fim da sala).
Uma review não necessariamente é para elogios. Nessa caixinha de reviews especial para o natal, você pode doar reviews com elogios, críticas, sugestões, ameaças de morte (tanto à Brass-senpai quanto aos persocons e aos personagens de Inu-Yasha) e qualquer outra coisa que você queira.
O importante é mandar, por que queremos a caixinha cheia nesse fim de ano.
De qualquer forma, Brass-senpai, Melissa e Seiren (mais o pessoal do elenco que são Sesshou-maru, Kagura e Shippou) agradecem àqueles que lêem e não comentam (eu não agradeço, pois isso não me beneficiará em nada).
Brass-senpai sabe que a leitura também é importante, independente da história. Por isso, ela está me dizendo para dizer a vocês para lerem livros por que a leitura nos deixa mais inteligentes.
Hm, não sei quanto a isso, nunca tive a oportunidade de ler um livro. Talvez seja por isso que ninguém me quer por perto... Talvez.
Uma última coisinha, os contos natalinos ficaram pequenos propositalmente. Os contos poderiam ser maiores, mas EU pedi para ela que deixasse pequeno por que achei que era completamente desnecessário prolongar a parte policial deste capítulo, uma vez que não queremos saber da busca e sim do natal de Kagura.
Os outros também ficarão pequenos, mas não pela lerdeza da autora (desconfio seriamente que ela esteja com preguiça de fazer capítulos maiores, mas temo por minha vida e resolvi deixar quieto) e sim pelo fato de que o que REALMENTE interessa são os contos dark de natal... Não os complementos.
Nah, mentira... Isso é só uma desculpa que Brass-senpai deu por que não sabe escrever contos policiais. Ops, acho que não deveria ter dito isso.
Chega de tagarelar e vamos logo à fic. Apreciem com moderação.
Todos os elogios serão enviados ao orfanato dos persocons, pois eles é que nos ajudaram com o script (ora, de onde você acha que Brass-senpai tirou as idéias de contos dark de natal
E também algum merecimento à Kagura que fez essa apresentação de graça (depois de muita insistência por parte de Brass-senpai e Seiren à mestra do vento).
3 Contos Natalinos
Primeiro Conto: Kagura e um gorro
Quando acordou, Kagura não sabia onde estava por que seus olhos estavam vendados. Tentou levantar a mão, mas estavam amarradas. Subitamente, sentiu algo contra seu braço. Uma picada fraca e indolor.
Injeção. Pensara depois de algum tempo. Debateu-se, mas não adiantou em nada. Escutou passos enfraquecendo e isso significa que alguém estava saindo da sala. Não escutou dois passos, escuto um monte. Quem fez isso comigo?... Por que? Sua mente não conseguia encontrar as respostas.
Tacou a cabeça para trás e se deixou deitar. Das duas uma, ou estava numa maca ou no chão, pois sentia o ferro frio em suas costas.
Quem está aí? Queria falar, mas desde que estava ali, sentia que sua voz havia morrido. Tentou se mexer, mas seu corpo se tornou cada vez mais pesado, a ponto de não conseguir nem respirar direito. Parecia que estava perdendo o movimento. Quero sair... Cadê ele? Onde ele está? O que? Kagura espantou-se com seus pensamentos. Quem é 'ele'?
Há tempos, Kagura sofreu um acidente (não se lembra de quê, mas lembra-se que foi dentro de uma casa – talvez a própria casa) que lhe causou sérios problemas cerebrais. Por esse motivo, ela não consegue distinguir o que se passou, o que está acontecendo e o que virá – em outras palavras, ela não sabe dizer quando ocorre o passado o presente e o futuro.
Ela não tem a menor noção de tempo.
Também não consegue diferenciar o certo do errado. Como uma vez, quando lhe ofereceram dinheiro para passar uma noite com um homem. Por sua completa inocência quanto ao que se deve fazer, ela aceitou. Aceitar ou não, não era uma coisa tão perigosa quanto para as mulheres decentes.
Entretanto, na hora, um policial invadiu o local e o caso foi dado como assédio. Graças ao policial, Kagura ainda carrega a pureza consigo. Não que isso lhe fizesse diferença. Ela nem ao menos sabe quem é, ou seu propósito para a vida.
Qualquer um que passasse o dia com Kagura, choraria.
O caso de Kagura é realmente algo de dar pena.
Não saber o que está acontecendo e ao mesmo tempo, não ter o menor senso do certo e do errado... Onde tudo para ela são apenas dúvidas. Dúvidas para o qual nunca obterá respostas.
Ela não sabe o que lhe aconteceu ontem, não se lembra... Não sabe o que lhe está acontecendo agora, ou o por quê... Não sabe planejar o futuro.
O que é o futuro? Ela perguntaria.
Basicamente, ela está morta. Como se ela não tivesse alma. Ninguém seria capaz de ler sua alma já que ela basicamente... Não possui uma.
Sua alma se foi no dia do acidente.
Contaram-lhe que sua mãe morrera. Mãe? O que é mãe? Kagura perguntara quando acordou. Encarava vizinhos, mas que naquele momento já nem se lembravam quem eram.
Os vizinhos a encaram docemente e choraram o dia inteiro. O médico já lhes havia dito o que ocorrera com Kagura e no quê isso influenciaria, mas vendo-a naquele estado, dizendo coisas tão banais como "o que é mãe?"... Isso quebrou o coração deles.
O casal já velhinho conversou entre si sobre a possibilidade de adotar Kagura. Mas claro, o outro lado falou mais alto. Como? Adotar Kagura? Uma youkai? Agora, nesses tempos modernos? Isso realmente está fora dos planos de qualquer família humana normal.
Youkais são vistos como pessoas de cor negra... Ou pessoas de baixa renda... Ou pessoas com deficiência, física ou mental.
Em poucas palavras, o preconceito daquele velho casal foi mais alto e eles optaram por abandonar Kagura, depois de anos de amizade com os pais da pobre garota.
Obviamente, Kagura não se lembra de mais nada disso. Ser abandonada ou adotada para ela, naquela época não lhe fez nenhuma diferença, pois não sabia o que era uma coisa ou outra.
Realmente, a falta de senso quanto às coisas boas e ruins, as certas e os errados fazia falta.
Mas não para ela. Em sua cabeça, apenas haveria uma dúvida se lhe contassem sobre sua deficiência: Se eu tivesse o senso do certo e do errado, isso me deixaria mais feliz? O que isso acarretaria em minha vida? Melhor deixar para lá. E apenas daria de ombros e voltaria a seguir sua vida. Foi assim que ela fez nesses longos dezoito anos. Ou pelo menos desde que sofrera o acidente.
Não fazia a menor idéia de quem estava chamando, mas seja quem fosse, ela queria ajuda. Qualquer ajuda. Não sabia por que precisava de ajuda. Aquilo tudo era complexo demais para ela. Mas ela queria sair daquele lugar. Não por que o achava ruim, mas simplesmente queria sair. Porém seu corpo estava tão pesado que não conseguia mexer-se. Ficou acordada por algum tempo pensando no por que daquilo tudo. Depois de horas de tédio, caiu na inconsciência.
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Kagome entrou correndo na sala de Miroku. Recebera um telefonema dele mais cedo e resolveu aparecer o quanto antes. Ele disse ser urgente.
-O que foi? – Ela perguntou preocupada.
O homem estava à frente dum computador super moderno. Estava conectado à rede e maximizava a janela de um mapa de algum bairro local.
-Aqui. – Apontou para um lugar aleatório. Kagome não sabia o que ele queria dizer. – Ontem eu vim a esse laboratório conversar com Jinenji. – Fitou-a. – Você sabe que Rin precisa dos remédios especiais dele ou morrerá.
Kagome balançou a cabeça afirmando.
-Ele me contou que há muito tempo preparou uma mistura para uma paciente desse hospital. – Fitou o monitor e apontou um outro local aleatório. – Mas como a paciente recebeu alta antes dele entregar o remédio, ele ficou guardado lá por um bom tempo.
-E daí? – Perguntou, querendo saber logo onde tudo isso levaria.
-A criança que receberia esse remédio sofre de memória como a Rin, mas é um caso pior. – Fitou-a nos olhos. – A criança era uma youkai.
Kagome resmungou alguma coisa inaudível e o fitou com receio.
Ambos trabalhavam na polícia, mas gostavam muito de trabalharem juntos para ajudar as vítimas alvo de preconceito. Na verdade, outros policiais ajudavam contra o preconceito também, não só de youkais. Mas esses dois trabalham juntos há realmente muito tempo.
-Eu descobri isso por acaso, Jinenji me contou apenas por contar... Era apenas um comentário. A princípio e para muitas pessoas é inútil, mas não para nós.
Miroku rodou na cadeira e voltou-se para um outro computador, já com um outro mapa, desta vez, mais específico.
-Nessa casa, mora um casal de idosos que já tiveram alguma relação com a youkai. Talvez você devesse ir até lá, vou ver se acho algo sobre ela na Internet.
A grande verdade é que Kagome é simplesmente ótima para agir na prática, enquanto Miroku é bem melhor na parte teórica de todos os casos. Muitos acham isso estranho, uma vez que Kagome é quem fez preparatório de informática e Miroku apareceu ali querendo treinar tiro ao alvo.
Realmente estranho, mas assim é que eles são.
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Kagura acordou quando sentiu alguém tocando seu braço. Por um segundo teve medo, antes de abrir os olhos. Fitou um teto branco alto. Lá no alto uma luz incrivelmente forte a cegou e fechou os olhos outra vez. Tentou pôr a mão nos olhos, mas estavam presas. A mão que sentira em seus braços escorregou pela perna e a apertou, mas não de modo que doesse, e depois algo gelado tocou seu peito.
Abriu os olhos e levantou a cabeça para ver vários homens de branco ao seu redor. Quatro, cinco, seis, não conseguia contar por que sua vista estava turva graças à luz.
As palavras saiam das bocas deles, mas não conseguia entender uma sequer. Apenas escutava murmúrios. Murmúrios que faziam sua cabeça doer cada vez mais.
Deitou a cabeça mais uma vez enquanto um homem retirava o estetoscópio de seu peito. Fechou os olhos.
Os homens andaram até o outro lado da grande sala redonda e azul e começaram a escrever coisas num bloco de notas grande.
-Youkais. Ainda não consigo entender nada. Não consigo entender por que eles são tão parecidos com humanos.
-Ou com animais. Não só fisicamente, mas também têm uma grande inteligência. – Este homem virou-se de costas para Kagura enquanto mexia numas gavetas. – Acredito que a cada geração eles se tornam mais fortes. Mais inteligentes. - O homem virou-se para todos, agora sem as luvas de borracha nas mãos. - Quem sabe o que pode acontecer no futuro? Eles podem escravizar os humanos... Exterminar a raça.
Um outro que estava ao seu lado não gostou do silêncio que se reinou naquela sala, a não ser pelos gemidos e sussurros de Kagura, que tentava se manter acordada e se mexia devagar sobre a maca, tentando livrar as mãos e pernas das faixas.
-Então... Ou os eliminamos agora, enquanto ainda podemos... Ou nos deixamos ser eliminados. Um jogo de Matar ou Morrer. Se correr o bicho pega... Se ficar o bicho come. Estamos completamente sem quaisquer saídas.
Todos pararam para observar Kagura que agora chutava completamente sem força, a maca de metal. Estava quase apagando outra vez. Novamente seus gemidos invadiram o local.
Os homens não se importavam com a polícia, se importavam apenas com a ciência. Esse pequeno grupo é formado pelos melhores cientistas do mundo. Não eram más pessoas. Apenas queriam estudar os youkais.
Mas cada vez que pegavam uma nova espécie, se assustavam com a diferença de genes, comportamentos, tudo! Uma espécie tão desenvolvida que pode assumir várias formas, basicamente, se desvencilhando de outras.
Youkais peixes, youkais mamíferos, youkais anfíbios... Uma enciclopédia que não tem fim, como se um não pertencesse à família do outro.
Estavam também, assustados com as aparências humanas dos youkais.
Algo que não tem fim.
-O que fazemos agora? – Um deles perguntou.
O médico que retirara as luvas de borracha a pouco suspirou levemente, virando-se de costas mais uma vez para a mesa. Retirou uma seringa e a encheu com um líquido transparente.
-É uma youkai, certo? Temos de matá-la.
Os outros o olharam como se o encorajasse a fazer isso, apesar deles todos saberem que estava errado.
Não eram assassinos, eram pesquisadores, cientistas. Entretanto, estavam divididos entre a morte da criatura para suas próprias vidas ou deixá-la livre como os outros para poder viver... que é o que toda criatura deve fazer.
Grande dilema.
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-Com licença! – Kagome gritou pela milésima vez enquanto tornava a bater n porta. Cansada, suspirou e tocou a campainha. – Tem alguém aí? – E voltou a pressionara a campainha.
E finalmente a porta se abriu. Surpresa, afastou-se da porta para olhar uma velha baixinha. Curvou-se e retirou o distintivo do bolso.
-Gostaria de conversar algumas coisas com a senhora e seu marido. – Guardou-o no bolso do casaco outra vez.
-Por Deus! É Natal, não pode pelo menos esperar para o ano novo?
A velha estava quase chorando. Kagome notou o sotaque longínquo dela.
-Eu prometo pagar o aluguel da casa, eu...
Kagome a silenciou com uma pigarreada alta.
-Não vim falar de suas contas senhora... Hã...
-Rosa. Rosa maia.
Ah, sim. Uma portuguesa. Interessante.
Kagome entrou sem cerimônia quando a Rosa a deu passagem. Olhou para vários cantos da casa enquanto afrouxava seu cachecol. Virou-se para ela e percebeu que ela limpava as mãos no avental imundo. Ou simplesmente estava nervosa demais por estar lidando com a policia.
-Senhora Rosa, você conhece algum youkai?
-Youkais? Não venho um há tempos!
Kagome notou um brilhinho saltar de seus olhos. Deveria estar pensando em algum youkai que conhecera e que se apaixonara. Talvez, quem sabe?
-Pode me dizer o nome? – Kagome pegou um bloquinho no bolso do sobretudo azul claro, ao mesmo tempo que percorria a mão pelo corpo para achar uma caneta. Sem sucesso.
Ao ver que ela não consegue achar o que quer, Rosa a guia para uma outra sala onde uma grande árvore estava montada com enfeites de Natal. Sempre pensara que isso era uma tradição deles, mas parece que o mundo todo faz isso no Natal.
Rosa pegou uma caneta em cima duma mesa enquanto sentava-se com dificuldade num sofá tão velho quanto a dona. Entregou o objeto à Kagome.
-Bem, - começou devagar. – Aqui do lado, morava uma amiga minha. Isso foi há uns trinta nos, acho. – Desviava o olhar para várias partes do cômodo, tentando se lembrar. – Tinha acabado de me mudar de Portugal. Fiquei muito assustada quando descobri que ali moravam youkais.
Riu de um jeito estranho.
-E nem sabia o que eram youkais.
-Sim, prossiga. – Kagome resolveu prestar atenção.
-Então, uns dezesseis, dezessete anos depois, vi uma menininha correndo no jardim. No meu jardim. Não fiquei brava, pois adoro crianças. E fiquei sorrindo, vendo-a brincar. Foi naquele dia que eu descobri que ela era uma youkai. A princípio, fiquei abismada com suas orelhas pontudas e seus olhos vermelho-sangue... Uma coisa de outro mundo. Foi quando resolvi pesquisar.
A velha apontou para uma porta debaixo da escada de madeira. Kagome olhou como se não fosse nada, apenas um velho porão.
-Quando me mudei, os ex-donos da casa devem ter esquecido do quartinho, pois deixaram uma enciclopédia esplendida ali. Qualquer coisa que quiser, aqueles livros te dirá. – Kagome a fitou outra vez.
-E lá você entendeu o que são essas criaturas místicas.
A velha deu uma pausa enquanto suspirava.
-Chamei meu marido e falei para nos mudarmos imediatamente. Estava aterrorizada.
Kagome não gostou do jeito que ela falou. Falou como se fossem monstros. Talvez sejam, mas não para ela... Ou para Miroku.
-Bem, uma vez quando saíamos para comemorar o aniversário de casamento, olhamos para a casa ao lado e vimos uma mulher com a filha no colo. Ela também nos viu e acenou para nós.
-E se não fosse por mim, já teria volta para casa assustada. – Olhamos para a escada onde um velho descia cuidadosamente.
Kagome observou enquanto a mulher dava alguma bronca no marido por lhe dar um susto em português. Soube que brigava por causa do susto, pois colocou a mão no coração.
O marido ignorou completamente a velha mulher e se voltou para Kagome, sentando-se ao lado da esposa, num outro sofá.
-A verdade, é que eu a convenci que youkais não eram nada. – Balançou a mão. – Não significavam perigo, caso contraria, o Japão estaria dominado por eles... Ou talvez a yakuza já os teria exterminado... Não sei.
Oh, alguém que pensa como Kagome e Miroku... Finalmente ela achara algo para celebrar na época do Natal?
-Nós ficamos muito amigos deles. – Continuou o velho. - E a pequena passou freqüentar nossa "livraria". Ela lia sempre os mesmos livros. Queríamos saber por que, e a mãe nos contou que era por causa de um acidente. Entretanto, não sabemos que acidente é esse, ela nunca quis nos contar.
-Como se chamava a criança?
-Kagura.
-O sobrenome?
-Sinto, mas não lembro... Algo com Jyuu, oni... Ou talvez Kaze, não lembro exatamente...
-Senhora Rosa? – Perguntou Kagome. Ela engoliu em seco.
E simplesmente balançou negativamente a cabeça.
-Kagura tinha pai?
-Tinha, mas ele nunca saía do escritório. Nem chegamos a ver seu rosto. – Ela respondeu.
-O que aconteceu depois?
Os dois não se atreveram a falar por um longo tempo. Porém Rosa resolve continuar.
-Sua mãe morreu.
-Foi uma tragédia por que não sabíamos como lhe contar isso. Foi durante a noite. O pai estava tão obcecado com o trabalho que matou a própria mulher, durante a noite. Ele foi preso e... – Abraçou Rosa que agora chorava devagar, como se nem tivesse forças para isso. Não continuou.
-Kagura está nas guardas de algum parente agora?
Ninguém respondeu.
Rosa se soltou do marido e limpou os olhos. Fitou o chão enquanto mexia as mãos freneticamente.
-Bem... Nos oferecemos para cuidar dela... Ela não tem nenhum parente... Mesmo o pai que já deveria estar solto se matou, ainda louco.
Kagome se perguntava como alguém pode ficar louco por causa do trabalho. Matar a esposa e suicidar, deixando a filha para trás.
-E onde está Kagura?
-Ela não veio com a gente. – Respondeu o velho com carranca. – Rosa não quis adotá-la.
-Por que não? – Kagome fez carranca também, já imaginando a resposta.
-Como acha que todos olhariam para você se te vissem andando na rua com uma criança youkai? – Respondeu. – Nos olhariam como se fôssemos um...
Kagome ia responder quando ele a interrompeu, continuando.
-Eu não me importaria com isso, mas Rosa... – Ele olhou duro para a mulher, que chorava com a cabeça abaixada.
-Senhora Rosa, isso é preconceito. – Disse rudemente. Estava irritada. Profundamente irritada. E acredite, ninguém segura uma Kagome irritada.
-Avisei isso a ela. Mas ela se preocupa muito com a imagem. Acho que é o defeito de minha mulher.
Kagome se levantou.
-Onde está Kagura?
-Ela foi levada a um orfanato.
-Quero o endereço. – Anotou-o no caderninho.
Kagome foi gentilmente levada até a porta pelo homem idoso. Mas antes que pudesse sair, a voz de Rosa a chamou a atenção.
-Por favor, traga Kagura de volta pra gente. – Disse entre as choramingadas. – Eu prometo que vou tomar conta dela agora.
Kagome não se virou para trás, para ver a mulher.
-Senhora Rosa. Você sabia que o que fez é preconceito? Isso pode até levar uma multa. Ainda mais nos dias de hoje. – Respondeu friamente. A mulher voltou a chorar.
-Policial, eu me responsabilizo por tudo. – Kagome fitou o velho ao seu lado. – Traga Kagura de volta para casa. Não por nós. Por ela.
Kagome ficou parada por um momento antes de sair da casa, apertando o cachecol quando um vento frio a fez encolher-se.
-Verei o que posso fazer.
Respondeu da mesma maneira e entrou em seu carro.
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Aquele mesmo cientista aproximou-se da mesa onde Kagura já tinha parado de tentar se libertar. Mas pela respiração, viram que ainda estava acordada. O homem levantou a seringa e preparou para injetá-la.
Mas não enfiou a agulha em seu braço.
Simplesmente ficou parado.
O grupo de amigos o olhou, intrigados quando algum tempo se passou. O médico voltou para o móvel e guardou a seringa cuja gaveta a retirara.
-É Natal. – Disse sem se virar para os outros. – Vamos deixar só essa passar. De todo modo, não é do meu feitio matar alguém. Se quiserem, vocês que a matem. – E se retirou da sala.
Os homens olharam Kagura e depois se fitaram. Resolveram soltar Kagura. Esta agora estava completamente adormecida por uma anestesia anterior. Mesmo assim, não tiraram a venda de seus olhos.
A carregaram para fora.
-O que vamos fazer com ela? Devolvê-la ao orfanato?
-Não acho uma boa idéia. Se ela fugiu de lá, é por que não queria voltar. Pode estar sendo maltratada.
-Além do mais, já é maior de idade, não há problema deixá-la solta.
Quatro homens a puseram num carro. Um deles dirigia pela estrada deserta.
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-Como assim fugiu?
Kagome perguntou atônita há uma mulher. Era a dona do orfanato.
-Não nos interessa, se fugiu, melhor. Não temos que gastar comida ou água com ela. Melhor, sobra mais para as crianças. – Ela disse com o nariz empinado para cima.
Kagome tinha a vontade de lhe enfiar um soco bem debaixo da fuça. Como queria, mas bem, agora não é tempo pára isso.
-Você pode me dizer se há algum lugar onde ela possa estar? – Perguntou a contra-gosto. Sabia que se mesmo que a mulher soubesse, não contaria. – Algum lugar favorito ou que ela gostava de ir? Um parque, praça...
-Não sei de nada. – Respondeu e virou a cara.
-Posso dar uma olhada para ver se Kagura não está aí? – Nem sabia como Kagura era. Mas com certeza, se ela estivesse lá, a mulher reagiria.
Mas ao invés disso, ela sorriu cinicamente.
-Ora, vá em frente. – Abriu a porta que dava para um corredor. O corredor do orfanato, onde estavam as demais portas dos quartos. – Se não acredita em mim, procure.
Kagome sentiu-se derrotada e saiu do local. A mulher falava sério.
-Voltarei o mais breve possível para isso. Tenha certeza. – E saiu.
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Kagome pegou o celular e ligou para Miroku. Estava estacionada em algum lugar que nem saberia dizer qual. Mas seja como for, o local era deserto. Era neve, neve, neve e mais neve para qualquer lugar que se olhasse.
-Miroku. – Disse quando ele atendeu. – Não consegui nada. Mas vai se espantar quando ouvir a histó... – Sua voz foi morrendo. Mal conseguia escutar Miroku a chamando do outro lado da linha.
Estava concentrada em olhar um carro que tinha parado há alguns metros longe dela. Pelo visto, os quatro homens que saíram não a viram.
Espantou-se ao ver que eles carregavam uma menina para fora do carro. Ela estava vendada e com as mãos amarradas.
Rapidamente desligou o celular sem nem dar resposta e pegou a arma, apontando e correndo na direção do grupo, que botava a garota no chão.
-Parados!! – Falou, apontando a arma para os quatro. – Polícia! Levantem as mãos.
Os quatro obedeceram imediatamente.
-Quem são vocês? - Perguntou. Eles não pareciam muito assustados.
-Somos cientistas, senhorita. – Disseram ainda com as mãos levantadas.
Kagome notou quando um deles abaixou uma das mãos devagar, sem tirar os olhos dela.
-Parado! – Ele não obedeceu e pôs a mão dentro do jaleco. – Eu mandei parar!
Devagar, ele retirou algo do jaleco e Kagome ia preparar para atirar nele antes que ele o fizesse, quando ele estendeu um papel para ela.
-Somos médicos e podemos provar. – Disse confiante.
Ainda sem confiar muito, aproximou-se devagar com a arma estendida. Arrancou o papel de sua mão e o desdobrou. Era um autentico diploma de quem estudou medicina em Osaka.
Abaixou e guardou a arma enquanto eles abaixavam as mãos. Alguns massagearam os braços.
-O que é isso? – Ela perguntou e apontou a menina. – Seqüestro?
-Nada disso, estávamos estudando essa youkai.
-Youkais? Estudando? Sabia que isso é proibido? Vocês...
-Nós sabemos sim. – Os quatro estenderam as mãos. – Você pode nos prender. Mas não machucamos a garota.
Kagome retirou algumas algemas do bolso interior do sobretudo.
-Por que fizeram isso? A carreira de vocês será arruinada. – Colocava as algemas, prendendo uns aos outros.
-É importante para nós. E para o futuro de todos. Dos seus filhos, netos. – Kagome prestava atenção. – Você os protege. E não tiro sua razão. Você provavelmente pensa que todos os seres vivos devem viver, certo?
Ela balançou a cabeça.
-Não pensamos diferente de você, sobretudo... – Ele olhou-a nos olhos. – Você pode confiar a vida de seus futuros netos às mãos de youkais?
Ela o olhou do mesmo jeito. Sabia bem o que ele queria dizer, já passara por isso antes.
-Será que eles farão o mesmo por nós? Eu entendo você. Mas nós estamos divididos entre os mandamentos de Deus e nossa vida.
-Mandamentos de Deus? – Ela disse. Ele era um cristão ou algo assim? – Você é cientista! Como pode dizer isso?
-Eu sei, já me perguntaram isso uma vez. Eu e meus amigos somos cristãos. E somos cientistas. Não queremos brigar com a Igreja ou com a Ciência. Nós buscamos respostas para unir os dois lados. Mas se não fizermos algo, um de nós dois terá de morrer. Se protegermos os youkais agora, eles nos matarão. E se os matarmos agora, sobreviveremos. De uma forma ou de outra, alguém sairá ganhando. E alguém sairá perdendo.
Kagome desviou os olhos para a garota.
-Cedo ou tarde, algo vai mudar, eu sei. Mas eu ainda tenho fé que podemos nos aliar.
-Como? – Ela os fitou.
-Vocês tentam aliar a Igreja e a Ciência. Enquanto isso, deixe que eu alio os humanos e ou youkais. – Sorriu para ele. – Mudando de assunto. Quem é a garota?
-Kagura. – Arregalou os olhos. – Nós vimos seu nome num cartãozinho que estava dentro de um de seus bolos. Ela parece que não tem casa ou algo assim, estava perambulando pelas ruas.
"Minha Kagura", Kagome pensou.
-Vou deixá-los na delegacia e depois levá-la para casa.
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Kagura acordou e não sabia onde estava. Seus olhos doíam. Mas sabia que duas pessoas estavam ao seu lado.
-Feliz Natal Kagura! – Disse uma senhora.
-Feliz Natal. – Um senhor lhe disse.
Kagura lembrava-se um pouco agora. Estava de noite. Era Natal já.
Sabia que era Natal. A ceia foi feita em seu quarto, aquelas pessoas idosas disseram que não queriam que ela saísse da cama.
Quando todos foram dormir, já era tarde. Estava sozinha no quarto, olhando pela a janela, a neve cair.
Retirou de debaixo do lençol, um gorro vermelho. Olhou a etiqueta. Tinha um nome escrito ali.
-Ka-go-me. – Repetiu as sílabas separadamente.
Aquela moça chamada Kagome, foi a primeira coisa que viu quando acordou. Estava dentro de um carro e ela dirigia para algum lugar. Quando acordou, Kagome lhe contara algumas coisas... Como seus pais... Os idosos... Sua deficiência. Era a única coisa que lembrava com clareza.
Era o único momento do passado que conseguiu guardar na memória. Lembrava-se bem do que Kagome lhe disse quando terminara de lhe contar aquelas coisas.
"Sabe, você não vai se lembrar disso mais tarde." Estava concentrada na estrada, mas sorria de qualquer jeito. "Então, se quiser chorar no meu ombro agora, não vou te impedir."
Kagura lembrava-se de seu sorriso muito bem. Se ela falasse com melancolia na voz, Kagura se sentiria arrasada. Mas ela contava as coisas com tanta naturalidade, com uma calma tão incrível, que não se sentiu tão ruim. De qualquer forma, lembrava-se de chorar. E muito.
Quando Kagome a deixou na casa dos velhinhos, ela lhe deu esse gorro.
"É meu, mas fica com ele. É Natal." E mostrou a língua de forma brincalhona. Rira de Kagome naquela hora. "Ei, não ria de mim!" Ela reclamou.
"Sabe, você não vai se lembrar disso mais tarde." Ela lhe disse.
-Não vou me lembrar? Mas é a única coisa de que me lembro! – Argumentou para si mesma.
Arregalou os olhos. Ela se lembrava! Isso podia significar alguma coisa. Será que estava melhorando? Será que o dano no cérebro podia estar diminuindo? Ainda poderia haver esperança para que ela voltasse a se lembrar das coisas? Planejar o futuro seja lá o que for isso?
-Eu posso...!
Estava incrédula.
Sorriu para si mesma e deitou-se na cama que estivera sentada.
-Feliz Natal. – Apertou o gorro entre uma mão.
Não importava se estava melhorando ou não.
Bem, ao menos era um começo.
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Curiosidades do Word:
Páginas: 16
Palavras: 4.924
Caracteres: 28.636
Fonte: Verdana
Tamanho: Onze
Zoom: 75
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Hahaha!!! Oi amiguinhos! Sou eu, Seiren. Eu disse que responderei às Reviews, não disse? Bem, agora, além dos dias ocupados, Brass-senpai não pode responder por que está um tanto... Hmm... Qual a palavra? Traumatizada com Kaleidostar - episódio quarenta e um, para ser mais exata - É que assim, ela sempre gostou de Leon e Sora, mas nunca imaginou que o casal poderia dar "certo" na TV. Agora ela está toda alegre e saiu gritando na rua que nada mais é impossível. Tadinha, é a primeira vez que um casal maluco que ela gosta aparece assim, na TV. Deixem a coitada curtir um pouco a felicidade (risos de Seiren ao fundo)
Enfim:
Inu-maníaca - Taí o primeiro conto, o da Kagura. Sabe, você me impressionou. Acho que quando você mencionou "que tal um final feliz", nunca imaginei que Brass-senpai mudaria a história para colocar um final feliz (aquilo ali em cima pode ser chamado de feliz?). Mas meus parabéns, quero aprender com você depois... Acho que ela resolveu colocar uma ligação entre dark e feliz. Como você viu, não foi totalmente dark... Ou totalmente feliz. Muito obrigada pela sua review! Beijos menina!
CaHh Kinomoto - Caramba garota, não tem mais o que fazer não? (risos) Brincadeira, mande review o quanto quiser, viu? Adoramos receber todas! Bem, seu desejo é uma ordem e aí está o primeiro conto. Esperemos que goste e se puder (mostra a caixinha de e-mail) queremos mais reviews suas, ok? Ah, você gostou da gente? Que bom (enrubesce). Um beijão para você!
Akane Kittsune - Oras, Brass-senpai perguntou apenas por educação. Ela é muito convencida e já sabia que vocês iam pedir pela continuação mesmo (um cascudo de Brass que surge de algum lugar). Mas como eu dizia (com um olho roxo) Brass ficou preocupada que vocês não gostassem da idéia de uma fic de natal dark. Em todo caso, vocês pareceram aceitar a idéia e aqui está o primeiro conto.
É isso, até o próximo conto, que será o meu, interpretado pelo Shippou.
Feliz Natal à todos!
