A Ressurreição do Anjo
Petit Ange

Há poucos momentos atrás, antes da transformação da Deusa das Trevas para um novo ser, seu novo corpo terreno acordara, sem querer. . . A menina de cabelos loiros viu-se deitada numa espécie de mesa, numa sala escura e fria, iluminada apenas por pouquíssimas velas. Não podia ser a ilha onde sempre vivera, pois conhecia o lugar como a palma de sua mão, mas tampouco não sabia onde estava, e o medo era algo inevitável. Tentou falar ou até gritar algo, tentou até pedir ajuda, mas a voz não saia. Respirou fundo e, com o coração palpitando fortemente no peito, levantou-se dali e abriu a porta daquela sala, que fez um barulho sinistro, capaz de arrepiar o mais corajoso dos homens.
Ela rezou para que ninguém tivesse ouvido aquela porta, e olhou para os lados. O corredor era tão escuro quanto a sala, não se podia ver seu fim, e nem sua metade. As poucas velas iluminavam apenas uma pequena parte do lugar, fazendo-a sentir ainda mais medo de sair dali. Onde estaria? Não tinha nenhuma lembrança. . . Não, ela tinha. . . Seu pai a acertara no peito, e isso foi o motivo de sua morte. Mas, se estava morta, onde estava agora? Na Terra? Em algum lugar do céu? Ou. . . No inferno? Podia ouvir claramente sua respiração e seu coração, que parecia querer sair pela boca. Ela sentia frio, portanto, tinha que estar viva. Mas, o que acontecera?
Não encontrava seu pai, não encontrava Ikki, então, percebeu que estava sozinha. Precisava agir sozinha, mas não era algo muito difícil, para uma pessoa que em metade de sua vida viveu em solidão. Apenas seu medo não a deixava em paz. Não era algo que pudesse ser contido, realmente, sentia muito medo, mas fez certo esforço para continuar com um rosto agradável, para que talvez, assim, não se inspirasse a se acalmar. Não. . . Ela não estava sozinha. Talvez, o momento em que seu coração bateria pela última vez estivesse perto.
- Ei, você! – um homem vestido de uma Armadura negra aparece, surpreendendo-a. – O que está fazendo aqui?!
Ela nada respondeu, apenas sentiu suas pernas amolecerem, sua garganta e boca ficarem secas, e um torpor mental a invadir. Fora descoberta, e certamente não iriam ser bons com ela. . . Nada bons! A primeira coisa que lhe passou pela cabeça foi correr, e foi o que fez. O homem rapidamente começou a correr atrás dela também, mas no medo, ela conseguia ser mais rápida. Não conhecia o lugar, portanto, no primeiro vacilo, iria ser pega. Ela decidiu confiar no seu instinto, e esse certamente a guiaria.
- ATENÇÃO!! A PRISIONEIRA ESCAPOU!!! – gritou o homem, sua voz ecoava por todos os lados. De repente, barulhos estranhos eram ouvidos. Barulhos de passos! As coisas iriam complicar, e ela sabia disso. . . Certamente, não iria tardar e ela morreria. Sua nova vida durara pouco. . . Muito pouco.

Capítulo II - Palpitações e Dúvidas

Enquanto isso, Amakusa, a Deusa das Trevas e dona daquele castelo envolto e escondido nas trevas, observava Yo, que estava parcialmente ocupado num gesto de reverência, pronto para informá-la sobre o tumulto.
- Senhorita Amakusa. . . Fui informado sobre a fonte do barulho que perturbara o silêncio sagrado de vosso castelo. – o rapaz diz, levantando-se.
- E o que é, querido Yo? – Amakusa diz, sorrindo de maneira estranha, não se podia ver se era um sorriso maldoso, típico da Deusa, ou se era apenas um sorriso comum.
- A prisioneira escapou. . . Acordou há pouco tempo e conseguiu escapar, e nesse momento, está sendo perseguida por vários Cavaleiros menores, que por enquanto, não conseguem alcançá-la. . . – o rapaz diz.
- Que patético. . . Cavaleiros perderem para uma simples humana. – Amakusa suspira, levantando-se de seu trono negro. – . . .Bem, parece que eu vou ter que dar as boas-vindas para ela, pessoalmente!

Ela já conseguira driblar vários daqueles homens, mesmo estando com a perna ferida e sangrando, conseqüência de um ataque de um deles que recebera. Seu peito, no local onde fora acertada pelo pai, também doía. Aquelas dores eram insuportáveis, e agora sabia o que muitos Cavaleiros, inclusive Ikki, sentiam quando treinavam tão barbaramente. Mas aquilo não era um treinamento. Era um tudo-ou-nada. E, de repente, as paredes se fecharam para ela.
- Está encurralada, mocinha! – diz um deles disse, rindo.
- Sim, agora não há mais escapatória para você. . . Espero que esteja preparara para morrer! – outro deles riu.
- Não, esperem! Vamos nos divertir com ela um pouco! – um homem sugeriu, lambendo os lábios. – Ela não parece ser tão ruim assim. . . Até que é bonitinha!
- Boa idéia! – um aprovou, e logo, todos estavam aprovando.
- NÃO SE ATREVAM!! – ela gritou. Sim, precisava tomar uma atitude, e cansara de se fazer de tola, cansara de ser uma inútil. Iria lutar, e morrer lutando. Seria corajosa, nem que lhe custasse a vida, pelo menos. . . Iria fazer, mesmo que um pouco, a diferença. – NÃO ME FAÇAM DE BOBA SÓ PORQUE SOU MULHER!! NÃO TENHO MEDO DE NENHUM DE VOCÊS!!!
- Garota corajosa. . . Mas não vai adiantar! – um dos homens avança sobre ela, na tentativa de agarrá-la.
- NÃO SE APROXIMEEEEEEEEEEM!!! – ela grita, fechando os olhos, para reabri-los e encontrar aquele homem caído no chão, nocauteado, e os outros a olhando. Rapidamente um súbito pensamento lhe passou pela mente: aproveitar aqueles momentos de distração e escapar. Preparou-se para correr, mas os homens perceberam.
- Não vai escapar! Vai pagar caro por isso, sua atrevida! – disse um deles.
Entre chutes e socos que, no momento aprendera a executar, a menina abria caminho por entre os homens, que diante da agilidade recém-adquirida dela, não tinham a menor noção do que fazer. Ela achou que estava sendo fácil, era sua primeira luta, mas estava indo bem. De repente, um raio de energia, disparado por um daqueles Cavaleiros, a acerta, fazendo-a cair no chão, com as costas ensangüentadas.
- VAMOS PEGÁ-LA!!! – ordenou um do homens, e rapidamente, todos corriam em direção dela. Ela, num rápido movimento, levantou-se sem se importar com sua perna, seu peito ou suas costas. Correu desesperadamente, tentando procurar algum lugar para se esconder, ao menos para descansar um pouco. Mas não encontrou nada, até virar o corredor e trombar com um rapaz de cabelos castanhos, seguido de uma linda mulher.
- Senhorita Amakusa. . . Esta é a prisioneira, correto? – Yo diz, segurando-a.
- Sim, mas. . . – ela suspira, encarando seus Cavaleiros, que também iriam dobrar o corredor, mas a encontraram.
- Senhora Amakusa, nós. . . – um deles começou a falar, enquanto os outros reverenciavam a Deusa.
- QUIETO, INÚTIL!!! – a Deusa grita, fazendo um rápido movimento com sua mão e liberando uma carga imensa de cosmo, decepando assim, a cabeça do homem. Todos os Cavaleiros ali presentes suaram frio, a menina gritou e Yo franziu as sobrancelhas. – E VOCÊS!! NÃO ACREDITO QUE PERDERAM PARA UMA SIMPLES HUMANA, QUE NEM LUTAR SABE DIREITO. . . VOCÊS SÃO UM BANDO DE INÚTEIS, NEM SEI PORQUE AINDA ESTÃO AQUI!! SAIAM DAQUI, ANTES QUE EU OS MATE TAMBÉM!!!
- Sim, senhora! – os Cavaleiros rapidamente correram para seus postos, e o corredor novamente ficou vazio.
- E você. . . – disse, estalando os dedos. A menina, então, começou a levitar. Amakusa, então, tocou seu queixo, analisando o rosto dela.
- Não me toque, sua bruxa! Me solta! – a menina se debatia no ar.
- Você é audaciosa e petulante. Gostei disso. . . Mas, se quiser viver, precisa me respeitar. Eu sou você, e você é eu, então. . . Eu posso facilmente acabar com sua vida sem sofrer danos. – Amakusa diz, calmamente.
- Como assim "eu sou você e você é eu"?! – a menina não entendia.
- Deixe isso para depois, te explicarei mais tarde, se eu te explicar. . . Me diga, como é seu nome? – a Deusa pergunta, rindo. – E não me enrole, por favor, meu humor não está dos melhores.
- NÃO TE DIREI!! NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ, SEU MONSTRO!! AGORA, ME SOLTA!!! – a menina grita.
Amakusa bate na cara da menina de cabelos loiros, uma reação que a assusta e também assusta a Yo, que observava tudo, sentindo, no fundo, uma certa pena da menina.
- Exijo respeito, menina! No sou um ser de brincadeira! E, além do mais. . . – Amakusa diz, novamente segurando o queixo da menina loira. – . . .Você transpira a medo. Sinto cheiro de medo em todo o seu corpo. . . Sabe, você deveria transpirar a ódio. É um belo sentimento!
- Senhorita. . . – Yo murmura. – Não vai fazer nada com ela, vai. . .?
- O que houve, Yo? Algo errado em torturá-la um pouco. . .? – um sorriso cruel formou-se nos lábios da Deusa, que gargalhou diabolicamente. – Uma grande idéia! Vou torturá-la um pouco. . .
- Senhora Amakusa, eu. . .! – Yo começava.
- Quieto, Yo! E me acompanhe, por favor. Vamos até a Sala das Gotas. – Amakusa sorri.
- Sa-sala das Gotas?! – a menina temia por ela, o que iria acontecer. . . Ela não sabia. Poderia morrer, poderia ser torturada, poderiam fazer o que quisessem com ela. A viagem ocorreu em silêncio., apenas os passos deles e a respiração descompassada da menina era ouvida. Ela fazia, como sempre fez, um esforço sobre-humano para não chorar, tudo aquilo era muito difícil para ela, e ela temia nunca mais poder olhar para o Sol, que ela tanto amava, ou poder olhar qualquer coisa, especialmente aquela pessoa. . .
- Chegamos! – Yo a tirou de seus pensamentos.
Era uma sala tão escura quanto qualquer uma das outras onde ela esteve. Aquela escuridão toda, unida ao silêncio pesado do ambiente, a incomodavam. Aquela sala não fazia jus ao seu nome: não havia goteiras, velas nem nada que pudesse derramar gotas de alguma coisa.
- Com licença. . . – ela começou.
- O que foi? – Yo a atendeu, dando um pequeno e invisível sorriso. Não sabia o que era aquilo, mas havia paz em seu coração, só de ouvir a voz assustada da menina.
- Por que essa sala se chama "Sala das Gotas"? – ela pergunta.
- Uma boa pergunta, jovem! – Amakusa intromete-se no ambiente, olhando atentamente para a menina. – Essa sala é uma espécie de câmara de tortura. Todos que vêem para cá sofrem sem limites, tanto fisicamente quando psicologicamente. . . Felizmente, você não será exceção! Esta sala tem esse nome porque aqui são derramadas, continuamente, gotas de lágrima e sangue! Entendeu agora o motivo deste nome?
- Si-sim. . . – a menina de cabelos loiros baixou a cabeça.
- Yo, coloque-a neste lugar! – Amakusa apontou para uma espécie de vidro, cheio de cordões repletos de espinhos. Yo sentiu um aperto no peito, e a menina sentiu seu mundo desabar sobre os ombros. Não havia escapatória. Iria ser torturada, e temia por sua vida e futuro. Quando Yo a colocou ali, e começou a amarrá-la com os cordões espinhosos, e seu corpo doía completamente, sentiu-se morrer. – Vamos começar!
A menina sentiu seu corpo amolecer totalmente e sua mente ser remexida. Suas lembranças começaram a vir à tona, as mais tristes e as mais alegres. Sua cabeça latejava a ponto de querer explodir, e ela não mais sentia seus membros. Seu corpo doía tanto que parecia que ela estava sendo esquartejada lentamente. Raios tão negros quanto todo o ambiente começaram a envolvê-la, tornando tudo ainda mais insuportável. Ela não mais suportou, e começou a gritar de dor.
As lembranças continuavam:
- "Papai! Eu me machuquei, papai! Você pode me ajudar?" – ela, quando era pequena, corria em direção ao pai, com a mão na testa e um filete de sangue escorrendo dela.
- "Ninguém mandou você se descuidar. . . Cuide-se sozinha, Esmeralda!" – seu pai responde, dando as costas para a filha, que olhou para baixo e suspirou resignada, contendo-se ao máximo para não chorar. E mais lembranças ruins torturavam-lhe a mente.
- "SUA INUTIL!!!" – o pai dela a esbofeteia na cara, sem nem ter uma razão lógica para tal ato. Saiu de casa, deixando a menina sozinha, num canto.
- "Eu sou. . . Uma inútil, não é. . .?" – ela diz, derramando uma lágrima apenas. E, cada vez mais lembranças lhe surgiam, e nenhuma era boa. Todas eram ruins, todas lhe causavam dor.
- "Ah! Sabe, daqui a três dias eu vou embora daqui!" – Ikki sorri, animado.
- "Três dias? Mesmo?" – ela pergunta, fingindo estar alegre, mas na realidade, aquilo a entristeceu muito.
- "Pois é! Puxa, já está noite. . . Eu vou dormir. Até amanhã, Esmeralda!" – Ikki diz, indo embora.
- "Tchau!" – ela lhe abanou, sorrindo. Quando viu que ele estava longe, suspirou e, novamente cheia de uma vontade de chorar, murmurou sozinha. – "É. . . Vai ver que é o meu destino ficar sozinha. . ."
- Pára. . . Por favor, pára. . . – ela consegue murmurar, pedindo para a Deusa parar com tudo aquilo. Era atordoante.
- "E então, o que sente. . .?" – Ikki pergunta.
- "Não sei se choro, ou dou risada. . ." – ela murmura. Era tudo horrível, as lembranças cada vez mais e mais apareciam, com um grau de dor maior.
- "Hoje você não irá dormir em casa! Não quero saber o que vai fazer, suma daqui!" – seu pai a atira, e ela cai no chão, em frente à porta. O homem fecha a porta na sua cara, e a deixa ali, no frio.
- "Parabéns para mim, parabéns para mim. . . Nessa data especial. . . Parabéns para mim. . ." – cantava a pequena Esmeralda, ajoelhada à frente de um bolo com velas desenhado na terra. – "Agora, eu tenho que fazer um pedido! Eu desejo. . . Eu desejo. . . Ah! Eu desejo não ser mais sozinha! Desejo um amigo!" – ela diz, assoprando a terra frágil, fazendo a poeira perder-se no horizonte.
- PÁÁRAAAAAAAAAAAAAAA!!! – Esmeralda grita, e os raios param, os cordões de espinhos a soltam, e ela cai no chão, inconsciente, mas com uma cara de dor.
- Pronto, querido Yo. . . Ela é, nesse momento, a personificação do Desespero e da Dor. Só preciso do mais belo dos sentimentos, o Ódio, e sei exatamente onde conseguir. . . – Amakusa sorri, levando Yo e Esmeralda para um lugar escuro, onde uma nova era começaria.

Seu grito de dor e desespero ecoa suavemente, e se perde nas profundezas do infinito, indo parar em Tóquio, no Japão, precisamente na mansão Kido.
- Ah. . . – Ikki pára de comer.
- O que foi, Ikki? – Shun pergunta, preocupado. – Aconteceu alguma coisa. . .?
- Ei, a comida tá boa, Ikki! – Seiya diz, voltando a comer como um porco.
- Não, não é nada. . . Parece, apenas, que ouvi um grito. . . – ele diz, colocando a mão sobre o ouvido.
- Um grito? – Hyoga pergunta. – De quem?
- Não sei direito, mas parece ser de alguém que conheço. . . – Ikki diz.
- Ora, volte a comer! Deve ter sido só impressão sua! Coma tudo, amigo! – Seiya o conforta.
- Grande consolo, Seiya! – Shiryu comenta.
- Não é um conxolo nem um conforto, Shiryu. . . E xim um aviso. . . – Seiya responde, mesmo estando de boca cheia, comendo ainda mais. – Exa comida tá muto boa!
- Não fale de boca cheia, Seiya! – Shun o avisa. Mas, volta-se ao irmão. – Vamos Ikki, volte a comer! Foi só uma impressão. . . Acontece, de vez em quando.
- Tudo bem, mas. . . Eu tenho certeza de que já ouvi essa voz. . . – Ikki ainda conversava com ele. E era verdade. Ouvira claramente uma voz, gritando. Era uma voz feminina, mas não conseguia imaginar uma mulher que conhecera ou não. Não achou que fosse da rua, tampouco, de algum outro lugar. Realmente, às vezes, sua imaginação ainda lhe pregava peças.
- Eu vou assistir TV! – Seiya declarou.
- E eu também! – Shun seguiu Seiya, e ambos saíram da mesa de jantar.
- Tô sem fome. . . Também vou dar um basta por hoje. . . – Ikki diz, retirando-se da mesa.
- Ei! De repente, essa voz te deixa todo. . . Sei lá. . . Estranho! Ah, cara, deixa disso e não se preocupe à toa. – Hyoga dizia. – Agora que o Seiya saiu da mesa, podemos jantar em paz. Não quer nos acompanhar?
- Estou satisfeito. – Ikki disse.
- Você é quem sabe! Hyoga, vamos cair de boca nisso aqui! – Shiryu diz, começando a comer novamente.
- A primeira vez que vejo você comer tanto, e. . . EI, DEIXA UM POUCO PRA MIM!! – Hyoga avança na comida também, e os dois comem como se fossem Seiya.
- Esses dois. . . – Ikki suspira, saindo da cozinha.
- PESSOAAAAAAAAAAL!!! PESSOAAAAAAL, ACONTECEU ALGO HORRÍVEEEEEEEL!!! – Seiya grita, sendo acompanhado de Shun.
- Calma Seiya, não grite! – Shiryu acalma o amigo, que parecia muito ansioso.
- Eu e o Shun estávamos assistindo TV, você sabe. . . A gente adora TV. Daí a gente tava trocando de canal, porque nunca aparece nada de bom na TV, daí a gente tava assistindo a TV. . .
- CHEEEEEGAAAAA!!! FALE COM CALMA!!! – Ikki grita, voltando-se para Shun. – Shun, você, que tem bem mais Q.I. que o Seiya, explique-nos a situação.
- Ok! Nós estávamos trocando de canal, e. . . – Shun olha para a TV, que ainda exibia o programa. – Ei, vejam por vocês mesmos!!
- ". . .E a polícia ainda não descobriu nada sobre o estranho caso. . . Durante uma das numerosas reuniões da Fundação Graad, a dona da Fundação, Saori Kido, neta de Mitsumasa Kido, foi seqüestrada por um rapaz que, segundo testemunhas descreveram, tinha idade aproximada entre 14 a 15 anos, vestia uma espécie de Armadura e usou um estranho raio de cor negra para explodir metade da Fundação e raptar Saori Kido. Por enquanto, as autoridades informam que está tudo sob controle, e não há motivos para preocupações. . . Alguns afirmam que esse caso possa ter ligação com os 200 casos de assassinatos às moças de diversas cidades. . . Antes de sumir, o rapaz deixou uma mensagem estranha, que infelizmente, não indica nem leva nada, e já a mostraremos a vocês. Quando estivermos mais informados sobre esse caso, avisaremos imediatamente!" – a repórter diz.
Uma mensagem é exibida na TV, após o término da curta reportagem: "Encontrem-me no mesmo local onde todo o conto de fadas teve seu início. . . A estrada da vingança, a estrada sem retornos, a estrada sem desvios, já começou a ser trilhada. A Luz se encontra com as Trevas e tempo voa, Esperança. . ."
- Saori foi seqüestrada?! – Hyoga pergunta.
- Não viu, não? Deu na TV. – Seiya diz.
- É CLARO QUE OUVI, IDIOTA!! SÓ NÃO ACREDITEI!!! – Hyoga grita.
- Rapazes. . . Essa descrição não lembra o rapaz que conhecemos no parque, ontem. . .? – Shiryu pensava.
- Aquele tal de Vo?
- Yo! – Shun corrige-o.
- Ou isso! – Seiya diz, sem se importar muito com detalhes. – . . .O Yo? Pode ser, afinal, ele era um cara bem estranho, além de vestir uma Armadura também, não é?
- Amakusa. . . – Shun murmura. – Pode ser ela a responsável por isso! Talvez esse Yo tenha seqüestrado Saori. . .
- Mas e essa mensagem? – Ikki pergunta. – O que ele quis dizer com "Encontrem-me no mesmo local onde todo o conto de fadas teve seu início. . ."?
- Vai ver é o parque onde o perseguimos pela primeira vez. – Seiya pensa.
- E esse "A estrada da vingança, a estrada sem retornos, a estrada sem desvios, já começou a ser trilhada", deve ser que Amakusa começou a executar seus planos!– Hyoga encaixa mais uma peça.
- E finalmente. . . "A Luz se encontra com as Trevas e tempo voa, Esperança", deve ser que Saori foi levada para o mesmo lugar onde se encontra Amakusa! E nós temos só mais alguns momentos para salvá-la! – Ikki diz.
- Então, pessoal, vamos nessa! – Shun diz, e todos concordam.
- Êêêêê! Lá se vão as minhas férias! – Seiya comemora, sarcástico.
- Deixa de ser egoísta Seiya, vamos! – Shiryu puxa o Cavaleiro de Pégaso pelo braço, e os cinco saem, às pressas, da grande mansão Kido, para atravessarem uma tempestade de dúvidas e de carros de todos os tipos, o grande inferno da cidade, mas para que no final, encontrassem o Éden de Tóquio, onde o Caveleiro da Escuridão Yo os aguardava. Junto com ele, no seu colo, estava Atena.
- Lá está ela, pessoal! – Seiya grita, apontando para os dois, que estavam em cima de um galho de árvore.
- SEIYA!! – Saori grita.
- Espere Atena, já a livraremos desse maldito! – Hyoga a conforta, e Yo ri. – Do que está rindo, imbecil?! Você e eu ainda temos contas passadas pra acertarmos!
- Ainda magoadinho pelo seu mestre, Cisne? – Yo ri. – Bem, Cavaleiros, a Escuridão terá inicio neste exato momento!
- Mas se já é de noite. . . – Seiya diz, inocentemente, e todos caem.
- Ugh. . . Eu quero dizer que, neste momento, se puderem ver, a Lua está desaparecendo. . . – Yo aponta para a lua que, realmente, sumia pouco a pouco, como se fosse um eclipse.
- Tá, e daí? – Ikki ainda não estava convencido.
- E daí que se a Lua desaparecer, tudo irá ficar nessa escuridão, como está, pois nem mais o sol irá surgir! Quando a escuridão tiver tomado a Terra inteira, o poder da Deusa Amakusa será o suficiente para exterminar toda a raça humana, e transformar o Universo em um lugar escuro e silencioso, onde as únicas vidas serão aquelas que seguirem a Deusa das Trevas! – Yo explica a situação.
- Isso é ridículo! – Saori interrompe.
- Calada, Atena! – Yo grita. – E vocês. . . Se quiserem impedir-nos, levarei-os até o nosso castelo, ordens de Amakusa. Ela, assim como eu, sabemos que vocês não conseguiram chegar vivos até o topo!
- Não conte com isso! – Shun rebate.
- Nossa Deusa agora tem um novo corpo, capaz de suportar qualquer pressão terrestre! Com ele, Amakusa é invencível! No nosso castelo. . . – Yo estala os dedos, e no instante seguinte, os Cavaleiros se encontram diante de um lugar frio e escuro. Na frente deles, encontrava-se um enorme castelo, com uma torre no topo. – . . .Só há soldados menores, os quais vocês não terão dificuldade alguma para derrotar. Temos quatro salas principais: a Sala das Gotas, a Sala da Dor, a Sala das Trevas e a Torre Principal, onde está a Sala de Amakusa. As três primeiras salas são guardadas por guardiões fortes, que eu duvido que derrotarão. . . Se por um acaso, vocês conseguirem chegar até aquela torre lá no alto, vocês serão recebidos por Amakusa.
- Que coisa. . . – Seiya comenta.
- Bem, eu já dei as informações necessárias para vocês, agora, está na hora de testarmos sua força, destreza, inteligência e capacidade.– Yo desaparece, e suas palavras ecoam na escuridão. – Nos vemos lá em cima. . .

Enquanto isso, as Jitatsu Onii, fiéis servas de Amakusa, chegam para reverenciar sua Deusa. O silêncio perturbador e assustador da sala escura e sombria da Deusa foi cortado por vozes infantis.
- Senhorita Amakusa, há quanto tempo! – elas, três garotinhas, se curvaram diante da menina.
- Sua aparência mudou bastante. . . – começou uma delas.
- . . .Mas você ficou muito bem. . . – continuava a outra.
- . . .Nesse corpo! – por fim, terminou a terceira garotinha.
- Meus guardiões. . . Antes, vocês eram chamados de Cavaleiros da Escuridão, mas vocês morreram tempos depois do término de nossas batalhas, e então, renasceram nessas garotas e formaram as Jitatsu Onii. . . – Amakusa diz.
- Não se preocupe, ó grande Deusa. . . – começara uma.
- . . .Nós três somos o suficiente. . . – novamente, continuava a segunda.
- . . .Para fazer o coração cheio de dúvidas e medos dos Cavaleiros. . . – continuou a outra.
- . . .PARAR PARA SEMPREEE!! – gritaram as três, rindo.
- Não quero sentimentos bons em minha presença, meninas. Apresentem-se. – Amakusa ordena.
- Eu sou Ayala! – a primeira menininha, com um rosto sério (tipo, CDF sem óculos), vestida com um traje totalmente negro, com um sorriso frio no rosto, diz. – No passado, fui Koji, o mais leal dos Cavaleiros da Escuridão. Nesta nova vida, encarno a Força.
- Eu sou Ayoina! – a segunda menininha, com um rosto mais animado, mas ainda sim frio e calculista, com a voz mais suave das três, vestida totalmente de cinza-escuro, diz. – No passado fui Yuri, o mais forte Cavaleiro da Escuridão. Nesta nova vida, encarno a Defesa.
- EU SOU AYAMEE!!! – a mais animada e infantil das três, com a voz mais infantil e a estatura mais baixa, vestida de branco, mesmo assim escuro, diz. – No passado, fui Araku, o mais jovem Cavaleiro da Escuridão. Nesta nova vida, encarno a Velocidade!
- Muito bem, minhas crianças, posicionem-se no tabuleiro, e vamos começar o nosso jogo. . . – Amakusa ordena novamente, com um sorriso cruel esboçado no rosto delicado.
- SIIIIMM!!! – as três crianças somem.
- "Eu irei vencer. . . De uma maneira ou de outra. . . Uma guerreira sem armas ainda é uma guerreira, e eu vou cuidar para que isso seja verdade!" – pensou a Deusa, sentando-se em seu trono.