Satânica – O segredo de Dumbledore
Não havia ninguém nos corredores. Eles estavam vazios àquela hora da madrugada. Apenas uma luz fraca e esbranquiçada pairava no ar, como um vaga-lume. Ela vinha da ponta da varinha de Dumbledore, e não era mais que o suficiente para iluminar o caminho à sua frente.
Ele descia por escadarias úmidas e estreitas, percorrendo corredores cada vez mais escuros sem cometer um deslize sequer, sem emitir barulho algum. Conhecia o caminho como ninguém. Além dele apenas outra pessoa em Hogwarts conhecia aquele caminho, e o destino à que ele levava.
Conforme descia, as paredes daqueles corredores sombrios ficavam cada vez mais tenebrosas, recobertas por um limo espesso e purulento. Não havia viva alma ali, nem mesmo aranhas ou ratos, e o calor aumentava perceptivelmente conforme Dumbledore descia. O caminho formava uma enorme espiral descente.
Ele caminhava por um corredor comprido, cujo teto quase tocava em sua cabeça, e finalmente parou diante de uma parede de pedras negras como a noite. Parecia não haver mais saída.
Ele olhou para trás, ansioso, e enfim, ergueu o braço esquerdo, tocando na parede à sua frente com os dedos indicador e mindinho ao mesmo tempo. Pronunciou algumas palavras em tom baixo - para que somente ele pudesse ouvi-las - e de repente, uma porta apareceu, onde outrora havia uma sólida parede.
Era uma porta pesada de ferro, muito velha e gasta. Ela se abriu para ele, e uma luz avermelhada envolveu por completo o velho diretor de Hogwarts, que levou a mão ao rosto a fim de proteger os olhos contra o brilho repentino.
Dumbledore entrou, pedindo licença a alguém que já se encontrava lá. O indivíduo parecia já o esperar havia um tempo, e estava ansioso.
O velho entrou, e a porta se fechou magicamente atrás dele. À sua frente, uma criatura formidável e assustadora estava postada de modo altivo, olhando-o de frente. Seu corpo era formado por uma espécie de substância semelhante a brasas vermelhas, cheio de veias incandescentes que percorriam a superfície da pele grotesca. Em lugar de olhos, havia duas cavidades preenchidas por chamas negras, e a luminosidade que tomava o quarto provinha dele e de seu poder visivelmente maligno. De pé, ele encarou Dumbledore, que no outro lado da sala fitava o chão, atemorizado, se recusando a olhar o ser.
Olá Alvo! – sua voz era gorgolejante e cheia de malícia. Os olhos de chamas negras estreitaram-se enquanto perscrutavam o mago, vasculhando todos os contornos de seu rosto – Onde está o garoto? Por que não o trouxe? – ele levantou algo que poderia ser uma sobrancelha, em ameaça velada.
Ele virá, meu amo. Garanto que já deve estar a caminho! – disse Dumbledore, com a voz trêmula de visível temor.
Fico feliz com sua fidelidade, Alvo. O último mortal que me possuiu não durou muito tempo. Ele se recusava a me dar o que eu pedia. Mas você é diferente, tem feito tudo como peço. Sim, eu vejo em sua mente que você não está mentindo. Talvez fazendo a contra-gosto, mas não está mentindo. Sua ânsia de poder é grande demais, não é Alvo? Você não me perderia por nada, não antes de conseguir o que quer.
Dumbledore apenas se limitou a encarar o chão. Ele jamais negaria as verdades lançadas contra seu rosto por aquele djin. Não se atreveria a mentir ou contestar um ephreet, um gênio do fogo poderoso como Moloch.
Dumbledore o conseguira há muitos anos atrás, quando ainda era apenas um professor em Hogwarts. Foi durante uma viagem secreta que ele fez ao Oriente Médio, em visita a alguns amigos Magi, no Irã.
Ele se maravilhou quando viu o enorme djin majestosamente vir à tona de um buraco - aberto magicamente no chão - a fim de consumir com seu fogo infernal um menino pobre capturado num povoado vizinho, em meio a cantilenas de louvor e oferendas rituais de comida.
O demônio gostava de garotos, e no passado distante, até mesmo o famoso rei Salomão, por influência dos reinos fenícios vizinhos com os quais mantinha contato, sacrificou alguns de seus muitos filhos a ele em segredo, jogando-os vivos no fogo dedicado ao maligno Moloch.
Os olhos de Dumbledore se arregalaram quando o viram, não apenas de espanto ou admiração, mas também de cobiça. Ele conhecia as lendas sobre o poder transcendental dos djin decaídos, e queria firmar um trato de sangue com ele. Alvo Dumbledore tinha sede de poder mais do que de viver ou amar.
Entretanto, os Magi jamais estariam dispostos a entregá-lo de bom grado; ele teria que roubá-lo, nem que para isso tivesse que...
Se levantou durante a noite, decidido a tê-lo para si. Usando uma magia de invisibilidade que aprendera com um demônio egípcio, ele se esgueirou pelos corredores do enorme palácio em estilo oriental situado no alto dos Montes Elburz,no qual estava hospedado.
Estranhamente, ninguém o percebeu se aproximando da sala onde o demônio estava alojado, e mais tarde ele descobriria que o gênio o havia ajudado na empreitada. Os Magi são muito poderosos, mas os djin são mais.
Ele abriu a porta e entrou, mas um braço o agarrou por trás, a fim de deter sua entrada em terreno proibido aos não-Magi. Ele se desvencilhou do homem que o segurava, e puxou sua varinha rapidamente, apontando-a para o seu algoz. Dumbledore parou por um instante, e reconheceu o agressor como seu velho amigo Hassan Majidy, um grande feiticeiro oriental, que ele conhecia desde muito jovem. Dumbledore, entretanto, não hesitou em pronunciar seu Avada Kedrava e fulminar seu velho amigo. Pelo poder que ele teria, faria qualquer coisa.
E agora, décadas depois daquele dia infeliz, ele se arrependia amargamente. Tornou-se escravo do demônio, que mais tarde ele descobriu ser um dos Maiorais, um Mahadjin. O ephreet era um principado poderosíssimo, e Dumbledore agora o servia, ele sabia disso.
Em troca, o espírito maligno lhe ensinava coisas que nenhum outro bruxo no mundo sabia. Por sua obediência e fidelidade, ele protegia a sua vida e as das pessoas que ele gostava. Protegia até mesmo Hogwarts, e era por isso que Voldemort jamais ousou atacar a escola de feitiçaria. Em troca de sua alma, o Mahadjin lhe deu o que ele mais desejava: um filho para carregar seu legado.
Sentado em uma velha cadeira, ele observou o ser grotesco que o fitava com um olhar de arrogância e triunfo, enquanto aguardava a chegada do garoto que naquela noite serviria o "néctar" ao djin.
Uma batida leve na porta arrancou Dumbledore de seus pensamentos angustiados; finalmente o garoto chegara.
O demônio fez um gesto com a cabeça e a pesada porta de ferro se abriu, permitindo que o garoto entrasse.
Um menino de cabelos castanhos apareceu, e seu olhar perdido se iluminou, quando ele viu Dumbledore sentado à sua frente. O garoto sorriu espontaneamente para o velho, e disse:
Pai!
Um sorriso sem vontade marcou os lábios do velho. O garoto se atirou no colo do mago, que o abraçou.
Vou ter que fazer de novo, não é? – perguntou com pesar o menino, de cerca de treze anos de idade. Dumbledore apenas assentiu com a cabeça.
O rapazinho suspirou contrafeito, abrindo a enorme camisola de dormir. Retirando seu membro, ele começou a masturbar-se, sem deixar o colo do velho.
O demônio sorriu, arreganhando algo medonho e amarelento semelhante a dentes.
A excitação em ver a cena de bárbara perversão excitava o djin, cuja respiração começou a se alterar, enchendo o ar com o enxofre e metano que emanavam de dentro dele, através de sua pele grossa e efervescente.
O garoto se masturbava e gemia de prazer, mordendo os lábios e fechando os olhos. Ele friccionava seu membro, movendo-se para frente e para trás, soltando guinchos baixinhos que somente o demônio gostava de ouvir. Seu rostinho queimava com a excitação crescente, e quando o gênio percebeu que o garoto estava prestes a gozar, apressou-se em pegar uma grosseira taça de ferro, que colocou sob o membro intumescido de prazer do adolescente. O menino gozou em abundância dentro da taça, soltando um gemido alto de prazer.
O gênio sorriu novamente, se afastando para um canto da sala abafada e lúgubre, e virando de uma só vez a taça, bebeu todo o sêmen do menino, soltando uma imprecação maliciosa com sua língua satânica. Em seguida, desapareceu como fumaça mal-cheirosa pelo ar, deixando apenas uma gargalhada de escárnio para trás.
A escuridão tomou conta daquele lugar maldito, pois a luminosidade provinda do corpo do ephreet se fora. Uma pequena luz surgiu de repente, da ponta da varinha de Dumbledore, e em seu colo Colin Creevey descansava, envolto em seus braços, o rosto angelical colado ao pescoço do velho feiticeiro.
Ele se foi, papai? – perguntou o menino, sonolento.
Sim! Ele se foi, querido, graças a Merlin! – ele disse, com alívio.
Me leva pra cama, papai... por favor! – disse o garoto, em tom de súplica. Os lábios do velho emitiram um sorriso amargo, e apertando o menino contra si com carinho paternal, ele disse:
Claro, meu filho... claro...
Enquanto estava ali, sentado no escuro com seu único filho nos braços - um herdeiro que ninguém jamais saberia que era seu - qualquer tolo poderia jurar que nos olhos do velho Alvo Dumbledore havia arrependimento, dor e amargura.
