Notas Iniciais: A música utilizada para esse capítulo é "Bosque das Águas" (uma música de meditação bem apropriada, pois tem até o barulho de chuva caindo no fundo da melodia). É de autoria de Andrey Chechelero, e se encontra no CD da Coleção CARAS-Zen "SPA Águas Termais". Quem tiver esse CD, por favor, escute enquanto lê!
AI SHITEIRU, DAISUKI...
Petit Ange
Capítulo 3 - Um Dia de Chuva
O dia anterior fora chuvoso de manhã, mas de tarde fora ensolarado. Mas, de repente, começara a chover novamente, e por infelicidade, naquele Sábado não haveria aula. Hyoga contentou-se de que teria que passar um tedioso Sábado em casa.
Estranhou não ver Sakura e nem a família Yamamoto em casa. Geralmente, nos Sábados, o senhor Akira Yamamoto não tinha trabalho, e escutava música clássica alta, acabando com o ouvido do pobre jovem Yukida. Pensou em Sakura... Certamente ela também sofria com aquele gosto musical estranho do pai.
- Hyoga... – Natasha o chamou. – Filho, terei que dar uma saída por uns momentos... Pode ficar sozinho em casa por uns instantes...?
- Mãe! – ele replica, em tom ofendido, e com um semblante emburrado, como o de uma criança. – Não sou mais um menininho! Sei me cuidar...
- Eu sei... – Natasha sorri. – Mas pra mim, sempre será o meu bebezinho.
- Ah! Tchau mãe... – ele sorri, e a mãe de Hyoga sai de casa, entra no carro e parte, até sumir de vista rapidamente.
Seus pensamentos, rapidamente, viraram-se para Eiri. Apesar de ser muito parecida com Sakura, elas não se pareciam nem um pouco por dentro. Sakura era explosiva, violenta, pavio-curto, apesar de ser extremamente companheira e amiga. Mas Eiri tinha algo que Hyoga não conseguia explicar direito, mas que o atraiu. Ela era doce, gentil, meiga e sorridente, apesar de ser meio fechada, mas o que importava era que Eiri havia acertado o coração de Hyoga.
Era isso!
Mas ele não queria apaixonar-se novamente... Freiya, seu primeiro e último amor, a qual havia entregado todo seu coração e sua alma, havia o traído brutalmente, destroçando seu coração e qualquer possibilidade de paz em Hyoga. Mas com Eiri era diferente... Até Sakura, quando percebera (ela era boa nisso), comentou que ele olhava para Eiri de uma forma diferente que olha os demais.
É verdade... Estava apaixonado. Mas tinha medo de machucar-se de novo. Precisava saber o terreno onde pisaria, precisava saber se Eiri sentia a mesma coisa por ele. E, com certeza, mesmo que fosse difícil, tentaria manter as coisas na moita, como se nada acontecesse.
Seus pensamentos foram interrompidos por Sakura, que saíra de sua casa, possivelmente, para tomar um banho de chuva.
Olhou bem para ela. Não parecia estar feliz. Pelo contrário, seu rosto demonstrava, de longe, um abatimento muito grande. Sakura estava estranha nos últimos dias... No jantar da noite anterior, quando a família Yamamoto visitara a família Yukida, Takako, a mãe de Sakura, comentou com Natasha que a filha andava estranha.
Enquanto Hyoga ouvia tudo. Dizia que, quando ela estava sozinha, Takako a flagrava fazendo uma expressão triste. Comentou que, de uma hora para a outra, o desânimo de Sakura estava cada vez maior. Havia, mais ou menos uns cinco ou seis meses de desânimo, mas aquele chegara sem mais nem menos, e estava preocupando Takako. Hyoga pensou, imediatamente, que fora na mesma época que conhecera Freiya, mas nada percebeu de diferente em Sakura naqueles tempos.
Só atualmente ela andava meio deprimida mesmo... A mesma expressão que tinha no rosto fora a da noite retrasada, quando ele contara que havia ajudado Eiri nos estudos. Só não podia ver se havia lágrimas em seu rosto, porque a chuva certamente as esconderia.
Chuvas são ótimas pra aliviar a dor e chorar. E então, resolveu sair também.
- Oi Sakura-chan... – Hyoga a cumprimentou, quando saiu. – Dia molhado hoje, né?
- Oi Hyoga-kun! Pois é... Dia lindo! – ela olhou para o céu, e não pôde conter um sorriso triste.
- O que está fazendo na chuva...? – Hyoga arriscou perguntar.
- Só me refrescando. Acredito que, se eu for na chuva um pouco, certamente ela vai levar um pouco de minha tristeza embora.
- Acredita nisso?! – Hyoga não pôde conter uma pequena risada.
- Você é muito frio, sabia... – Sakura sorriu. – Sim, eu espero que dê certo!
- Não sou frio! – Hyoga discorda. – Só não acho que a chuva carrega tristeza...
- Pelo jeito, ela só serve pra piorar mais as coisas, né? Tenho que concordar com você nesse ponto... – ela começou. – Vim aqui pra fora com a esperança de refrescar a cabeça, e parece que a chuva piorou tudo...
- Acho que, se continuar nesse temporal, irá pegar um resfriado! – Hyoga comenta.
- E você? Não está, também, nesse temporal...? – ela sorri, correndo para mais longe no gramado que separava as duas casas.
- É, mas eu acabei de vir pro coberto... – ele responde.
- Vai molhar o coberto! – ela rebate.
- E você, quando entrar dentro de casa?! Vai inundar a casa... – Hyoga cruza os braços, emburrando, e responde.
- Não se preocupe... – Sakura diz. – Não pretendo voltar tão cedo pra casa... Ficarei aqui o máximo que puder!
- Vai pegar uma gripe! E a escola, como fica?! – Hyoga pergunta, dando um passo para fora, mas mudando de idéia e voltando para dentro em seguida.
- Não me importo! – ela sorri, antes de sentar na grama. A chuva foi o único som que os dois jovens escutaram por um bom tempo, Sakura sentara na grama e observava o céu escuro, totalmente encharcada de chuva, parecia até que havia entrado numa piscina com roupa e tudo, e agora saíra. Hyoga apenas a observava, e depois de um tempo, notou que Sakura movimentava os ombros, como se estivesse tremendo.
Preocupado, fora até lá oferecer seu casaco e fazê-la, de qualquer modo, entrar para dentro, antes que se resfriasse de verdade, mas quando chegou, a decepção estampou sua face. Sakura soluçava, e não tremia. Estava chorando... Ele podia notar isso.
- Sakura-chan... – ele murmurou.
- Me descu... Me... Me desculpe... – disse por fim, como se não quisesse que ele notasse que estava chorando. – Eu sou... Eu sou uma bo... Uma boba... Né?
- Claro que não! – ele se sentou ao seu lado, esquecendo-se da chuva. – Você não é boba, nunca foi e nem nunca será! Mas... Me conta... Por que você está chorando...?
- Esquece... Já passou... – Sakura suspirou.
- Você está com frio? – Hyoga pergunta, ao ver que Sakura tremia, e desta vez, certamente era de frio. Seus dentes também batiam um nos outros, mostrando que, realmente, depois de certo tempo na chuva, Sakura estava gelada.
- Não quero seu casaco... – ela respondeu, amargamente.
- Quem disse que eu ia te dar meu casaco?! – Hyoga pergunta, e Sakura arregala os olhos, surpresa. Então, com uma gentileza de um amigo, e não de um ser amado, ele a abraça.
Hyoga pensava. Como alguém pode ser tão forte, e tão frágil ao mesmo tempo? Sakura, às vezes, era tão forte, tão decidida, tão possessa, e nesse instante, por exemplo, parecia ser tão frágil, não havia nem comparação com os momentos de raiva e orgulho.
Sakura retribuiu o abraço, aninhando-se nos braços quentes do rapaz, apesar dele também estar na chuva. Gostaria de aproveitar cada segundo daquele momento... Sim, ela não sabia desde quando aquele sentimento nascera, mas o amava com todo o coração, e sempre teve que amargurar a perda dele para Freiya, e sabia que, futuramente, para Eiri. Sempre negava qualquer pedido de namoro, de qualquer rapaz, justamente porque sabia que seu coração sempre teria um dono... Gostaria de dizer que o amava, mas sentia medo. Sim, o puro medo. Medo de não ser correspondida, medo de ouvir um Não dele, ou de ouvir o pior: que ele amava outra. Preferiria, então, deixar a amizade do jeito que estava.
Não pareciam namorados... Não, estava longe disso. Era apenas um abraço de amigos, como os que eles sempre se deram, mas desta vez, com o intuito de acalmar e de aquecer, e executado debaixo de uma incomensurável cortina de água.
- Pode chorar o quanto quiser... À vontade... – ele disse, abraçando-a mais.
- Sim... – foi tudo o que ela disse. E assim, Sakura chorou todas as mágoas em seus braços, nos braços do amigo que nunca passaria daquilo.
E, enquanto isso, Eiri permanecia em casa, olhando a chuva pela janela. Pensava em Hyoga. Era um rapaz diferente dos que já conhecera. Era bonito, gentil, compreensivo, animado, e ela pensou que o que sentiu foi um Amor a Primeira Vista, literalmente. Não que sentisse ciúmes, mas sentia uma certa inveja de Sakura, por ela ser vizinha e amiga de infância de Hyoga.
Talvez, se morasse no lugar de Sakura, ele teria apaixonado-se por ela, ou talvez não...
- Eiri! – Ayako, sua mãe, a chama. – Consegui um lugar bom onde você pode trabalhar!
- Mesmo?! – ela pula da janela e corre até o sofá da sala. – Aonde? Aonde?
- Calma... Veja! – Ayako estende-lhe o jornal, e lhe mostra o anúncio. – Procuram uma substituta para uma moça que saiu de um orfanato, por causa da mudança para outra cidade. Você adora crianças... Acho que deveria tentar!
- Mas, mamãe, eu sou uma estudante! – Eiri disse.
- Daremos um jeito, não se preocupe...! Além do mais, de tarde, que eu saiba, são aulas complementares, do tipo, Educação Física novamente, Música, Artes... Aulas que, na realidade, você pode perder... E além do mais, de tarde, não é apenas os alunos dos clubes que participam?
- É mesmo! Tinha me esquecido disso! – Eiri dá um pulo de alegria.
- Então, se tudo correr bem, Segunda-feira você já poderá começar a trabalhar...
- Oba! oba! oba! – ela dá um grito, e feliz, volta a observar a chuva, pensando em várias coisas, mas a principal era uma só... Hyoga Yukida.
E assim, quando Sakura finalmente se acalmou, ela pousou seus tristes olhos para Hyoga.
- Está melhor agora...? – ele pergunta, num tom triste.
- Estou... – ela sorri levemente. – Obrigada Hyoga-kun...
- Por que estava chorando...? Quer me contar...? – ele insiste novamente.
- Você não está pronto para entender... – Sakura diz. – Mas, agora, é minha vez de perguntar... Você gosta da Eiri?
- O quê?! – ele pergunta, encabulado.
- Me responda com sinceridade! – ela o olha com profundo interesse. – Vamos, me diga se você gosta da Eiri, não como amiga, mas como uma Pessoa Especial.
- Er... Hã... Veja bem... – Hyoga tentou falar, mas nada saiu.
- FALA LOGO, DESEMBUCHA!!! – Sakura grita.
- Ok, ok... Na verdade, eu gosto dela sim... Não entendo como, foi de um momento para o outro, até eu me surpreendi na verdade, no começo... Mas, depois, eu simplesmente deixei as coisas acontecerem. Mas eu tenho um pouco de receio de me declarar, me apaixonar, ela corresponder e eu perder outra pessoa importante...
- Tenho certeza de que ela adora você, se não mais, do jeito que você gosta dela! – Sakura diz. – Dá pra ver que ela te olha diferente dos demais.
- Mesmo...? – Hyoga pergunta, encabulado.
- Sim! – Sakura sorri lindamente. – Ah, sabe, por que você não faz o seguinte: Agora, nesse exato momento, vá até a casa dela, já que não é muito longe, e declare-se pra ela?
- Ah! Falar é fácil... – Hyoga diz, levantando-se do gramado úmido.
- Vamos lá! Não seja covarde... – Sakura o encoraja.
- Ok, eu vou ir então, mas molhado assim...? – ele estica as roupas encharcadas, os cabelos mais que úmidos.
- Não tem problema... – ela diz. – Você continua quentinho...!
Hyoga cora, e Sakura percebe.
- O que foi? – ela pergunta, inocentemente.
- Nada, nada... – ele responde, caminhando para a calçada. – Eu vou tentar então, por você, se der certo, eu aviso!
- Boa sorte Hyoga-kun! – Sakura abana para o rapaz, que some. – Boa sorte...
E assim, ela entra em sua casa, com um sorriso triste, mas satisfeita por aquele dia de chuva maravilhoso.
A campainha da residência Shinohara toca, e Eiri vai atender. Quando abre a porta, dá de cara com um Hyoga ensopado e arfante.
- Arf... Arf... Olá Eiri-chan, como vai? – ele pergunta, sorrindo fracamente. – Posso, arf... Arf... Falar em particular com... Você?
- Você tá todo ensopado, Hyoga-kun, e porque apareceu aqui, no meio da chuva...? – Eiri não sabia o que fazer. – Com essa pressa, esqueceu-se até do guarda-chuva! Tá completamente encharcado!
- Por favor, preciso conversar com você. – ele diz. – Tem um lugar onde possamos ficar sozinhos...?
- Espera um pouco... – Eri foi para dentro, possivelmente para avisar sua mãe, e voltou logo em seguida, colocando seus sapatos e caminhando em direção de uma árvore que havia no pátio de sua casa. – Pronto, o que deseja, Hyoga-kun...?
- Eiri... Eu quero dizer que... Que eu... Que... – Hyoga parou um pouco, fechou os olhos e respirou fundo. Precisava se acalmar e pensar no que dizer. Resolveu, sem nem saber o porquê, emendar tudo de uma vez, e esperar que o pior viesse.
- E então Hyoga-kun, porque veio aqui? – Eiri esperava resposta.
- Eiri, eu quero dizer que eu... – preparou-se para dizer, e então, juntando toda a coragem do mundo, falou. – EU QUERO DIZER QUE... EU TE AMO!!!
Continua...
Notas Finais: Por motivos de forças maiores desta vez não poderei responder as reviews. Mas continuem me mandando coments, please, no próximo capítulo eu prometo que respondo todinhas!!!
