Ai
Shitteiru, Daisuki...
Petit
Ange
Capítulo 4 - Coragem
O que ela estava
fazendo ali? Não se lembrava de nada, desde que arrumara suas
malas e saíra de casa... Tudo havia apagado-se. Talvez ela
tivesse andado sem nem saber para onde. Estranho... Mas ela acordou
com a campainha. Tocara-a. Só esperava que o dono da casa não
estivesse, mas estava enganada...
- Sim...? – Ikki tomou um
susto ao ver quem estava do outro lado da porta. Evitou mostrar
sinais de perturbações, pois viu que ela parecia
perturbada. – Es... Esmeralda...? O que faz aqui... À uma
hora dessas?!
- Boa noite Ikki... Posso entrar...? – Esmeralda
pediu, baixando o olhar.
- Claro, mas não se incomode com
a casa... Ãn, sabe como é, uma casa de solteiro... É
que... – Ikki não sabia o que dizer, ela o pegara de
surpresa. Estava assustado demais para pensar em algo.
- É
modesta... – ela sorriu.
- Por que você... Por que você
está com essas malas? – Ikki pergunta, recobrando a coragem.
– Você por acaso vai viajar ou coisa assim...?
- Vou, é
mais ou menos viajar... – ela olhou para o chão. – Na
verdade, meu pai sabe que eu saí de casa, mas eu duvido que
ele vai se preocupar comigo... Ele nem gosta de mim mesmo... Então,
nem vai fazer diferença a minha presença ou a falta
dela...
- Quer dizer que... – Ikki percebera. – VOCÊ
FUGIU DE CASA??!!
Sábado a noite
era sempre a mesma coisa. Desta vez, a família Yukida iria
jantar na casa dos Yamamoto. Hyoga não se incomodava mais...
Era acolhedora. O pai de Sakura, Akira, era um homem com um grande
senso-de-humor, que gostava muito de Tojiro Yukida, e os dois se
davam muito bem. Takako Yamamoto e Natasha Yukida também eram
muito amigas, sempre conversavam sobre tudo e sobre nada, e quando
Natasha ia até a casa dos Yamamoto, ou vice-versa, teimavam em
ajudar com as louças do jantar.
- Hyoga... – Takako o
chama. – O que houve...?
- Nada senhora... – Hyoga sorri.
-
Me parecia distraído. Mas, que bom que não é
nada... – Takako sorriu novamente. Era acolhedor o seu sorriso. Mãe
e filha eram totalmente diferentes, só na aparência eram
um tanto parecidas. Enquanto Takako era doce, prestativa e
sorridente, Sakura era explosiva, orgulhosa e nariz empinado, mas
quem conquistasse a sua amizade encontrava nela uma pessoa solicita,
amiga e carinhosa. Era assim mesmo...
- Tem certeza de que está
tudo bem, filho? – Natasha pergunta.
- Claro mãe! –
Hyoga diz. Não gostava muito do fato da mãe ainda
tratá-lo como uma criança. Já era crescido.
-
Hyoga, poderia me fazer um favor...? – Takako pergunta.
-
Claro, senhora Yamamoto! – Hyoga diz.
- Poderia chamar Sakura
para mim, e dizer que o jantar já irá estar pronto...?
– ela sorri.
- Claro, eu bem que senti a falta dela no
ambiente... – ele diz, subindo. – Até já iria
perguntar sobre ela...
Assim que o rapaz subiu, as duas mulheres
riram.
- Ah, Takako, como o tempo passa... – Natasha comenta.
- Nossos brotos estão virando árvores! – Takako
sorri.
- Você lembra...? Um dia, há tempos, fora um
sonho nosso unir esses dois, não é? – ela sorri
novamente, ao lembrar.
- Eu me lembro da cara que os dois faziam
quando se olhavam, quando nós dizíamos que eram um par
perfeito... – Takako diz.
- Sim... Depois, eles nos olhavam, e
com um olhar engraçado, geralmente sujos por brincarem tanto
na terra ou na areia, diziam "Blearg! Cês tão
doidas, é?!"... – Natasha ri, fazendo exatamente o que
as crianças faziam.
- E quando eles se afastavam de nós,
eles diziam "Que nojo!". Mas, agora, Hyoga-kun não
quer saber muito de novos amores, por causa do choque com Freiya
Watanabe, e Sakura nunca quis saber de namorados... – Takako
suspira.
- Será um sonho... – Natasha diz, olhando para
o andar de cima.
- Eles crescem Natasha... Crescem demais... –
as duas começam a rir.
Hyoga subia as escadas, pensando no
que presenciara nessa tarde. Eram raras as demonstrações
de emotividade de Sakura, mas quando ela as mostrava, eram muito
grandes e ele já sabia... Não se lembrava da última
vez que a vira chorar, mas naquela tarde fora muito profundo o
sofrimento da jovem, e ele conseguiu sentir. Mas ela não
contava o motivo, e ele não tinha a menor idéia do que
era. Realmente, ele era mais sensível quando era pequeno.
Ao
chegar na porta do quarto, pensou que talvez Sakura estivesse
penteando os cabelos até agora, pois a jovem tinha uma
estranha afinidade com ele, apesar de não parecer. Ou, se não
estivesse fazendo isso, estaria com seu disk-man escutando músicas,
esquecendo do mundo. Era sempre assim... Era um tanto anti-social,
assim como ele. Ao abrir a porta, deparou-se com uma cena inesperada.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! – Sakura
grita.
- AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!! – Hyoga também
grita ao ver o que viu. Fecha a porta com uma rapidez incrível,
e quando Takako e Natasha sobem, para ver o porquê dos gritos,
tudo o que vêem é Hyoga encostado na porta do quarto de
Sakura, suando frio e totalmente vermelho, como se fosse um pimentão
humano.
- O que houve, filho...? – Natasha pergunta.
-
Aconteceu algo errado, Hyoga? – Takako complementa a pergunta.
-
É que, é que... Não hou... Não houve
na... Na... Nada de ma... Mais... Mamãe... – Hyoga, por fim,
consegue dizer.
- Hum... – Natasha pensa, mas antes que alguém
pudesse pensar ou fazer qualquer coisa, a porta do quarto da jovem se
abre, com uma violência incrível, e de dentro dele sai
voando um secador de cabelos, que acerta a cabeça de Hyoga.
-
HYOGA, SEU TARADO IMBECIL!!! – Sakura grita, saindo do quarto. –
ONDE VOCÊ ESTÁ??!! AINDA NÃO TERMINEI!!!
-
Você tá... Pisando em mim... – Hyoga responde.
-
Ah! Desculpa... – Sakura o levanta, mas o acerta um cascudo na
cabeça. – Mas ainda não tá perdoado pelo que
fez agora!!!
- Perdão, eu não sabia que você...
- Desculpem a intromissão, mas o que está
acontecendo aqui? – Natasha pergunta.
- É o que eu quero
saber também! – Takako também diz.
- Bem, é
que... O Hyoga me viu... – Sakura fez um pausa e, envergonhada,
olhou para o lado. – ...Vocês sabem como...
- HYOGA!!! –
Natasha grita.
- Mãe, qual parte do Foi sem querer a
senhora não entendeu?! – Hyoga pergunta, esfregando o local
onde Sakura lhe acertara o secador.
- Ai, vocês são
muito travessos... – Takako suspira. – Vamos jantar!
- Tá...
– respondem os dois jovens em coro.
Enquanto descia, Hyoga não
mais pensava na cena da tarde, em Eiri, ou em nada. Pensava na
infância, quando ele e Sakura brincavam no verão. Na
maioria das vezes, Saori Kido sempre convidava os amigos para irem na
piscina da mansão, e sempre ficavam até tarde
brincando. Naquela época as meninas não tinham curvas
esbeltas, nem pernas torneadas e, digamos, um tanto longas... Nem
peitos tinham! Não havia motivos para susto. Mas, agora, fazia
tempo desde a última visita à piscina, em grupo, como
faziam. E além do mais, se fossem até a piscina, teriam
que usar roupas de banho. Ver Sakura nua fora um tanto traumatizante.
Devia admitir que o corpo dela evoluiu MUITO...
Só não
gostou de levar um secador de cabelos na cabeça.
Sakura
estava ainda assustada. Claro, até que não fora tão
ruim, mas algo a fez gritar automaticamente, e na raiva, atirar-lhe
um secador na cabeça. Talvez fosse aquele instinto feminino.
Nem ela sabia direito o que era, só sabia que obedeceu seus
instintos e sua raiva, e acontecera o que aconteceu. Mas, apesar de
tudo, aquele sonho foi dolorido... Por isso demorara no banho, ficou
pensando nele o tempo inteiro. Foi um trauma. Hyoga saia até a
casa de Eiri e declarava-se para ela. Talvez fosse um sonho que
predissesse algo, ou simplesmente um medo lá do fundo
transformado em sonho... E, lembrou que, quando acordara, a chuva era
fina, e dormia nos braços dele. Só achou um mistério
o fato dele ter agüentado uma chuva e uma menina agonizante
dormindo em seus braços.
Realmente, até hoje Sakura
não entendia Hyoga direito...
- Vou, é mais ou
menos viajar... – ela olhou para o chão. – Na verdade, meu
pai sabe que eu saí de casa, mas eu duvido que ele vai se
preocupar comigo... Ele nem gosta de mim mesmo... Então, nem
vai fazer diferença a minha presença ou a falta dela...
- Quer dizer que... – Ikki percebera. – VOCÊ FUGIU DE
CASA??!!
- É... Mas não se preocupe, eu vou
procurar um hotel por aqui perto, e continuarei indo na escola
normalmente! – ela sorri.
- Mas, porque fugiu de casa...? –
Ikki pergunta, assustado. Nunca pensou nela como uma pessoa sofrida,
ou até uma fugitiva.
- Ah, nenhum motivo em especial... É
que meu pai nunca se importou comigo. Eu, antes de morar aqui em
Tóquio, morava em Osaka com minha avó. Mas, ela morreu,
e uma semana depois meu avô também morreu, de
desgosto... Então, eu fui obrigada a morar novamente com meu
pai, porque eu não tinha mais nenhum parente vivo... – ela
dizia, mas não derramava nenhuma lágrima. – Mas,
mesmo depois de anos para superar a morte de minha mãe, ele
não gostava de mim, da minha presença, de nada que
lembrava o meu ou o nome da minha mãe... Claro, ele sempre
pagou a escola, me deu de comer, mas não me dá amor...
E quando eu fiz 16 anos, daí ele me abandonou mesmo, só
me diz palavras simples como Olá, ou Tchau, isso quando ele
fala comigo...
- Você pode denunciá-lo, ou coisa
assim. Por que não o fez...? – Ikki pergunta.
- Não
quero... Apesar de tudo, eu amo muito o meu pai, porque ele é
meu pai, e o único parente que eu tenho no mundo... –
Esmeralda continua. – Então, não valeria a pena ir
pra um orfanato, ou coisa parecida... Se eu fosse, não teria
conhecido você, nem os outros. Portanto, agüentar meu pai
é fácil, se comparado a um orfanato ou uma família
adotiva...
- Tá certo... – Ikki suspira.
- Ah, só
mais uma coisinha: me ajuda a manter esse segredo! Por favor, não
conte a ninguém que eu saí de casa! – Esmeralda pede.
- Não iria gostar de você num hotel, apesar de ser
mais seguro... – Ikki diz. – Você tem dinheiro pra pagar?
- Tenho tudo na mala. Roupas, materiais escolares, de higiene,
dinheiro... Já vim preparada!
- Então, eu vou fazer
uma proposta... Eu não conto pra ninguém sobre isso,
mas você vai ter que passar um tempo aqui em casa! – Ikki
diz.
- Mas... Mas... Como assim...? – Esmeralda pergunta, um
tanto envergonhada. – A casa é de solteiro, se eu ficar por
aqui... Onde eu vou dormir...?
- Pode ser no meu quarto... Ele é
limpo, pelo menos... – Ikki diz.
- Mas... E você? A casa
é sua... – ela tenta.
- Por isso mesmo! A casa é
minha, e eu ordeno que você fique no meu quarto... Eu posso
ficar aqui na sala mesmo! – Ikki diz, dando um sorriso.
- Mas e
a sua família...?
- Ah, a gente arruma um jeito quando
eles virem aqui... E eles nem vêm muito mesmo, só de vez
em quando... – Ikki novamente ganha.
- Mas é que... É
que... – Esmeralda tenta argumentar. Não que tivesse algum
problema, ou melhor, haveria apenas um. Era uma casa de um SOLTEIRO.
Teria medo de alguma coisa que acontecesse.
- Olha, não
vou te obrigar, mas eu insisto que você fique aqui... – Ikki
diz, colocando a mão no ombro de Esmeralda. – Daí eu
vou ficar mais aliviado...
Ela pensou por um momento. Não
seria uma má idéia. Ficaria mais perto da escola, não
teria que gastar dinheiro, e poderia ter a companhia de um amigo.
Além de ser apenas por um breve tempo.
- Ok! – ela
sorri. – Eu ficarei por aqui!
Ninguém atendeu.
- Que saco! – Seiya pragueja, colocando o fone no gancho. –
Ninguém atende, e eu precisava falar com ela... Poxa, eu
pensei que a família Kido fosse um pouco mais ligada...
Tentou novamente, pois não iria desistir tão fácil,
mas ao ouvir novamente o som de chamada, mas ninguém atendia,
desligou o telefone.
- Espero que Saori esteja amanhã... –
Seiya diz, indo dormir, por final.
Tudo correu
normalmente. O jantar fora agradável, Akira Yamamoto com suas
piadas novas, fazendo todos rirem, depois do jantar as duas mulheres
recolheram a louça e agora lavavam e secavam.
- Hyoga-kun,
pode vir aqui, por favor... – Sakura pediu.
- O que é,
Sakura-chan? – Hyoga pede.
- É que eu estou notando que
você está meio desanimado... Parece que algo está
te deixando um pouco triste, não é? – ela pergunta.
- Pois é... Mas só eu estou desanimado?! – ele
muda de assunto. – Você também está um tanto
cabisbaixa...
- Ah, mas a conversa é sobre você, e
não eu! – Sakura diz. – Me conta, o que é que tá
incomodando você...?
- Nada... – Hyoga suspira.
- Eu
sabia que você ia dizer isso! Então, já vim
preparada com a resposta... Deixe-me pensar... – Sakura fez que
pensava, mas não era difícil descobrir o que era. – O
que te perturba tanto é... E-I-R-I!!!
- NÃO FALA
ALTO!!! – Hyoga avança, tapando a boca da jovem.
-
Cof... Cof... Ok, eu não falo alto! – Sakura tira a
mão dele de sua boca. – Mas, me conta, é isso mesmo
não é?
- Sim... – ele admite. – É ela
sim...
- VIU SÓ COMO EU ACERTEI QUE ERA A EIRI??!! –
Sakura grita.
- NÃO FALA O NOME DELA ALTO!!! – novamente
ele tapa a boca de Sakura.
- Desculpa, eu esqueci... – Sakura
ri. – Mas, na minha opinião, você deveria ir procurar
ela e dizer o que sente... Não adianta ficar como um idiota
aí, esperando que ela tome uma reação. Ela é
tímida, e não vai dar o primeiro passo, então,
você deve ir falar com ela!
- Oh, nossa, falar é
muito fácil! – Hyoga diz.
- Eu também disse que
eu iria conquistar um rapaz que eu gostava, disse, um dia, que iria
me declarar e ver no que dava, e não tive coragem... –
Sakura sorri. – Bem naquele dia, o cara me fez ver ele com outra...
Portanto, eu sei que falar é fácil e fazer é
complicado!
- Quem é ele? – Hyoga pergunta.
- Não
vai gostar de saber quem é... – Sakura diz, olhando a lua.
- Ah, vou sim! – ele insiste.
- Mas não vai... –
Sakura grita. – Não insista... Bem, continuando, o que eu
acho é que você deve ser homem pelo menos uma vez e ir
falar com ela... Tenho certeza de que ela irá corresponder
seus sentimentos do jeito que você quer.
- Tem certeza...?
– Hyoga pergunta, apreensivo.
- Claro que tenho! – Sakura dá
um sorriso de encorajamento.
- Tá bom... Segunda eu irei
falar com ela! – Hyoga também sorri.
- Que bom! Espero
que consiga... – Sakura diz.
- Filho, vamos indo, então!
– Natasha o chama.
- Então, até amanhã
Sakura-chan... – Hyoga se despede. – Obrigado pelo apoio. Ah, e
mais uma coisa... Sakura-chan, juízo!
- De nada, até
amanhã, Hyoga-kun... – Sakura também se despede. –
Pode deixar... Eu tenho juízo.
E assim, a família
Yukida vai embora, e Sakura acompanha-os com o olhar até o
quanto pôde. Quando entraram, ela também pensou em
entrar e ir dormir, mas algo a mantinha atenta, lá fora.
-
Por que você não entende...? – uma lágrima
teimava em descer de seu rosto, mas ela não deixou que isso
acontecesse. E, esquecendo-se de tudo, entrou em sua casa, e quando
entrou em seu quarto, olhou-se no espelho.
- Juízo... Ele
disse juízo... – Sakura diz, tocando a face de sua outra
'eu'.
- Juízo... – repetiu a Sakura do espelho, mais
cruel do que de costume. – Ah, o juízo de Sakura! Ah, a
paixão de Sakura! O amor de Sakura! Juízo...
- Esse
juízo eu já perdi junto com o amor que nunca terei... –
murmurou Sakura, com a testa colada no espelho.
- Você
perdeu foi a vontade de lutar... – a Sakura do espelho dizia, sem
piedade. – De lutar por aquilo que quer...
- Ah, Hyoga... Será
que tudo o que eu tenho feito não foi lutar por você...?
– Sakura pergunta, tristemente.
- Você luta pela vitória
de outro exército... – a Sakura do espelho sorriu
cinicamente. – O exército de Eiri!
- É o único
que tem chance... – Sakura suspirou, pesadamente. – O meu não
pode ganhar nenhuma batalha...
- O que os outros têm que
você não tem? – o espelho pergunta.
- Eiri é
doce, bonita, prestativa e gentil... – Sakura dizia,
desencostando-se do recanto de sua pior inimiga. – Eu não
sou ninguém, não tenho nenhuma chance de competir
contra ela... Já tive minha chance...
- Ninguém,
nunca, lhe disse isso? – a Sakura do espelho pergunta.
- Que eu
sou linda? Alguém disse? – Sakura pergunta.
- Seiya já
disse isso, Shun já disse isso, Shiryu já disse isso,
Ikki disse isso, Saori disse isso, Shunrei disse isso, June disse
isso, Eiri disse isso... Hyoga já disse isso! Seus amigos já
lhe disseram isso! Ele mostra isso, apesar de que você quer que
ele a veja com outro tipo de beleza... – o espelho rebate.
-
Exatamente, ele me vê de outra forma! – Sakura diz, já
querendo chorar. Aquela inimiga era a pior de todas.
- Ah! Se eu
pudesse mostrar a ele o quanto eu o amo... Ah! Se eu não fosse
só sua amiga... Ah! Se eu não fosse tão feia...
– o espelho repetiu algumas frases.
- Ninguém, nunca,
lhe disse isso também...? – Sakura pergunta, a primeira
lágrima escorregando por seu rosto.
- Eu digo! Você
diz! – a Sakura do espelho diz, friamente.
- Ninguém diz
nada para você... Não adianta, você nunca escuta!
– Sakura diz.
- Eu vejo, eu sinto, eu amo... – a Sakura do
espelho devolve, dando um sorriso terno e fazendo uma cara de dó.
- Sim, mas o que você faz consigo mesma?! – Sakura
pergunta, a raiva estava começando a tomar conta de seu corpo.
- O que eu tenho que fazer... – o espelho diz. – Eu vou
fazer...
- E você... Você será minha
testemunha...? – Sakura pergunta, com medo e raiva.
- Eu sempre
sou sua testemunha! – o espelho diz, friamente.
- Eu não
escolhi...
- Ninguém escolhe por mim... – a Sakura do
espelho deu um pequeno sorriso.
- Chega de você...
Chega...! – Sakura estava com muita raiva.
- Não vá...
Vamos juntas... Ainda não acabamos... – a Sakura do espelho
diz.
- CALA A BOCA!!! – Sakura grita, golpeando o espelho.
Espalhadas pela espelheira e pelo chão, milhões de
imagens de Sakura, que chorava de raiva e frustração.
Sua inimiga se multiplicara ao infinito.
Continua...
