Título: Conspiração
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: yaoi, angust
Pares: 1x2
Resumo: Uma desconfiança se instala entre os pilotos Gundam, e Heero recebe uma missão delicada cujo desfecho pelo destruir a vida de Duo Maxwell
Todos concordam com a ambição de alguém
Se alguém possui uma mente jovem...
... ninguém poderá destruir essa ambição
Obter glória...
... e ser destruído pelo sonho de alguém
Não se pode evitar as duas coisas.
Conspiração
Kaline Bogard
Capítulo 06
Não precisamos de palavras
(Quatre) Bem vindo, Duo!! Fique à vontade!!
(Duo sorrindo) Obrigado!!
O americano sempre se surpreendia com a amabilidade do rapaz árabe. O loirinho tinha tanta preocupação pelo bem estar dos amigos, que as vezes parecia impossível acreditar que alguém tão gentil havia sido um soldado, um piloto Gundam.
(Quatre) Os outros já chegaram. Estamos apenas esperando você pra começarmos o jantar.
Corando um pouco, Duo colocou a mão sobre a cabeça, meio sem jeito. Era sempre o atrasado.
(Duo) Desculpa! Eu vim caminhando, pra pensar, e perdi a noção do tempo.
(Quatre sorrindo) Tudo bem. Só Wufei reclamou um pouco.
(Duo desconfiado) Um pouco?...
(Quatre) Er... ok, eu confesso. Ele reclamou muito!
Ambos riram do amigo chinês. Duo ao seu modo escandaloso, e Quatre discretamente.
(Duo) Ele vai querer me matar!
(Quatre) Duvido muito! Mas vamos logo, antes que Wufei tenha uma crise... er, outra crise.
(Duo)...
Seguiram para a sala de jantar.
A enorme mesa estava arrumada com perfeição. Haviam flores coloridas distribuídas pelo tampo, sobre a impecável toalha branca. Alguns pratos já estavam servidos, apenas aguardando que se iniciasse o jantar.
Chang Wufei estava sentado em uma das cadeiras, com o cotovelo sobre a mesa de madeira, e o rosto descansando sobre a mão. Olhava de modo pidão para as guloseimas. Heero estava em pé, observando a paisagem escura de uma das grandes janelas.
Quando Duo e Quatre entraram, os dois olharam para eles.
(Chang) Pô! Até que enfim, hein, Maxwuell? Mais um pouco e a gente pula o jantar e vai direto para o café da manhã.
(Duo) Desculpa! Me atrasei...
(Chang) Droga. Agora foi o Barton que sumiu. WINNER!!
(Quatre surpreso) O que foi?
(Duo) Ai, Chang! Pra que esse escândalo! Até parece que tá morrendo de fome! Quem vê pensa que você não come à dias.
(Chang) Hunf. Winner, vamos logo atrás do seu namorado antes que o jantar esfrie... MAIS AINDA!!
(Quatre corando) Tá... tá bom...
O rapaz chinês saiu pisando duro, muito aborrecido por que seu pobre estômago ainda estava vazio. Ele fora o primeiro a chegar...
(Quatre) Espera aí, Chang! Acho que o Trowa não foi pra...
Saiu apressado atrás do amigo, deixando Heero e Duo sozinhos na sala. O americano podia sentir o olhar de profundo azul fixo em sua pessoa, mas não se importava com isso. Também aproveitou pra fazer um exame bem meticuloso em Heero.
O japonês usava uma calça preta social que lhe caía muito bem e uma camisa azul clara, que combinava perfeitamente com seus olhos. Os cabelos negros pareciam ter sido penteados, mas eram rebeldes demais para permanecerem no mesmo lugar por muito tempo. Heero estava muito atraente, e se Duo pudesse usar uma palavra pra descrevê-lo seria: "Uaaaauuuuuu!"
Heero, por sua vez, notou que era observado muito atentamente, e por que não dizer, analisado com cuidado. E foi enorme o alívio ao ver a aprovação cintilando nos belos olhos ametistas.
Nenhum dos dois sabia o que dizer ou fazer, permanecendo parados no mesmo lugar por um longo tempo, apenas se observando, analisando mutuamente.
(Quatre) Desculpem a demora nós...
Parou surpreso ao ver o modo como os amigos se encaravam. Uma sensação forte invadiu-lhe a mente, e ele não conseguiu terminar a frase. Mas apesar disso, pode sentir que uma coisa boa estava acontecendo. E não era apenas a sua intuição que lhe dizia isso. Podia ver no olhar que Heero e Duo trocavam, que não havia rancor ali. Ambos sabiam que eram inocentes na história.
(Chang) O que foi? Vão ficar parados aí, se admirando? Eu quero é comer!!
(Duo corando) Ai, Chang! Você não tem jeito!! Que modos são esses?
(Trowa) Boa noite, Duo. Boa noite, Heero.
(Duo) Boa noite!
(Heero) Hn.
(Quatre sorrindo) Eu já pedi para que fossemos servidos. Por favor, sentem-se e fiquem à vontade!
Logo os quatro amigos estavam comendo e conversando animadamente. Na verdade Duo e Quatre eram os que mais falavam, discutindo amigavelmente sobre vários assuntos.
Chang Wufei estava muito empenhado em comer, e mal dirigia a palavra aos outros, exceto para elogiar a excelente comida.
Heero e Trowa ouviam em silêncio, bebendo cada palavra despejada pelos dois amigos tagarelas. Mas é claro, Duo ainda vencia. Heero duvidava que existisse outra pessoa mais falante que o baka americano. Qualidade que irritava no começo, porém a medida que se ia conhecendo-o melhor, aprendia-se a apreciar tal característica.
Por fim, Rashid entrou, trazendo em uma grande bandeja, duas travessas de vidro, ricamente trabalhadas.
(Quatre sorrindo) Ah, obrigado, Rashid. Duo, a sobremesa é em sua homenagem.
(Duo) Oba!
Os olhos violetas brilharam ao focalizar uma deliciosa torta de sorvete e um belo bolo de nozes, além de duas grandes bisnagas com cobertura líquida sabor caramelo e sabor chocolate.
(Chang) Ah... porque não me avisou? Se eu soubesse dessas maravilhas não tinha comido tanto!! Agora não agüento mais nada!
(Duo) Bem feito! Quem mandou ser guloso! Isso parece divino!
Olhava de um para o outro sem saber por qual começar. Acabou decidindo-se por partir um pedaço de ambos, fazendo uma combinação bem estranha. Finalizou cobrindo tudo com muita calda de chocolate.
O chinês fungou e não resistiu. Partiu um pedaço pra ele também, preferindo o bolo de nozes e cobertura de caramelo.
(Quatre) Cuidado pra não passar mal...
(Chang) Não se preocupe. Eu que não vou deixar Maxwell comer essa preciosidade sozinho.
(Duo)...
Não podia responder pois estava com a boca cheia. E no fim, ele que não era bobo de parar de comer apenas para replicar as implicâncias do chinês.
(Quatre) Ele não vai comer sozinho...
Partiu um pedaço da torta para o amante, que aceitou com um sorriso, e um pedaço para Heero, que também aceitou. Ambos preferiam cobertura de caramelo.
O jantar fora descontraído, e leve. Os cinco evitavam assuntos delicados, mas sabiam que não poderiam deixá-los de lado por mais tempo.
(Chang) Bom, pra acompanhar essa sobremesa, eu gostaria de dar-lhes uma notícia.
Os quatro rapazes olharam atentamente para o chinês.
(Chang) Estou me desligando dos Preventers. Aceitei um cargo de confiança em L5, para trabalhar ao lado do embaixador da colônia.
(Duo chocado) Você... vai embora da Terra?
(Chang) Sim.
(Quatre) Eu até entendo que peça demissão, mas... voltar para o espaço...
(Chang) Minha vida tem andado em círculos ultimamente. Eu pensei muito, e notei que não estou crescendo. Não é o que eu quero. Não é um adeus, nem o fim da nossa... amizade.
(Heero) Entendo. Eu também me demiti.
Dessa vez os olhares surpresos se fixaram na imagem do rapaz japonês.
(Quatre) Heero...
(Duo sorrindo) Que engraçado! Os três ex-pilotos Gundam que faziam parte dos Preventers caíram fora ao mesmo tempo.
(Chang) Maxwell, você também se demitiu?
(Duo) Sim... enviei um e-mail antes de vir pra cá Ainda não sei o que fazer, mas nunca poderia continuar lá depois... de tudo o que houve.
(Chang) Ainda não me conformo! Lady Une desconhece limites! Ela perdeu totalmente a noção das coisas!
Deu uma mordida furiosa em um pedaço de bolo.
(Chang) Mas que isso está bom, está!
(Duo) Põe bom nisso! Dá última vez que eu tentei fazer, ficou um desastre!
(Chang) Por que será, não? Se você fala tanto enquanto cozinha... tenho pena dos alimentos...
(Duo) !!
(Trowa) O que acham de trabalhar com a gente no Instituto?
(Quatre animado) Isso mesmo! Heero, Duo e Wufei seriam ótimos instrutores.
A proposta pegou os três de surpresa. Ainda mais porque partira do calado rapaz de franja.
(Duo) Puxa, Quatre... não sei o que dizer.
(Quatre) Aceite!
(Duo sorrindo) Então tá. Muito obrigado, loirinho.
(Chang) Eu não posso, sinto muito.
(Quatre) Porque?
(Chang) Já aceitei a vaga na colônia. E eu to mesmo querendo ir pra lá.
(Duo) Que pena...
Ficaram em silêncio, meditando por um segundo. Por fim o chinês voltou-se para Heero, e indagou o que todos queriam saber.
(Chang) E você, Yui. O que pretende fazer da vida?
(Heero) Eu...
Olhou fixamente para Duo. A troca de olhares foi tão intensa, que o americano acabou desviando o rosto, corando de leve. Os três perceberam e sacando na hora o que se passava.
Quatre sorriu aliviado, intuindo que tudo ficaria bem.
(Quatre) Aceite nossa proposta, Heero. Tê-lo conosco seria uma honra.
(Heero) Eu aceito. Obrigado!
(Duo)...
Observou o companheiro japonês, sentindo uma imensa satisfação por poder continuar trabalhando com ele. Não sabia se voltariam as boas de antes (er... tá certo que o relacionamento entre eles não era lá tão amistoso, mas também não era de todo ruim), e o que mais lhe chateara ao pedir demissão, fora a idéia de ter de ficar longe de Heero.
A única coisa que não entendeu foi o agradecimento do ex piloto Gundam. Geralmente Heero Yui não era tão educado a ponto de se importar com esses... detalhes...
Porém o loirinho voltou a se pronunciar, sentindo que poderia insistir um pouco mais com Wufei.
(Quatre) Chang, por que você não aceita nossa proposta? Pode voltar atrás em sua decisão.
(Chang pensativo) Não. Eu já dei a minha palavra, e daqui à uma semana Sally vai estar...
Calou-se surpreso ao ver que estava se delatando. Mas era tarde demais: todos haviam percebido que mencionara o nome da ex-major Sally Po. Não era segredo que uma atração muito forte existia entre a major e Chang Wufei, mas o período da guerra, e toda a situação pós guerra os mantivera afastados de um jeito ou de outro. Agora era uma revelação inesperada que Wufei sabia onde ela estava, e pelo jeito até mantivera contato... mas tinha uma outra coisa que surpreendera os quatro rapazes muito mais...
E Duo expôs em voz alta o que todos pensavam.
(Duo) Sally? Major Sally Po? Você vai trabalhar com ela? E de onde tirou tanta intimidade?
O rapaz chinês não sabia onde enfiar a cara. Fora um total e completo deslize de sua parte... concertar ficaria mais feio ainda... então era melhor se abrir.
(Chang) Bem... foi ela quem me convidou pra trabalhar no espaço... de vez em quando a gente troca umas mensagens...
(Duo) Ahhhhhhhhhhhhh sei... e o Romeu aí nem nos conta nada!
O americano apontou o garfo para o amigo, de forma ameaçadora e de certo modo cômico.
(Chang)...
(Duo) Eu deveria espetar você por isso! Ou roubar esse pedaço de bolo!
(Quatre rindo) E eu ajudaria você!
(Duo suspirando) Um romance surge na vida do Wufei... que liiiiiinnndo!
(Chang irritado) Pode parar por aí, Maxwell. Não seja ridículo.
(Trowa) Não era você que nunca se renderia à essas coisas?
(Chang) Vocês estão confundindo tudo.
(Heero) Será?
(Chang) É! Quatre, me dá um pedaço de torta!
(Quatre)...
(Duo rindo) Se sofrer de indigestão, você vai ter que ir ao médico... ou melhor, à médica! Há, há, há, há!!
Gargalhou de forma escandalosa, no que foi imitado por Quatre e Trowa (mas o casal foi mais discreto.) Heero também se divertiu, apesar de não demonstrar. O rapaz chinês ergueu-se e bateu com as duas mãos sobre o tampo de mármore.
(Chang) Duo Maxwell! Eu vou… eu vou…
O americano escorregou da cadeira e escondeu-se debaixo da mesa.
(Duo rindo) Quatreeeee!! Socorro!
(Chang)...
(Quatre) Não se preocupe, Duo! Por aqui ele não passa!
Apontou a bisnaga de cobertura de caramelo contra Wufei, que piscou surpreendido.
(Chang) Eu me rendo!
Levantou as mãos, fazendo uma espécie de caricatura.
(Duo) He, he... Shinigami sempre vence!
Saiu de sob a mesa, ficando em pé, a certa distância do amigo chinês.
(Quatre) Fico feliz que você tenha dado um rumo a sua vida, Chang.
(Chang) Obrigado, Winner.
Os cinco ficaram em silêncio por um minuto. Já não eram mais aqueles garotos idealistas do tempo da guerra. Haviam amadurecido muito, e aprendido muito com tudo o que haviam passado. Mesmo que não parecesse, que se mostrassem os mesmos por fora, sabiam que não era assim. E os mais extremistas, ou seja, Heero, Trowa e Wufei eram os que mais haviam mudado. Por fora se mostravam silenciosos, disciplinados e de certo modo inacessíveis... só que tal postura não enganava quem os conhecia mais a fundo.
(Trowa) Não surpreende tanto.
(Quatre) Eu esperava por algo assim.
(Chang) Ah, não quer dizer que nós vamos ficar juntos... mas Sally é uma ótima mulher.
(Duo) Com certeza. E não merece um marido como você.
(Chang) Ora, Maxwell!
(Duo rindo) Brincadeirinha! Fico muito feliz por vocês dois, Wufei. Até que enfim você parou de enrolar!
(Chang pensativo) Eu não sou muito bom em admitir sentimentos... sempre achei que tais coisas me tornariam fraco... mas... aprendi que ser forte não é derrotar os fracos, e sim enfrentar os mais fortes.
(Quatre) Olha que a vida coloca muitos inimigos fortes na nossa vida...
(Trowa) Não apenas pessoas, mas outros tipos de obstáculos. E geralmente nós mesmos somos nossos maiores inimigos.
(Chang) Pra admitir o que eu sentia foi preciso muita coragem. E eu enrolei tanto tempo... perdi tanto tempo...
(Quatre) Mas vai compensar ficando ao lado de quem você gosta.
(Chang) Eu...
Nesse momento o celular do rapaz chinês tocou. Quando identificou o número no visor, Wufei corou muito, despertando a curiosidade de seus amigos.
(Duo) Hum... olha a cara dele! Quem será...
(Chang) Alo. Sim, tudo bem e você? Não... está tudo certo! Eu já marquei a viagem. Vou semana que vem, não se preocupe...
(Duo) AHHH!! É a major Sally!! TUDO BEM MAJOR?! ROUBANDO O CHANG DA GENTE?!
Quatre, Trowa e até mesmo Heero riram muito da cara do amigo.
(Chang) É... é o Maxwell. Está tudo bem com ele sim. Não se preocupe. Depois a gente se fala... eu te mando um e-mail.
(Duo) QUE ROMÂNTICO!!
(Chang) Grrrr! Se eu te pego, Maxwell!
Correu atrás de Duo, mas o americano era ágil feito ele só, e foi se refugiar atrás da cadeira de Quatre, que ainda segurava a bisnaga de cobertura.
(Duo) Socorro, Quatre! Ele vai me pegar!
(Quatre rindo) Chang, se você chegar mais perto vai ficar sujo...
Suspirando, o chinês passou a mãos pelos cabelos negros, extremamente lisos.
(Chang) Ok. Dessa vez você escapou do castigo, mas não vai fugir para sempre, Maxwell.
(Duo rindo) Uuuuu que medo!
(Chang sorrindo) A noite foi muito boa, rapazes... mas eu preciso ir.
(Quatre) Ah, é cedo.
(Chang) Não. Um amigo meu ficou de passar hoje a noite lá em casa pra pegar a minha moto e levar para uma concessionária.
(Duo surpreso) Você vai vender a moto?
(Chang) Vou sim. Sally diz que é perigoso e...
(Duo) HÁ, HÁ, HÁ, HÁ!! JÁ FOI DOMADO!!
(Chang) !!
(Duo) É o fim do mundo. Chang Wufei se rendendo as vontade de uma mulher... será que eu morri e fui pro céu?
(Chang) Maxwell, você está passando dos limites!
(Duo) Eu não resisto.
(Chang) Muito obrigado pelo jantar maravilhoso, Winner. A gente se fala depois. Até, Yui, Barton.
Os referidos balançaram a cabeça, despedindo-se do rapaz chinês. Duo aproveitou a deixa e resolveu que era hora de tirar o time de campo.
(Duo) Eu também já vou. Tenho uma caminhada pela frente.
(Quatre) Calma, eu peço pro Rashid levar você, Duo.
(Duo) Que nada. Rapidinho eu chego em casa.
(Quatre preocupado) Mas à noite é perigoso.
(Heero) Eu o acompanho.
(Duo) !!
(Quatre)...
(Trowa) Ótimo. Ficamos tranqüilos com isso.
O americano voltou os olhos violetas para Heero e assentiu.
(Duo) Er... muito obrigado, Quatre... estava tudo uma delicia. Até logo, Trowa.
E então, para surpresa de Duo, o loirinho segurou suas mãos, e fitou-o com extrema seriedade.
(Quatre) O erro não foi seu, Duo. Não permita que a ignorância de outras pessoas interfira em sua vida. O que passou, passou... tudo o que importa é o que virá.
(Duo) Loirinho, você é um amigão. Obrigado por tudo.
Abraçou o rapaz árabe, sentindo que poderia retirar boas energias de um amigo tão devotado.
(Heero) Até logo, Quatre... Trowa.
Deu as costas e afastou-se, tendo certeza de que o americano o seguiria, e foi o que aconteceu. Logo Duo estava caminhando ao seu lado, com as mãos nos bolsos e a sombra de um sorriso brincando na boca de lábios tentadores.
(Heero)...
Ambos caminhavam em silêncio, sem saber como iniciar a conversa que necessitavam ter. Apesar de que, no fundo, Duo nem queria ter essa troca de palavras. Já havia conversado tanto com Mither... e lhe parecera fácil esclarecer as coisas com Heero, mas... agora que estavam ali, sozinhos, não era nem um pouco fácil...
Heero também tinha pensamentos semelhantes. O japonês se recriminava, por estar enrolando tanto. Refletira durante horas... e na hora H... sua coragem se esvaia como água entre os dedos.
Duo suspirou de leve e deu uma olhada de canto de olho pro ex piloto do Wing. Heero parecia absorto em observar o caminho, e não dava a entender que começaria uma conversa entre eles.
Só então observou que estavam se aproximando do seu apartamento. Nossa, nem notara que estavam chegando! A companhia, mesmo que silenciosa de Heero, lhe era por demais agradável. Pelo jeito não teriam um diálogo esclarecedor...
(Duo pensando) Paciência... pelo menos poderemos trabalhar juntos, e quem sabe as coisas entre a gente se ajeitam naturalmente...
E completou em voz alta:
(Duo) É o que eu espero...
Mal pronunciou essas palavras, corou, recriminando-se por não conseguir se controlar. Voltou os olhos para Heero, que parara de andar, e o fitara de modo surpreso.
(Heero)...
(Duo) Ah, eu devia ter pensado isso... não dito em voz alta! He, he...
Passou as mãos pelo cabelo, sentindo-se totalmente sem jeito.
(Heero) !!
Aquele americano não tinha jeito mesmo! Mas o japonês adoraria saber no que Duo estava pensando, para terminar naquela frase tão suspeita: "É o que eu espero..."
(Duo) Meu apê fica ali... você quer entrar? Mas aviso que ta uma bagunnnnça...
O japonês prendeu os olhos cobalto em Duo. Dessa vez aquele mar azul não brilhava de fúria ou estagnada frieza... isso surpreendeu o americano.
(Heero) Lady Une se aproveitou de nossa fraqueza...
Duo arregalou os olhos. Pelo jeito não ia escapar da conversa? Mas pelo início que Heero usara... "fraqueza"... então o que sentiam era mesmo uma fraqueza, na opinião do soldado perfeito. Heero não mudara nada.
(Duo)...
Fechou os olhos, evitando assim olhar para o companheiro. Foi dominado por uma vontade incontrolável de chorar. Nesses momentos queria ser tão bom quanto Heero, em matéria de camuflagem de emoções, mas não era! Desesperado, Duo fungou, sabendo-se perdido. Acabara entregando o jogo.
Preparou-se para continuar ouvindo as recriminações da pessoa que mais amava no mundo, e o pior era a consciência de que havia fraquejado na frente de Heero... o que ele pensaria?
Foi então que sentiu uma mão quente, tocando sua face e... fazendo carinho! Mais que surpreso, Duo abriu, ou melhor, arregalou os olhos. Seu cérebro não conseguiu processar a cena a sua frente: Heero estava acariciando sua face e... sorria!
(Duo)...
Mesmo que quisesse, o americano não se sentia capaz de juntar duas sílabas e formar uma palavra: sua confusão era absoluta.
(Heero) Não chora.
Foi o mesmo que dizer 'Pode chorar", pois a lágrimas se acumularam nos olhos violetas, embaçando a visão do americano, e escorrendo abundantemente pela face meio pálida.
(Duo) Hee... ro...
O japonês tirou a mão do rosto de Duo, e passou os braços pelo ombro do americano, puxando-o para um abraço apertado.
(Heero) Duo, Duo... o amor não é uma fraqueza, não é? Nossa fraqueza foi tentar fugir desse sentimento tão forte e não querer aceitá-lo.
(Duo) HEERO!
(Heero sorrindo) Amo você, baka.
O sangue de Duo recebeu uma verdadeira injeção de adrenalina, acelerando cada célula do corpo do americano. Seria sonho? Ou a realidade mais doce que Duo podia imaginar?
Para tirar as dúvidas, o ex-piloto do Deathscythe passou as mãos pela cintura de Heero e apertou com força. Pôde sentir o calor que o corpo de seu amor transmitia. Ficou tão feliz que era quase impossível transmitir em palavras.
(Duo) Eu também!! Eu...
O choro sufocou as palavras, mas Heero não precisava ouvi-las. Parecia que de toda aquela confusão, algo bom ia acontecer. O japonês sabia que ambos estavam em sintonia. Era a única explicação para que se entendessem tão bem, sem a necessidade de palavras.
A emoção de Duo era mais eloqüente que todas as frases do mundo. E refletia exatamente a sensação de felicidade que ocupara o coração de Heero, no momento em que tomara o americano nos braços. Era assim que deveriam ficar, pra sempre.
Abaixou a cabeça, apoiando-a na curva do pescoço de Duo e acabou suspirando. O momento parecia perfeito, e Heero não queria destruir a magia com frases esclarecendo algo que os dois já sabiam ser evidentes.
Queria apenas ficar com aquela criatura maravilhosa entre os braços, teriam muito tempo trocar palavras depois...
Fim
Argh! Que fim horrível! Quase não consigo, e pra falar a verdade, eu não tinha intenção nenhuma de terminá-la... perdi toda a inspiração no fim da página 09 desse último capítulo... vergonhoso!!
Esse não era o fim que eu tinha imaginado, mas pelo menos é um fim! n.n"
Dedico essa fic a Evil e a minha irmã, porque se não fosse o incentivo de minha mestra, e as ameaças da minha irmã, eu não teria terminado, e provavelmente essa fic ia ficar no recanto mais obscuro do meu computador!!
Pensando bem esse 'final' ficou muito parecido com o de Wanted! Droga ¬¬ acho que estou perdendo o jeito com fics. Melhor dar um tempo... depois de terminar mais uma fic de Weiss (O julgamento das sete mortes) acho que vou dar uma respirada de fics... n.n" pra ver se minha criatividade volta! T.T
