Título: Cry your tears with love
Ficwriter
: Kaline Bogard
Classificação
: yaoi, comédia
Pares
: 1x2
Resumo:
Uma aventura virtual pode trazer complicações ao relacionamento de Heero e Duo. O americano terá que arrumar uma boa explicação...


Cry your tears with love
Kaline Bogard

CAPITULO 3
Não foi nossa culpa.

Com o coração aos saltos, Duo entrou na casa, e procurou por seus companheiros.

Qual foi o seu susto ao perceber que Wufei estava meio sentado, meio deitado no sofá, cochilando com o controle remoto da TV na mão.

(Duo) Chang... o que houve?

O chinês abriu os olhos, mostrando confusão no olhar. Então percebeu que era Duo, e abriu um sorriso debochado.

(Wufei) Ah... é você... seu fujão...

(Duo) Cadê... o resto do pessoal?

Antes de responder, o chinês se esticou todo, tentando espantar o sono.

(Wufei) Quatre e Trowa saíram pra jantar fora... você sabe... esse lance de jantar romântico a dois...

(Duo) Sei... e...

Sentiu um leve receio de perguntar do japonês, mas... a curiosidade o estava matando. Pela calma com que Chang respondia as perguntas, Duo percebeu que não havia nenhuma emergência.

(Wufei) Quer saber de Heero?

(Duo) É...

(Wufei) Não se preocupe, ele não está de caso com outro... não que eu saiba. Heero disse que ia até a base, trocar algumas informações com a Major.

Quase sem poder se conter, o americano suspirou alto. Pelo menos não ia levar bronca por não estar presente durante uma missão. Sentiu vontade de interrogar o piloto do Nataku, mas mudou de idéia.

Agüentar as piadinhas infames do chinês não era nada fácil.

Dando uma olhada casual para o DVD player, Duo percebeu que já eram mais de nove horas da noite.

(Duo surpreso) Nossa! Já é tão tarde assim?

(Wufei) É. O que você ficou fazendo esse tempo todo?

O americano olhou de lado para o chinês, percebeu que ele o fitava com curiosidade quase felina, mas desconversou.

(Duo) To tão cansado... vou tomar um banho, e cama!

(Wufei) Claro. Boa noite.

(Duo) Boa noite!

O americano ia saindo de mansinho, achando que tinha escapado da malicia do chinês, mas estava enganado.

(Wufei) E quando o Heero chegar, procurem não fazer muito barulho. Eu quero dormir uma noite inteira pra variar...

Duo sentiu ganas de voltar e enforcar o intrometido, mas subiu as escadas correndo, e bateu a porta do quarto tentando demonstrar a raiva que sentia.

(Wufei) Hi, hi... que horas será que o Heero chega?

Estava louco pra ver o circo pegar fogo. Sabia que Duo andava estranho, e Heero estava preocupado com o namorado, porém, depois dessa "fuga", de Duo, a verdade é que o japonês ficara visivelmente irritado...

(Wufei) Isso será bem melhor que assistir TV...

oOo

Duo havia batido a porta com raiva, mas a verdade é que não era esse sentimento que dominava seu coração.

Ele sentia muito receio em ter que enfrentar o piloto japonês, por que não se achava preparado para responder as perguntas que com certeza lhe seriam feitas.

(Duo) Será que um dia eu vou estar pronto para responde-las?

Mas esse era o problema: não tinha tempo. O encontro estava marcado para depois de amanhã... então, ele teria que conversar com Heero amanhã mesmo... ops, se não essa noite...

Depois de retirar a roupa, Duo entrou no banheiro, e tomou um banho rápido de chuveiro, nem lavou os cabelos, queria apenas tirar a canseira do corpo, e um pouco da ansiedade, mas sabia que seria muito difícil.

Depois de colocar seu pijama azul preferido, ficou em duvida entre preparar um lanche rápido para si, ou apenas deitar e dormir.

(Duo) Ah, eu to mais com sono do que com fome...

Deitou-se na cama, e dispôs-se a esperar a volta de Heero, mas acabou adormecendo muito antes disso.

Heero chegou por volta da meia noite. Não ficara esse tempo todo com a Major Sally, na verdade dera umas voltas pela cidade, tentando esclarecer as duvidas que torturavam sua mente.

Queria entender o americano, mas o outro era tão complexo quanto um caleidoscópio... e felizmente tão bonito quanto.

Era esse carrocel de cores que tanto agradava Heero. Viver com Duo era como descobrir a vida todos os dias. E todos os dias essa descoberta era maravilhosamente diferente.

Duo conseguia sempre surpreende-lo com um gesto, uma palavra diferente... coisas atrevidamente intimas, porém que deixavam Heero cada vez mais viciado no americano.

Aproximando-se da cama, Heero percebeu que Duo estava profundamente adormecido. O japonês sentou-se na beirada da cama com todo cuidado, temendo despertar o amante.

Respirando fundo, Heero pode sentir um aroma conhecido, característico de Duo, junto com uma leve fragrância de sabonete.

Foi com profundo prazer que o piloto do Wing sorveu aquele aroma, que o fazia relaxar de forma quase instintiva.

Muito mais que um cheiro, ou um perfume, era a marca registrada de Duo, um aroma tão suave e pessoal, que o fazia diferente.

Com uma certa relutância Heero ergueu-se e obrigou-se a ir até o banheiro, tomar um banho rápido.

Por sua vontade teria ficado ali, sentado, apenas observando e sentindo a presença tão marcante de Duo. Era incrível como ele conseguia encantar mesmo estando profundamente adormecido.

Depois do banho, Heero colocou uma calça de pijama cinza, e dirigiu-se para a cama, acomodando-se nela.

Passou os braços em volta de Duo, que inconscientemente se ajeitou entre o corpo quente do japonês.

Encantado Heero sentiu seu próprio corpo se aquecer, com o calor do corpo de Duo. Sempre se surpreendia com a intensidade das emoções que sentia ao entrar em contato com o corpo do americano, mesmo ele estando vestido com o pijama preferido. A eletricidade que emanava daquela pequena criatura em seus braços era tão poderosa, que um simples tecido não seria capaz de conte-la.

Duo procurou aninhar-se entre os braços do japonês, estimulado pelo calor extra que começara a sentir.

Depois de achar uma posição mais agradável, o americano ronronou tal qual um gato satisfeito, para o prazer de Heero.

(Heero sussurrando) Duo... as vezes eu não acredito em como você é maravilhoso...

Abaixou a cabeça e roçou o rosto nos cabelos macios do outro, sentindo mais profundamente o perfume que emanava deles.

(Heero sussurrando) Duo... você é meu para sempre... não é?

Embalado pela respiração calma do americano, Heero caiu em um sono sem sonhos.

oOo

A contra gosto, Duo abriu os olhos. A claridade da manhã invadia o quarto, através da janela de vidros transparentes.

Piscando algumas vezes, ele tentou esticar os braços, e nesse momento percebeu que estava preso nos braços do japonês, que o envolvia em um abraço protetor, porém possessivo.

Duo ergueu a cabeça, e percebeu que Heero já estava acordado, e o observava insistentemente.

(Duo sorrindo) Bom dia!! Dormiu bem?

(Heero) Bom dia.

(Duo) Puxa, eu dormi muito bem essa noite. Mas, não vi a hora que você chegou. Você demorou muito?

(Heero) Que horas você chegou?

(Duo) Eram umas nove e alguma coisa...

(Heero) Eu cheguei bem depois.

(Duo) Desculpe não ter te esperado. Eu ia ficar acordado, mas acabei caindo no sono... você devia ter me chamado...

Mas no intimo agradecia ao japonês por ter respeitado seu sono. Não tinha certeza se queria conversar com Heero, estando com a mente entorpecida pelo sono... e provavelmente não ia explicar as coisas direito... então lembrou-se de que uma longa conversa o esperava... seguida de explicações, perguntas, e finalmente o convite...

Heero percebeu a súbita mudança nos olhos violetas a sua frente, e a tensão que o corpo de Duo apresentava.

De repente Heero lembrou-se de que conhecia aquele comportamento... aqueles eram gestos que observara na americano pouco antes da crise que ocasionara a união dos dois.

Naquele período, Duo estava tenso, pensativo e muito quieto, agindo de forma totalmente contrária ao que seria de se esperar de alguém irrequieto como ele.

E Heero sabia agora que Duo agia daquela forma por ter descoberto seu amor pelo japonês, que na época julgara como uma pessoa fria e destituída de sentimentos.

A certeza de que o piloto do Wing reagiria com violência ao se saber alvo dos afetos do americano fazia com que Duo agisse de forma contrária a sua natureza expansiva e dinâmica.

Talvez... se ele estivesse em outra situação semelhante... se gostasse de alguém que não o correspondia... alguém que não era Heero...

Estaria Duo apaixonado por outro? Ele agia dessa forma porque não queria dar o fora em Heero, talvez com medo da reação do japonês...

Surpreso com o rumo dos próprios pensamentos Heero fechou os olhos. Por que estava pensando nessas coisas? Por que estava tão inseguro em relação a Duo? Era seu instinto de soldado perfeito tentando alerta-lo? Provavelmente não... a muito tempo descobrira que não era mais perfeito, havia sido vencido por aquele garoto adorável que estava em seus braços e que desconfiava, estava prestes a lhe dar uma noticia arrasadora...

(Heero) Duo... precisamos conversar...

Um pouco alerta pelo tom de voz empregado pelo soldado perfeito, Duo soltou-se dos braços do amante, e sentou-se, apoiando as costas na cabeceira da cama.

Heero acompanhou o movimento do americano, e encostou-se muito próximo a ele.

(Duo) Você tem razão...

Porém Heero percebeu na mesma hora que o outro estava incomodado, e sem coragem de tomar a iniciativa de uma conversa séria. Esse gesto só confirmou as suspeitas de Heero. Duo estava mesmo escondendo algo... ou alguém...

Nervosamente, Duo juntou as pontas dos dedos, e respirou fundo.

(Duo) Heero... eu tenho que te dizer uma coisa mas... acho que to com um pouquinho assim de medo...

Heero controlou-se para não tremer. Medo... medo...

(Heero) Medo de que Duo?

(Duo sem graça) Ora... de você... da sua reação...

O piloto do Wing prendeu a respiração, e abaixou a cabeça para esconder a dor que seus olhos transmitiam. Então era mesmo o que ele estava pensando... seria o fim de tudo? Assim? Depois que Heero se entregara, de corpo e alma, Duo ia terminar as coisas com uma conversa?

Incomodado com o que acontecia, Heero cruzou os braços. Gesto que foi erradamente interpretado por Duo como zanga.

(Heero) Continue...

(Duo) Heero... não fique muito bravo... eu não tive culpa, foi engraçado, porque aconteceu sem querer... eu, não pude evitar e...

Heero não agüentou mais aquilo, levantou-se da cama, surpreendendo Duo, e ficou parado, de costas para a cama, o corpo tenso, as mãos fechadas nervosamente, tremendo.

O garoto americano encolheu-se, achando que Heero estava furioso com ele... e olha que Duo nem tinha se explicado direito...

(Heero) Onde quer chegar?

A voz de Heero saiu baixa e fria, tentando não deixar transparecer a dor que sentia em seu coração.

Nesse momento Duo ficou realmente apavorado. De repente Heero lembrava muito o antigo soldado perfeito. Será que não estava se arriscando demais? Se ele convidasse Heero pra conhecer Louise e o japonês descontasse nela a raiva, achando que ela era a culpada por Duo ter se distraído...

Seria justo expor a moça a tal perigo? Era melhor aliviar a barra dela... porém, ao ouvir a voz de Heero soando tão fria, Duo se descontrolou, e esqueceu todo o discurso que tinha preparado, começando a falar coisas totalmente sem sentido.

(Duo) Não foi culpa dela! Foi uma coincidência! Nós somos muito parecidos... e eu queria ajudar! Ela está apaixonada! Eu quero mostrar como são os sentimentos correspondidos! Por favor, Heero, não fique muito bravo! Não jogue a culpa nela, acho que ela estava solitária e...

Calou-se ao ver que Heero se virava e o encarava com uma fúria assassina no olhar.

Com medo de continuar a falar, Duo apenas se encolheu, quase sumindo entre as cobertas macias.

Agora Heero entendia tudo. Era isso o que devia esperar da vida, não é? Duo estava apaixonado por uma garota... ia troca-lo por essa moça, que se sentia solitária... mas, e ele? Se Duo o abandonasse, com certeza Heero se sentiria a mais solitária das criaturas...

Ainda com raiva aproximou-se da cama, porém parou ao ver Duo se encolhendo ainda mais... com medo dele.

Toda a raiva saiu de seu corpo, dando lugar a uma fraqueza incontrolável, nunca sentida antes.

Não podia odiá-lo... amava-o demais para isso. E olha-lo daquela forma, doía tanto...

Havia desistido de tudo por ele, não era mais nem a sombra do soldado perfeito que fora antes, havia deixado seu coração na mão do garoto americano, e ele estava começando a pisotea-lo...

Depois de se entregar com toda a força do seu coração, Heero era deixado de lado, assim? Definitivamente não era justo...

(Heero) Entendo... tudo bem, Duo. Eu respeito a sua decisão... se você prefere ficar com essa garota, eu vou entender... não vai ser fácil, mas, acho que ela pode te dar muito mais do que eu...

Calou-se, não tendo mais forças pra falar. Deu meia volta para sair do quarto.

Duo, por sua vez, estreitara os olhos, tentando entender onde Heero queria chegar... conforme seu cérebro ia processando as informações, seus olhos se arregalaram de surpresa. Nossa, que confusão estavam fazendo!!

O piloto do Wing estava quase chegando à porta, quando sentiu o sangue gelar nas veias.

Não podia acreditar: Duo estava rindo! Ou melhor, gargalhando!!

Duo estava gargalhando dele!!

Isso era inconcebível... decidiu-se por voltar, e quebrar a cara do outro, que além de faze-lo sofrer de uma forma inimaginável, ainda ria do seu desespero.

Fez meia volta, com um brilho intenso nos olhos, as mãos prontas para agarrar o pescoço de Duo, mas, entre lágrimas e gargalhadas, o americano conseguiu falar:

(Duo) Heero... há, há... pérai! Você entendeu tudo errado!! Deixa eu falar!!

(Heero) Entendi errado, Duo?! Como você pode debochar de mim assim?

Sentando-se novamente, Heero agarrou os ombros de Duo e o balançou com força, tentando faze-lo parar de rir.

Acalmando-se antes que Heero se irritasse ainda mais, Duo engoliu o riso, e deu um sorriso maroto.

(Duo) Mas o que você tem nessa cabeça oca?

Heero não respondeu. Respirou fundo, aguardando as explicações que Duo lhe prometia.

(Duo) Puxa, não sei nem por onde começar. Que confusão nós dois fizemos...

(Heero) Anda logo, Duo. O que você quer dizer com tudo isso? Você tem agido de forma muito estranha! E quem é essa garota? O que ela tem a ver com a história?

Duo não pode acreditar: Heero com ciúmes dele? O seu amado Heero estava com ciúmes de Louise... pobre japonês... devia ter pensado coisas terríveis esses últimos dias...

Enchendo-se de coragem, Duo começou a longa explicação.

(Duo) A culpa não foi minha...

(Heero) Hum...

(Duo) Tudo começou na segunda-feira... eu estava mesmo fazendo os tais planos de defesa... mas ai eu recebi uma mensagem, era de Louise, e ela queria conversar com alguém...

Parou, observando as reações de Heero. Por enquanto não levara nenhuma bronca... por enquanto...

(Heero) Continue.

(Duo) Você sabe que eu sou muito curioso... e respondi. A gente acabou indo parar em uma sala de conversação em tempo real... e fomos trocando informações, até que ficamos amigos...

(Heero) Você conversou com ela a semana toda...

(Duo) Isso mesmo, e ontem a gente se encontrou pessoalmente. E sabe por que?

Heero temeu diante da pergunta, mas queria escutar tudo até o fim.

(Heero) Não.

Apesar de sentir vontade de rir, Duo não se atreveu. Sabia que Heero levava as coisas muito a sério, e não perdoaria uma possível falta de tato por parte do americano com relação aos sentimentos de ambos.

(Duo pensativo) Ela é muito parecida comigo... e gosta de alguém parecido com você.

O japonês arregalou os olhos surpreso. Esperava tudo, mesmo aquilo. Percebendo o espanto de Heero, continuou a falar, porém muito mais confiante.

(Duo) Foi uma incrível coincidência. Ela se chama Louise Marie, e estava entediada, por não ter o que fazer. Nós começamos a teclar um com o outro, e durante a conversa, eu descobri muitas coisas sobre ela... mas o principal mesmo, foi quando ela me perguntou se eu já sofri por amor.

Só então as coisas realmente começaram a fazer sentido para Heero. Mas ele continuou calado, apenas aguardando as explicações do outro.

(Duo) Puxa, a pergunta dela me trouxe tantas recordações, de quando eu vivia sem você, Heero... tê-lo ao meu lado é uma felicidade tão grande, que eu quase esqueci como era difícil quando estávamos separados.

Ouvir essa declaração de Duo fez com Heero abaixasse todas as defesas. Começava a compreender a situação, mas ainda faltavam muitos detalhes.

(Duo) É claro que eu sabia o que era sofrer por amor, e disse isso pra ela. Por outro lado, ela ia me mostrando um quadro, da vida dela, que era muita parecida com a minha, a nossa vida. Louise se mostrou divertida, alegre e cheia de vida, e descreveu Yuri como sendo frio, insensível e totalmente anti social...

(Heero) Então ela se apaixonou por esse tal de Yuri...

(Duo) Isso mesmo, você sabe, os opostos se atraem.

(Heero) Como a gente.

(Duo) Heero, você sabe que eu te amo mais que tudo na vida! Mas não foi fácil a gente se arranjar, lembra? Acho que a Louise ainda está longe de um final feliz...

(Heero) Ela te disse?

(Duo) Disse, mas eu acho isso por causa de outras coisas também. Você por exemplo, era daquele jeito, por culpa de um longo treinamento, não é?

(Heero) Onde você quer chegar?

(Duo) Bom, você era o soldado perfeito, porque não tinha outra opção, mas depois que a gente começou a ficar junto, o verdadeiro Heero surgiu, não é? Você não nasceu daquele jeito, frio e insensível, apenas negou a si mesmo o direito de sentir.

(Heero) Já entendi onde você quer chegar...

(Duo) Eu não creio que o tal de Yuri tenha recebido algum treinamento, então, se ele nasceu frio assim, vai ser mais difícil os dois ficarem juntos.

(Heero) Mas nada é impossível.

(Duo) Nisso você está certo. Mas ela sofre tanto. Eu pude ver nos olhos dela. Sabe, eu me encontrei com ela ontem, e ver o sofrimento dela me comoveu, mas por outro lado, me fez ficar feliz, por que eu não sofro mais daquele jeito... você me acha egoísta?

Olhou preocupado para Heero. Não era bom sentir felicidade vendo o sofrimento dos outros, mas Duo não ficava feliz por que Louise sofria e sim porque ele mesmo não precisava sofrer daquela maneira. Era muito complexo de ser explicado, e o americano temia que Heero confundisse tudo de novo.

(Heero) Eu não te acho egoísta.

(Duo) Ela é uma boa garota, que merece ser feliz, mas nem sempre a vida é como a gente gostaria que fosse, não é?

(Heero) Quer dizer que você não gosta dela?

(Duo sorrindo) Apenas como amiga. Ela é gentil, e cheia de vida... e parecida demais comigo pra que sintamos algo mais.

(Heero) Duo...

(Duo) Ora, você sabe, já tocamos nesse assunto: os opostos se atraem, e os iguais se repelem. Ela é uma boa amiga, e só isso. Heero, eu to chocado!

Fez uma carinha magoada.

(Heero) O que foi?

(Duo) Como você pode achar que eu não te amava mais, e ia troca-lo?

(Heero) Suas atitudes eram muito suspeitas...

(Duo) Pois você deveria saber: eu amo você, amo o jeito que age, o jeito que se veste... adoro o jeito que você me olha quando está feliz e mesmo o jeito que me olha quando está com raiva. Eu amo você por que você é Heero Yui. Nunca poderia me apaixonar por outra pessoa. Porque não seria você, não teria o seu cheiro, nem o seu calor... não importa o que aconteça, não duvide nunca disso.

Lembrava-se das palavras de Louise, e mais do que nunca concordava com elas. Pareciam ter um significado novo a luz do dia.

(Heero) Desculpe, Duo...

(Duo) Foi Louise quem me disse isso. Ela me pediu para lutar por você, e proteger o nosso amor, custe o que custar.

(Heero) Muito sabida, essa garota.

(Duo) Heero...

(Heero) O que foi?

Finalmente esclarecido tudo, Duo lembrou-se que ainda precisava convencer o japonês a acompanha-lo no sábado.

(Duo) Er... tem mais...

(Heero) Mais coisa?

Ergueu uma sobrancelha de forma desconfiada.

(Duo) É... sabe... eu queria que você viesse sábado comigo, pra conhecer Louise...

A surpresa de Heero não teve tamanho, porém ele não demonstrou o espanto que tal pedido causava.

Considerou por alguns instantes, enquanto era atentamente observado por Duo. Talvez fosse mesmo interessante conhecer tal garota.

(Heero) Acho que vou, só pra ver se essa Louise é tão legal assim...

(Duo) Obrigado, Heero.

Agora sim, toda a tensão entre eles havia desaparecido. Duo ergueu os braços de forma relaxada e abriu aquele sorriso.

(Duo) Oba! Agora vamos lá embaixo, para tomar um café da manhã reforçado...

Começou a erguer-se, porém Heero colocou a mão sobre o peito de Duo, obrigando-o a continuar deitado.

(Duo espantado) O que foi?

(Heero) Ainda falta o castigo...

O americano sentiu o sangue gelar nas veias. Não estava entendendo... eles não haviam conversado, e se acertado?

(Duo) Cas... tigo...

(Heero maldoso) É... você merece um castigo...

O garoto de tranças não conseguia entender onde Heero queria chegar. Será que ele ainda achava que Duo estava atraído por Louise? Não, esse fato estava bem claro entre os dois... então, o que podia ser?

Notou que os olhos de Heero o observavam atentamente com um brilho diferente... e não pode evitar que um calafrio de medo percorresse seu corpo.

(Duo) Mas... eu já disse que... Louise e eu não... você não acredita em mim?

Heero soltou uma gargalhada assustadora.

(Heero) Eu acredito sim... mas o castigo não se refere a ela...

(Duo) Então... porque isso?

(Heero) Que história é essa de ficar de bate papo, ao invés de se dedicar às tarefas que tínhamos combinado?

(Duo) Ora... você me conhece...

Mas percebeu que Heero falava sério, e parecia mesmo determinado a castiga-lo.

(Heero) Duo, ficar a tarde toda na frente do laptop não agrada a ninguém, nem ao Quatre, ao Trowa e nem mesmo ao Wufei. Mas faz parte da nossa missão, tanto quanto pilotar os Gundams e destruir MD...

Heero falava com carinho, e Duo percebeu que era uma bronca muito sutil.

Olhou emocionado para o amante. Realmente ele havia mudado. Nunca ia imagina-lo falando de forma tão suave.

(Duo) Desculpa! Eu vou me concentrar essa tarde, pra compensar os dias que eu enrolei. E não vou fazer de novo...

(Heero zangado) Não faça promessas que não pode cumprir...

(Duo) Mas eu vou cumprir!

O japonês balançou a cabeça, negando a defesa de Duo. Conhecia bem o americano. Ele não ia mudar nunca.

(Heero) Ora Duo... eu te conheço. Você não consegue parar quieto mais de cinco minutos. Parece que seu corpo exige que você apronte alguma... e nem poderia ser diferente, afinal você é Duo Maxwell... e foi por esse seu jeitinho maluco que eu me apaixonei... se você fosse diferente, eu não o amaria tanto...

Terminou a declaração de amor com um beijo.

Abaixou a cabeça e capturou os lábios do americano quase com desespero, como se fosse mais importante que a própria vida.

Ao sentir a urgência de Heero, Duo começou a corresponder com igual ou maior intensidade, usando a língua para explorar cada canto da boca do japonês.

Continuariam se beijando por muito tempo mais, se não houvesse a necessidade de respirar... no entanto seus pulmões reclamaram por ar, e a contragosto eles afastaram seus rostos.

(Duo) Puxa... eu senti falta disso...

Heero sorriu de um jeito que apenas Duo conhecia, e que sempre fazia o americano se sentir como se estivesse flutuando.

(Heero) A gente tirou o dia de folga hoje...

(Duo surpreso) O que?!

(Heero) Como todos se esforçaram durante essa semana, nós concordamos que não seria nada demais descansar na sexta. Afinal você tem razão, seria pena desperdiçar uma semana tão bonita...

(Duo esperançoso) Então podemos sair?

Mas Heero balançou a cabeça negando.

(Heero) Você não se esforçou a semana toda. Não merece a folga...

(Duo decepcionado) Mas... mas...

(Heero) Mas nada! Você vai ficar aqui em casa... e eu vou ficar também, para castiga-lo o dia todo...

E esse ultimo comentário veio seguido de um olhar que era luxuria pura, atrevido o bastante para fazer Duo se arrepiar todo em antecipação, já sabendo que aquele "castigo" seria uma delicia...

(Duo sorrindo) Já me conformei... vamos lá, me castigue...

E mal terminou de pronunciar essa frase, sentiu seus lábios sendo tomados com intensa paixão.

Seria mesmo uma tarde e tanto...

oOo

Wufei olhou desanimado para o relógio. Já era quase meio dia, e nem sinal de vida naquela casa.

(Wufei irritado) Será que eles não precisam se alimentar?

Estava morrendo de fome, mas não tinha animo de preparar nada. A verdade é que ele não cozinhava nem um pouco bem...

E também não tinha vontade de ir até a cidade, comer em algum restaurante. Preferia ficar no abrigo mesmo, evitando encontrar-se com outros seres humanos. Já bastavam aqueles quatros pilotos de Gundam... e eles eram estranhos além da conta...

Totalmente desanimado, o chinês tentava encontrar alguma solução para o seu problema, quando Quatre apareceu na cozinha.

(Quatre) Bom dia, Wufei.

O piloto do Nataku deu um pequeno pulo de susto. Voltou-se para Quatre, que sorria, e parecia muito feliz.

(Wufei) Puxa, até que enfim, hein?

(Quatre) Isso tudo é por causa da fome?

(Wufei) É! Eu to acordado faz tempo sabia? Mas vocês não tem consideração nenhuma por mim...

(Quatre) Calma...

(Trowa) O que foi?

O garoto havia entrado na cozinha silenciosamente. Tinha os cabelos úmidos, mostrando que havia acabado de tomar um banho.

(Wufei) Hunf...

(Quatre) Nada... é apenas o estomago do Chang reclamando...

O árabe começou a se movimentar, pegando panelas e ligando o fogo, com o objetivo de preparar um almoço bem caprichado... e não era apenas pra satisfazer o chinês reclamão...

Nesse momento, Duo entrou na cozinha também, demonstrando grande satisfação, e total bom humor.

(Duo) Bom dia!!

(Quatre) Bom dia, Duo.

(Wufei) Hunf.

(Duo) O que foi? O que aconteceu pro Wufei ficar azedo logo de manhã?

(Quatre) É que ele ta com fome...

(Duo sorrindo) Ahhhh... isso explica tudo! Mas eu também to morrendo de fome! E vou te dar uma mãozinha.

Abriu a geladeira, vasculhando-a para encontrar algo que agradasse a todos. Como Wufei parecia desesperado por algo mastigável, Duo achou melhor fazer algo rápido.

Pegou ovos, queijo e mais umas coisinhas, colocou tudo em uma panela, depois sentou-se na mesa, em frente a Trowa, muito concentrado em misturar os ingredientes de uma omelete caprichada.

Enquanto isso, Quatre ia de um lado para outro, preparando outras guloseimas, e até um suco de laranjas pra acompanhar.

Trowa e Chang acharam melhor não interferir, pois com certeza acabariam atrapalhando ao invés de ajudar. Ficaram sentados, apenas observando o que os amigos preparavam, e que logo começava a cheirar muito bem.

Apesar de Quatre cozinhar melhor, Duo não ficava atrás, e quando o assunto era alimentar Heero, o americano não media esforços em agradar o namorado.

Depois de algum tempo de silencio, Wufei não se contentou, soltou um de seus comentários maldosos.

(Wufei) Duo... não acredito que você ainda está vivo...

(Duo surpreso) O que?

(Wufei) Depois de sua fuga de ontem...

(Quatre) É... o Heero ficou bem intrigado...

(Wufei decepcionado) Pensei que vocês fossem brigar...

(Duo irritado) Deixa de ser chato, Chang!!

(Wufei) Mas pelo menos deu pra dormir essa noite.

(Duo) Como se você não dormisse a noite inteira...

(Wufei maldoso) Geralmente não... uns... barulhos no quarto ao lado não me permitem...

Esse comentário fez Duo ficar vermelho como um tomate maduro. Antes de revidar, Heero entrou na cozinha.

Tinha o olhar tranqüilo, apesar do semblante sério. Parecia recém saído do banho. Notou que Duo ainda estava com a face tingida de vermelho, e estreitou os olhos, numa interrogação.

(Heero) O que foi?

(Duo) O Wufei, com seus comentários INCONVENIENTES...

(Wufei) Eu só disse a verdade...

(Heero) Deixa o Duo em paz Wufei.

Apesar de dizer isso, Heero não estava com raiva, pelo contrário. Adorava ver Duo com as faces tingidas de vermelho.

Duo levantou-se indignado, e dirigiu-se até o fogão, onde Quatre controlava três panelas.

(Duo) Depois que vocês experimentarem a minha omelete, tratem de se dirigir a mim com mais respeito, ou não tem bis...

(Wufei) Aproveita enquanto pode. Como você cozinha bem, eu não vou mais pegar no seu pé... por enquanto...

Disse isso fazendo uma cara de vitima tão grande, que os outros não puderam deixar de rir.

(Duo) E o que vocês planejaram pra hoje?

(Quatre animado) Trowa e eu vamos ao parque. Parece que inauguraram um novo restaurante nas proximidades. Primeiro vamos nos divertir, e depois testar pra ver se a comida é boa mesmo...

Os outros pilotos olharam surpresos pra Trowa. Não imaginavam que o garoto tão calado gostava de parques...

O piloto do Heavyarms sentiu-se incomodado por ser alvo dos olhares espantados, mas resolveu que seria acessível, pelo menos dessa vez...

(Trowa) O amor muda as pessoas...

Disse isso olhando para Heero.

(Duo) É... precisamos dar um jeito do Wufei se ajeitar com a Major, antes que a gente tenha um treco.

(Quatre) É, quem sabe ela conserta ele...

As brincadeiras dos amigos fizeram com que Chang ficasse roxo de vergonha.

(Wufei) Ora... seus...

(Trowa) Hum... não sei não...

(Heero) Talvez a pobre Major Sally não resista a esse gênio...

(Trowa) Seria uma pena... ela é tão gente boa..

E os quatro riam da cara do chinês. Se essa fic fosse de DBZ, com certeza o Majin Wufei estaria soltando fumacinha pelos poros...

(Wufei) Seus... seus...

(Duo) Para de reclamar, Wufei! Arruma a mesa que a comida já ta pronta!

(Wufei) Sorte que o cheiro do rango ta mesmo apetitoso, senão...

(Trowa) Diz ai, Chang... o que você vai fazer hoje a tarde?

(Wufei) Eu pensei em ir até a base, pegar umas peças de reposição para o Nataku. Eu sempre fico preparado...

(Heero) Sei. Você vai apenas pegar umas peças de reposição... e eu acho que a Major Sally vai estar por lá, não é?

(Wufei irritado) E como é que eu vou saber?

Experimentou um pedaço da omelete do Duo, e realmente, ela estava uma delicia.

(Wufei) Hum. Até que ta gostoso...

(Duo) Na verdade, minha omelete que é uma delicia...

(Wufei) Não. É que com a fome que eu to, eu como praticamente qualquer coisa...

(Duo irritado) Então da próxima vez, você cozinha!!

(Wufei) É brincadeira, Duo! Sua omelete ta uma delicia!!

E os cinco riram muito.

Depois do almoço, Wufei deu um sorriso satisfeito, e se despediu, dizendo que precisava chegar logo a base, para procurar... as peças de reposição.

Quatre olhou ao redor meio desanimado. A cozinha estava mais ou menos limpa, mas haviam muita louças para serem lavadas. Com certeza seu passeio com o Trowa teria que esperar um pouco.

Mas Duo percebeu o olhar desanimado do loirinho, e resolveu socorre-lo. Afinal, ele estava em débito com os outros.

(Duo) Não esquenta a cabeça, Quatre. Pode ir com o Trowa, eu cuido dessa bagunça.

O piloto árabe enviou um olhar agradecido para Duo, mas sua educação o obrigou a perguntar:

(Quatre) Tem certeza disso?

(Duo) Claro. Vai sossegado.

(Quatre) Valeu, Duo.

(Duo) Imagina... eu sei que sou demais...

Sem esperar que Duo insistisse, tanto Quatre quanto Trowa pegaram suas coisas e saíram da casa, pretendendo ter uma tarde das mais proveitosas.

(Duo) Heero, espera enquanto eu dou um jeito nisso.

(Heero) Eu te ajudo.

(Duo animado) Ótimo!! Eu lavo e você seca, ta bom?

(Heero) Ta bom.

Duo levantou-se da mesa, e depois de reunir todas as louças, começou a lava-las.

Heero posicionou-se bem próximo a Duo, e ia secando e guardando as panelas que Duo lavava. De vez em quando o cotovelo de ambos se esbarravam, e parecia que uma corrente elétrica percorria seus corpos.

Trabalhando assim, em pouco tempo a cozinha estava limpa e organizada.

(Duo sorrindo) Viu? Ficou perfeito.

(Heero) É... ficou bom.

(Duo sorrindo) E agora? Vamos fazer o que?

(Heero) Você eu não sei, eu vou continuar trabalhando nos planos...

(Duo) Mas...

(Heero) Você pode continuar trabalhando no seu também.

(Duo decepcionado) Ah...

Ele havia pensado que Heero falara sério ao dizer que passariam o dia todo... er... de castigo.

(Duo) Acho que é mesmo um castigo.

(Heero) Só não pense em sair de casa...

(Duo) E olha que eu até lavei a louça...

(Heero sorrindo) Encare como parte do castigo...

E sem esperar resposta de Duo, dirigiu-se para a sala, e ligou o laptop.

O americano fez um bico zangado, e resmungou alguma coisa. Mas não perdeu tempo, e seguiu o namorado.

Chegou na sala, encontrando Heero já concentrado em alguns planos de ataque, de uma fábrica especifica.

Duo estranhou o fato, pois não haviam recebido nenhuma indicação de que aquela fábrica era para fabricação de MD da OZ.

Porém Duo não expôs suas duvidas para Heero, apenas debruçou-se nas costas da cadeira onde o japonês estava sentado, e ficou observando, impressionado com a rapidez com que o japonês digitava as palavras, ligando-as a mapas, e fotos da fabrica em questão.

É claro que silencio não combinava em nada com Duo Maxwell, e logo o garoto americano sentiu uma necessidade inacreditável de palpitar e opinar no que Heero estava fazendo. Começou expondo suas duvidas.

(Duo) Heero, que fábrica é essa?

(Heero) É uma fabrica de materiais plásticos, fica em uma cidade vizinha.

(Duo) E porque você está investigando essa fábrica? É alguma ordem do Doutor J?

(Heero) Não. É apenas uma intuição minha...

(Duo) Ahhh...

Heero suspirou, acreditando que Duo se contentaria com essas explicações, mas isso não aconteceu.

(Duo) Mas que tipo de plano é esse? Por que você vai invadir por ai? Seria arriscado, veja esses alarmes... eles não funcionam sozinhos, esse tipo de ligação sempre vem auxiliado por um sistema secundário.

Heero ficou um pouco irritado com tal interferência, afinal, Duo achava que ele era um idiota ou o que?

(Heero) Eu sei disso. É óbvio que a rota deve ser esta, desconectando o sistema bem aqui...

Movimentava o cursor, indicando a Duo a sua estratégia, mas o americano soltou uma risadinha, e esticou a mão, tocando a tela do laptop com a ponta do dedo indicador.

(Duo) Eu não acho. Já trabalhei com esse sistema antes. Nós chamávamos isso de "queijo suíço", por que não existe apenas um sistema de apoio, e sim milhares. Cada opção está conectada a um terminal de alarme aleatório, que quando iniciado resulta em um alerta geral.

O japonês arregalou os olhos espantado com o conhecimento demonstrado por Duo. A verdade é que ele não conhecia esse tipo de alarme, já tinha ouvido falar nele, mas nunca tivera oportunidade de tentar quebrar um desses códigos, porque eram poucas as fábricas da OZ que o utilizavam, por vários motivos. O primeiro entrave, é que era muito dispendioso, e nem sempre dava bons resultados, e por ser um protótipo de testes. Geralmente ele apresentava algumas falhas, e os reparos não eram nada baratos. Muito menos a manutenção do sistema, que exigia cuidados constantes.

Porém, se aquela simples fábrica de plástico utilizava um sistema tão complexo, com certeza devia ter uma importância vital para a OZ...

(Heero) Eu não tinha visto esse sistema antes...

(Duo) Puxa, essas fotos são da fábrica? Com certeza ela ta bem protegida... como você conseguiu tirar essas fotos?

(Heero) Foi a major Sally que conseguiu. Eu lhe falei sobre minhas suspeitas, e ela conseguiu algumas evidencias.

(Duo) E por que não atacamos?

(Heero) Primeiro estamos trabalhando nos planos de fuga, e depois os de ataque. Você sabe que os sistemas não são fáceis. E este alarme não é a única proteção que a OZ tem.

(Duo) Você tem razão... olha isto...

Colocou a mão sobre o mouse, e clicou sobre um ponto, fazendo o programa ampliar uma foto.

(Heero) O que foi?

(Duo) Esses terminais de fibra óptica... não faziam parte da configuração inicial... estranho...

(Heero) É detector de som e movimento... com certeza é uma versão, atualizada do alarme... isso complica mais ainda as coisas...

(Duo) Seria necessário saber qual nível de ruído acionaria o dispositivo...

(Heero) Então, esqueçamos essa rota de invasão. O que você sugere?

Virou a cabeça para a esquerda, fitando o rosto concentrado do americano. Este ainda tinha a mão sobre o mouse, e franzia as sobrancelhas, como se isso o ajudasse a pensar melhor.

(Duo) O que é isso?

Clicou sobre outra figura.

(Heero) São fotos da entrada de serviço.

(Duo animado) Perfeito!!

(Heero irritado) Perfeito?! Essa é a parte mais movimentada da fábrica. Como você espera entrar por ai?

(Duo) Com um disfarce, e muita cara de pau!! Mas... pelo jeito você está mesmo planejando uma invasão...

(Heero) Já ta quase confirmado. É só questão de aperfeiçoar os planos.

(Duo) Olha, se a gente conseguir disfarces, dá pra entrar. Implantamos uma entrega falsa, e eles nem vão desconfiar.

(Heero) Duo...

O japonês olhava espantado para Duo... só mesmo o americano maluco pra pensar numa coisa dessas...

Heero preferia um ataque mais sutil, ou então a destruição completa, através dos Gundams. Mas... essa estratégia de enganar os inimigos, infiltrando-se na base era totalmente nova, e... bem ousada.

(Heero indeciso) Não sei não...

Mas Duo foi até a mesa onde Wufei passava o tempo estudando mapas. Pegou um e o abriu sobre o chão.

(Duo) Veja essa rota.

Ia passando o dedo sobre o papel. Heero acabou ficando curioso, e deixando o laptop pra trás, foi até onde Duo estava sentado.

(Duo) Wufei comentou sobre essas depressões, veja. Seria um bom abrigo para os Gundams. Sem duvida você consegue acessar o arquivo de entregas da tal fábrica... não é?

(Heero) Hn.

(Duo animado) Então! Veja só. Tenho certeza que o Quatre consegue um caminhão de entregas, e é fácil descobrir pra qual lavanderia eles enviam uniforme de funcionários. Um... extravio seria simples.

(Heero) Mas eles não desconfiariam de um roubo de uniformes, seguido da aparição de novos funcionários.

Não, decididamente aquilo parecia complicado demais. Só Duo pra pensar em uma besteira dessas... era melhor voltar para o seu computador, elaborar alguma estratégia mais eficiente.

(Duo) Ah, Heero, se a gente pegar os uniformes a noite, provavelmente eles vão demorar um pouco pra dar falta, não é?

(Heero) É...

(Duo empolgado) Até lá, a gente já vai ter...

Parou de falar de repente. Se era pra destruir a base, não era melhor apenas pegar os Gundams e explodir tudo?

Heero pode ver a duvida nos olhos violetas, e adivinhando corretamente o que se passava pela mente do americano declarou:

(Heero) A base de New Orleans quer essa fábrica inteira, você pode imaginar pra que...

(Duo) Ahhh... provavelmente a Relena vai ordenar a destruição apenas dos MD, deixando a fabrica intacta.

(Heero) No fim é uma fabrica de plástico, e pode ser útil.

(Duo) E a gente vai servir de bucha pra canhão...

(Heero) Vai se conformando...

(Duo) Isso não é justo...

(Heero) É uma guerra, Duo. Não seja ingênuo.

(Duo) Mas somos pilotos de Gundam... acho que merecíamos mais respeito.

(Heero zangado) Eu não luto pela glória, Duo.

(Duo ofendido) Nem eu. Mas gosto de me divertir de vez em quando. E nada mais engraçado que pregar uma peça no inimigo. Ah, vai Heero. Só dessa vez! Você vai ver como minha idéia vai dar certo.

(Heero) Hum...

(Duo) Envia um e-mail pra major, e se ela gostar... ou melhor, manda o seu plano e o meu... e qual ela achar melhor, a gente põe em ação...

O japonês viu que Duo não ia se conformar com uma negativa, por mais enfática que ela fosse, e decidiu correr o risco. Se o mundo ainda não estava louco, o seu plano seria escolhido, e não do americano.

(Heero) Tudo bem.

Voltou para o laptop, onde continuou trabalhando no seu plano, até que ele ficasse totalmente satisfeito com os resultados.

Sob estreita vigilância do americano, Heero enviou um e-mail para a base, com os seus planos e os planos do americano abusado. Agora era só esperar.

Nesse momento a porta se abriu, e Wufei entrou. Estava com um sorriso no rosto, e um olhar distante.

Duo não pode evitar uma troca de olhar com Heero, pois a surpresa foi grande, ao ver o chinês tão... bem humorado...

(Duo divertido) Conseguiu as peças pro Nataku?

(Wufei) Não...

(Duo espantado) E por que essa alegria toda?

(Heero) Aposto que ele passou a tarde toda com a Major...

(Duo) Então esse amor quase não é mais platônico...

Mas o chinês nem revidou as piadinhas maldosas de Heero e Duo. Sentou-se no sofá, e ali ficou, com o ar mais sonhador da face da terra.

(Heero) Bom... já que o Quatre provavelmente vai demorar, é melhor você começar a cozinhar algo...

(Duo) Sim, senhor!

E cheio de animação, já se dirigiu para a cozinha.

Continua...