Capítulo Sete - Quase sem querer

Draco bebeu mais um gole da sua batida de limão, completamente entediado. Não ouvia uma palavra que Pansy falava e não estava se importava com isso. Na verdade, só tinha vindo nessa festa porque ela tinha insistido muito e feito--- hum, "coisas" para convencê-lo. Mirava um ponto qualquer na pista de dança, sem entender porque as pessoas gostavam tanto de dançar. Não via graça em ficar balançando-se como um idiota, rodeado por outros idiotas. Músicas lentas então, conseguiam ser piores que as agitadas, já que com elas você tem que balançar e acompanhar a pessoa agarrada à você. Ele definitivamente não via nada demais naquela baboseira toda.

Colocou o copo de volta à mesa, e quando ergueu os olhos, algo muito estranho do outro lado do salão lhe chamou a atenção. Por trás de uma janela meio escondida, ele pôde ver homens vestidos de preto. Como ninguém os tinha visto ainda? Essas pessoas estúpidas estavam ocupadas demais dançando para ver que Comensais estavam prestes a atacar a Mansão.

- Eu já volto, - ele disse para Pansy, levantando-se rapidamente e saindo à procura do diretor, mas já era tarde demais.

Correu até o bar e viu Dumbledore saindo de lá apressado.

- Acabei de ver Comensais perto da casa. - ele disse para o diretor, que sorriu misteriosamente.

- Sim, Senhor Malfoy, estou-- – o diretor começou a dizer, mas uma explosão e vários gritos vindos da pista de dança o interromperam. "Merda", Draco pensou, "já começou".

Viu o diretor caminhar apressadamente para onde os Comensais tinham atacado. Suspirou e andou até a porta dos fundos do bar. Não ficaria ali, não mesmo.

Caminhou silenciosamente pelo beco e pela rua imunda de Hogsmeade, quando ouviu alguém se aproximar dele. Virou à esquerda em uma bifurcação e se deparou com um beco. Os passos ficaram mais próximos, e ele se virou, varinha em punho.

- Olá filho. - disse um homem de preto, com o rosto escondido debaixo de um capuz.


Gina abriu os olhos, ofegante. Passou a mão na testa suada e começou a se desesperar. Comensais. Ali, no meio da festa. Saiu correndo do banheiro, tinha que achar Dumbledore antes que fosse tarde.

Começou a andar pelo salão procurando desesperadamente pelo diretor, sem se importar muito com as pessoas em quem esbarrava. Não demorou muito para achá-lo sentado ao balcão do bar, conversando com a Professora McGonagall e bebendo FireWhisky. Correu até ele, que a encarou sorrindo assim que ela se aproximou.

- Ataque... Comensais... Aqui... – ela disse, extremamente ofegante.

Não foi preciso dizer mais que isso para que Dumbledore entendesse a mensagem. Ele levantou rapidamente e deu ordens para que McGonagall mandasse os alunos de volta para Hogwarts.

- Venha por aqui. - ele disse, pegando no braço de Gina e a levando para dentro do bar. – Vá. - disse Dumbledore apontando para a porta dos fundos do bar. Mas ela não queria ir, não podia deixar todos ali, à mercê dos Comensais, ela tinha que fazer alguma coisa.

- Mas Professor--

- Vá, Srta. Weasley. Agora. – ele disse calmamente, porém muito severo, seus olhos azuis cintilantes brilhavam intensamente com algo que se assemelhava à medo e preocupação. Gina não teve como não obedecer, deu meia volta e saiu pela porta que ele lhe indicara.

Estava num beco imundo, que nunca tinha visto antes em Hogsmeade. Provavelmente ficava atrás da Mansão e não devia sair na rua principal. "Melhor assim", ela pensou, "pelo menos a chance de ser vista é menor..."

Andou encostada na parede, esgueirando-se até o fim do beco. Os gritos que vinham de dentro da casa faziam os pêlos de sua nuca arrepiarem-se e ela percebeu que estava tremendo. Caminhou pela rua deserta e virou à esquerda em uma bifurcação, algum lugar ali tinha que dar na avenida principal. Deparou-se com outro beco, com duas casas aparentemente abandonadas. Ambas tinham as janelas quebradas e um aspecto de que não eram visitadas há anos. Ia dar meia-volta quando ouviu passos se aproximando. Fez a primeira coisa que lhe veio em mente e caminhou até a casa mais próxima. Para sua sorte, a porta estava aberta. Entrou e fechou a porta rapidamente, e os passos iam se tornando cada vez mais próximos. Foi até uma janela empoeirada e escondeu-se atrás da cortina, deixando somente os olhos a mostra.

De repente, Draco Malfoy entrou no beco e ela sentiu seu coração acelerar. O que ele estava fazendo ali?

- Olá filho. - ela ouviu um homem atrás de Draco dizer. Era um Comensal, ela reconheceu pelas vestes negras e o capuz.

- Olá, pai.– disse Draco. – Vejo que Azkaban não conseguiu manter você preso por muito tempo.

O homem encapuzado riu.

- Você realmente achou que eu ficaria muito tempo por lá?

- Na verdade, não. – disse Draco. – Não há nada que uns galeões, torturas e chantagens não façam, não é mesmo?

- Vejo que você tem o espírito dos Malfoys.

- Você algum dia duvidou que eu tivesse? – perguntou Draco, em tom ameaçador.

O pai permaneceu em silêncio por um tempo, como se estivesse calculando suas ações.

- Então... Achou que poderia fugir?

- Fugir de que?

- De mim. Do seu destino. – disse Lúcio Malfoy friamente, enquanto tirava do bolso uma máscara igual a que ele usava e jogava para Draco. – Vista isso e venha comigo. Já é hora de você saber o que é diversão.

- Eu não vou. - disse Draco, olhando para a máscara em sua mão.

- O que disse? – perguntou Lúcio.

- Eu disse - Draco encarou o pai. - que eu não vou.

- Chega de brincadeiras garoto, estamos perdendo tempo.

- E quem disse que isso é uma brincadeira? Eu não vou. Não vou entrar naquela mansão usando essa máscara ridícula e torturar pessoas.

- Desde quando você se importa - Lúcio começou, tirando a máscara. - com a vida de outras pessoas? Ou vai me dizer que está com medo?

Draco riu.

- Medo? Achei que você me conhecesse melhor que isso. E não, eu não me importo com a vida daquelas pessoas. Eu só não vou acabar com elas.

- Que tocante, Draco. Nunca achei que fosse viver o bastante para ver você se tornar um covarde. Agora só falta você me dizer que não vai seguir os passos do seu pai e se tornar um Comensal...

Um sorriso se formou no rosto de Draco.

- Você é bom em adivinhações, pai. Eu não vou seguir seus passos e me submeter ao seu-- como vocês o chamam mesmo? Ah sim, Lorde. - ele disse, ironizando bastante a última palavra.

Lúcio Malfoy se aproximou de Draco, e já não usava a máscara. Gina teve a impressão de estar olhando para um homem em frente à um espelho, já que os dois eram incrivelmente parecidos. O mesmo porte, a mesma altura, o mesmo rosto pálido, os mesmos olhos frios e calculistas, o mesmo ar de superioridade... Talvez a única diferença fosse os cabelos do pai, que eram longos, e algumas pequenas marcas que lhe foram dadas pelo tempo e que podiam ser vistas se olhasse atentamente para seus olhos.

Ficaram se encarando por um longo tempo, como se precisassem provar alguma coisa um para o outro. Lúcio abriu a boca para falar alguma coisa, mas os gritos que vinham da mansão soaram mais altos e desesperados e ele deu um passo para trás.

- Nos vemos depois, garoto. Ainda tenho que tirar essa história a limpo.

Dizendo isso, ele deu meia volta e desapareceu. Gina continuou observando Draco, que continuava em pé na mesma posição de antes, olhando para o lugar que Lúcio ocupara instantes atrás. De repente ele se virou para a casa onde Gina estava e a garota, com medo de ser vista, afastou-se da janela.

A sala estava na penumbra e ela não pôde evitar esbarrar em uma pilha de livros atrás dela, que caiu e fez um barulho enorme. "Merda!" ela pensou, e voltou a olhar para a janela, percebendo, para seu horror, que Draco estava se aproximando. Tentou afastar-se novamente, mas já era tarde demais, ele já tinha a visto. Puxou a cortina nervosamente, fazendo a sala passar de penumbra para escuridão total.

Depois de ver que havia alguém o espiando, ele abriu a porta da casa, querendo tirar satisfações e descarregar sua raiva em cima da pessoa. Entrou na casa, mas não conseguiu ver nada, pois estava muito escuro lá dentro.

- Quem está aí? – ele sibilou, mas Gina não respondeu. – Lumus.

Uma luz branca saiu da ponta da varinha de Draco e iluminou fracamente toda a sala. Ainda que a iluminação fosse mínima, ele pôde reconhecer a garota parada a poucos metros dele. Como não reconhecer aquele cabelo vermelho-fogo?

- Weasley? – ele perguntou, espantado. – O que você está fazendo aqui?

Silêncio. Gina olhava nervosamente para o chão, não sabia o que responder para o garoto. Ele então se aproximou, ficando apenas a alguns passos dela.

- O gato comeu sua língua? – ele perguntou, friamente. E novamente a garota não respondeu.

A ruiva torceu as mãos suadas no vestido e depois de hesitar um pouco, ergueu os olhos. Ele tinha a varinha abaixada e a fraca luz que vinha dela realçava seus cabelos quase prateados e lhe dava um ar pálido, meio fantasmagórico.

- Não é o que você está pensando, Malfoy.

- Ah, não? – ele perguntou secamente. - E o que você quer que eu pense? Que você está numa casa abandonada, num beco imundo de Hogsmeade, por pura diversão? Poupe-me, eu não nasci ontem. Diga, porque você está me seguindo?

- Eu não estou te seguindo, Malfoy. – ela começou, com a voz alterada. – Eu só estou no lugar errado, na hora errada e eu não tive intenção nenhuma de ouvir a sua conversa.

Ele deu uma risadinha e meneou a cabeça, e Gina percebeu que ele não acreditou no que ela disse.

- "timo, não precisa acreditar. Eu não me importo mesmo. - ela disse, caminhando para a porta. Estava há uns quatro passos desta, quando sentiu uma mão fria agarrar fortemente seu braço, forçando-a a parar e se virar. Ela encarou novamente o loiro, que deu um passo para frente e se aproximou dela.

Estavam muito próximos. Ele podia sentir a respiração descompassada dela e aquele conhecido cheiro de lírios vindo dos seus cabelos. Olhou nos olhos castanhos da garota e viu que eles brilhavam intensamente. Seu coração estava disparado e ele sentiu aquela mesma sensação estranha percorrer seu estômago.

Então, como se ouvisse o que as batidas descompassadas de seu coração queriam lhe dizer, ele finalmente acabou com a cruel distância de centímetros que os separava e uniu sua boca a dela. Foi como se um milhão de choques saíssem de suas bocas e percorressem seus corpos. A mão esquerda apertada sobre o braço da garota escorregou para as costas, chegando até a cintura e juntando-se com a mão direita.

Ficaram assim, com os lábios prensados um contra o outro, enquanto tentavam entender o que estava acontecendo, mas antes que conseguissem, ele passou de leve a língua pelos lábios dela e ela finalmente os abriu, permitindo que a língua dele entrasse, cedendo ao desejo e deixando-se enlouquecerem.

Ela relaxou os braços e enlaçou-os em volta do pescoço dele, arranhando de leve e fazendo-o arrepiar. Sentiu o peso das mãos dele na sua cintura, a puxando para perto, e foi andando de costas, sem se separar do garoto, até bater contra a parede. Pelo menos agora tinha onde se apoiar, já que não conseguia sentir suas pernas. Na verdade, não conseguia sentir nada a não ser as respirações alteradas e descompassadas, a língua dele procurando intensamente pela dela, as mãos dele percorrendo suas costas, numa tentativa desesperada de trazê-la para mais perto.

As línguas se encontravam em carícias insanas e Gina sentiu como se estivesse levitando. O gosto da boca gelada dele, uma mistura de limão, menta e vodka, se misturava com o da boca quente e doce dela, com gosto de morango.

Aquilo não era só um simples beijo, não podia ser. Era intenso, forte e apaixonante. Havia algo mais naquele beijo, algo que nenhum dos dois conseguia entender ou explicar.

Separaram-se, ofegantes e se encararam. Havia um brilho nos olhos do loiro que ela não conseguia decifrar. Ficaram assim, com as testas coladas, sentindo a respiração um do outro por um tempo indefinido até que ela tomou a iniciativa e colou sua boca na do loiro novamente.

O segundo beijo foi melhor que o primeiro, se é que isso era possível. O mundo ao redor deles havia desaparecido. Não ouviam mais gritos, não lembravam onde estavam, quem eram. Não importava que eram uma Weasley e um Malfoy, fogo e gelo, água e vinho... A sensação era tão maravilhosa que eles se sentiam embriagados pelos beijos, pelas carícias, pela loucura momentânea que estavam vivendo.

"Oh, céus." Gina pensou ao abrir os olhos novamente e lembrar-se quem era o dono dos olhos cinzentos a sua frente. "Eu acabei de beijar um Malfoy! E foi maravilhoso... não, não foi maravilhoso, não podia ter acontecido!" Ela empurrou o garoto, assustada.

- Eu—eu-- Tenho que ir. - ela disse, correndo na direção da porta, deixando para trás um Draco confuso.

Correu pelas ruas de Hogsmeade, sem se preocupar para onde seus pés estavam lhe levando, tinha que sair dali. E o que diabos foi aquilo? Não foi só um simples beijo, não mesmo. Havia uma ligação, uma interação que ela nunca tinha sentido com nenhum outro garoto. Podia sentir o cheiro dele impregnado no seu corpo, sua boca tinha o gosto da boca dele, suas mãos ainda pareciam sentir os cabelos sedosos dele, sua cintura e suas costas ainda pareciam sentir o contato eletrizante das mãos geladas dele.

Não demorou muito para chegar na Avenida Principal de Hogsmeade e entrar numa carruagem para retornar ao castelo. Caminhou vagarosamente pelos corredores até chegar na entrada do Salão Comunal. Respirou fundo, passou a mão pelo rosto e entrou.

- Gina! – gritou Rebeca, no meio de várias pessoas que se encontravam no Salão. Ela virou e viu a amiga, Harry, Rony, Hermione, Dino e Neville sentados no lugar de sempre, nas poltronas perto da lareira. – Estávamos preocupados com você! Por onde você andou?

- Eu, ah... – ela disse, jogando-se em uma poltrona vazia, - saí pela porta dos fundos da Mansão, fugindo do ataque.

- Vocês querem me explicar direito o que aconteceu? – perguntou Hermione, irritada.

- Comensais. - disse Harry, parecendo muito cansado. – Mas Dumbledore deu um jeito neles rapidinho.

- Ué, Mione, você não viu? – perguntou Gina, erguendo uma sobrancelha.

- Eu, hum... – ela começou, corando um pouco. – não cheguei nem a sair do castelo.

- Por quê? – dessa vez foi Neville quem perguntou.

- Nós... – disse Rony, muito vermelho. – tivemos uma... Discussão e... Acabamos nos atrasando.

Gina teve que se segurar para não rir da cara dos dois. Certamente não tinham tido só uma discussão, mas era melhor não insistir no assunto. Não agora, de qualquer jeito.

- Mas foi isso sim, Mione. - disse Rebeca, percebendo o constrangimento do casal. – Os Comensais chegaram lá lançando feitiços para todos os lados. Dumbledore chegou tão rápido que parecia já saber que aquilo iria acontecer. - Gina olhou para o chão, tentando esconder o rubor no seu rosto.

- Pena que eles escaparam... - disse Dino.

- Houve algum ferido? – Gina perguntou.

- Sim, mas nada muito grave, - respondeu Rebeca. – Já estão todos na enfermaria.

- Certo... – disse Gina. – Bom, se vocês não se importam, eu vou dormir, estou muito cansada.

Rebeca lançou um olhar curioso a Gina.

- Eu vou também. - ela disse, levantando e seguindo a ruiva até o dormitório.

Entraram e fecharam a porta, as outras garotas que dividiam o dormitório com elas não estavam. Gina se jogou na cama, deixando as pernas pra fora e de braços abertos.

- Gina, - disse Rebeca, sentando-se em sua própria cama e encarando a ruiva. – O que está acontecendo? Você vem agindo de modo estranho por dias.

- Não é nada, Rebeca, eu só... – ela parou quando viu o olhar de "eu não sou idiota" que a garota lhe lançava. – Tudo bem... Mas se eu te contar, você tem que me prometer que não vai contar a ninguém!

- Prometo.

- Ok... – disse Gina, sentando-se e começando a contar tudo sobre as premonições e sobre o seu estranho envolvimento com Draco Malfoy. Se é que aquilo poderia ser chamado de envolvimento.


N/A: Olá! :) mais um capítulo e esse nem demorou muito, né? para as pessoas que estavam ansiosas por action, espero que esse beijo tenha sido pelo menos um pouco satisfatório. x)

o próximo capítulo deve demorar um pouco, porque eu não tenho ele pronto, nem no pc nem na cabeça, preciso definir umas coisas ainda. torçam para a inspiração vir logo, hehehe...

anyway, mandem reviews, pelamor de Deus. nem que seja pra dizer que não ficou legal ou pra dar sugestões/críticas. essa foi a primeira vez que eu realmente descrevo um beijo em fics, então queria saber como ficou.

eu sei que a fic tá meio confusa ainda, principalmente a parte do Draco, já que a fic é relatada mais pelo lado da Gina, mas eu garanto que tudo vai ser esclarecido, e que eu vou mostrar mais o lado do Draco. tenham um pouco de paciência, pq a fic ainda não tá toda resolvida na minha cabeça. ela inicialmente ia ter só uns 5 capítulos, e agora, pelo que eu tô vendo, vai ter uns 10, por aí...

Beijos para BiaMalfoy84, Princess Warlike, Anaisa, Mione G. Potter RJ, miaka, Kirina-Li, Ana Luthor, Luna-br e Bebely Black. brigadão pelas reviews, espero que vcs tenham gostado desse capítulo!

Ah, e esse capítulo vai especialmente pra Ana Luthor fofa. ;) brigada por ter betado ele pra mim e por ter dado idéias para o título. e no ballet a gente também usa o "merda" pra desejar sorte, hehhee... tbm acho legal!

bom, é isso. beijocas, see ya!