Capítulo Oito – Na reunião dos monitores

You're looking my way, you're looking good
Needs no explaining, it's understood
Electric shivers, across my skin
It's like a fever, and you're my only medicine

(Reactor – Feeling The Love)

Perdidos em gestos, olhares e conversas sem sentido. Era assim que eles vinham passando as últimas semanas. Através de encontros supostamente ocasionais nos corredores e trocas de insultos constantes, eles tentavam esconder a atração fatal que sentiam um pelo outro. Eles não iam ceder tão fácil, não mesmo. Não iam admitir que seus corpos tremiam quando sem querer eles se esbarravam, que suas bocas ficavam secas quando se encaravam, que procuravam se encontrar nos corredores só para trocar um ou outro insulto.

Aquilo era um jogo, eles tinham suas regras e não ousavam quebrá-las. Qualquer demonstração de desejo ou de fraqueza era contra essas regras, então eles simplesmente dissimulavam. Se fossem outras pessoas, até pareceria estranho tantas brigas sem motivo, tantos insultos exagerados. Mas eles eram um Malfoy e uma Weasley. Aquilo tudo era normal, e até esperado vindo dos dois.

O que eles não sabiam é que quanto mais se esbarravam, quanto mais brigavam, mais sentiam necessidade de se encontrar e brigar novamente. Era um vício adquirido por ambos que eles não queriam e nem sabiam como se livrar.


Gina correu os olhos pela mesa redonda cercada pelos 24 monitores das casas, tentando não pousar os olhos na parte da mesa dedicada à Sonserina, mais especificamente em um certo loiro.

E lá estavam eles de novo, no mesmo jogo que vinham jogando há semanas. "Meu Deus, já faz semanas?" ela se perguntava, enquanto fingia prestar atenção no que Mione dizia. Depois de muito hesitar, olhou de relance para o loiro e para a sua surpresa, ele estava olhando-a. Desviou o olhar rapidamente, sentindo o rosto queimar. Maldita hora que tinha decidido encará-lo.


Ele estava na sua posição de sempre, meio deitado na cadeira, com os braços cruzados. Tentava por tudo não ceder a tentação de olhar para a ruiva, em algum ponto da mesa redonda, mas era impossível. Arriscou um olhar, afinal uma espiada só não fazia mal, fazia? Ela estava com a cabeça apoiada nas mãos e o cotovelo apoiado na mesa. Olhava para Granger, prestava atenção no que quer que ela estivesse dizendo, ou melhor, reclamando. A ruiva de repente o encarou, mas desviou logo o olhar, corada, ao ver que ele estava olhando-a. Ele esboçou um sorriso no canto dos lábios, satisfeito.

- Malfoy, você está me ouvindo? – perguntou Hermione, e Draco se virou para olhá-la.

- Não Granger, eu não estou ouvindo nenhuma palavra do seu discurso enfadonho. – ele disse, com a voz arrastada.

Hermione bufou.

- Como eu estava dizendo, Malfoy, precisamos deixar uma boa quantidade de monitores aqui nas férias de Natal, para o castelo não virar uma zona total. Quem se habilitar a ficar aqui, assine a lista que eu vou deixar na sala. – ela disse, e se sentou.

A monitora chefe, uma setimanista da Corvinal se levantou.

- Obrigada Hermione. – ela encarou Gina. - Gina, você poderia ficar com a lista e me entregar amanhã pela manhã? – Gina acordou subitamente do seu transe e acenou com a cabeça. – Obrigada. Alguém mais tem alguma consideração a fazer? Não? "timo, então eu declaro a reunião encerrada. – ela disse, batendo um pequeno martelo na mesa.

Os monitores se levantaram. Alguns se aglomeraram em volta de Gina, enquanto os outros saíam da sala.

Draco continuou sentado, olhando para um ponto qualquer na parede. Tinha que decidir o que fazer: ficar em Hogwarts e esperar seu pai procurá-lo ou ir para casa e enfrentá-lo de uma vez. Normalmente ele escolheria a segunda opção, mas dessa vez era diferente. Ele não sabia como seu pai ia reagir, nem o que iria fazer. Não tinha decidido se ia se aliar a Dumbledore ou fugir e se isolar dessa guerra. Mas de qualquer jeito, era melhor ficar em Hogwarts, pelo menos até ter um plano...

- Gina, me ouve, por favor! – uma voz masculina o tirou dos seus pensamentos e ele olhou na direção de onde a voz estava vindo. Michael Corner, monitor da Corvinal, estava em pé, de frente para a Weasley, e os dois pareciam muito irritados.

- Michael, eu já disse que não tenho nada para ouvir.

Draco se levantou e deu a volta na mesa, se aproximando de onde os dois estavam, sem ser notado. A essa altura, a sala já estava vazia a não ser por ele, Gina e Corner.

- Deixa disso, vai! É só um passeio em Hogsmeade, que mal pode fazer?

Gina olhou para Michael, os olhos faiscavam e as orelhas estavam vermelhas. Aquele garoto com certeza não sabia onde estava pisando, porque se soubesse, já teria parado de insistir muito antes das orelhas ficarem vermelhas. Ele com certeza não conhecia o chamado "gênio Weasley". Ela fechou as mãos, tentando controlar a raiva.

- Fará mal à sanidade dela, Corner. - veio a voz arrastada de Draco, fazendo com que os dois olhassem para ele, assustados. Eles não tinham visto que a sala não estava vazia. - Mas isso, claro, se ela já não estiver muito prejudicada devido a todo aquele tempo que vocês---

- O que você está fazendo aqui, Malfoy? – Corner perguntou, sem deixá-lo terminar a frase. Draco o olhou friamente. Ninguém interrompe um Malfoy.

- Certamente não estou aqui para assistir ao seu showzinho, Corner. Só quero assinar essa maldita lista. Acredite, eu não estou nem um pouco interessado em ouvir essa conversa patética.

Gina, que até agora se mantinha calada e imóvel, pegou a lista em cima da mesa e entregou-a para Draco, que tinha um meio-sorriso no rosto.

- Aqui a lista, Malfoy. – ela se virou para Michael novamente. - E pela última vez, eu não vou para Hogsmeade com você nesse fim de semana. Já combinei de ir com o Dino.

- Ai, trocado por um grifinóriozinho sangue-ruim. Você realmente está mal, Corner. – disse Draco em tom de deboche, enquanto assinava a lista.

- Olha aqui, cuide da sua vida, Malfoy! – disse Corner com ferocidade.

- Não, obrigado, Corner. Assistir você levando um fora da Weasley está bem interessante no momento.

Ele encarou furioso o loiro, que tinha um meio-sorriso no rosto. Olhou para Gina mais uma vez e saiu da sala, bufando.

- Porque você faz isso? – perguntou a ruiva quando ficou a sós na sala com Draco.

- Isso o que? – ele perguntou, encarando-a.

- Porque você é tão desagradável com todo mundo?

- Eu não sou desagradável com todo mundo, Weasley. Apenas com quem merece e com quem não me interessa ser agradável.

Gina ergueu uma sobrancelha.

- Me diga pelo menos uma pessoa com quem você é agradável.

- São muitos, Weasley, você é que não presta atenção. Blaise Zabini, Professores Snape e Dumbledore, minha mãe, minhas namoradas...

- Pansy Parkinson que o diga, - disse Gina, sarcasticamente.

- Minha relação com a Pansy é diferente. Eu a uso, ela me usa. Simples assim, não tem envolvimento, é só uma troca de... favores.

- Vocês sonserinos são desprezíveis, - ela disse, enojada.

- Não, Weasley, é aí que você se engana. Nós não somos desprezíveis, só não somos tão hipócritas como o resto das pessoas. Toda relação se baseia numa troca de interesses e de favores. A única diferença, é que nós admitimos isso.

- Então pra você é assim? Só interesse e atração? Pra você não existe envolvimento? – ela começou, lembrando-se do beijo que eles trocaram. Não conseguia acreditar que não tinha significado nada para ele. Não que ela esperasse que ele lhe jurasse amor eterno por causa de um beijo, longe disso. Mas alguns beijos significavam mais e esse definitivamente era um deles. - Um beijo não significa...

- Nada mais que um beijo, - ele disse, encarando um ponto qualquer na parede. Sabia que ela estava se referindo ao beijo deles, e por mais que relutasse em admitir, aquele beijo tinha sido especial, diferente. Não tinha sido só um beijo, parecia haver algo mais, uma química que ele nunca tinha sentido com nenhuma outra garota antes.

- Você é um babaca, Malfoy. – ela disse friamente.

Ele riu e a encarou, mas ela desviou o olhar imediatamente para o chão.

- É mesmo, Weasley? – ele disse, caminhando para frente e ficando a apenas alguns passos dela. – Então porque você ainda conversa comigo?

- Eu... eu não sei, Malfoy! – ela disse, encarando-o ferozmente. Seus olhos brilhavam como fogo e ela tinha os punhos cerrados. - Eu não sei! Eu não sei porque sinto necessidade de conversar com você, de te insultar, de esbarrar em você nos corredores, de te olhar no Salão Principal, eu simplesmente preciso fazer essas coisas e nem ao menos sei o motivo de querer fazê-las!

Ela desviou o olhar imediatamente, ofegante. "Céus, como ela fica linda quando está alterada!" ele pensou, sentindo remorso por estar pensando isso dela. Porque tinha que pensar isso dela, justo dela? Por Merlin, ele podia sentir desejo por qualquer outra garota de Hogwarts, menos por ela. Mas era inútil lutar contra isso. Quando ele se deu conta, já tinha se aproximado mais ainda dela, posto uma mão em seu queixo e erguido seu rosto, fazendo-a encará-lo.

– Porque você é sempre assim?

- Assim como? – ela perguntou, com a voz fraca.

- Tão encantadora que me faz sempre querer beijá-la. – ele disse, e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, uniu seus lábios aos dela.

Era um beijo calmo, porém intenso. Ele tinha uma mão no rosto dela e a outra na cintura, enquanto ela entrelaçou as mãos na nuca dele, puxando-o para mais perto. Perguntavam-se como uma coisa podia ser tão errada e ao mesmo tempo parecer tão certa. Sentiam as respirações ofegantes um do outro enquanto turbilhões de sensações diferentes invadiam seus corpos. Ele levou a mão que estava no seu rosto para a sua nuca e ela arrepiou com o toque gelado dele. Na verdade, seu corpo inteiro parecia estar arrepiado e aquilo era uma sensação assustadora e maravilhosa ao mesmo tempo.

- Gina, você está... uooou!

Os dois separaram-se rapidamente e Gina olhou na direção da voz. Ela viu Rebeca parada à porta, olhando para eles com os olhos arregalados e boquiaberta. Gina subitamente se deu conta do que estava fazendo, ou melhor, com quem estava fazendo, então olhou para Draco, que a encarava e tinha um brilho estranho no olhar.

Ela começou a andar em direção a porta para sair da sala quando se lembrou: "A lista!". Virou e viu que Draco parecia ter lido seus pensamentos, porque segurava a lista com a mão estendida na direção dela. Encarou os olhos azuis acinzentados que sempre lhe foram tão intrigantes e começou a caminhar na direção dele para pegar a lista.

Ele a encarava também e ambos não piscavam ou mostravam qualquer sinal de que iriam romper com o contato visual. A cada passo que Gina dava, aquela sensação estranha no seu estômago aumentava e a distância entre eles, que antes era pouca, agora parecia enorme. Quando estava próxima dele, ela ergueu a mão e segurou a lista.

Inevitavelmente seus dedos tocaram os dedos dele. Aqueles malditos tremores invadiram seu corpo e ela tentou não corar nem parar de encará-lo. Ficaram ali, parados, se encarando, sentindo apenas o contato entre suas mãos e deliciando-se com aquilo. Aquele toque gelado dele, céus, como aquele toque a deixava tonta.

- Hem, hem. - Rebeca pigarreou, fazendo Gina acordar dos seus pensamentos, ou melhor, da falta deles, porque a única coisa em que conseguia se concentrar era em sua mão tocando a mão do loiro, seus olhos encarando os olhos dele.

Draco soltou a lista, ainda encarando Gina, até ela se virar, pegar no braço da amiga e sair da sala. Passou a mão pelos cabelos, tentando entender tudo o que tinha acontecido ali, mas quando aproximou a mão do rosto, sentiu aquele cheiro de lírios. ""timo", ele pensou com desagrado. Agora o cheiro estava impregnado na sua mão, aquele cheiro que ele amava e odiava, que o fazia entrar em contradição com seus princípios. Saiu da sala irritado, pronto para xingar o primeiro que aparecesse em seu caminho para o Salão Comunal da Sonserina.


Gina caminhava ao lado de Rebeca, fugindo do olhar dela, fitando sempre o chão. A amiga esperou que ela falasse alguma coisa enquanto elas caminhavam para o Salão Comunal, mas quando percebeu que Gina ia agir como se nada tivesse acontecido, puxou a ruiva para uma sala vazia e trancou a porta.

- Você quer me contar o que está acontecendo?

Gina encarou Rebeca e meneou a cabeça.

- Nada está acontecendo, Beca, nada...

- Ah sim, - disse Rebeca, – agora beijar Draco Malfoy em uma sala vazia é nada.

- Não é o que você está pensando...

- Então vai me dizer que vocês não estão envolvidos?

- Não! Claro que não, Rebeca! Por Merlin, foi só um beijo.

- Só mais um beijo, você quer dizer. Porque pelo que eu saiba, não é a primeira vez que vocês se beijam...

Gina suspirou.

- Não era pra ter acontecido...

- Mas aconteceu, Gina. – disse Rebeca, encarando-a duramente. Logo depois ela suavizou o olhar. – Já pensou se invés de mim, o Rony tivesse ido procurar por você? – Gina engoliu em seco. – Eu só estou tentando te falar pra você ter mais cuidado se você quiser sair por aí beijando o Malfoy.

- Eu não quero sair por aí beijando o Malfoy!

Rebeca rolou os olhos.

- Não que seja certo, mas convenhamos que ele é um dos garotos mais bonitos de Hogwarts e---

- Não Rebeca! – disse Gina, alterada. – O Malfoy pode até ser um dos garotos mais bonitos de Hogwarts, mas ele é sonserino! E é um Malfoy acima de tudo. Nós nos odiamos.

- Não foi isso que pareceu quando eu entrei na sala e vi vocês praticamente se engolindo. - disse Rebeca, num tom divertido.

Gina suspirou novamente e encostou-se na parede, olhando para o chão.

- Eu acho que estou ficando louca ou algo assim. – ela disse, amargamente. – Querer beijar o Malfoy toda vez que eu o vejo? Isso não é normal, eu devo estar sob algum feitiço ou...

Rebeca caminhou até ela e segurou sua mão.

- Olha, eu seria a primeira pessoa a te dizer que você está louca e que essa atração pelo Malfoy provavelmente vem de algum feitiço ou poção. Mas eu te conheço, Gina. Eu te conheço o suficiente pra dizer que talvez... Talvez você esteja gostando do Malfoy.

Gina estremeceu e encarou Rebeca, parecendo assustada.

- Não. – ela disse firmemente, balançando a cabeça. – Eu não estou gostando do Malfoy, isso não é certo e não está acontecendo. Eu provavelmente bati a cabeça quando caí da vassoura aquele dia e---

- Gina... Você pode tentar se enganar o quanto quiser. Mas acho que a verdade está estampada na sua cara quando você o vê nos corredores, quando ele te olha e até quando vocês brigam. Se você não quer admitir isso, tudo bem, mas isso não vai durar para sempre. Você vai acordar logo, logo e perceber que está gostando dele. Só quero te dizer que quando precisar, eu estarei aqui. Mesmo que seja pra te ouvir dizer que está gostando do Malfoy.

Gina sorriu fracamente e abraçou a amiga.

- Obrigada, Beca. – ela disse sorrindo, e Rebeca retribuiu o sorriso.

- Acho bom nós voltarmos para o Salão Comunal, todos estavam preocupados com o seu "sumiço"...

Gina rolou os olhos, e elas caminharam de volta para a Grifinória. Quando as pessoas parariam de tratá-la como criança?

Chegaram no Salão Comunal e sentaram-se junto com Harry, Rony e Mione, perto da lareira. Conversaram por algumas horas, mas como já estava ficando tarde eles resolveram subir para seus dormitórios e dormir, já que no outro dia tinham uma ida à Hogsmeade.

Porém, por mais que Gina tentasse, ela não conseguia dormir. Rolava na cama e podia ouvir a voz de Rebeca ecoando na sua cabeça: "Talvez você esteja gostando do Malfoy". E se isso fosse verdade? E se ela realmente estivesse gostando do Malfoy? Oh céus. Isso não era certo, isso não podia acontecer...


- Gina, acorda!

Ela tentou abrir os olhos, mas a claridade do quarto a forçou a fechá-los novamente. Ela rolou na cama e se embrulhou um pouco mais nos lençóis.

- Gina...

Gina bufou e finalmente abriu os olhos. Olhou para os lados e viu Rebeca de pé em frente ao espelho, chamando-a.

- Você vai perder o passeio de Hogsmeade. - disse Rebeca, enquanto Gina se sentava.

- É mesmo, o passeio... – ela disse, arrumando os cabelos. – Ah, eu não vou.

Rebeca se virou para encará-la diretamente.

- Como assim você não vai?

Gina balançou os ombros.

- Não indo, ué.

- É claro que você vai! Você não combinou com o Dino?

- Diga que eu estou doente, sei lá... - ela disse, entrando no banheiro. Rebeca a seguiu.

- Virginia Weasley, me dê um motivo plausível pra você não ir para Hogsmeade hoje! É nosso último passeio antes do Natal, e os presentes que você vai comprar?

- Eu já comprei quase tudo, o resto eu peço por correio-coruja. - Gina disse, parada em frente ao espelho, escovando os dentes. Rebeca caminhou e parou ao seu lado, de braços cruzados.

- Porque você não quer ir?

- Sei lá, não estou muito a fim, só isso.

- Sei... Não tem nada a ver com o beijo em um certo sonserino ontem?

Gina ergueu o olhar para Rebeca.

- Não, não tem nada a ver com o beijo que o Malfoy me deu ontem.

- E que foi muito bem correspondido, não esqueça que você também o beijou.

Gina bufou e saiu do banheiro, sentando-se na sua cama.

- Você tem que me lembrar disso a cada cinco minutos que ficamos sozinhas?

- Não, não tenho. – disse Rebeca, entrando no quarto de novo. – Mas é que é divertido ver você se irritar com esse assunto. - ela disse rindo.

Gina lançou um olhar furioso para Rebeca, que tentou segurar o riso ao ver a reação da amiga.

- Você vai dizer que eu estou doente ou eu vou ter que dar um fora no Dino? Eu não vou a Hogsmeade e pronto.

Rebeca rolou os olhos e ergueu os braços, em sinal de rendição.

- Ok, ok. Eu digo para o Dino e para quem mais perguntar que você está com cólica, ou algo assim. Mas depois você vai me explicar direitinho porque essa súbita vontade de ficar sozinha no castelo.

- Tá bom, mas eu só preciso de um tempo sozinha pra pensar...

- E eu finjo que acredito nisso. - Rebeca disse, rindo. – Agora é melhor eu ir, não posso me atrasar. Promete que vai ficar bem?

Gina acenou com a cabeça e observou a amiga sair do quarto. Levantou-se e entrou no chuveiro. Deixou a água quente cair sobre o corpo e tentou se concentrar somente naquela sensação, sem pensar em nada. Depois de um tempo, saiu do banho, vestiu-se e desceu para o Salão Principal. Hogwarts estava quase deserta, a não ser pelos alunos do primeiro e segundo ano e alguns do sétimo ano, estudando para seus N.I.E.M.s, que não foram para Hogsmeade. Ela não se demorou no Salão, já que não estava com muita fome.

Saiu do castelo e começou a andar pelos jardins. Caminhava lentamente pela neve muito branca que batia um pouco acima dos seus tornozelos. Depois de um tempo caminhando sem rumo, parou perto da Floresta Negra, no ponto onde esta se encontrava com o lago num emaranhado de árvores muito grossas. Ergueu a cabeça e fechou os olhos, sentindo os flocos de neve caírem sobre seu rosto e sorriu.

Ela sempre gostou do inverno e essa sensação gelada no rosto lhe dava uma paz indescritível. Ficou assim, de olhos fechados por um tempo indefinido, tentando se concentrar ao máximo na neve e esquecer aqueles olhos. Aqueles olhos cinzentos que a arrepiavam e lhe davam uma sensação estranha no estômago quando ela os encarava. Tentava esquecer também aquele cabelo loiro platinado que sempre estava milimetricamente alinhado e que balançava de leve quando seu dono andava, dando-lhe um ar bem sexy. Tentava por tudo esquecer aquela voz fria e arrastada, e a sensação gostosa que tinha quando ele falava daquele jeito ao pé de seu ouvido. Tentava desesperadamente esquecer o dono daqueles olhos, daqueles cabelos, daquela voz. Não podia estar gostando de Draco Malfoy. Não mesmo.

"Tudo por causa dessas malditas premonições", ela pensou, lembrando-se de como tudo tinha acontecido. Começou a simpatizar com Malfoy depois que tivera aquela premonição sobre seu assassinato. Ficou sensibilizada com aquela visão, e por mais que o odiasse, sentiu-se na obrigação de ajudá-lo, mesmo porque sabia que era a única capaz disso. Balançou a cabeça, concluindo que isso não era verdade, que tinha simpatizado com o Malfoy depois que ele curara sua mão, salvara sua vida no jogo de quadribol e a levara para a enfermaria depois daquele tombo. E é claro, embora tentasse negar, depois daquele primeiro beijo, ela simpatizara muito mais com ele. E por mais estranho que isso soasse, parecia ser recíproco. Draco sempre parecia estar esbarrando com ela nos corredores e encarando-a com aqueles olhos azuis acinzentados, embora tentasse demonstrar o contrário, já que continuava a insultá-la sempre que cruzava com ela.

Gina sentou e segurou a cabeça com as mãos, de olhos fechados, tentando mais uma vez afastar esses pensamentos. Tinha que tirar aquele garoto da cabeça. Ela era uma Weasley e ele um Malfoy, mesmo que ele sentisse alguma coisa por ela, o que ela duvidava muito, isso nunca daria certo. Abriu os olhos e encarou a neve. Aquela visão lhe parecia estranhamente familiar. "Não. Não pode ser!", ela pensou, mas logo em seguida ouviu algo que confirmou suas suspeitas.

- Crucio! – disse uma voz extremamente fria. Vinha de dentro da floresta, mas não parecia estar muito longe. Gina levantou e correu em direção a voz, ela sabia para onde devia ir e sabia o que veria quando chegasse lá.


N/A: toc toc alguém aí? nossa, será que alguém ainda lembra dessa história? hehehe... tá, não me matem, mas eu tive uma crise total, perdi todo o tesão pela história, tava com planos praoutra fanfic e consequentemente mais empolgada comela (acho que vou publicar aqui depois)mas acho que agora tá tudo "resolvido"

Anyway, não me matem também por esse final, mas eu precisava deixar um suspensezinho barato no ar. o/e eu sei que eu quase não to mostrando o ponto de vista do draco, mas relaxem, ele deve aparecer logo, logo...

tá, vamos lá brigadão Bebely Black, vånesså, miaka, Ronnie Granger Weezhy, Ana Luthor, Mione G. Potter RJ, e Duda Amaral pelas reviews fofíssimas e brigadão também Raisa Rechter e Narinha HP pelos e-mails que eu amei também.

aliás, esse capítulo só saiu graças à Nairinha, que quase me obrigou a escrever e ficava mandando eu juntar os dois nas nossas aulas chatas. brigada, fofa! só vc mesmo com essa paciência de elefante pra me aturar falando dessa fic (e da outra também, hehehe)

brigadão também (como sempre) dona Ana Luthor que betou pra mim. e relaxa, honey. vc tem o direito de ter preguiça, hohohô. euzinha mesmo, morro de preguiça. x) e brigada também pelo toque, realmente quando eu fui reler percebi que "becky" tava muito paty e muito gay. >P pode "dar pitaco" quando quiser, vc tem autoridade de beta pra isso, ;)

nham, axo que é isso... espero q tenham gostado do capítulo e pode deixar que o próximo não vai demorar (espero) pq tá quase todo escrito.

beijoks

gY