Capítulo 8
Um verão não tão mal.
Então eu saí atrás dela, na rua. A rua era de um bairro nobre, então havia Mansões à nossa volta. Casas gigantescas com um ar misterioso ficavam imponentes, agüentando aquele sol de rachar do verão que nos castigava. Mas também havia arvores por l�, então dava para se aliviar enquanto se passeava, passando pelas sombras das árvores.
Mas como eu havia saído com a Weasley para conversar e ainda não tinha falado nada, ela se manifestou:
- Afinal, Malfoy...O que você quer falar comigo?
- Queria entender...Você decidiu ser uma Comensal?
- Sim...Acho que sim.
- E por quê?
Ela então ficou em silencio por algum tempo, talvez pensando no que dizer. Não era uma pergunta fácil. Eu não sabia direito porque havia me tornado um Comensal...Então talvez se eu perguntasse a ela eu começaria a me entender melhor também.
- Bom...- disse ela por fim - Acho que eu quis mudar logo. Todos sempre me viram como a garotinha caçula dos Weasley, a quietinha angelical. E me tornar comensal foi um jeito de deixar aquilo para trás, como um passado que eu quis sempre esquecer.- então ela olhou para o chão. E também senti que ela falou um pouco além. - E você- ela perguntou me encarando com os olhos chocolate. –Foi só por causa do Lucius Malfoy?
- Você esta bem longe de me conhecer, não é mesmo? Eu não sigo ordens. Acho que escolhi isso por que deve ser algo interessante para fazer. E eu acho que você não vai suportar.
Ela me olhou irritada.
- Não?
- Não.
- Vou sim.
- Você gosta de sangue-ruins. Você gosta de trouxas. Você não tem sentimento assassino. Você não tem um ódio absurdo acorrentado dentro das suas veias e que só vai sair através da morte de outras pessoas.
- Você não pode saber. Você não esta em meu lugar.
- Mas dá para notar isso só de olhar para você.
- Não devia julgar as pessoas pelas aparências. E você não me conhece o suficiente para dizer isso de mim.
- Não preciso conhecer, está estampado na sua cara que você não foi feita para isso.
- Para com isso, Malfoy. Você diz que eu estou longe de te conhecer, você também está longe de me conhecer. Com licença.- Disse ela virando os calcanhares e se dirigindo na direção oposta, de volta para a Mansão.
Soltei uma risada fraca.
Que garota mais esquentadinha.
Weasley bateu a porta da frente da mansão e eu fiquei olhando para a rua vazia e ensolarada.
E daí que eu não a conhecia? Eu realmente não estava interessado em conhecer. Eu apenas havia perguntado para me entender melhor. Eu sabia que ela não conseguiria dar conta do recado, mas isso realmente não me importava. Se ela morresse por isso, o problema seria dela, ela que escolheu isso.
Não quis me ouvir...Vai acabar se ferrando, e, sinceramente, não faz a menor diferença.
Caminhei por mais algum tempo pelas ruas tortuosas com o chão em paralelepípedos, imaginando como seria um ano em Hogwarts sendo Comensal. Deveria ser excitante? Empolgante? Com surpresas? Ou simplesmente a mesma coisa de sempre, apenas com a diferença que eu deveria esconder a identidade de comensal e ouvir conversas atrás da porta?
Definitivamente impossível de se saber... Concluí, parando e olhando para o céu que estava azul límpido, com um sol debilmente sorridente castigando minha pele com o calor.
- Maldito sol, como eu o odeio.- disse para mim mesmo, os olhos cerrados encarando o céu com raiva. Me virei e caminhei para a Mansão novamente. Ficar ali estava me irritando.
Dentro da Mansão estava frio, como sempre, o que me fez ficar mais confortável. O saguão estava vazio e eu me dirigi para a biblioteca. A janela redonda de vidros coloridos estava fechada, mas os raios do sol entravam por ela, colorindo a biblioteca, se tornando um lugar convidativo. Me sentei numa poltrona e fechei os olhos. Tudo podia ter virado de cabeça para baixo, mas parecia que meu tédio não iria embora tão facilmente. Acabei pegando no sono.
Cinza.
Por toda parte.
Nuvens. Chuva. Frio.
Meus olhos.
A rosa negra morria por baixo do vidro de cristal. Suas pétalas caindo delicadamente sobre a areia onde estava plantada. A água se dissolvia perto do cristal, nunca o quebrando, num respeito à divina rosa angustiada. Brilhos em volta das nuvens. Raios se misturando às fadas brancas e azuis. Suas peles pálidas costuradas com linhas pretas, seus olhos vidrados e mortos, sempre com lágrimas de sangue escorrendo sobre o rosto. O som do bebê chorando era distante, mas podia-se ouvi-lo soluçar desesperadamente pedindo clemência.
Vozes sussurrando.
Pode ouvir?
Vento corta.
Pode sentir?
Voz feminina...Chamando...
Meus olhos se abriram lentamente.
- Draco – dizia minha mãe, ao lado da poltrona. – Não devia estar dormindo.- disse ela, em tom severo.
- Por que não?
- Você ficou responsável pela Weasley e resolve dormir bem no meio da tarde? Não é possível que seja ingênuo a ponto de achar que ela não irá fugir mais.
Pisquei.
Seu retardado. Se ela fugisse...
- Ela não poderá fugir depois se tornar uma Comensal mesmo, mas por enquanto ela tem que ser vigiada.
- Você tem idéia de onde ela esteja?
- Acho que foi passear pela nossa casa.- Disse com os olhos cinzentos e penetrantes me fitando. Estava claro que ela queria que eu não deixasse a Weasley fuçar pela Mansão.
- Vou ter que ficar no pé dela o dia todo.- disse irritado enquanto saía, deixando uma Narcissa satisfeita na biblioteca.
Em minha vida, ninguém me chamara de responsável. Já pediram inúmeras vezes para que eu fosse, nunca cumpri. Como podiam me mandar tomar conta de uma garota que eu simplesmente repudiava? Eu odeio receber ordens. Ainda mais desse tipo. Estava puto da vida com tudo, enquanto procurava pela Weasley na Mansão.
Subi as escadas do primeiro andar e fui pro quarto na qual ela havia passado a noite. Bati na porta. Nada. Abri a porta. Ali estava o quarto lilás de madeiras escuras da minha tia Tobi Malfoy. Os lençóis de seda na cama brilhavam com a luz do sol que entrava pela janela quadrada do lado direito da parede. Eu nunca soube o que tinha acontecido com ela realmente, só sabia que ela fora irmã do meu pai. Deixei o quarto e segui abrindo a porta dos outros e olhando dentro. Ela não estava em nenhum deles.
Onde está essa imbecil? Eu poderia ter uma tarde de sono da biblioteca...mas não, eu tenho que cuidar de uma garota idiota que acha que pode se tornar uma comensal gostando de flores e pássaros.
Subi mais um lance de escadas. O andar onde o Lord das Trevas estava. O corredor não estava com nenhuma cortina das janelas abertas. A luz entrava fraca por baixo delas, iluminando o carpete negro. Estava mais frio do que no andar de baixo e no térreo, e havia uma atmosfera tensa no ar.
Como se o ar fosse pesado, e quando você o respirasse sua cabeça rodasse, seus pulmões não se enchiam e o desespero começava a invadi-lo. Só que mais do que isso. Dava para sentir a presença de algo no mínimo perturbador. Algo como um veneno que você inspira e ele entra no seu corpo e invade suas veias, fazendo elas formigarem e se agitarem. Meu corpo estava arrepiado e minha mente perturbada.
Andei na direção oposta da Porta Lustrada e abri a primeira porta de madeira castanha. Um tipo de sala cheio de coisas da família Malfoy. Era realmente enorme. Nas paredes havia armários altos e longos de vidro, onde tinham livros, taças, documentos, caixas, jóias, brasões. Tudo. E ali estava a Weasley, examinando através do vidro um colar de prata muito brilhante com um rubi lapidado em forma de gota, lembrando muito uma gota de sangue que repousava em uma almofada de veludo preto.
Assim que notou minha presença pareceu nervosa, e então como se quisesse disfarçar isso, sorriu dizendo:
- Não agüentou muito tempo sem mim, Malfoy?
Revirei os olhos, entediado.E então sorri de volta.
- É, você venceu. Conseguiu ser mais interessante que o teto do meu quarto.
Olhou com uma ponta de desprezo e voltou sua atenção ao colar.
- O que você está fazendo aqui, Weasley? – perguntei com curiosidade.
- Não está vendo? Estou olhando esse colar maravilhoso.
- Mas alguém disse que você podia vir até aqui?
- Desde quando alguém aqui manda em mim?
- Desde que você está no mesmo andar que o Lord das Trevas e numa casa de Comensais, sob vigilância, e você também sabe que não foi convidada e que é praticamente uma refém.
- Não sou refém, e estou prestes a me tornar uma Comensal assim como você.
Soltei uma risada.
- Você continua insistindo nisso mesmo sabendo que não deveria...Que não possui nenhum tipo de vestígio da personalidade que é necessária para isso. E que simplesmente não vai agüentar.
- Não me subestime, Malfoy – ela disse finalmente me encarando com um olhar um tanto desafiador.
- Não estou subestimando. Só estou certo.
- De quem é esse colar? – ela perguntou desviando o assunto.
Olhei mais atentamente para ele, me aproximando do vidro. Em volta da gota de rubi tinha uma borda mais larga de prata com pedrinhas brancas. A corrente era fininha e brilhante. Procurei algum nome na almofada, mas não havia nenhum tipo de vestígio de a quem pertencia ou pertencera o colar.
- Não sei.
- Não é de Narcissa Malfoy?
- Não. Ela tem um closet só de jóias para ela, se esse fosse dela estaria lá.
A Weasley pareceu um pouco assombrada com isso, e só depois eu fui entender que era porque minha mãe tinha um closet de jóias. Isso só me fez sorrir.
- Mas afinal de contas, por que se interessou por ele?
- Por que é lindo demais.
- Não deve estar acostumada com coisas do tipo, não? Deve estar se sentindo muito melhor passando todo esse tempo aqui.
- Não seja ridículo. Eu vivo numa casa muito maior e melhor que essa.
Ri alto.
- Não é mentira, o esconderijo da ordem é uma Mansão e eu moro lá agora.
- Mas não é sua casa mesmo, não pertence à família weasley. Pelo que você disse ao Lord, é de alguém que fazia parte da Ordem. Dá para se imaginar que era de Sirius Black, que sabemos que morreu.
Ela olhou intrigada para mim.
- Sim.
- Viu, a Mansão não é sua. – disse com um sorriso triunfante. Humilhar Weasley's podia ser tão divertido quanto quadribol.
Afinal, eu arranjara um ótimo passatempo: humilhar a Weasley. Talvez e verão não seria tão mal.
N/A: me perdoem u.u eu sei, disse que atualizaria rápido e não atualizei. eu to em crises emocionais e tal..fica difícil de escrever assim, sei lá...mas me perdoem, okay? u.u deixem reviews que eu fico feliz...e agradeçam a carola pq ela que me mando faze essa bagaça ake :P bssin pa td mundo (como sempre, mais pros morangos.)
