CAPÍTULO XII
Perigo Eminente

Foi Hermione quem interrompeu o beijo entre Harry e Ginny, correndo na direcção deles e estacando, muito corada e ainda com o jornal na mão.
- Harry... Ginny... - Gaguejou. - Desculpem... quer dizer, eu estou muito feliz por vos ver assim... tão... próximos, mas... Oh, raios, desculpem interromper- Ficou ainda mais vermelha, olhando-os com ar desconcertado.
- Está tudo bem, Hermione. - Disse Ginny, igualmente muito corada. - Foi tudo tão de repente que... ,mas depois falamos sobre isso. O que foi que aconteceu?
Harry não conseguiu falar. Ainda sentia os lábios de Ginny nos seus e desejava ardentemente que Hermione não tivesse aparecido para estragar o momento. Contudo, sabia que a amiga não fizera de propósito e percebia que, sob aquela atrapalhação toda, havia algo importante que ela queria contar-lhes.
Ouviu, então, as suas palavras:
- É que... veio uma notícia no jornal que... oh, é horrível, vocês têm que ler!
- O que foi- Perguntou Harry, alarmado.
- Onde está o Ron- Inquiriu Hermione, olhando em seu redor. - Ele também precisa de saber...
- O meu irmão saiu daqui mais depressa que uma Flecha de Fogo. - Respondeu Ginny. - Não sei para onde foi.
Hermione fez um ar desesperado, que preocupou ainda mais Harry. Porém, naquele momento, Dean Thomas e Seamus Finnigan passaram por eles e ouviram a conversa.
Desculpem interromper, mas o Weasley passou por nós ainda há pouco. - Disse Dean.
- Acho que ele foi para a cabana do Hagrid. - Comentou Seamus. - Estava com uma cara de quem tinha visto um Dementor...
- Obrigada, rapazes- Agradeceu Hermione, começando a correr. De repente, parou, olhando para trás. Harry e Ginny continuavam parados, no mesmo lugar. - Então- Perguntou, impacientemente. - Vamos!
Harry e Ginny entreolharam-se e seguiram-na, o mais depressa possível, para a cabana de Hagrid. Ele e Ron estavam sentados no chão, no jardim das abóboras. Pareciam estar a ter uma conversa particular e importante, já que, quando Harry, Ginny e Hermione chegaram, os dois calaram-se e as orelhas de Ron assumiram um tom violentamente avermelhado.
-Aí estás tu, Ron- Exclamou Hermione, ofegante. - Precisávamos muito de falar contigo!
Ron baixou os olhos e corou ainda mais, falando, com um tom de voz rouco:
-Ah, sim?
Hermione não respondeu. Limitou-se a entregar-lhe o exemplar do "Profeta Diário" que trazia na mão e disse:
-Lê tu mesmo.

Mas o que...

Lê alto, por favor.

À medida que Ron lia, o coração de Harry ia batendo cada vez com mais força. Não. Não podia ser! Logo agora, que as coisas começavam a correr tão bem...

Segundo o jornal. Os Dementors que guardavam Azkaban haviam desaparecido e um grupo de Devoradores da Morte, liderado por Bellatrix Lestrange, tinham aproveitado para escapar da cadeia.

Raios- Gritou Hagrid, dando um soco tão forte no chão que quase arrancou uma abóbora do solo. - Como se nã bastasse o vampiro que resolveu atacar os animais da floresta, desde o início das aulas, agora temos Dementors e Devoradores da Morte soltos por aí!

O que... que é que mós vamos fazer- Inquiriu Ron, muito pálido, de tão assustado.

Não sei... - Murmurou Harry. - Bom, as estas horas, já todos os Membros da Ordem devem saber de tudo...

Eu nã sabia- Interrompeu Hagrid, irritado.

Nesse exacto momento, uma coruja cinzenta, de ar imponente, pousou junto de Hagrid, levantando a patinha direita, da qual o meio gigante soltou um rolo de pergaminho. Depois, a ave levantou vôo e desapareceu, enquanto o destinatário da carta a lia.

O que foi, Hagrid- Arriscou Ginny.

Ele suspirou, entregando-lhe a carta e respondendo:

O Dumbledore leu o jornal e resolveu verificar se essa história era me'mo verdade. Infelizmente, Ginny, o teu pai confirmou tudo.

Quer dizer que é mesmo verdade... - Murmurou Harry. - Eles estão por aí, mesmo...

Hagrid assentiu com a cabeça, tristemente:

Infelizmente, sim, Arry.

Oh, Harry- Exclamou Hermione. - A tua cicatriz! Foi por isso que ela doeu!

Grande descoberta- Resmungou Ron, sem olhar para ela.

E agora- Perguntou Ginny. - O que fazemos?

Se eu fosse vocês, esp'rava. Nã fazia nada, só esp'rava. - Respondeu Hagrid. - É isso que eu vou fazer.

Mas eu não posso ficar parado- Protestou Harry. - O Voldemort pode atacar a qualquer momento!

Sim... - Suspirou Hagrid. - Mas nã há nada que a gente possa fazer. Só esp'rar.

Harry, Ron, Hermione e Ginny voltaram para dentro do Castelo, com ar pesado. Entraram na sala comum dos Griffyndor em silêncio, sem olharem uns para os outros.

Finalmente, Harry falou, em voz sumida:

Tenho que falar com o Dumbledore...

Esquece. - Disse Ginny, abanando a cabeça. - O que ele te vai dizer é exactamente a mesma coisa que o Hagrid disse.

Talvez... - Murmurou Harry. - Então, talvez o Lupin...

Qual é a diferença- Inquiriu Ron. - Esse é outro que te vai mandar ficar quieto no teu canto.

E com toda a razão- Exclamou Hermione. - Acho que o Hagrid, pelo menos desta vez, foi sensato. - Ignorou os olhares de censura de Harry e Ron. - Por muito que nos sintamos aflitos e de pés e mãos atados, não há mesmo nada que possamos fazer. Tenho a certeza de que seria isso que o Dumbledore e o Lupin diriam. Por enquanto, o melhor que temos a fazer é esperar.

Não- Disse Harry. - Eu vou a Grimmauld Place, ela lareira, falar com o Dumbledore.

Não, Harry- Protestou Hermione. - A rede de Floo ainda pode estar a ser vigiada! Nunca se sabe o que aquele louco do Ministro da Magia pode fazer ou deixar de fazer!

Isso é verdade. - Alvitrou Ron. - Até o meu pai diz que o tipo é esquisito até dizer chega e que não bate bem da tola.

Oh- Gemeu Harry, angustiado. - Então, o que é que fazemos? Esperamos que algum Dementor, ou Devorador da Morte ou o próprio Voldemort apareça para nos matar?

Ou um vampiro... - Comentou Hermione, que Ginny imediatamente fulminou com o olhar, inquirindo:

Do que é que estás a falar?

Do vampiro de que o Hagrid falou. - Respondeu Hermione, pensativa. - É natural que o V... Voldemort queira ter do seu lado todo o tipo de criaturas perigosas... e, por aquilo que o Hagrid disse, está um vampiro à solta na floresta.

Não sejas tonta, Hermione- Exclamou Ginny, pálida. - Esse vampiro jamais se juntaria a Voldemort!

Como é que sabes- Inquiriu Ron, muito espantado.

De pálida, Ginny tornou-se da cor dos seus cabelos ruivos flamejantes e gaguejou:

S... sei, porque... ora, não sei, mas... não me parece ser um vampiro mau, não é? Quer dizer, o Hagrid que ele estava a atacar animais. Um vampiro só ataca animais quando não quer atacar pessoas... não é, Hermione?

Porque me perguntas?

Ora, porque tu sabes sempre tudo!

Hermione fez-se escarlate:

Por acaso, confesso que, se não falasses nisso, eu jamais me lembraria. É verdade, sim. Não deve ser um vampiro mau... mas... ainda assim, há algo que me intriga nessa história...

O que é- Quis saber Harry.

Oh- Gemeu Ginny, em tom estranhamente exasperado. - Não sei porque é que vocês insistem em falar nesse assunto!

É que... - Hermione corou. - Ginny... Ron... Vocês não vão gostar nada daquilo que eu vou dizer, mas... eu acho que o vampiro... acho que o vampiro é a Professora Hollow.