CAPÍTULO XIV
Início da Batalha Final
Estavam rodeados por Dementors por todos os lados. Em uníssono, os quatro amigos berraram, de varinhas erguidas:
Expecto Patronum!
Os patronos prateados de cada um avançaram contra aquelas horríveis criaturas que, contudo, não desapareceram. Limitaram-se a afastar-se alguns metros enquanto Bellatrix soltar uma gargalhada terrível:
Já não é só é assim que os bebés conseguem afastar os mauzões!
Lucius Malfoy riu, também. O tom era semelhante ao dela e a forma como ambos olhavam para Harry e seus amigos não era muito menos assustadora do que os Dementors.
Mais Devoradores da Morte começaram a aproximar-se. Harry reconheceu neles vários daqueles que, no quinto ano, haviam comparecido à luta no Departamento dos Mistérios. Contudo, havia algumas caras novas, entre as quais Draco Malfoy e os seus dois amigos, Crabbe e Goyle.
Lucius soltou nova gargalhada:
Vejo que estás pronto, meu filho!
Draco sorriu.
Sim, meu pai. Estou pronto para lutar a teu lado.
Lutar a meu lado- Lucius riu, ainda mais. Um riso frio, metálico, sem sentimento. - Não, Draco. Pronto para o sacrifício.
Sacrifício- Era notório que Draco não percebia mesmo o que se passava.
Draco, querido... é uma pena, mas vou ter que te eliminar... - Disse Lucius, calmamente, para horror de Harry.
O quê- Gritou Draco, igualmente apavorado.
Ordens superiores. - Disse Lucius, sem uma ponta de amargura na voz. - O senhor das trevas ordenou-nos que sacrificássemos as nossas crias, como prova de fidelidade.
Crabbe e Goyle tremia como varas verdes. Por mais estúpidos que fossem, dava para perceber que eles haviam captado a mensagem. Tanto eles como Draco iriam morrer naquele momento, às mãos dos próprios pais.
Não- Gritou Crabbe, para logo ser atingido por um raio, vindo da varinha do seu pai, um dos Devoradores da Morte, que acabava de gritar:
Avada Kedavra!
Lucius Malfoy e o pai de Goyle proferiram as mesmas palavras, apontando as varinhas aos filhos e matando-os sem hesitar.
Bellatrix soltou uma gargalhada e aplaudiu:
Bravo! O senhor das trevas vai ficar felicíssimo! A vossa lealdade está comprovada!
Depois, virou-se para um Devorador cujo rosto não era totalmente desconhecido para Harry. O homem estava pálido e deixou-se cair, de joelhos, no chão.
Quanto a ti - Começou ela. , não sei que te vamos fazer... Resististe tanto à Maldição Imperius que tínhamos que lançar-ta várias vezes por semana. É incrível como pudeste resistir tanto! Foste um homem de fibra, tentaste fazer o melhor pelo Ministério... Mas agora acabou. Nunca nos foste muito útil, com essa tua mania de seguir o caminho certo. Agora, já não precisamos de ti para nada.
Com horror, Harry viu Bellatrix matar friamente o homem, que percebeu tratar-se do Ministro da Magia. Tudo fazia sentido. O pobre homem era um político honesto, tinha feito tudo de melhor forma possível e até conseguira o incrível feito de resistir à Maldição Imperius, por amor à espécie bruxa... As suas atitudes revoltantes haviam sido, certamente, tomadas, enquanto ele se achava sob a maldição...
Harry sentiu uma onda de tristeza e revolta, perante todas aquelas mortes horríveis a sangue-frio: pais que mataram os próprios filhos... a mesma louca que matara Sírius assassinara sem hesitação um inocente...
Começava a sentir-se enjoado e a sua cicatriz ardia furiosamente.
Alí estão eles- Ouviu-se a voz de Tonks, atrás deles. - Parabéns, Mary, o teu Dom de vidente é absolutamente fantástico!
Harry olhou para trás e deu de caras com Tonks, Mary, Lupin, Moody Olho-Louco e Hagrid. Snape seguia-os, um pouco afastado e, mais ao longe, estranhamente, também Luna Lovegood e Neville Longbottom acorriam ao local.
De repente, ouviu-se uma voz mais gélida ainda do que a de Lucius Malfoy e Harry estremeceu, com a cicatriz ardendo. Lord Voldemort acabara de chegar, acompanhado por Peter Pettigrew.
Muito bem- Aplaudiu o senhor das trevas. - Quase todos reunidos! Bom trabalho, Bellatrix, Malfoy, Crabbe, Goyle... Agora, chegou a minha vez de me divertir... não é, Potter?
Olhou para Harry com os seus olhos vermelhos e rosto de serpente e a cicatriz que os ligava doeu com a maior intensidade de sempre. Harry deixou-se cair, sem forças, enquanto Voldemort lhe apontava a varinha, murmurava um feitiço e fazia nascer uma espécie de bolha de vidro inquebrável em redor dele, impossibilitando-o de fugir ou efectuar qualquer tipo de feitiço.
Ria, com a sua gargalhada terrível.
Muito bem, Potter, tu ficas para o fim. Vais ficar aí, a ver-me destruir os teus amiguinhos, um por um. Wormtail- Acrescentou, virando-se para Pettigrew, o homem com ar de ratazana cobarde que o acompanhava. - Trata do teu amigo lobisomem. Eles só podem ser mortos com uma bala de prata... a tua mão é de prata, portanto... bem, sabes o que fazer.
Tremendo, Pettigrew aproximou-se de Lupin, mas, antes que algum dos dois pudesse fazer alguma coisa, Mary atirou-se para cima de Pettigrew, gritando:
Nem penses nisso!
Pettigrew caiu em cima de Lupin e a sua varinha voou para longe. Mary caíra em cima dele e prendia-lhe as mãos atrás das costas, enquanto Voldemort ria e aplaudia:
Que belo espectáculo!
Estás bem- Perguntou Mary a Lupin, que a olhava, de olhos esbugalhados.
S... sim... - Gaguejou ele. Tentando mexer-se, gemeu e acrescentou: "Acho que parti um braço..."
Mary assumiu um ar assustadoramente furioso e levantou Pettigrew, com toda a força, perante o ar pasmado do noivo e assustado da vítima, a quem apontou a varinha e que imediatamente lhe pediu, tremendo da cabeça aos pés:
P... por favor, menina, não faça mal a um homem sem varinha...
Mary guardou a varinha no bolso e gritou:
Vem c�, Wormtail, luta como um homem! Mas como um Muggle!
Voldemort ria cada vez mais. Todos pareciam ter parado para a ssistir à cena.
Pettigrew parecia positivamente apavorado. Prostrando-se aos pés de Lupin, implorou:
Por favor, Remus, salva-me... em nome da nossa velha amizade... f�-la parar...
Antes que Lupin pudesse dizer uma palavra, Mary olhou Pettigrew com ar enojado e cuspiu-lhe na cara, exclamando:
Não passas de um verme nojento!
De repente, Pettigrew lançou a mão ao bolso de Mary, tentando roubar-lhe a varinha. Todavia, ela teve bons reflexos e agarrou-o, esmurrando-o no nariz e derrubando-o.
Isto foi por me tentares roubar a varinha- Bradou, continuando a distribuir-lhe socos e pontapés, enquanto enumerava as suas razões, completamente fora de si. - Isto é por teres traído os teus amigos! Isto é por teres deixado morrer os pais do Harry! Isto é por te teres passado para o lado da trevas! Isto é por teres traído e enganado o Ron! Isto é por teres deixado o Sírius ser preso! Isto é por teres tentado matar o Remus! E isto é por não passares de um verme nojento!
Pettigrew acabou por perder os sentidos, deixando-se cair o chão, com sangue escorrendo pelo nariz e pela boca.
Já chega- Bradou Voldemort. - A diversão acabou. Bellatrix, faz as honras da casa.
Imediatamente, Bellatrix apontou a varinha a Mary.
Avada... - Não conseguiu concluir o feitiço, uma vez que Lupin a desconcentrou, gritando um sonoro e aflitivo:
NÃÃÂÂÂOOOOO!
Ao mesmo tempo, Tonks precipitou-se sobre Bellatrix e derrubou-a, apontando-lhe a varinha e vociferando:
E isto é por tentares matar a minha melhor amiga! Avada Kedavra!
Nesse momento, uma luz verde saiu da varinha de Tonks, atingindo Bellatrix, que parou de se debater, caindo, morta, no chão.
Eu não disse que já chegava- Bradou Voldemort, furioso. - Querem brincar, é- Nesse momento, pousou os olhos em Snape e sorriu. - Olha, olha, quem ele é... Severus Snape, o traidor, finalmente frente a frente!
Os olhos de Snape brilhavam de ódio, enquanto olhava para Voldemort, dizendo:
Não sabe como eu esperei por este dia, senhor das trevas.
Snape, Snape... - Falou Voldemort, em tom falsamente indulgente. - Porquê tanta raiva em relação a mim? Podias ter o mundo nas mãos...
Você matou a minha Lilian- Gritou Severus, com os olhos raiados de sangue. - Ela não me quis, preferiu o arrogante do Potter, mas eu amava-a!
O estômago de Harry deu um pulo. Snape fora apaixonado pela sua mãe... Isso explicava muita coisa.
