CAPÍTULO XVII
Todos Encontram o Seu Caminho
No dia seguinte, Ron e Hermione tiveram alta, mas o silêncio entre os dois continuava inquebrável.
Ginny, Luna e Neville também tiveram alta no mesmo dia e visitaram Harry, que percebeu, com surpresa, que Neville era, agora, namorado de Luna e se sentia extremamente orgulhoso por ter ajudado a exterminar Voldemort (ele, Harry, estava aliviado por não ter tido que matar ninguém).
Os dois saíram do quarto, após a visita, deixando Ginny lá dentro, sozinha com Harry.
Já viste, Harry- Dizia ela. - Quem diria que a Luna e o Neville... bem, eles são os dois surpreendentes!
Harry não respondia. Continuava em estado de choque. Ginny olhou-o nos olhos:
Desculpa, Harry, mas não podes continuar assim. Eu sei que é difícil, mas a vida continua... e eu estou aqui, pronta para começar contigo esta nova fase da tua vida. Por favor, Harry, reage!
Nos olhos azuis de Ginny formaram-se lágrimas e ela aproximou-se de Harry, beijando-o na boca.
Harry correspondeu ao beijo e abraçou-a. Acabara de sair do estado de choque.
No dia seguinte, Harry teve alta e Ginny levou-o para a toca. Para além da família, também Hermione estava l�, mas o silêncio entre ela e Ron prosseguia.
Não aguentando mais o clima entre os amigos, Harry resolveu falar com Ron:
Desculpa, p�, mas eu acho que já chega!
Estás a falar de quê?
Da Hermione, claro! Não suporto mais esse clima entre vocês os dois! Começo a ter saudades dos tempos em que vocês não paravam de brigar!
Não te preocupes. - Disse Ron. - Pelo menos, esses tempos não voltam nunca mais.
Ron deixou Harry sozinho na sala e retirou-se, com ar triste. Algum tempo depois, surgiu Hermione e Harry resolveu falar com ela, pela primeira vez. Estava decidido a juntar os amigos de uma vez por todas.
Hermione... - Começou. - Por favor, pára com esse clima horrível entre ti e o Ron. Vocês os dois estão a magoar-se mutuamente.
Diz isso a ele- Resmungou Hermione, com amargura na voz. - Ele é que me evita. Ele não fala comigo, foge do assunto... Que situação tão estúpida! Oh, Harry, eu não aguento mais!
Lançando-se nos seus braços, ela começou a chorar.
Calma, Hermione. - Pediu Harry. - Tens que fazer alguma coisa...
Nesse momento, o aparecimento de Ginny na sala, acompanhada por Ron, interrompeu-os. Ao ver Hermione, Ron corou e virou costas, para tornar a sair da sala. Contudo, ela levantou-se de um pulo e dirigiu-se para ele, exclamando:
Ron, espera! Nós temos que conversar!
Porquê- Inquiriu ele, em tom revoltado. - Vais gozar comigo?
Não sejas estúpido- Exclamou ela. - Só quero falar um pouco...
Ron desviou o olhar e replicou, voltando as costas:
Se eu sou estúpido, porque é que queres falar comigo? Fica a falar com o Harry e a Ginny, porque eu não quero falar contigo.
Hermione estava à beira das lágrimas e Harry percebeu que ela iria explodir a qualquer momento. De facto, em menos de dez minutos, ela gritou para Ron:
Estúpido! Mal-educado! Idiota!
Furiosa, agarrou-o por um braço, obrigando-o a virar-se para ela. Ron olhou-a, com certa mágoa e inquiriu, em tom de desafio:
O que é que tu queres, Miss Miolos?
Isto- Berrou Hermione descontrolada, puxando Ron para si e espantando-o com um belo beijo na boca, a que ele, após a surpresa inicial, correspondeu.
Harry e Ginny entreolharam-se, sorrindo. Finalmente!
Quando Hermione soltou Ron, olhou-o, com um sorriso e disse:
És mesmo um idiota. Fizeste-nos perder tanto tempo...
Ron, porém, corado até a raiz dos cabelos, só conseguia gaguejar:
Tu... tu...
Eu... eu... - Brincou hermione, ligeiramente impaciente. - Eu beijei-te, sim. Beijei-te porque gosto de ti- Sempre gostei.
Tu... tu...
Sim, Ron, sempre gostei. Todos sabiam que nós gostávamos um do outro... menos nós próprios.
Ron baixou os olhos:
Mas... eu não te mereço, Hermione. Eu sou um...
Um tonto- Completou ela. - Sim, tonto, estúpido, arrebatado, desleixado, distraído, louco, infantil, engraçado, valente, amigo... e é por tudo isso que eu te adoro, seu tonto!
Lançando-se nos braços de Ron, Hermione tornou a beij�-lo, perante o ar feliz de Harry e Ginny.
Dumbledore convencera Lupin a marcar o casamento para o mesmo dia da festa do final do ano lectivo em Hogwarts. Sempre discreto, Lupin começara por discordar da ideia, mas acabara por não conseguir resistir aos apelos de Mary, a quem a ideia sorrira grandemente.
O Grande Salão de Hogwarts estava enfeitado com todas as cores possíveis e imaginárias e, no tecto, via-se um enorme arco-íris, num céu muito, muito azul.
Dumbledore presidira à cerimónia de casamento, durante o qual Molly e Tonks não pararam de chorar, comovidas, e Bill aproveitara para pedir a Fleur que fosse ela a próxima noiva.
Mary estava muito bonita, num vestido azul-celeste, com reflexos cor-de-rosa e Lupin parecia dez anos mais novo, com o manto azul-escuro e o cabelo muito bem penteado.
Os pais de Mary compareceram à cerimónia, apesar do ar apreensivo. Pelos vistos, Lupin conseguira convencê-los de que tudo faria para garantir a felicidade dela.
Cuide bem da nossa menina, sim- Pediu Mrs. Hollow, chorosa.
Não se preocupe. - Respondeu Lupin, abraçando Mary carinhosamente. - Vou protegê-la com a minha própria vida. Para além disso, a poção que o Snape lhe deixou vai ajud�-la muito.
Perto de Harry, Ron e Hermione dançavam, com ar muito feliz.
Pelo menos, desta vez, não me convidaste para uma festa como último recurso. - Brincou Hermione, com uma careta. Ron riu e calou-a com um beijo.
Vamos dançar- Perguntou a voz de Ginny, que estendia a mão para Harry.
Ele abriu um enorme sorriso e, pegando-lhe na mão, levantou-se e respondeu:
Claro, Miss Weasley.
Harry não sabia dançar. Contudo, nos braços de Ginny, nada parecia Ter importância. Junto deles, Neville e Luna dançavam, agarradinhos, e Harry não pode deixar de sorrir. Sorriu ainda mais ao ver Dumbledore puxar a Professora MacGonnagall para dançar.
Dumbledore voltara para Hogwarts. Era, de novo, o director, cargo que, afinal, sempre lhe pertencera por direito. O novo Ministro da magia era, agora, Arthur Weasley e Percy tinha que se esforçar por agradar ao próprio pai, de quem tanto havia desdenhado. Umbridge fora demitida e desaparecera sem deixar rasto. Os Dementors voltaram para Azkaban, retomando o seu posto de guardas.
Harry sentia-se no meio de um sonho, enquanto rodopiava nos braços de Ginny. De repente, olhou para a porta e estremeceu. Um enorme cão preto olhava-o fixamente, como se sorrisse. Não! Não podia ser! Era bom demais para ser verdade...
Snuffles- Gaguejou, com o coração disparando.
O que foi- Perguntou Ginny.
Harry olhou-a, tremendo de felicidade.
O Snuffles, Ginny! Ele está ali, junto à porta! Olha!
Harry voltou a olhar para o lugar onde acabara de ver a forma canina de Sírius. Ginny imitou-o. Contudo, o cão já não estava lá.
Harry correu até à porta, mas não viu qualquer sinal de Snuffles... Mas não tinha sido um sonho! Snuffles estivera ali e ele sabia disso, do fundo do seu coração.
FIM...
