Nota: Meninas, eu estou meio atolada em provas e trabalhos e só dessa vez vou ficar devendo as respostas ao comentários de vocês. (

10 – 100 Pontos para Tiago Potter!

Mesmo sendo na companhia de Lily eu não consigo ficar animado diante da perspectiva de perder horas da minha adorável ociosidade com detenções. E dessa vez, vamos concordar, que eu não fiz nada que merecesse. Ainda mais num sábado. Sábados são dias sagrados! Eu ia esperá-la na sala comunal, mas ela deu um jeito de sair antes de mim (eu devia ter desconfiado). Logicamente isso não foi um bom começo, mesmo assim fiz brincadeirinhas com as insinuações do pessoal (leia: pessoas que não sabem cuidar das suas próprias vidas) sobre eu estar tendo "uma oportunidade de ouro". Apesar da detenção, eu sabia que ficar sozinho com ela sem que ela pudesse sair correndo era uma oportunidade e tanto.

Dora deu uns gritinhos histéricos e me fez recomendações bestas de mulher do tipo "não seja afobado" depois que eu contei a ela. Pedro não disse nada que preste, o Aluado fez aquelas recomendações de 'calma e paciência' de sempre, mas com aquela cara de 'oh se perder essa, você é um idiota completo'. Aliás, isso foi o que o Sirius me disse com todas as letras, com aquela sutileza que se espera dele.

Quando eu cheguei à biblioteca Lílian e Filch já estavam lá e... UAU! Como é que alguém pode ficar tão bem em roupas velhas? Não o Filch, a Lily! Em seu bizarro traje trouxa... Trouxas devem ser legais porque na camiseta dela estava escrito 'Make Love Not War'. Eles ficam se matando com aquelas bombas terríveis, mas tem idéias bonitas sobre a paz. Acho que vou mandar fazer uma dessas pra mim...

O velho ridículo nos deixou sozinhos, não sem antes ser irônico sobre o tempo que gastaríamos nessa tarefa, praguejar e deixar dois espanadores. Eu, pela força do hábito, dei o comando com a varinha para que o espanador funcionasse. Eu vi minha mãe fazer isso um zilhão de vezes e não acreditei quando simplesmente não surtiu nenhum efeito. Eu tentei mais uma vez e nada... Lá estava eu, repassando mentalmente a pronúncia da palavra que aciona o feitiço pela terceira vez, quando minha concentração foi interrompida por um barulho. Nos milésimos de segundos que eu levei pra me virar em direção a ele fiquei me perguntando se já tinha ouvido isso antes. Não, eu não tinha ouvido antes. Já tinha visto muitas vezes, mas nunca estava perto o bastante pra ouvir:

Lílian Evans estava rindo.

Uma risada de verdade, diferente dos sorrisinhos impacientes e irônicos que ela costuma reservar especialmente pra mim (não é uma graça?). Estava, pra ser exato, gargalhando, gozando mesmo da minha cara. Eu sorri involuntariamente, como poderia fazer diferente? Ela estava rindo alegremente na minha companhia. Daí pra começar a me venerar era um passo! Um passinho bem pequeno... (Eu já citei que ela tem pés muito pequenos?) Quando me notou satisfeito ela conteve suas risadas o máximo que pode (e dava pra notar que era um tremendo esforço) e me encarou.

"O que você esta tentando fazer, hein? A expressão 'ao modo trouxa' não significa nada pra você, Potter?"

"Ah é...", foi o que eu disse e tenho certeza que minha expressão correspondia totalmente a profundidade dessas palavras.

Eu simplesmente esqueci! Pior que eu até ia perguntar pra Dora como é o modo trouxa de espanar livros, mas saí correndo quando ela disse que a Lilly já tinha saído.

Ela riu um pouco, mas logo recolocou os músculos de rosto de volta em seu lugar de origem, embora toda sua atmosfera e seu tom de voz dissessem: deboche. Chatinha e mimada foi o que ela me pareceu então. Eu acho que nunca disse isso, mas eu me irrito com ela muitas vezes. Muitas mesmo! Esse é, geralmente, o estágio anterior a eu me apaixonar por uma outra qualidade qualquer que ela tenha. Mas voltando ao assunto, ela estava rindo de mim e isso não me parecia nada bom, apesar de eu ter achado uma graça nos primeiros cinco segundos. Rindo de mim: Tiago Potter? Quantas garotas, MUITO mais bonitas do que ela, gostariam de passar um sábado a noite sozinhas comigo? E ela ficava ali rindo em vez de aproveitar todo esse meu porte atlético.

Eu disse isso a ela.

Eu tenho sempre que abrir a minha boca, não tenho?

"Porte atlético?!". Ela tem uma risada baixinha e asmática, que eu posso reproduzir com fidelidade, agora que a conheço de cor. "Pra um grande narcisista, você parece se olhar muito pouco no espelho, Tiago Potter. Apesar de essa ser uma explicação plausível para a situação péssima do seu cabelo!".

"RÁ RÁ RÁ", ironizei, já entrando no estágio onde eu voltava a me apaixonar por ela. "Pra alguém que berra aos quatro ventos que me odeia você parece reparar muito no meu cabelo e no meu porte".

"Eu ainda não sei exatamente de que porte você esta falando...", ela disse com desdém de mentira. Eu sei que é de mentira. Obviamente é de mentira. Porque não seria? Se ela fica gritando e reparando no meu cabelo é porque não me desdenha de verdade... Não é? Bem, esse pensamento fez sentido naquela hora.

"...e você tem que admitir que é uma missão impossível não reparar nesse porco espinho que você cria ai em cima".

Porco espinho? Eu cheguei a pensar em raspar careca, mas lembrei que já tinha tentado isso aos cinco, aos doze e aos quatorze anos e que não adiantou nada. No dia seguinte, PUFF!, lá estava meu porquinho espinho de volta. Poxa, eu gosto do meu cabelo! Ele me dá algum trabalho e não faz 100 de sucesso (Lílian Evans é a prova viva), mas eu acho estiloso e moderno. Ouvi dizer que trouxas passam clara de ovo pra ficar com o cabelo assim... Essa é a milésima citação a trouxas dessa página. Logicamente eu devo todo o meu vasto conhecimento trouxa a anos de pesquisa da vida da minha companheira de detenção. Aprendi mais assim do que na aula de Estudo dos Trouxas...

"O que você acha de me ensinar logo de uma vez como se faz isso?"

"Acho que vai ser necessário". Ela tomou o espanador da minha mão e eu fui atrás dela. Lilly se aproximou da prateleira e eu fiquei lá olhando o que ela ia fazer, prestando bem atenção... Atenção na cor do cabelo dela, no perfume que ela estava usando, no perfil dela enquanto ela falava e no pouco barulho que ela fazia quando se mexia. "Está me ouvindo Potter?", eu a ouvi dizer e acho que respondi que sim. Depois disso, uma nuvem de poeira marrom direto nos meus olhos e na minha boca. E ela morrendo de rir. A engraçadinha jogou aquela camada grotesca de poeira de livro na minha cara. Não é muito doce da parte dela?

"Isso é pra você aprender a prestar atenção em mim!"

"Eu estou sempre prestando atenção em você, Lilly"

"Não comece com essas besteiras e não me chame de Lilly, eu não te dei essa intimidade", ela virou-se de costas (belas costas, inclusive) e começou a espanar livros meio violentamente. Todo o bom humor dela pareceu evaporar. Como se pode mudar de humor desse jeito? Sério, isso deve ser um distúrbio!

"Ok, Lilly". Confesso: eu provoco Lílian Evans por esporte. Adoro ouvir ela resmungar irada quando eu faço esse tipo de coisa. Em horas como essa eu sei que ela ainda vai ser minha um dia. Vai sim...

Ficamos limpando livros em silêncio... Olha, espanar livros é um saco! Como os trouxas fazem isso? É sonolento! Estava sonolento até que eu achei um livro e tive que sentar no chão pra não cair de tanto rir.

"Ficou doido?". Lílian, muito curiosa, veio ver o que eu estava fazendo. Pra isso ela atravessou a biblioteca...

"Poções que toda bruxa moderna e solteira deve saber – Linda Baker ensina a fisgar e conservar um bom partido" eu li a capa cor de rosa do livro. Será que eu associei ao Seboso (que passa dias trancado no laboratório de Poções)? Eu já podia imaginar ele fazendo as poções de bruxa velha e encalhada. Eu começo a rir novamente agora que lembro dessa cena bisonha que eu imaginei. "O Seboso Snape deve ser o único a retirar esse livro. Não! Ele deve ter um desses em casa!". Finalmente tinha chegado a minha vez de rir nessa detenção.

Contrariando as minhas expectativas ela nem esboçou um sorrisinho. Isso confirma minha teoria de que essa garota não vê graça em nada que seja explicitamente engraçado. Ela cruzou os braços e fez a cara mais amarrada que eu já vi.

"Você não percebe que não tem graça ficar zombando do Severo?"

"Severo é?". Então ela me trata pelo sobrenome e chama aquela criatura de 'Severo'. "E você não percebe que ele é um palhaço?". Não dá, falar do porco nojento sonserino me irrita, ainda mais depois dele ter dito aquela barbaridade pro Remo.

"Eu percebo...", ela relaxou a expressão, mas não fez uma cara muito mais amistosa.

"Se percebe, porque defende esse idiota?!"

"Porque mesmo que ele seja uma das pessoas mais estúpidas e ridiculas desse colégio, ninguém merece ser tratado assim". Eu sorri. Mesmo que ela ainda estivesse defendendo ele estava admitindo que ele 'um total imbecil'. Há! A minha Lílian não ia achar o Seboso legal... Eu sabia!

"Ele merece", eu disse e logo percebi que foi a coisa errada pra dizer.

"Eu não podia esperar que um metido como você fosse entender meu ponto de vista", ela disse já me dando as costas. Eu levantei e resolvi entrar em ação.

"Eu entenderia se você me explicasse...", eu disse segurando ela pelos ombros e falando perto do ouvido dela. Sabe, daquele jeito que as mulheres adoram... Ela pode dizer o que quiser, mas todos os pelinhos da nuca dela arrepiaram. Ótimo perfume ela usa... Muito bom... Preciso descobrir qual é o nome...

Ela se virou absurdamente depressa, mas eu não deixei ela dar aqueles clássicos três passinhos pra trás. Finalmente os anos de experiência em levar foras dela me serviram de alguma coisa: eu já sei de todas as reações imediatas dela.

"Você não quer aprender nada que eu tenha a dizer. Porque você é o senhor sabe tudo, Potter!", ela parecia muito enfezada.

"Eu não sei de uma coisa: eu não sei mais o que fazer pra te agradar". Que mulher não adoraria ouvir algo assim? Lílian Evans. Claro, porque as coisas teriam que ser fáceis pra mim?

"Parar de me perseguir, me chamar pra sair, me sufocar e me paquerar... Resumindo, você me deixar em paz, me faria muito feliz. Ah! Isso me agradaria muitíssimo!", ela deu os tais passos pra trás enquanto me distrai ouvindo o que ela dizia.

"Eu nunca vou te deixar em paz. Não antes de conseguir o que eu quero".

"Se você conseguir o que quer promete me deixar em paz?", ela sorriu de um jeito esquisito.

"Claro!". Não é obvio? Mas eu considerei que, se eu conseguisse o que quero, ela não consideraria mais minha distância como 'ser deixada em paz'. Eu estava a fim de concordar com ela, então não entrei numa discussão semântica.

"Sabe Potter, esse é um sacrifício que eu estou disposta a fazer..."

Na hora eu achei que ela estivesse ficando louca...

Minhas costas de encontro à prateleira de livros, e isso dói bastante e deixa roxos enormes nas costas. Mas eu não estou reclamando. Eu ferrei as minhas costas, mas na minha frente estava Lílian Evans, COLADA em mim. Toda colada! Boca inclusive. É isso mesmo! Ela teve um chilique, um ataque de loucura (ou de paixão repentina, sei lá). Só sei que ela estava me beijando. Eu sempre soube que ela é louca por mim! Um detalhe: de boca completamente fechada. Sem sombra da língua da senhorita Evans. Muito casta não? Será que ela já tinha beijado alguém? Bem, isso não interessa. Podemos deixar as coisas mais íntimas da próxima vez...

O problema é que, depois disso, ela deu um comando estranho com a varinha, (eu fico totalmente chocado e constransgido em dizer que não conheço), todos os livros ficaram limpos e, então ela foi embora.

E eu estou fingindo fazer lição de Poções enquanto espero os Marotos voltarem da cozinha com tortinhas de chocolate. Eles não vão acreditar!

Eu beijei Lílian Evans.

Não! Ela me beijou!

Ahá! Finalmente cedeu aos meus inegáveis encantos.

E o locutor avisa: "100 pontos para Tiago Potter!" YEAH!

Confissão da autora: Oh, eu admito! Eu não resisti a usar o velho clichê "casal que se odeia em uma detenção". 20 chicotadas pra mim! Oh! ;o)