Capítulo 4 - Assim nasce um milionário!
Tal como era esperado, e depois de muitos protestos de Ikki, Shun conseguiu tê-lo pronto para a festa à hora combinada. A contra gosto, Ikki vestiu um belo fato negro, Armani, que lhe daria o ar de um mafioso se estivessem noutra cidade qualquer. Mas não em Nova Iorque!
- Eu bem disse que ias precisar dele, quando insisti para que o comprasses – disse Shun.
Ikki continuava contrariado. A última coisa que lhe apetecia fazer era ir a uma recepção num Hotel dos Cohen, ainda mais como par da petulante Amber.
-Vais ter de me contar tudo, quando regressares- exclamou Shun.
O que há para contar- resmungou o irmão – Eu nem conheço essa gente.
Pois deverias…se não fosses o mesmo bicho do mato de sempre, que anda por aí como se pisasse algodão em rama….o velho Abraham Cohen é um dos judeus mais ricos da cidade! Estão em todas as revistas e jornais.
-Hum…a sério? – disse Ikki, mostrando pouco interesse.-Shun, a quem histórias de sucesso interessavam , continuou a contar a história:
- A sério! Teve um começo humilde,em Queens, onde os seus pais, vindos da Áustria, se fixaram para fugir aos alemães. O pai, Joshua, comprou uma pequena loja, que soube gerir como ninguém. Pela altura em que Abraham fez dezoito anos, já tinham um razoável pé de meia. Foi aí que entrou no negócio. Mas as coisas começaram a ficar grandes quando o melhor amigo de Cohen, um irlandês católico, Jack Walter, se lhe juntou. Os dois eram vizinhos em Queens. O resto toda a gente sabe. O negócio expandiu-se, compraram o primeiro Hotel, depois outro e mais outro…estenderam os seus interesses ao mercado imobiliário…joalharia…e por aí vai! Quando Mr. Walter e a mulher faleceram , num desastre de avião terrível, Cohen herdou tudo, e multiplicou a herança muitas vezes…enquanto tu e eu estamos aqui a conversar, a CohenWalter faz mais uns quantos milhões…sem que Mr. Cohen tenha tempo de apagar o seu charuto.
Fiuuuuu – assobiou Ikki. – Então, essa loirinha irritante tem razões para sorrir.
Sim… - exclamou Shun. –Não tem irmãos, e o pai é um magnata. É riquíssima e bonita…
A campainha tocou. Ikki suspirou, abrindo a porta. Amber esperava, sorridente. Estava linda! Com um vestido vermelho escuro, justo ao corpo, que marcava os seios arredondados e a figura franzina, e os inevitáveis Manolos, do mesmo tom, e salto altíssimo, o que diminuía um pouco a diferença de alturas entre eles. Shun disse um tímido Olá, e Amber sorriu-lhe de volta.
Boa noite Shun! Lastimo que tenhas de ensaiar. Podias vir connosco…
Shun sorriu de si para si, lembrando-se que não tinha sido convidado.
Fica para a próxima.
Estou ansiosa pela estreia do teu próximo filme, Shun Amamya.
Agarrou na mão de Ikki, despediu-se rapidamente e saiu. O cavaleiro segiu-a, sem articular palavra, até ao jaguar preto da jovem, que tomou o volante sem mais cerimónias.
