Capítulo: Desessete
Retomando os poderes
Touya acordou com o corpo dolorido e a alma partida, alguma coisa naquele sonho mexia com ele. Estava deitado em uma cama de dossel com cortinas e lençóis brancos, o aposento era amplo e parecia ter vindo de algum ponto do século XVIII a julgar pela decoração. Era circular com janelas que tocavam o chão.
Touya tentou se levantar mas logo caiu sentado na cama, aos pouco foi controlando a respiração e seu corpo foi se acostumando à dor, resolveu explorar o ambiente. Ao olhar por uma janela, percebeu que se encontrava no alto de uma torre de marfim, espremeu-se contra o vidro da janela na tentativa de ver o resto do castelo mas descobriu que só havia a torre. A paisagem lá fora era triste, o inverno havia se apoderado da terra sem deixar que as outras estações se aproximassem.
Caminhou pelo que pareceu horas e não havia sinal de que houvesse mais alguém além dele. Longos corredores, cômodos vazios. Ouviu um choro, um choro de criança, tentou seguir o som mas parecia que vinha de todas as partes, pior parecia que chorava diretamente em sua cabeça.
"Pare! É muito doloroso!"
Ele estava ajoelhado no chão com o rosto suado e uma expressão de dor. De repente tudo silenciou.
"Vejo que enfim acordou."
Cecíl, a mulher que estava atormentando a vida de todos se encontrava ali diante dele com uma expressão serena e inocente. Ela vestia um vestido longo e bem simples, segurava uma bandeja com comida e uma jarra.
"Eu já ia a seu quarto te levar algo para comer. Sabe, você já está dormindo há uma semana e três dias e ainda não comeu nada."
"Uma semana?" Touya não entendia, ainda a pouco estava no templo, no festival do dia 19.
"29!"
"O quê?"
"Nós estamos no dia 29 de Maio. Caso você queira saber."
Ela deposita a bandeja em uma mesinha e vai em direção a Touya.
"Ah! Meu amor você não sabe como eu estou feliz por estarmos, finalmente, juntos." Ela o abraçou mas ele se esquivou.
"Amor! Que história é essa, eu mal a conheço e pelo pouco que eu te conheço eu jamais ia ter qualquer tipo de sentimento amoroso por você!"
"Como ousa! Tudo o que fiz foi por você, Stephen!"
"Meu nome é Touya, você está louca." Ele andou pra mais longe dela.
"Não você é Stephen! Aquele que traiu meu amor e assassinou nosso filho com ajuda da sua irmãzinha metida." Finalmente ela revela sua verdadeira face, abandona sua máscara de camponesa pela face de um demônio cruel cujos olhos eram cheios de maldade. "Pense bem Stephen, estou disposta a te perdoar para ficarmos juntos, mas você e sua querida irmã pagarão um alto preço se tentarem me enfrentar novamente. Coma sua comida." Ela lança a bandeja longe.
'Então era mesmo verdade, ela está repetindo a história do passado. E se tudo for verdade ela vai atrás da minha irmã, eu não vou permitir tenho que encontrar um meio de fugir daqui.'
...ooooO.Ooooo...
"Tomoyo, espera! Aonde você pensa que vai, Droga!"
"Eu a alcanço!"
"Isso Yue, vá."
Tomoyo corria atrás de um corvo, após vários ataques eles finalmente conseguiram descobrir alguma coisa a respeito. Cecíl não estava mais atacando pessoalmente desde o sumiço de touya então eles se perguntaram como ela estava comandando os ataques.
Em um dos ataques Shaoran percebeu que um corvo sempre se fazia presente, sendo que a alma deste nunca era absorvida como a dos outros animais. Quando o ataque cessava e já não restava mais sinal de vida, o corvo ia embora e com ele todo aquele manto negro que parecia ser absorvido pelo pássaro.
Agora, seguir o corvo se tornou a obsessão de Tomoyo, ela acreditava que, se o seguisse, ele a levaria aonde está Cecíl e assim até Touya, mas até agora nenhum resultado. Ela sentia que a cada dia chegava mais perto, mas nunca perto o suficiente.
Ela corria e corria, e o corvo voava cada vez mais rápido, ainda assim ela conseguia acompanhá-lo. Uma luz surgiu no alto e o pássaro entrou no buraco que havia se rasgado, Tomoyo saltou para alcançar o buraco mas ele desapareceu e ela caiu no chão.
"Tomoyo, você está bem? Se machucou?"
"Droga!" Ela soca o chão. "Por muito pouco Yue, por muito pouco." Lágrimas de frustração rolaram por seu rosto.
"Calma, ele é um pássaro, possui asas, é mais rápido que você, por mais veloz e corajosa que você seja não vai ser fácil pegar o corvo."
"Não é isso, desta vez eu vi. Estávamos certo ele pode nos levar até o Touya."
Yue chega com Tomoyo nos braços, todos os esperavam Eriol se precipita e segura Tomoyo em seus braços.
"Ficou maluca Tomoyo! Como pôde se separar assim! O que houve?" Ele percebeu as lágrimas e a raiva no rosto dela e a preocupação no rosto de Yue. "O que aconteceu Yue?"
"Estávamos certos. O corvo é a chave até Cecíl e Touya."
"Como? Como você descobriu?" Sakura
"Eu não, Tomoyo."
Sakura chega perto da prima que até então não havia se pronunciado e olhava para o nada.
"Por favor me conte Tomoyo."
"Eu vi. Um buraco surgiu no céu, como um portal para uma outra dimensão. Era horrível, frio e neve por todos os lados, nenhum sinal de vida, o sol não brilha... O corvo o atravessou e o buraco se fechou. Eu não consegui alcançar."
"Ainda bem, não é?" Eriol disse duro.
"Como assim, ainda bem. Por acaso você não quer que o Touya volte? É isso?"
"Claro que não é isso, como você acha que ele se sentiria se soubesse que você sacrificou sua vida pelo bem dele, sim porque entrar no covil de Cecíl sozinha é suicídio."
"Ninguém quis vir comigo, eu não podia ficar sentada esperando."
"É, mas agora nós vamos com você." Kerberus se pronunciou. "Mas vamos fazer isso com cautela, sem precipitação."
"Exato precisamos ter um plano, nos organizar e também vamos precisar de paciência e saber esperar." SpinelSun disse olhando sério para Tomoyo.
"Porque temos que esperar? Agora já sabemos como resgatar meu irmão." Sakura se levantou com seu barrigão de quase seis meses.
"Temos que esperar porque o corvo só vem quando ocorre um ataque e não sabemos onde será o próximo. Mas ainda assim você não vai, Sakura." Shaoran disse calmo.
"É claro que eu vou! Ele é meu irmão!"
"É Sakura, mas você está esperando um filho, está com quase seis meses, não pode se arriscar." Tomoyo consolou a prima.
"Você também não vai." Yue disse.
"O quê! Posso saber o porquê?
"Simples, apesar de você ser muito corajosa não possui magia e, seja lá onde for aquele lugar, vai ter muitos perigos e armadilhas, você não poderá se virar sozinha e talvez ninguém chegue a tempo de te ajudar."
"Viu como é bom?" – Sakura disse irônica para Tomoyo.
"Aposto que ela vai, não é!" Tomoyo aponta para Kaho que estava parada próximo a porta.
"Ela possui magia." Yue dizia com uma voz de quem explica a uma criança que um mais um é igual a dois.
"A senhorita perfeita. A senhorita acaba com a vida de todo mundo e depois volta com cara de santa. Já chega!"
Ela sobe a escada e vai para seu quarto.
"Você sabe que ela não vai desistir, né?" Ruby Moon disse.
"Eu sei, mas não vai conseguir nada." Yue respondeu.
"Eu também não vou desistir!" Sakura se levanta rapidamente, mas o peso de sua barriga a faz se sentar de novo, Shaoran solta um sorrisinho. "Humpf!" Sakura exclama antes de se levantar, mais devagar, e sair trotando até o andar de cima.
"Mulheres." Shaoran murmura.
"Ei!" Ruby e Kaho exclamam indignadas.
...oO.Oo...
"Ei, teimosa, posso entrar?" Yuki pergunta na porta de Tomoyo.
"Pode. Ao contrário de você eu não proíbo as pessoas de fazerem o que querem."
"Eu não fiz nada, foi o outro."
"Mas aposto que você também concorda."
Yuki fez uma cara de 'me desculpe'.
"Eu sabia! Isso é um complô."
"Não diz isso, nós apenas gostamos de você e só queremos o seu bem. Você também foi a favor da Sakura não ir também. E não vem me dizer que é diferente que não é."
"Eu só quero trazer o Touya de volta."
"De onde você tira tanta determinação? Se fosse outra pessoa já estaria acabada."
"Eu tiro forças da esperança que eu tenho de que ele está bem, da força que ele sempre passou pra mim quando eu precisei, agora que ele precisa de mim eu não posso perecer. É só por isso que eu continuo mesmo estando longe dele, da mesma forma que eu continuei quando estive longe do Eriol e aconteceu tudo o que aconteceu."
"Você ficou muito forte após todos esses anos."
"Eu tive que aprender a ser."
Yuki deu um beijo na testa de sua irmãzinha, era assim que ele a chamava às vezes.
"O jantar logo será servido, depois desça."
"Tudo bem."
...oO.Oo...
"Vamos descer, Sakura, a comida já está pronta. Você tem que se alimentar bem."
"Que saco, Shaoran! Pára de me controlar, já não agüento mais, você está me tratando com um bêbê!" (Sakura descontrolada? Essa é nova pra mim.)
"Eu só estou querendo o seu bem!"
"Eu sei o que é bom pra mim, não me trate como se eu fosse uma inválida, eu só estou grávida!"
"Tudo bem, faça como quiser!"
Shaoran sai do quarto bruscamente e encontra Tomoyo no corredor.
"Tudo bem Shao?"
"É a sua prima, aquela teimosa. Vê se você coloca algum juízo na cabeça dela."
Tomoyo dá um sorriso amarelo e caminha em direção ao quarto de Sakura.
"Posso entrar?"
"Claro Tomy."
"O que foi, também veio me dizer que eu preciso me poupar e comer bastante porque estou grávida?"
"Na verdade eu vim pra te propor algo que não vai te poupar nada nada."
"Sou toda ouvidos."
...oO.Oo...
'Este corvo...' – Touya estava olhando pra fora da janela quando avista um ponto negro que se destacava naquele cenário branco gelo. – 'Sempre vejo esse animal ir e vir da torre sempre acompanhado por uma nuvem negra. Mas como se já vasculhei a torre quase toda e não encontro saída?'
Mais duas semanas haviam se passado e ele não obtivera nenhum êxito em sua busca por uma forma de sair dali. Continuava a ser atormentado pelo choro incansável de criança, isto já o estava enlouquecendo, sem contar as investidas de Cecíl.
'Preciso sair daqui.'
"Ainda tentando escapar, meu querido?"
"Tire-me daqui, Cecíl!
Ele andou em direção a ela e a segurou com força.
"Infelizmente isso não será possível. Mas se houver alguma outra coisa que eu possa fazer por você é só pedir."
Ele a solta com ferocidade e se senta em uma poltrona próxima à cama. Cecíl se aproxima e começa a acaricia seus cabelos.
"Pra que lutar, meu amor? Você não vê que podemos, finalmente, ser felizes após tantos anos, eu te perdoei e agora podemos ser uma família."
"Nunca! Ninguém, jamais, poderia ser feliz a seu lado, e quem não te perdoa sou eu, por tentar prejudicar meus amigos, por tentar pegar minha irmã e por ser a causa indireta do sofrimento de Tomoyo!"
"Tomoyo? O que tem ela?"
"Oras, não seja cínica!"
Ela dá um sorrisinho falso e se aproxima mais de Touya deixando seus lábios a poucos centímetros dos dele.
"Você está testando minha paciência. Saiba que eu consigo tudo o que quero e tenho vários métodos de fazer você ficar comigo, meu amor."
Ela cola seus lábios nos de Touya em um beijo mas ele interrompe a empurrando para longe.
"Você vai se arrepender de ter feito isso! Agora mesmo vou providenciar que seus amiguinhos sofram bastante!"
Ela se vai deixando um Touya muito enojado pelo acontecido, ele mal tem tempo de se recuperar quando, mais uma vez vê aquele corvo saindo da torre, uma idéia começa a se formar.
"Se eu seguir este corvo, talvez ele me leve para casa. Mas antes preciso sair daqui."
...oO.Oo...
"Eriol?"
"Pode falar Yukito."
"Estive pensando. Você dividiu os poderes do Mago Clow com o pai da Sakura, certo?"
"Certo."
"E se você retomasse esses poderes com ele? Você ficaria mais poderoso e talvez tivesse mais vantagem em relação a Cecíl."
Eriol olha para Yukito como se nunca antes o tivesse visto, este achando que tivesse falado alguma besteira logo tenta consertar.
"É claro, eu posso estar falando algo absurdo, né? Afinal, o que eu entendo de magia?" Diz ele meio sem graça.
"Está brincando! Você não poderia ter pensado coisa melhor!"
"Sério?"
"Seríssimo!"
"Podemos saber que gritaria toda é essa?"
Sakura entra na cozinha acompanhada por Tomoyo e Shaoran. Nakuru e Kaho tinham ido à cidade comprar alguma coisa pra comer, ou pelo menos tentar, visto que a cidade estava praticamente um deserto, não se via mais ninguém nas ruas a não ser por vultos negros e lamuriantes. Enquanto isso Yukito foi para a cozinha preparar o jantar e Eriol resolveu ajudar.
"O Yukito teve uma idéia que eu considero muito boa!"
"Imaginem, foi só uma idéia." Yuki já estava ficando meio constrangido.
"Então nos conte logo, vamos! Tem a ver com o Touya?" Tomoyo logo perguntou enquanto ajudava Sakura a se sentar em uma cadeira.
"Não de uma forma direta, mas pode vir a ajudar a salvá-lo. Acontece que o pai de Sakura possui metade dos poderes de Clow que eu dividi com ele pra eu não ter carregar sozinho o fardo, e o Yukito me lembrou disso agora."
"Isso quer dizer que você está querendo tomá-los de volta?" Shaoran se pronunciou.
"Sim. Pelo menos até derrotarmos esta mulher e tudo voltar ao normal, com esses poderes ficarei mais forte."
"Então vamos logo! Sei que meu pai não vai se recusar!"
"Não se trata disso Sakura, primeiro tenho que desenvolver o método."
"Droga!"
"E você acha que é possível?" – Yue toma o lugar de yukito.
"Acredito que sim. Toda magia tem uma contramagia e eu a encontrarei."
"Chegamos!" – Eles ouviram Nakuru gritando da porta.
...oO.Oo...
Finalmente após dois dias Touya consegue escapar da torre por uma passagem muito bem escondida por detrás de uma parede. Agora ele corria por aquele terreno branco e frio. Mas ele já havia andado bastante e sem nenhum sinal de uma saída, já estava exausto e sem forças. Encontrava-se em meio a uma floresta cujas árvores, tão castigadas, pelas fortes rajada de vento, se encontravam, em sua maioria, desfolhadas.
"Estou ficando sem forças, acho que não vou conseguir sair daqui. Desculpem-me Tomoyo, Sakura não poderei mais lhes ajudar."
Ele tomba exausto no gelo e seu corpo já não se movimenta.
"Touya! Touya, levante-se!"
"Quem está aí?" – Ele pode ouvir uma voz e sentir uma presença a seu lado.
"Seja forte Touya! Minha encarnação não pode desistir tão fácil assim!"
Touya abre os olhos e dá de cara consigo mesmo, não! Não era ele. Apesar de parecer que estava se vendo em um espelho com certeza estaria quebrado pois, as roupas, o corte de cabelo e a aparência cansada que ele, com certeza, sabia não possuir, estavam presentes também.
"Quem é você?"
"Ora vamos! Você sabe quem sou."
"Stephen!"
O homem sorri pra ele.
"Vamos Touya levante-se, você ainda tem muito o que fazer até esta guerra terminar, muitos precisam de você e esta história ainda está longe de ter um fim."
"Eu não sei como sair daqui."
"Preste atenção. Toda vez que Cecíl manda Raven para cumprir seus desígnios malignos, ele abre uma porta para seu mundo tanto na ida quanto na volta, o que você tem que fazer e seguí-lo quando ele for e esperar até sua volta, é quando você deverá cruzar a porta, mas você só terá uma chance porque, após a primeira tentativa, Cecíl virá atrás de você."
"Você poderia me explicar o que está acontecendo?"
Uma expressão triste desce sobre a face daquele homem tornando sua expressão mais cansada que nunca.
"Infelizmente tudo o que posso dizer é que todos estão pagando por erros do passado. Gostaria que nos desculpassem, mas tenho certeza de que tudo está prestes a ser esclarecido."
"Mas..."
"Vá! O tempo se aproxima. Vê aquela montanha?"
Ele aponta o dedo em direção àquela montanha que, ao contrário da paisagem ao redor, se encontrava verde e tocada pelo sol.
"A porta se abre no cume você deve subir e esperar. Mais uma coisa. Você possui um cordão cujo pingente é uma espada cravada em um coração?"
"Sim, mas como você sabe..."
"No momento certo use-o, ele ajudará na vitória."
Touya queria fazer mais perguntas mas o fantasma de Stephen já tinha ido embora.
"Vamos lá Touya, hora de voltar pra casa."
Touya começa a subir a montanha que parecia resistir à vinda daquele intruso. Ventos cortantes, avalanches, tudo parecia atrapalhar, quando estava quase perto do cume, ele avista Raven, o corvo negro de Cecíl.
"Droga! Eu tenho que me apressar!"
Ele corre o mais rápido que pode e quando finalmente chega ao cume, pode ver a última parte do corvo cruzar a porta.
"Agora é só esperar o momento certo."
...oO.Oo...
Desde o dia em que Yukito havia dado a idéia de Eriol retomar os poderes com Fujitaka, Eriol não fazia outra coisa a não ser pesquisar sobre como poderia fazer isso, e contava com a ajuda de todos, o que tornou o trabalho muito mais fácil e mais rápido, tanto que apenas dois dias depois eles já haviam descoberto o feitiço a ser feito.
"Conseguimos, não é?" – Kerberus suspirou aliviado.
"É sim, conseguimos." Eriol disse satisfeito.
"Viu o que eu disse Eriol?"
"Não entendi Nakuru."
"Apesar de toda a sua inteligência, duvido que você pudesse ter obtido êxito tão rápido se estivesse sozinho."
"Você tem razão, se eu soubesse que apenas junto de meus amigos eu seria forte o suficiente eu jamais teria ido embora da outra vez."
"É, infelizmente só aprendemos através da dor." – Tomoyo chega trazendo uma bandeja com alguns sanduíches.
"E cadê a Sakura?" Perguntou SpinelSun.
"Está lá no quarto com Shaoran e Yue, eles estão tentando convencê-la a ficar e não nos acompanhar até o pai dela."
Yue e Shaoran vêm descendo as escadas.
"E então conseguiram amansar a fera?" – Kaho disse.
"Foi difícil mas, em fim, conseguimos." – Shaoran disse meio amargurado.
"E porque essa cara Shao?" – Tomoyo perguntou.
"Ela disse que nunca mais vai valar comigo."
"Se é por isso fique tranqüilo, muito em breve a raiva dela vai passar e logo estará tudo bem. Então vamos?"
"Vamos sim Tomy." - Eriol a abraçou e eles já estão cruzando a porta quando sentem uma presença familiar. – "Essa não, mais um ataque!"
"Não poderia ser em pior hora. Parece que ela adivinha."
"É parece mesmo Nakuru, mas vamos ter que deixar o Senhor Fujitaka pra depois e irmos atrás da presença." – Yue disse. – "Tomoyo..."
"Eu fico aqui com a Sakura. Ela não pode ficar sozinha, né?"
Ainda desconfiados eles partem em direção da presença. Mal eles partem, Tomoyo parte em dispara para o quaro de Sakura.
"Sakura!"
"Tomoyo! Eu senti a presença!"
"Sim, Chegou a hora"
...oO.Oo...
O grupo corre em direção à parte Leste de Tomoeda, essa era a única região em que ainda restavam pessoas, então não havia outra direção a seguir. Chegando lá a confusão já estava completa, mas desta vez eles estavam preparados, enquanto os outros faziam o que podiam para ajudar aquelas pessoas, Eriol, Shaoran e Yue partiam em uma caça ao corvo que, percebendo a nova tática deles voou em direção a floresta, dificultando a perseguição.
O que nenhum dos três sabiam é que, ao mesmo tempo em que seguiam, também eram seguidos por Tomoyo e Sakura que estavam dispostas a resgatar Touya a qualquer custo.
"Tem certeza de que eles não poderão sentir nossa presença?"
"Tenho sim, Sakura. O Yue me ensinou essa técnica de camuflagem, com certeza não nos detectarão."
"Nem mesmo o Yue?"
"Nem mesmo ele."
"Obrigada por me convidar a participar disso, Tomy."
"Imagine. Finalmente entendi como você devia estar se sentindo sendo posta de lado apenas por estar grávida, você ainda é bastante poderosa, não é? Mas você deve me prometer que vai se cuidar."
"Eu prometo, até porque após cruzarmos o portal estaremos sós, e, com certeza, bem mais perto do perigo."
"Tem razão. Olhe lá!"
Os três rapazes permaneciam colados ao corvo enquanto proferiam feitiços e lançavam flechas, mas parecia que o animal possuía uma magia muito poderosa o protegendo, além de contra atacar lançando um raio fulminante de sua boca ou de destroçar tudo ao seu redor com seu canto, cuja sonoridade era estonteante.
Uma sombra começou a se deslocar para a floresta, o que indicava que o trabalho dos capatazes de Cecíl já haviam terminado o seu trabalho, é quando finalmente o portal se abre revelando a passagem para o covil congelado de Cecíl.
"Veja Eriol! É o portal!"
"Sim estou vendo, Yue!"
"Infelizmente, como sempre, não pudemos fazer nada para salvar as pessoas!" – Disse Ruby Moon que chegava correndo com os outros. – "Nossa! É o portal!"
Enquanto isso, Sakura e Tomoyo se preparavam para pôr seu plano em prática.
"É agora, Sakura. O portal se abriu."
"Sim, Estou pronta."
"JÁ!"
As duas gritaram e se precipitaram ao mesmo tempo atrás do corvo e da sombra, aconteceu muito rápido, elas cada vez mais alcançavam o portal, quando Shaoran se deu conta, elas já estavam muito distantes, cada vez mais e mais próximas de cruzarem a barreira, e então...
...oO.Oo...
Touya finalmente havia cedido ao cansaço e acabou dormindo. Enquanto dormia imagens confusas vinham a sua mente. Uma tarde nublada com fortes rajadas de vento. Ele estava galopando por um campo plano e deserto, apenas sentindo o vento roçar seu rosto, ele adorava isso. Então ele vê uma mulher dançando com o vento. Ela tinha os cabelos alaranjados e bem compridos, estava descalça e usava um vestido de tecido fino e esvoaçante o que só completava a bela imagem que se formava. Ela mantinha os braços abertos e girava o corpo rápido e rápido, como se a qualquer instante ela pudesse levantar vôo.
Ele desce de seu cavalo e vai se aproximando vagarosamente, totalmente hipnotizado por aquela bela visão. Ela pára de rodopiar e, olhando em seus olhos, lhe dá o sorriso mais belo que ele já tinha visto em toda sua vida, naquele instante ele soube que ela seria sua bênção e sua maldição.
"Estava te esperando, Stephen. Que bom que você não demorou."
"Stephen. Stephen!"
Touya é retirado de seus devaneios e dá de cara com o seu eu do passado."
"Quanto tempo se passou?"
"Tempo o suficiente para Raven fazer bastante estrago e finalmente retornar. Prepare-se, a porta se abrirá a qualquer instante."
"Stephen, eu tive um sonho..."
"Você apenas reviveu um momento há muito perdido no passado. Boa sorte."
Touya não teve tempo de chamar por Stephen porque, assim que ele desapareceu, um remoinho branco surgiu no ar e por ele uma enorme sombra começava a sair.
'O portal é a minha chance. Assim que Raven sair eu pulo.'
Primeiro surgiu o bico e depois sua cabeça, logo todo o corpo de Raven era expelido pelo grande redemoinho, quando a última pena da cauda do corvo saiu, Touya saltou para dentro da porta torcendo para que tudo desse certo.
"AAAAAAAAAAA!"
Ele grita para aliviar a tensão do momento, então colide com dois corpos que também gritam de susto. Eles batem no chão.
...oO.Oo...
"Sakura! Tomoyo!" – Eles gritam enquanto vêem as duas atravessando o portal, nada podiam fazer nada a não ser esperar, mas o inesperado acontece e as duas são expelidas do buraco. Shaoran e Eriol correm para pegá-las antes que elas colidissem no chão, mas elas não estão sozinhas.
"Touya!"
Ele se encontra jogado no chão com a barriga virada para baixo.
"Alguém anotou a placa do caminhão?" – Ele resmunga já se levantando.
"Touya!" – Ele cai novamente quando Sakura e Tomoyo correm pra cima dele. – "Que bom que você está bem!"
"Pois é, finalmente consegui escapar."
"Bom vamos pra casa cuidar de Touya." Eriol disse.
"É. Vamos cuidar de Touya e exigir umas explicações dessas duas loucas!" – Shaoran olhava furiosamente pra Tomoyo e Sakura que se encolhiam nos braços de Touya.
"Acho que estamos encrencadas, Tomy."
"Você tem razão, Sakura."
...oO.Oo...
"MALDIÇÃO!"
Longe dalí, Cecíl se preparava para a última e mais sangrenta batalha.
...oO.Oo...
Oi gente! Quanto tempo, né? Será que ainda tem alguém lendo? Se tiver fico muito agradecida e envergonhada por ter deixando esperando tanto tempo, não darei desculpa alguma, só peço desculpas pela demora.
Cumpri minha promessa e só voltei a publicar depois de tudo pronto, é isso mesmo a fic está todinha escrita, só que eu não publicarei tudo de uma vez tá? Mas pelo menos não demorará uma eternidade.
Para quem ainda estiver lendo isso aqui, Beijos.'
