Capítulo Vinte
Em guerra II
"Vocês esperem!"
"O que foi agora Yue? A minha esposa está sendo levada, você não entende?"
"Entendo perfeitamente mas, caso não tenham percebido, nós só estamos correndo e correndo e não chegamos a lugar algum."
"Estamos fazendo o que podemos."
"Não estamos não Shaoran. Precisamos de uma estratégia e a Kaho tem uma."
"Aquela lenda idiota, não passam de palavras."
"Acalme-se Touya, não é uma simples lenda idiota ou palavras soltas, mas uma charada."
"Charada?"
"Sim. Pensem bem. 'Sob o véu da noite elas vivem', elas quem? Só podem ser as Gárgulas. E caso não tenha reparado está escuro, é noite."
"Então elas vivem à noite. E daí?"
"E daí, Shaoran que se elas vivem à noite o que será que acontece com a luz do dia?"
"À terra elas retornarão. É isso, precisamos de luz do sol!"
"É, não querendo acabar com a alegria de todos mas... Devem ser duas da manhã, falta muito ainda para o sol nascer."
Todos olharam desanimados para SpinelSun.
"Foi mal gente."
"Não precisamos desanimar, nós possuímos magia, eu sou o Mago Clow e com todos os meus poderes. Pra quem criou quatro seres e um baralho mágico pode muito bem trazer a luz do sol se quiser.
"Luz e Trevas, Eriol! As cartas Trevas e Luz, é só disso que você precisa."
"Tem razão Kaho, utilizarei a carta de Sakura, assim não desperdiçarei energia."
Após dizer isso Eriol se concentra e logo as cartas luz e trevas se materializam em sua mão.
"Mas elas só podem ser utilizadas juntas!"
"Não necessariamente, Touya."
"Luz!"
A figura da luz começa a se materializar e, juntamente com ela, as trevas.
"Não preciso de trevas." – Eriol iniciou.
"Mas estamos sempre juntas, a luz nas trevas e as trevas na luz." – Responderam ambas em uma vós única.
"Como o Ying e o Yang."
Eriol levanta as mãos e entre elas surge o círculo sagrado do bem e do mal. As entidades entram no círculo que começa a brilhar e se eleva no céu como um sol recém criado, e sobe cada vez mais alto até que toma o lugar da lua e tudo o que antes era noite tornou-se dia.
"Fantástico!"
Todos exclamaram e puderam observar que as gárgulas próximas automaticamente viravam pedra logo que a luz daquele sol as tocavam, as que ainda voavam logo caiam e se espatifavam.
"Vamos pegar a Sakura!"
Sakura ainda tentava se livrar daquelas criaturas mas todos os seus esforços eram em vão. De repente uma forte luz invadiu o céu e foi como se o dia tomasse o lugar da noite antes da hora.
"Mas o que está acontecendo?"
PLOFT
Algumas gárgulas que os acompanhavam na retaguarda, logo que eram atingidos pela luz, se petrificavam e, como estavam voando, logo caiam e se quebravam ao tocar o solo.
"Ótimo elas não sobrevivem com o sol."
Logo a luz os atinge e os serem que a seguram começam a se transformar e a caírem juntamente com Sakura.
"Pensando melhor, Acho que não é tão bom assim."
Ela começa a cair e o chão a ficar cada vez a ficar mais perto.
"Vou virar panqueca!"
"Não vai não."
"Yue! Eu pensei que fosse me espatifar no chão, mas que susto!"
Então eles pousam.
"Nunca mais quero passar por algo assim." – Sakura choraminga e logo é abraçada por Shaoran e seu irmão. – "Mas não está muito cedo pra ter sol?"
"Agradeça ao Eriol."
"E às cartas de Sakura." – Eriol completou.
"Bem que eu senti duas cartas me deixarem."
De repente Sakura parece se lembrar de algo.
"O que foi?"
"Touya. Cadê a Tomoyo?'
Eles olham em volta e percebem que em todo o momento ela não estava ali.
"Essa não, como pudemos ser tão distraídos, não não, não pode ter acontecido nada a ela." – Touya se desespera.
"ARGHHHH"
"Tomoyo!"
...ooO.Ooo...
"Te peguei."
Tomoyo dá de cara com Cecíl e mal se recupera do susto quando ela a prende em uma teia de energia e logo ela sente todo o seu corpo ser tomado por uma dor transcendente como se milhares de watts passassem por ela.
"ARGHHHHH!"
"Você está acabada, eu venci."
Finalmente eles avistam Cecíl que está de costas para eles.
"Acho que vocês chegaram tarde demais."
Ela se afasta e eles vêem o corpo de Tomoyo no chão, ensangüentado e sem vida.
"Não, não, não pode ser. O que você fez com ela, porque você fez isso com ela?" – Touya estava desesperado como se estivesse prestes a enlouquecer, ele quase a perdera uma vez, não podia perdê-la agora. Ele ajeita seu corpo em seus braços e deixa as lágrimas caírem.
"Porque eu fiz isso com ela? Oras porque ela sempre me atrapalhou, sempre esteve em meu caminho, eu não podia permitir isso de novo podia?"
"Ela nunca fez nada contra você, ela não era importante pra você, seu alvo era a Sakura!" – Eriol gritou.
"SAkura! O que eu poderia querer com essa garotinha boba? O bebezinho dela? Que piada, o bebê que eu queria eu já tive."
Yue e Touya se olham, tudo parecia muito claro agora, todo o momento o alvo era Tomoyo, e Cecíl começou seu plano de vingança muito antes de Eriol voltar para o Japão.
"Sua maldita! Como você teve coragem!"
Tomado de raiva, Touya a ataca com todas as suas forças e seus poderem recém surgidos.
"Meu amor não se esforce tanto, se quer tanto assim morrer com sua irmãzinha, eu realizo seu desejo."
Ela segura Touya pelo pescoço e cargas elétricas começam a atravessar o corpo dele que após sentir uma forte dor cai ao lado de Tomoyo.
"Tomoyo é a reencarnação de Ceres." – Ainda transtornado Eriol se aproxima de sua amada e a coloca em seu colo.
"Como você é esperto, descobriu sozinho foi? Háháh�! Clow, Clow, Clow, que era loucamente apaixonado por Ceres, como você não descobriu desde o início que ela e não a outra era meu alvo? Acho que você não a amava tanto assim."
"Jamais repita uma coisa dessas!"
Com a explosão de Eriol, todos partem para cima de Cecíl.
...ooO.Ooo...
'Meu bebê. Foi ela quem levou o meu bebê'
Tomoyo estava em um estado de semi-consciência, ela presenciou a conversa como em um sonho. Ela sente uma forte dor em seu peito e logo cenas começam a vir em sua mente como lembranças de um passado há muito esquecido.
O sol se punha, o jovem casal Stephen e Cecíl contemplavam a cena de mãos dadas.
'Eu te amo Cecíl. Eu te amo pra sempre."
A cena acaba e ela ouve vozes distantes e outras pessoas tomam conta de seus pensamento, dessa vez, um dos personagens lhe era bastante conhecido, mas não tinha certeza do segundo, embora lhe parecesse bastante familiar.
'Sonomi espera!' – um homem de quase vinte anos corria para se aproximar de uma jovem ruiva de pouco mais que dezoito anos. 'Aonde vai com tanta pressa?' – E ele lhe sorri.
'Como assim aonde eu vou? Depois de tudo o que você me contou, eu só posso ir atrás da minha prima e fazer o que eu deveria ter feito desde o início, acabar com toda essa loucura!'
'Eu não vou deixar você fazer isso.' – E ele segura seu braço a impedindo de prosseguir.
'Rubens, porque tenta me impedir? Você deveria ser o primeiro a lutar contra isso!'
'Sonomi, deixe eles serem felizes. Quem sabe não estava escrito desde o começo que eles se encontrariam? Uma pessoa comum diria que foi uma grande coincidência eles terem se apaixonado, mas eu sei e agora você sabe, que não existem coincidências.'
'Eu não estou acreditando...'
Ele coloca seu dedo nos lábios de Sonomi e a faz calar. Depois a envolve em seus braços.
'Você já cuidou por muitos anos de sua prima, acho que deveria cuidar de você agora.'
'O que...'
Ele a segura pelos ombros e a faz olhar em seus olhos.
'O que estou tentando dizer é, deixa eu te fazer feliz, vamos enfrentar juntos o que tiver que acontecer.'
Sonomi ia responder, mas a imagem mais uma vez se torna opaca e as vozes desaparecem. Tomoyo tinha acabado de ver o rosto de seu pai a quem nunca teve a oportunidade de conhecer.
Ela não tem tempo de pensar a respeito pois logo outra imagem começa a se formar. É o mesmo pôr-do-sol da primeira cena.
'Eu também te amo Stephen, prometa que estará sempre a meu lado.'
'Eu prometo.'
Mais uma vez o sol desaparece e outra cena surge.
'Porque você tem que ir Rubens? Você prometeu que estaríamos sempre juntos, em qualquer situação.'
'É preciso, eu tenho que impedir que aconteça antes do tempo certo.'
'Nós acabamos de começar nossa família.'
Sonomi segurava em seus braços uma menina de no máximo três meses, de cabelos cinzas e grandes olhos azuis que agora parecia observar toda a cena. Rubens as abraçou como se agarrasse a própria vida.
'Eu peço que você cuide muito bem dela.'
'Não! Nós vamos cuidar dela juntos!'
As lágrimas finalmente venceram e começaram a percorrer por todo o seu rosto.
'Você prometeu me fazer feliz, disse que estaríamos juntos para sempre.'
'Me perdoe Sonomi.'
A cena mudou e ela não viu o pôr-do-sol outra vez, ao contrário, ela se via dentro de uma caverna, completamente só, podendo ver apenas o interior da caverna por trás de uma espécie de vidro.
'Eu o amaldiçôo Stephen. A você, a sua irmã e a todos que virão.'
Tomoyo desperta. Lágrimas rolam calmas de seus olhos e a única coisa que ela consegue fazer é murmurar um nome.
"Ceres."
Tudo aconteceu em câmera lenta. Eriol e os outros pareciam bastante feridos, Kerberus jaziam a um canto ensangüentado mas ainda dando sinais de querer lutar, Sakura parecia muito mal, e Shaoran, ao mesmo tempo que tentava dar auxílio a Eriol, tentava proteger sua mulher. Eriol lutava incansável contra Cecíl e neste exato momento corria para mais uma vez investir contra ela.
Touya permanecia deitado desde que fora atacado por Cecíl, mas ainda resistia e apesar de não conseguir se levanta ele ainda velava por sua prima que, como ele, estava deitada no chão. Ela estava próxima e ele pôde ver quando uma lágrima rolou de seus olhos e eles se abriram, logo depois seus lábios se moveram e sussurrou algo que ele não pôde ouvir. Então ele sentiu.
Em seu peito um coração batia, mas não era seu coração. Colocou a mão por dentro de sua blusa e puxou o cordão que seu pai lhe trouxera como ele havia pedido. O pingente em forma de coração pulsava como se estivesse vivo.
Tomoyo viu seu primo se mover e puxar algo de dentro de sua blusa, um cordão com um pingente em forma de coração e uma espada cravada nele.
"Empunhe a espada."
Ela ouviu a voz, mas não havia pessoa alguma com ela a não ser Touya e a voz era feminina.
"Você me chamou. Me despertou de dentro de você."
Uma mão lhe tocou o ombro e mesmo sem poder ver, ela soube de quem se tratava. Era Ceres. Ela sentiu um frio dentro de si e uma onda de medo lhe atingiu
"Não temas, você não está só. Há muitas pessoas pelas quais vale a pena você lutar e que estão lutando por você. EU estou sempre com você. Vamos, empunhe a espada."
E Tomoyo estendeu a mão.
Touya viu Tomoyo estender uma das mãos e, ao fazer isso, o coração bateu mais forte e tão rápido que o som das batidas poderia ser ouvido a distância. Então a espada saiu de sua bainha e, à medida que se encaminhava para a mão de Tomoyo, ela crescia. Finalmente ela a segurou.
Eriol gritava com a dor causada pelo último ataque de Cecíl, mas ele também conseguira fazer um estrago com ela, que também sangrava muito e começava a dar sinais de cansaço.
"Não adianta, eu posso estar machucada, mas você está quase morto. E eu vou acabar logo com esse quase."
Cecíl preparou mais uma onda de energia e estava prestes a lanç�-la contra Eriol.
"Não ouse fazer isso!"
Cecíl olhou na direção da voz e o que viu fez com que ele sentisse um temor profundo. Ali, de pé, olhando pra ela com uma espada na mão e uma postura aparentemente impossível para alguém debilitado como o corpo daquela mulher demonstrava estar. Era Ceres.
"Isso é impossível! Ceres está morta!"
"Eu não sou a Ceres, mesmo assim vou te derrotar."
Tomoyo partiu pra cima de Cecíl com a espada em punho, esta, já recuperada do choque, conjurou também uma espada para si.
"Se é assim que você quer, eu estou preparada."
As lâminas das espadas se chocaram emitindo um som agudo e soltando faíscas. As duas espadachins lutavam brilhantemente e se a situação não fosse tão crítica, poderia-se dizer que era como se uma poesia estivesse sendo criada naquele momento, como um ferreiro moldando sua melhor peça, o martelo na lâmina e o fogo.
Fogo, era o que podia-se encontrar nos olhos de Tomoyo. Lembrava-se da declaração de Cecíl a respeito de sua filha e isso a queimava por dentro lhe dando forças e determinação para enfrentar aquela mulher. E ela lutava com uma precisão que nunca imaginou ter, mesmo depois das lições de Yue. Era como e ela fizesse isso a vida toda e em todas as suas vidas.
Mas apesar da recente habilidade de Tomoyo, sua adversária era digna de respeito. E um segundo de distração de Tomoyo foi o suficiente. Ela se desequilibrou e Cecíl aproveitou para desfechar o golpe final, com muita dificuldade ela conseguiu se defender. Sua espada a protegia da lâmina de Cecíl que esperava apenas que ela se cansasse para finalmente ser enterrada em seu corpo.
'Não, eu não posso perder. Todos os meus amigos lutaram por mim, meu pai e minha mãe se sacrificaram por mim, eu devo resistir, por mim, por todos... Por minha filha.'
"Tomoyo, desperte!"
Ela ouviu a voz querida de seu primo, seu irmão, Touya que esteve sempre com ela. E ela despertou. Uma grande energia começou a percorrer seu corpo, um calor imenso que a fazia ter coragem, logo ondas de luz circundavam sua espada que brilhava como nunca. Ela dá um chute em Cecíl que se afasta assustada.
"Eu vou te matar Ceres!"
Elas correm uma na direção da outra, Cecíl ataca mas Tomoyo desvia e, enquanto a outra se recupera, Tomoyo enfiou sua espada na barriga de Cecíl. Faixos de luz começaram a sair de dentro dela e Tomoyo a golpeia mais uma vez. O ferimento daquela espada envolta em magia se expande e Cecíl desaparece em luz como se uma estrela tivesse explodido. Depois, só o silêncio.
"Ela foi derrotada?" – Sakura estava sentada a um canto ao lado de Shaoran.
"Espero que sim." – ele lhe responde.
Tomoyo permanecia parada com a espada em punho olhando para o nada. Touya levanta-se e se aproxima. Tomoyo tomba de joelhos apoiada em sua espada.
"Está tudo bem?" – Eriol lhe questiona preocupado.
"Está. Só estou... um pouco cansada."
Ela lhe sorri e cai exausta nos braços de Touya. A batalha finalmente chega ao fim após muito sofrimento. O Sol mágico de Eriol ainda brilhava no céu, mas o verdadeiro Sol começava a dar sinais de sua presença, trazendo um novo período, um novo começo. Era o amanhecer do dia 21 de Junho. Primeiro dia do Verão.
...ooO.O...
Seu corpo inteiro doía, parecia que até suas dores sentiam dor. Era como se tivessem utilizado seu corpo como um quebra-cabeça vivo, lhe cortaram as partes e após muita persistência a remontaram, mas as dores insuportáveis permaneciam. Ela ouviu vozes sussurrando ao seu lado.
"Será que ela não vai acordar hoje, Yue?"
"Não sei, espero que sim, do contrário ela nunca vai se perdoar de ter deixado passar."
"Do que vocês estão falando?"
"De nada Eriol."
Ao ouvir essa última voz, ela acorda.
"Mamãe?"
"Tomoyo. Que bom que acordou."
Sonomi abraçou sua filha como há muito tempo não fazia.
"O que aconteceu?"
"Muitas coisas, mas acho melhor você descansar antes das explicações."
"Não mamãe, eu as quero agora."
Sonomi fica em dúvida, mas Touya põe uma das mãos sobre seu ombro lhe incitando a falar o que tivesse de falar.
"Tudo bem. Mas acho que é uma conversa delicada, de família."
Eriol sentiu que ela estava dizendo para ele ir embora dali, mas ele não sairia.
"Eu não saio daqui! Muita coisa aconteceu por eu ignorar certo fatos, eu quero saber o que aconteceu e porque aconteceu. Algumas peças ainda não encaixaram."
"Eu não acho que você tem o direito de exigir coisa alguma!" – Sonomi rebateu.
"Mamãe. Não é hora para brigas, nós já lutamos demais, não acha?"
Sonomi a olha dividida, mas enfim ela tinha razão, era tempo dos ressentimentos irem embora.
"Pois muito bem. Comece por você Tomoyo, de que se lembra antes de lutar com todas as forças?"
"Eu vi algumas cenas, do Stephen, da Ceres, de você e do papai, inclusive em uma delas estávamos nós três juntos." – Tomoyo deu um sorriso. "Eu era só um bebezinho. Ele estava indo embora."
Tomoyo olha pra sua mãe e sente um aperto no peito, lembrava da dor nos olhos de sua mãe, dor essa que também podia ser vista nos olhos dela agora.
"Você, como todos devem saber agora, é muito mais que uma descendente direta de Ceres e Stephen, você É a encarnação de Ceres. Assim como Eriol é o de Clow e Touya o de Stephen. Não é à toa que vocês dois são tão próximos."
Touya abraça Tomoyo.
"Seu pai, Tomoyo, como todos os descendentes da família Fowl, protegiam o sono eterno de Cecíl, mas eles sabiam que um dia ela retornaria, só não sabiam quando. Eu o conheci em uma de minhas viagens e quando a Nadeshico e seu pai, Touya, resolveram se casar, Rubens veio para o Japão se nenhum aviso prévio, simplesmente apareceu e minha família, lógico o recebeu. Então ele ficou sabendo de toda a história, nisso nós dois já estávamos apaixonados. Quando ele conheceu o Fujitaka, eu vi ele ficar muito preocupado e eu sabia que não era por nenhum dos meus motivos, era muito maior, então ele me contou toda a história de Stephen, Clow, Ceres e Cecíl.
"História essa que conhecemos de forma bastante traumática." – Tomoyo interrompeu.
"É verdade. De início eu não entendi bem onde ele queria chegar. Amores proibidos, magia? Eu o chamei de louco, onde já se viu, magia? Ele me mostrou a magia e me ensinou que as coincidências não existem e depois mais que nunca eu acreditei nisso. Ele sentiu a presença de Clow em Fujitaka e durante muito tempo procurou por Ceres em minha prima. Ele achou muito natural que ambos se apaixonassem se eles fossem a encarnação dos dois. Ele me contou também que o encontro dos dois indicava o primeiro sinal para a volta de Cecíl. Eu me desesperei e mais que nunca tentei separar os dois, mas Rubens não deixou..."
"Eu vi essa cena, foi quando ele te pediu em casamento, não é, mamãe?"
"Foi sim. E nós nos casamos pouco depois que minha prima. O tempo passou e ele me ensinou magia, não a manipular perfeitamente porque eu não sou uma feiticeira, mas eu sei detectar uma presença, seu detectar magia e sei me defender delas. Então Touya nasceu e com o seu nascimento, Rubens viu mais uma peça do jogo vir à tona, Stephen surgira. Você ainda está com o cordão?"
Touya o ergueu para que todos vissem o coração guardando, novamente a espada, dentro dele.
"A espada voltou ao tamanho normal, e se fixou novamente nele."
"Com essa mesma espada o filho de Stephen e CEcíl matou o pobre senhor que os acolheu em sua cabana, Stephen o guardou consigo até a morte como a memória de sua estupidez. Rubens o deu de presente a você assim que nasceu. E, apesar de Tomoyo tê-lo utilizado, a espada é sua, agora que tem seus poderes de volta aprenda a lutar com ela."
Sonomi colocou o cordão no pescoço de seu sobrinho.
"Só tinha um problema. Apesar da dedução lógica de que Nadeshico era a encarnação de Ceres, ele utilizou todas as formas possíveis e nunca conseguiu detectar a presença como aconteceu com Touya. Anos depois ela engravidou de Sakura e eu também engravidei quase na mesma época de Tomoyo. Rubens tomou um susto quando, ao nascer, ele descobriu era pai de uma menina e que essa menina sim era a encarnação de Ceres. Mesmo com o susto ele ficou calmo, Clow e Ceres não poderiam se amar como no passado, logo Cecíl não acordaria tão cedo, mas ela deu sinais de vida. Quando Tomoyo tinha mais ou menos quatro meses, ele recebeu o alarme vindo da Irlanda de que a magia que prendia Cecíl, estava enfraquecendo. Ele teve que ir lutar e me deixou como guardiã, caso alguma coisa acontecesse, se uma luta tivesse que acontecer não podia ser naquele momento, Tomoyo era apenas um bebê. Ele foi e não voltou mais, mas a magia foi selada e nada de ruim aconteceu, com exceção da morte de minha adorada prima. Eu procurei afastar todos os integrantes da história, então nunca apresentei Tomoyo à nova família de Nadeshico, logo, quando Sakura e ela tornaram-se amigas eles não apresentaram qualquer laço, mas as coisas mudaram.'
"Sakura abriu o livro de Clow e tempos depois o próprio Clow apareceu e completamente consciente." – Yue completou.
"Exatamente. Eu tomei um susto quando dei de cara com o Eriol, era impossível, Fujitaka era a encarnação de Clow, como podia ser isso?"
"Foi por isso que desde o inicio você quis nos separar. Para impedir que todos os personagens se reunissem e o passado voltasse à tona."
"Exatamente Eriol. Rubens morreu tentando impedir que isso acontecesse eu não podia deixar que seu sacrifício fosse em vão."
Sonomi chorou ao lembrar de todos os momentos.
"Tudo bem, mamãe, você sofreu muito, só queria proteger a todos nós." – Tomoyo consola sua mãe.
"O que eu não entendi, foi o fato da encarnação de Ceres ter vindo na própria família, quero dizer, Eu sou a encarnação de Clow assim como Fujitaka e nenhum de nós dois pertencemos à linhagem de Clow, Shaoran sim. A senhora mesmo disse, Sonomi, que Rubens se assustou ao constatar que sua própria filha era a encarnação de Ceres e não a sua prima Nadeshico. O que isso significa?"
Sonomi olhou para Touya como que pedindo auxílio, mas Touya também não conhecia essa parte. Então ela olhou para sua filha e ela lhe retribuiu o olhar, Tomoyo viu que essa parte da conversa envolvia fatos difíceis de dizer.
"Aconteceu assim porque era necessário."
Mas Sonomi não pôde terminar de falar pois uma batida à porta interrompeu a conversa.
"Desculpem interromper, mas precisamos do Eriol lá embaixo." – Era Kaho.
"O que foi?" – Eriol levantou-se.
"É a Sakura, precisa da poção e não estamos conseguindo chegar ao ponto certo."
"Tudo bem estou indo."
Eles desceram as escadas e deixaram o grupo que continuou sua conversa.
"Kaho você chegou na hora errada."
"Desculpe-me Eriol, mas a Sakura está realmente precisando da poção, ela está grávida e não podemos arriscar dar alguma poção errada. E ainda tem o Shoaran."
"O que tem o Shaoran?"
BUM!
"Essa não! E falei pra ele não se meter."
Os dois correm até a cozinha e encontram uma nuvem de fumaça impedindo a visão de qualquer coisa lá dentro, Nakuru sai de dentro da fumaça abanando as mãos e tossindo.
"Eu tentei impedi-lo mas ele é muito teimoso. COF! COF!"
A poeira baixou e eles puderam ver Kero com olhos zonzos jogado a um canto e Shaoran com o rosto todo preto de fuligem.
"O que você fez?" – Eriol olhou em volta e só encontrou o caos.
"Só tentava fazer uma poção pra Sakura, t�?"
"Ainda bem que deu errado, imagine o que isso faria dentro da Sakura."
"Ninguém queria fazer e a Sakura precisa disso pra recuperar suas forças."
"Nós não queríamos arriscar fazer alguma coisa errada." – Kaho replicou desolada.
"Dá licença, deixa que eu faço." – Eriol tomou a liderança.
...ooO.Ooo...
"Ai Ai Ai, que barulho foi esse!"
"Acho que veio da cozinha."
"Só espero que o Shaoran não tenha nada a ver com isso."
"Isso eu já acho difícil."
Sakura não estava muito debilitada fisicamente, mas suas energias estavam esgotadas pelo fato de ter tido que lutar grávida, o que lhe consumiu muita magia. Spi estava lhe fazendo companhia enquanto os outros tentavam acalmar Shaoran foi quando veio o barulho de explosão da cozinha.
A porta se abriu e Kero entra voando, ainda meio zonzo, no quarto.
"Juro que o Shoaran é mais mortal do que a Cecíl."
Ele continua voando até que pousa, ou melhor, desabar no colo de Sakura que estava sentada na cama.
"Eu avisei que não era seguro." – Spi ria de Kero.
"Não enche gato peludo."
"O que aconteceu Kero?" – Sakura pergunta aflita.
Mas antes que Kero respondesse, a porta abre mais uma vez revelando Eriol com um cálice na mão.
"Simplesmente, minha querida, seu marido resolveu dar uma de fazer poções e ele descobriu tarde demais que não leva jeito pra isso."
"Pelo menos eu tentei. O que foi Sakura?"
Sakura olhava aterrorizada para Shaoran que, apesar de estar um pouco mais limpo, o rosto ainda estava cheio de fuligem além de suas roupas, seus cabelos ainda fumegavam. Ela não agüentou e desatou a rir.
"Não vejo graça alguma Sakura."
"Desculpe Shao, mas você está muito engraçado."
"Dá um desconto pra ele, né, Sakura? Ele fez isso por você"
Kaho chega ao quarto acompanhada por Nakuro que ainda tinha os olhos cheios de lágrima de riso e de fumaça, também.
"E a Tomoyo já acordou?"
"Já sim Sakura, ela está no quarto com seu irmão, a mãe dela e o Yue. Estão conversando, acho que vou voltar lá pra ver..."
"Que bom que você está bem Sakura."
Eriol fez uma cara de decepção quando viu Sonomi entrando no quarto, ele tinha esperanças de pegar o final da conversa.
"Tia Sonomi, é bom vê-la também. Como está o meu pai?"
"Está bem. Depois que acordou eu conversei com ele e expliquei tudo o que estava acontecendo, acho que ele entendeu, se bem que, em se tratando de seu pai nunca dá pra saber. Bem ele foi pra casa e disse que logo virá te ver."
"A Tomoyo ainda está no quarto?'
"Está sim Eriol."
"Então vou falar com ela."
Eriol sai do quarto e Sonomi aproxima-se sorrateira de Kaho.
"Chegou no momento exato."
Kaho limitou-se a rir.
...ooO.Ooo...
"Posso entrar?"
Tomoyo, que chorava até pouco tempo, saiu de transe ao ouvir a voz de Eriol, secou discretamente as lágrimas e pediu que ele entrasse.
"Que explosão foi aquela que eu ouvi?"
"Foi o Shaoran, ele não tem talento algum na cozinha."
"Percebi."
"Como você est�?"
Eriol se aproximou e sentou-se com ela na cama.
"Bem. Ainda assimilando tudo o que se passou, mas bem."
"Foram muitas coisas, não é? Eu tentando te manter afastada de tudo e no fim, você fazia parte de tudo."
"É verdade, são as coincidências não é?"
"Elas não existem."
"Eu sei, seu sei, estou só brincando seu bobo."
Eriol beija sua face e levanta dirigindo-se à janela, depois senta no divã abaixo dela.
"Quanto tempo eu dormi?"
"Metade do dia. Nós voltamos pra cá o dia amanhecia e o sol está quase se pondo agora."
"Puxa! O Touya está com a Sakura?"
"Não, eu acabei de vê-lo no jardim com o Yue, dá pra ver daqui da janela, estão perto das tulipas."
Tomoyo sente um frio na barriga e tem um sobressalto.
"Que dia é hoje?"
"Dia 21, porque?"
Tomoyo levanta-se de supetão sem dizer palavra alguma, ia saindo do quarto quando Eriol a segura pelo braço.
"Espere. O que ouve?"
"Eu tenho que ir Eriol!"
"Aonde? Fazer o que?"
"Não tenho tempo pra explicar, Eriol!"
Ela se solta da mão de Eriol e segue correndo para o corredor. Eriol volta para o interior do quarto ainda chocado com a atitude de Tomoyo, ele olha pela janela mais uma vez e pode ver Tomoyo correndo para as tulipas se encontrar com Touya e Yue.
...ooO.Ooo...
"Touya! Yue!"
Tomoyo corre até seus melhores amigos com lágrimas nos olhos, ao chegar mais perto, se lança nos braços de Touya em um abraço cheio de dor.
"Chegamos a achar que esqueceria." – Yue disse.
"Eu jamais me perdoaria." – Ela responde ainda aninhada nos braços de Touya.
"Perdoaria sim. Passamos por muita coisa neste dia." – Touya a consola.
Tomoyo ergue a cabeça, ajoelha-se no chão e acaricia as pétalas de uma das Tulipas. Cheirou uma delas e depois roçou seu rosto no veludo da flor como em uma carícia.
"Não Touya, eu não posso me esquecer jamais, não importa o que aconteça. Obrigada por me lembrarem."
Yue e Touya a abraçam e, como ela, também ajoelham-se. Os três ficam parados ali até após a noite ter coberto todo o mundo, como em um ritual secreto. Da janela de um quarto Eriol observava o mesmo ritual.
Ele não sabia sobre que se tratava, mas sabia se tratar de algo muito doloroso pra Tomoyo, uma parte da vida dela que ele perdeu, uma parte da vida dela em que ele foi substituído por Touya e Yue. Mas ele não podia se queixar, ele quem chegara tarde.
...ooO.Ooo...
Fim do penúltimo capítulo, não vou enrolar porque sei que vocês estão loucos pra ler o final da fic (isso se o pessoal antigo que lia ainda estiver lendo). O drama acabou aqui o próximo será apenas festa. Eles merecem, né gente? O que estão esperando? Vão logo para o fim da história. ��'
N/A: Só mais uma coisa! Vocês sabem o motivo desse ritual deles não sabem? Sabem que dia é 21 de Junho, não sabem? Espero que sim.
