Primavera, Verão, Outono, Inverno...Primavera, Verão...
Autor: Lady RR
DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).
COMMENTS: Esta fic participou do concurso do grupo Casa da Árvore em que tinha como objetivo escrever uma continuação ao ultimo episódio gravado da série The Lost World. A fic tem referências a vários episódios. No final do texto tem as notas, alguns dos nomes são acompanhados por números e quem tiver interesse deve ler as notas, mas isso não é obrigatório, o texto é compreensível sem a leitura das mesmas.
ALERTA: A idéia da fic é que algumas perguntas só sejam respondidas no decorrer da leitura, outras no final. Esse não é exatamente o texto final que entreguei para o concurso, corrigi uns erros de português (espero que todos) e segui algumas das sugestões que me deram, não todas porque sou teimosa e tenho dificuldades de mudar um texto que eu já escrevi, portanto os defeitos do texto continuam sendo culpa minha.
AGRADECIMENTOS: Queria agradecer a turma da Casa da Árvore sempre carinhosa e atenciosa com todos os seus participantes, também tenho que agradecer ao concurso que foi elaborado l� sem ele este texto não teria nascido, não posso deixar de dizer muito obrigada às meninas que deram sugestões e me animaram a publicar a fic, principalmente Si (Zezé) e Cris Zanini.
AGRADECIMENTOS 2: Obrigada Rafinha, Cris, Nessa, Kakau, Claudia, Aline e Cintia.
Capítulo VII: A Garota da Selva
De repente não mais que de repente fez-se triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente não mais que de repente
Soneto da Separação – Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim
- Ei, ei...no que você está pensando?
- Ah em nada!
- Eu te fiz uma pergunta, você não vai responder?
- O que foi Assai?
- Ora Verônica você fica tão distante às vezes, te perguntei sobre o Danú? Se você está com saudade dele.
- Claro que sim.
- Nossa! Quanto entusiasmo!
- Estou com saudade e só, o que você quer que eu diga?
- Que está ansiosa pra encontrílo, que está morrendo de saudade, que sente falta dele, que qualquer coisa, menos o "claro que sim" sem graça que você me respondeu.
- O que você quer de mim Assaí? Eu sinto a falta dele sim, e já conversamos sobre este assunto...espere, baixe-se... – as duas moças se inclinaram e Verônica observou atentamente a criatura que vinha correndo na direção das duas, era só mais um dos dinossauros da região, um estauricossauro (15).
As duas continuavam abaixadas escondidas atrás de algumas folhagens, o estauricossauro parou a alguns metros, Verônica já estava com uma de suas facas na mão, mas para espanto das duas o animal olhou em volta e correu em outra direção. As duas se entreolharam e sorriram.
- Desta vez tivemos sorte. – falou uma Assaí aliviada.
- Espero que tenha sido só sorte e não um predador maior rondando por aqui.
- Que pessimismo Verônica! Ele só achou outra coisa pra fazer.
É realmente, você está certa. – a loira riu de si mesma, pela preocupação excessiva, e para mudar o clima de apreensão acrescentou – O professor Challenger iria adorar ter visto isto, ele ficaria fascinado e logo chamaria o Summerlee para discutirem o assunto, dizendo sempre que ele previa isto ou aquilo, e o Malone estaria escrevendo um milhão de palavras sobre o que viu... – Ela parou de falar porque Assai começou a rir.
- Lá vamos nós outra vez falarmos do Sr. Malone, o Sr. Malone disse isto, fez aquilo, faria aquilo outro...você reparou que fala mais nele do que em qualquer outra coisa?
- Não é verdade, falo dos outros também.
- Tudo bem você fala dos outros também, nem vou tentar convencê-la que você fala mais dele, mas mesmo assim você não acha estranho estar sempre pensando neles, afinal você mal os conheceu.
É porque eram pessoas interessantes.
- Até mesmo aquela mulher?
Verônica torceu o lábio e levantou a sobrancelha, não era fácil pensar amigavelmente sobre a mulher que ela achava que a tinha vendido para o chefe dos Zangas, ela quis confirmar suas suspeitas mas Assai disse que não sabia nada sobre o acordo dela com seu pai, sendo assim ela nunca teria certeza absoluta, mas mesmo assim respondeu:
– Até mesmo ela era interessante, apesar de tudo, ela tinha alguma coisa, não sei bem o quê, mas era interessante também, com isso eu não quero dizer que ela era boa ou m� ou que poderia confiar nela completamente.
- Sei...mas Verônica eles foram embora há meses, e talvez não voltem mais, além disso você deveria estar pensando em outras coisas, ou melhor em outra pessoa.
- Danú.
- Exatamente, se você pensa mais nestes estranhos do que em Danú, acho melhor você pensar um jeito de desfazer sua promessa.
- Nem passa pela minha cabeça, romper completamente com Danú, só não penso em me casar antes de achar meus pais, e sou muito nova também.
- Para os padrões da minha aldeia você deveria estar pensando em filhos, mas não vou comparíla conosco, quanto a esperar achar seus pais, isto esta me parecendo mais uma desculpa.
Verônica não respondeu, porque não tinha nada para dizer, elas continuaram andando pela trilha que levava até uma pequena queda d´água as duas tinham planejado um refrescante banho. Quando estavam perto do local, Verônica começou a correr e Assai foi atrás.
- Verônica assim não vale você é muito mais rápida que eu e não avisou que iríamos correr! – ela falava quase gritando e tentando não ficar muito atrás da amiga.
Verônica caiu na água com um pulo da margem, e depois de alguns segundos Assai também se jogou na água, as duas ficaram lá rindo e se refrescando sem grandes preocupações, aquele local, ficava entre a aldeia e a casa da árvore e não costumava aparecer homens macaco, canibais ou grandes dinossauros, elas estavam relativamente seguras.
Depois de algum tempo as duas foram para a margem se secar ao sol, fazia um dia lindo, céu azul sem nenhuma nuvem no céu e uma pequena brisa que não ajudava a refrescar mas fazia com que o perfume das plantas se alastrasse no ar, como as duas estavam na beira do rio e molhadas elas não sentiam calor.
Assaí começou a falar de um dos guerreiros de Zanga, o jovem, forte, corajoso e bonito Jarl. Verônica ria e se animava através dos sonhos da amiga, ela descrevia como seriam os filhos dos dois, como seria a cerimônia de união deles (eles já estavam prometidos um para o outro, mas Jacoba não permitiria que o casamento se realizasse tão rápido, achava que a filha era jovem ainda, eles teriam que esperar pelo menos três anos), a conversa de Assai fluía naturalmente, e era normal o assunto ser este, entre duas jovens.
Verônica se levantou e pegou alguns morangos silvestres enquanto Assai continuava descrevendo seus planos e como tinha sido o casamento de outra menina da aldeia realizado à apenas duas semanas.
O sol não estava mais no centro do céu quando Assai disse que deveria ir embora, Verônica nem pensou em pedir para elas ficarem mais tempo, sabia que se a amiga não fosse naquele momento, correria o risco de chegar na aldeia ao escurecer e isto não seria seguro, as amigas se despediram e Assai prometeu que voltaria a visitíla o mais rápido possível.
Verônica também tomou o caminho de sua casa, pegou mangas no caminho e foi seguindo não pensando em nada só sentindo o cheiro da floresta quente e úmida.
Quando chegou em casa já não conseguiu mais manter os pensamentos longes, a casa vazia, a poeira no laboratório do pai, tudo em silêncio, os únicos sons eram da selva em volta de sua casa, colocou Chopin na vitrola mais para fazer barulho do que para ouvir a música, e se lembrou das palavras daquele senhor tão carinhoso no dia em que os exploradores chegaram a sua casa e ela colocou o mesmo disco para tocar. "eles irão voltar" ela se forçou a pensar "o Challenger disse que voltaria, eles irão voltar e eu não ficarei mais sozinha".
Mas mesmo com este pensamento que poderia confortíla, ela não conseguiu segurar as lágrimas que brotavam nos seus olhos, mas uma noite se aproximava e seria mais uma longa noite solitária cheia de sonhos que ela não entendia.
A partir da noite em que os exploradores partiram através da passagem na caverna que a Assai os guiou ela começou a ter estes sonhos, a presença deles era tão forte nos seus sonhos que era quase como se fosse real cada uma das inúmeras aventuras fantásticas que ela vivia neste mundo irreal.
Ela achava que sonhava com eles porque eles lhe mostraram o quanto ela estava solitária. Antes da chegada deles ela não pensava muito no assunto, mas depois daqueles dias em que a casa ficou cheia de sons e cheiros que não eram os dela, mas de outras pessoas, ela não pode mais fingir que não estava só.
E há dias ela pensava se não deveria ter ido embora com eles, e conhecido à terra de seus pais e todas as outras coisas que ela só tinha visto em livros, e principalmente estar cercada de pessoas, e talvez ela pudesse ter longas conversas com aquele rapaz que não tirava os olhos dela...
ContinuaNotas
Primavera, Verão, Outono, Inverno...Primavera, Verão... , inspirado no título de um filme de origem asiática.
(15) Estauricossauro (nome científico Staurikosaurus pricei): viveu no período Triássico médio (por volta de 210 milhões de anos atrás), pesava cerca de trinta quilos, era um pouco menor que um lobo. Seu tamanho era de cerca de dois metros (o equivalente a uma moto), era carnívoro. É um dinossauro brasileiro e seus restos foram encontrados no Rio Grande Sul. Eustaricossauro significa lagarto Cruzeiro do Sul.
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