- Você não está sozinho. – Murmurei, sentindo-o se agarrar mais a mim.
Merda! Qual era o problema das minhas emoções naquele maldito dia?
(¯·..·¯·..·¯)
Eu...não estava sozinho?
Aparentemente não. O corpo forte contra o meu não era um sonho ou alguma fantasia, era bem real.
Eu simplesmente não conseguia entender o que realmente estava acontecendo. Bem...na verdade eu nem queria. Bastava apenas ficar com aquela sensação de conforto e proteção.
Certa vez mamãe me disse que teve um filho antes de mim, mas que não sobreviveu ao parto. Imaginei Heero como sendo esse irmão. Ele era tão...protetor, exatamente como eu imaginava que um irmão mais velho seria.
Talvez eu o visse dessa forma.
Talvez eu estivesse conseguindo entender aquela enxurrada de sentimentos que me invadia.
- Boa noite, Heero. – Sussurrei, afundando o rosto em seu peito.
- Boa noite, Duo. – Ouvi a resposta baixa e adormeci em seguida.
Estar com Heero era como estar em casa.
(¯·..·¯·..·¯)
Duo parecia um anjo dormindo. Tão lindo...tão inocente.
Eu não queria desejá-lo, mas era algo que estava longe do meu alcance.
Passei longos minutos apenas observando-o. Seu corpo se encaixava de forma perfeita no meu. Suas mãos descansavam em meu peito, próximas a seu rosto.
Abandonei meus pensamentos "quase" pervertidos e tentei dormir. Tarefa que sempre fora árdua para mim, já que os pesadelos se recusavam a me abandonar. Mas estranhamente naquela noite, no meio do mato, com Duo em meus braços eu tive a noite de sono mais tranqüila em sete longos anos.
Será que eu havia encontrado meu lar?
(¯·..·¯·..·¯)
Abri os olhos, mas tive que fechá-los novamente. A claridade era intensa demais.
- Hum... – Soltei um gemido satisfeito ao sentir aquela sensação tão gostosa de calor humano.
Calor humano?
Eu não estava na minha cama no Seminário. Eu nem ao menos estava em uma cama. Eu estava...deitado sobre o corpo de Heero! Cristo! Durante a noite, provavelmente, eu havia me ajeitado contra o japonês de tal forma, que quando acordei, estava simplesmente deitado sobre ele!
- Duo? – Vi os olhos azuis piscarem várias vezes, até se acostumarem com a luz intensa. – Bom dia? – Ele perguntou, parecendo incerto.
- Eu diria que...sim. – Sorri e me sentei na grama, me espreguiçando.
- Mesmo? – Ele se sentou também.
- Tirando o fato que eu dormi em cima de você, acho que o dia pode começar bem! – Ofereci meu sorriso mais brilhante e ele pareceu satisfeito.
- Durante a noite você tremia de frio, fui eu que te coloquei sobre mim. – Vi suas bochechas corarem e sorri.
- Obrigado! Eu tenho sérios problemas com frio! – Me levantei, sacudindo minha roupa. – Vamos agora?
- Claro! – Ele se ergueu velozmente e andou até o cavalo, pegando duas maçãs em uma bolsa. Me jogou uma e comeu a outra, enquanto preparava o animal para a viajem.
Fizemos todo o percurso em silêncio absoluto. Eu com minhas dúvidas de como minha vida ficaria dali para frente e Heero parecia atento a tudo, talvez preocupado com o homem do dia anterior.
Além das minhas dúvidas, também existiam aqueles sentimentos e vontades estranhas. Eu o estava considerando como um irmão, um amigo, mas então...por que aquele desejo de ficar perto de seu corpo?
Corei com o pensamento. Era errado sentir aquilo? E...o que era aquilo afinal? Droga! Queria tanto que minha mãe estivesse comigo para me explicar todas aquelas coisas confusas...mas eu teria que descobrir sozinho. Bem...quem sabe Heero me ajudasse?
(¯·..·¯·..·¯)
- Duo? – Chamei pela terceira vez o americano. Ele estava simplesmente parado em frente a minha casa, para onde eu tinha me dirigido assim que chegamos a cidade. – Duo! – Aumentei minha voz e ele pareceu perceber minha presença.
- Sim? – Ele me mirou de forma confusa. – O que estamos fazendo...hum...na sua casa? – Eu levantei uma sobrancelha, não acreditando no tamanho de sua inocência. – Quer dizer...aqui é um pouco afastado do resto da cidade...e eu preciso procurar um emprego...então...
- O que você acha de parar para respirar? – Ele abaixou a cabeça, parecendo envergonhado e eu me estapeei mentalmente.
- Desculpe, senhor Yuy, eu não queria te aborrecer. Eu vou agora mesmo voltar para a cidade a pé, e muito, mais muito obrigado mesmo por ter me trazido até aqui.
- Você está fazendo de novo. – Disse de forma divertida, notando suas bochechas corarem.
- Me perdoe, senhor Yuy, eu vou tentar... – Cristo! Ele não calava a boca?
- Apenas escute, sim? – Ele assentiu. – Eu achei que você poderia ficar aqui até encontrar outro lugar. – Duo ergueu a cabeça, arregalando os olhos. – Bem...você salvou a minha vida acertando uma pedra naquele imbecil, e eu acho que ter te trazido até aqui não foi o suficiente para mostrar minha gratidão. – A quem eu estava querendo enganar? Droga! A verdade era que deixá-lo no meio da cidade com toda aquela inocência não me parecia uma boa idéia...merda! Eu o queria perto de mim! – Então eu gostaria que ficasse aqui e eu também posso te ajudar a encontrar algum emprego ou quem sabe quando você resolver, eu posso te levar novamente para casa. – Respirei fundo, surpreso em como tantas palavras haviam deixado minha boca em um espaço tão curto de tempo.
- Eu não vou voltar. – Ele sussurrou. – Mas quando as outras propostas, senhor Yuy...
- Heero.
- Hum...Heero...eu acho o senhor... – O olhei de forma séria. – Você...eu acho que você é uma das melhores pessoa que eu já conheci, mas eu não posso aceitar. – Fechei as mãos, tentando conter a súbita raiva que me invadiu.
- Por que não? Você prefere ficar nas ruas? Correndo o risco de ser estuprado? – Ele me olhou de forma confusa, como se não estivesse entendendo minhas palavras. – Se você ficar nas ruas...alguém pode tentar...hum...te tocar como aquele homem tentou. – Duo arregalou os olhos em choque e deu um passo para trás.
- Não...eu não quero isso... – Vi seus olhos encherem-se d'água. – Mas...eu não posso simplesmente ficar na sua casa...você já foi muito gentil comigo por algo que não merecia tanta gentileza!
- Como não, Duo? – Me exasperei. – Aquele homem ia no mínimo me dar um tiro! Eu estava de costas para ele! – Praticamente gritei.
- Eu aprendi que quando fazemos o bem não devemos esperar recompensa...ajudar alguém já o todo o pagamento que preciso. – Ele baixou os olhos, ruborizando com as próprias palavras.
- Eu... – Me surpreendi e deixei um sorriso escapar. – Certo então podemos fazer assim... – Passei a mãos pelos cabelos. – Eu fico o dia todo fora, então minha casa precisa de arrumação essas coisas. – Ele me mirou curioso. – E também sou uma negação para cozinhar. A propósito, você sabe cozinhar? – Ele afirmou com a cabeça. – Você pode ficar responsável por essas tarefas, seria um meio de "me pagar" sua estadia aqui até arranjar um emprego ou um outro lugar. – Que desculpa estúpida! – Se for assim você aceita?
(¯·..·¯·..·¯)
- Eu...eu...bem...eu... – Não era uma má idéia...na verdade a idéia me parecia extremamente tentadora, mas será que eu deveria me aproveitar da boa vontade dele?
- Você não tem muitas opções. – Bem...ele tinha razão...
- Eu não acho que seja...
- Duo... – Ele se aproximou. – Eu não vou te atacar, eu juro. – Notei o tom temeroso e entendi o significado da palavra "atacar".
- Não! Eu sei que não! Não estou achando isso! – Respondi exaltado. – Eu jamais pensaria algo assim de você! – Senti meu coração bater mais rápido. – Eu confio em você. – Murmurei.
- Fico feliz que pense assim. – Ele deitou a palma da mão na minha bochecha. – Então você aceita?
- Se você diz que não se importa... – Vi que Heero esboçava um sorriso. – Eu fico sim. – Agora sim ele deu um sorriso de verdade! – Muito obrigado por fazer isso por mim. – Coloquei minha mão sobre a dele e fechei os olhos. – Se meu irmão estivesse vivo gostaria que ele fosse como você.
- Irmão? – Abri meus olhos a tempo de ver a decepção cruzar aquela íris azul.
- Sim...irmão. – Sorri de forma genuína não entendendo aquela expressão decepcionada.
(¯·..·¯·..·¯)
O quão estúpido eu podia ser quando estava perto dele?
Aparentemente eu parecia exceder todas as margens consideradas "seguras" da idiotice. Como eu poderia pensar que Duo fosse me ver como mais que um amigo? Um protetor?
Merda! Merda! Merda!
Recolocando minha máscara o olhei da forma mais fria possível, mas aquele sorriso...merda de novo! Simplesmente eu não conseguia ficar sério perto dele!
- Vamos entrar? – Perguntei me afastando.
- Claro!
Abri a porta e deixei que ele entrasse primeiro e bem...eu tentaria entrar depois se Duo não tivesse ficado parado na porta.
- Duo...eu quero passar. – Sussurrei em seu ouvido, sentindo-o estremecer.
- Eu... – Ele se afastou. – Heero, diga a verdade, por que me quer aqui?
(¯·..·¯·..·¯)
Definitivamente havia algo de errado naquela história! Heero não podia me querer ali para arrumar algo, ou limpar, ou algo parecido. A casa era simplesmente impecável! Nada fora lugar e tudo absolutamente limpo.
- Duo, a verdade é que...eu não quero ver você nas ruas...você é...inocente demais e podem te fazer algum mal. – Eu cruzei os braços sobre o peito e o encarei.
- Eu não sou tão inocente assim não, tá? – Mostrei a língua e virei novamente, lhe dando as costas.
- Tudo bem, mas mesmo assim...fica? – Eu algum dia conseguiria negar alguma coisa para aquele japonês? – Eu falava sério quando disse que não sabia cozinhar! – Ele se moveu para minha frente depois de trancar a porta.
- Eu fico sim, Heero...eu não tenho pra onde ir. – Abaixei minha cabeça, mirando o piso de madeira brilhante. – Mas assim que eu conseguir um trabalho eu saio daqui.
- Não tenha pressa...eu vivo tão sozinho aqui... – Eu sabia que ele estava me manipulando, mas...droga! Quem disse que eu me importava?
- Certo então, Heero...você acabou de ganhar um companheiro!
(¯·..·¯·..·¯)
Não pude deixar de notar a ambigüidade da frase, mas sabia bem que não havia sido de propósito. Duo me via como um...irmão.
Suprimi um grunhido de insatisfação quando constatei que jamais poderia tocá-lo da forma que desejava, mas o que mais me incomodava era o fato que havia algo mais que desejo dentro de mim...eu queria protegê-lo. A quem eu estava tentando enganar? Toda aquela inocência era simplesmente encantadora, até mesmo para um homem como eu.
- O único problema é que não tem mais um quarto aqui. – Ele continuou sorrindo e eu me indaguei mentalmente como ele conseguia sorrir tanto. – Eu preferi que construíssem uma biblioteca e creio que não seja muito confortável dormir lá.
- Eu não me importo, Heero, eu durmo em qualquer lugar que você mandar. – "Que tal na minha cama comigo?" Pensei, mas obviamente não vocalizei aquele meu desejo obscuro e absurdo.
- Como você disse que tem problemas com frio, eu pensei que você pudesse dormir ali perto da lareira. Eu posso colocar uns cobertores sobre o tapete e...
- Está ótimo, Heero! – Vi que seu sorriso sumiu, dando lugar a uma expressão confusa. – Bem...e agora?
Eu o olhei incerto. Realmente...só naquele momento eu realmente pensei o que estava fazendo...eu estava colocando um perfeito estranho em minha casa. E a pior parte disso tudo era que eu simplesmente não me importava com aquilo!
- Agora eu acho que você deve querer tomar um banho, suponho. – Vi suas bochechas corarem. – Quer que eu encha a banheira pra você?
- Banheira? – Ele me olhou confuso e surpreso.
- Temos água encanada, Duo, é algo novo, mas funciona muito bem.
- Ah. – A cor escarlate em seu rosto se intensificou. – Onde eu morava não tínhamos nada disso.
- Então acho que você deveria aproveitar! – Peguei sua mão e mostrei os cômodos da casa, mantendo apenas minha biblioteca longe de seus olhos curiosos.
- Heero, eu...bem...não tenho outra roupa. – Ele abriu os braços, deixando bem evidente que a peça que ele usava estava imprópria para ser vestida novamente.
- Vou procurar algo que caiba em você. – Respondi simplesmente, enquanto abria a torneira da banheira.
Notei seu olhar curioso e senti vontade de rir de toda aquela inocência. Como ele conseguia ser tão adorável?
(¯·..·¯·..·¯)
Hesitei por alguns instantes depois que Heero saiu. Deveria tirar toda a roupa para tomar banho? Isso era algo que eu não estava acostumado no Seminário. Lá toda e qualquer nudez era condenada e severamente punida.
Estremeci ao me lembrar dos castigos aos quais fui submetido, não só pelas vezes que me despi para me banhar, mas por várias outras razões. Não entendia como não tinha sequer uma marca em meu corpo. Pensando bem...entendia sim.
Foi aquele pensamento que me fez arrancar furiosamente toda a roupa de meu corpo, deixando o ar frio entrar em contato com a minha pele. Não queria lembrar daquele lugar e de tudo que havia acontecido lá.
Mais que rapidamente entrei na banheira e comecei a esfregar vigorosamente o meu corpo. Acho que estava tentando esquecer de tudo que havia acontecido no dia anterior. Menos da parte que conheci o japonês, claro. Sorri ao me lembrar de Heero e de como ele estava sendo bondoso comigo.
Assim que terminei o banho notei que minhas pernas e braços estavam bastantes avermelhados. Suspirei e tentei ignorar a leve ardência nessas partes, me erguendo.
- Duo, eu trouxe as roupas e toalhas para... – Eu arregalei os olhos quando Heero adentrou o banheiro.
Cristo! Eu estava completamente nu!
(¯·..·¯·..·¯)
Céu...eu estava no céu...e Duo, bem ele era um lindo anjo...nu. Completamente nu e molhado...Minha imaginação vagou nos poucos segundo que o observei.
Mas claro que logo meu senso voltou e eu percebi que anjos não enrubesciam ou tentavam cobrir suas partes íntimas.
- Heero... – O ouvi sussurrar e me virei.
- Desculpe-me, Duo...eu só vim trazer essas coisas para...
- Tudo bem. – Ele pegou a toalha que eu estava estendendo para trás. – Eu apenas não...bem...podemos falar sobre isso depois? – Senti vontade de bater minha cabeça contra parede.
- Como você quiser. – Deixei as roupas e mais toalhas sobre um pequeno balcão e me retirei rapidamente.
Fechei a porta e me encostei nela, sentindo meu coração bater de forma descompassada enquanto outra parte do meu corpo pulsava dolorosamente.
Duo era a imagem da perfeição...estonteante no seu corpo delicado e com suas curvas esplêndidas. Sem falar naquele cabelo...aquela cascata castanha caindo sobre seus ombros e moldando seu rosto de forma sublime...Céus! Ele era lindo!
Tentei abandonar esses pensamentos obscenos, mas foi humanamente impossível. A imagem de Duo nu e molhado ficou pairando sobre minha mente, fazendo minha calça apertar consideravelmente em uma parte específica.
Cristo! Eu havia me tornado um maníaco sexual?
(¯·..·¯·..·¯)
Minha respiração só se normalizou vários minutos depois que Heero deixou o banheiro. Eu havia ficado...apavorado. Por instantes quase intermináveis eu pensei que estava no Seminário e meu sangue gelou ao imaginar o castigo que receberia por permitir que outra pessoa visse meu corpo.
Quando todo aquele medo e espanto passaram peguei uma toalha e comecei a me enxugar com o pensamento completamente voltado para Heero. Aquele olhar que ele me lançou...eu não entendia, mas já o havia visto antes...em duas ocasiões diferentes. Me arrepiei com as lembranças desagradáveis e me vesti rapidamente, trançando meu cabelo em seguida.
Afinal Heero não me olharia daquele jeito...ele era diferente.
Saí com a cabeça baixa, sentindo minha face quente. Provavelmente estava corado. Encontrei Heero na sala, sentado em frente à lareira.
- Heero. – Chamei em um fio de voz.
- Sente-se aqui. – Eu caminhei lentamente e fiz o que ele pediu. – Eu queria me desculpar pelo que aconteceu, jamais deveria ter entrado daquela forma...você ficou envergonhado e...
- Está tudo bem. – Afirmei, mas mantive minha cabeça baixa. – É só que eu não estou acostumado a alguém me ver...sem roupa. – Senti minhas bochechas pegarem fogo. – No Seminário era...proibida qualquer nudez e também... – Ergui um pouco meus olhos. – Era punida, por isso fiquei um pouco...apavorado.
- Punida? – Ele ergueu meu queixo, fazendo-me encará-lo. – Como assim punida?
- Eles aplicavam castigos aos seminaristas que eram pegos tomando banho sem roupa ou apenas com a roupa de baixo. – Tentei desviar o olhar, mas ele segurou meu rosto de forma mais firme.
- Eles...machucaram você? – Cerrei os olhos, ao mesmo tempo em que me afastava dele, me encolhendo.
As lembranças eram bastante dolorosas. Mas...talvez compartilhá-las diminuiria o peso sobre meus ombros e sobre meu coração.
- Al...algumas vezes. – Abracei meus joelhos. – Mas...Heero por que ficar nu é pecado? Por que eles me batiam por isso? Eu...não entendo...eu não estava fazendo nada demais. – Senti meus olhos arderem pelas lágrimas contidas.
- Se você sabia que não podia por que fazia, Duo?
- Eu...não achava errado...e também achava que ninguém nunca me veria, mas Padre Maxwell parecia ter espiões por todo o lugar. – Suspirei. – E esse não era o único motivo para eu ser castigado...acordar um pouco mais tarde, declamar trechos errados da Bíblia...tudo era motivo para ele...me bater.
- Mas...ele te castigava só por isso? Ou...por que você deixava os outros...verem seu corpo. – Arregalei meus olhos e logo depois senti uma onda de raiva me invadir.
- Nunca! – Praticamente gritei. – Eu nunca faria isso! – Me assustei com meu tom de voz e abaixei a cabeça. – Desculpe...eu quis dizer que meus castigos eram porque o Padre Maxwell me via tomando banho nu.
- Me desculpe você...eu nunca deveria ter insinuado isso e nem ter te feito lembrar dessas coisas...deve ser doloroso. – Ele se aproximou e tocou meus cabelos.
- Tudo bem...eu quero falar. – Tentei sorrir, mas fracassei miseravelmente. – Na maioria das vezes que fui castigado por esse motivo, Padre Maxwell me mandava ficar ajoelhado por horas seguidas...mas houve uma vez em que... – Respirei fundo. – Ele invadiu o quarto de banho e quando viu que eu estava nu desamarrou a tira de couro que tinha na cintura e...me bateu. – Sufoquei um soluço. – Muitas e muitas vezes...até que a cor da água da tina ficasse vermelha. – Sentir Heero me abraçar e envolvi seu pescoço.
- Shh. Já passou. – Ele sussurrou carinhosamente. – Por que ele fazia essas coisas, Duo?
- Ele me batia enquanto gritava que aquilo era pecado porque...despertava o desejo dos outros e que a luxúria era a destruição do homem. – Afundei o rosto em seu pescoço. – E em umas das vezes ele...me bateu dizendo que deixaria meu corpo marcado para que ninguém me desejasse, mas...ele não conseguiu.
- Como assim?
- Ele...tentava me marcar, Heero...mas nunca conseguiu...as marcas...sumiam...Mas ele sempre tentava, procurava meus erros, tudo para me bater e me ferir...nos últimos tempos tudo estava mais difícil, tudo que eu fazia era motivo para ele...me desnudar e me bater...até que um dia ele... – Hesitei e resolvi ocultar certa parte da história. – Até que eu resolvi fugir.
- Cristo! Isso é contra lei! Eu vou prendê-lo e...
- Não. – Sussurrei. – Apesar de tudo isso foi graças a ele que não morri de fome. Meus pais quase não tinham o bastante para si próprios então tio Maxwell me acolheu no Seminário, onde eu tinha comidae um teto...eu...devo isso a ele.
- Tio Maxwell?
- Sim...Padre Maxwell é irmão do meu pai. – Me afastei do abraço e mirei aqueles orbes azuis. – Eu não quero que meu pai tenha mais esse desgosto...eu prefiro que meu tio...fique livre.
- Entendo, mas, Duo...por que então você não tem marcas? Ele...tratava de você depois?
- Não, Heero...havia um garoto... – Sorri. – O nome dele era Solo...ele cuidava de mim. – Deixei as lembranças de meu amigo invadirem minha mente. – Ele sumiu um pouco antes de eu fugir...acho que Padre Maxwell também tentava...tocar nele.
Solo...era a única coisa boa daquele Seminário. Não que eu estivesse sendo ingrato, mas a vida lá não era a melhor possível, mas jamais me queixei. Os castigos, as regras rígidas...era tudo muito difícil pra mim. Eu estava lá apenas por meus pais. E também por Solo.
Ele foi meu único amigo.
(¯·..·¯·..·¯)
Definitivamente eu era um crápula. Um maldito desgraçado que conseguia desejar uma criança. Deveriam me prender e me amarrar por isso.
Duo havia sofrido tanto...sem que eu permitisse uma sensação estranha se apossou do meu peito, junto com uma necessidade incontrolável de protegê-lo.
- Que bom que você tinha um amigo, Duo. – Eu disse de forma controlada, mas queimando de...ciúmes?
Balancei a cabeça...era inconcebível que eu estivesse sentindo ciúmes do amigo de Duo! Mas...esse tal de Solo podia ver o americano nu quando cuidava dele...Cristo! Alguém tinha que fazer aqueles pensamentos sumirem!
E eu deveria bater minha cabeça contra a parede diversas vezes.
- Muito obrigado por me ouvir, Heero. – Ele sorriu de forma encantadora e eu me perdi naquele sorriso.
- Eu...eu....eu... – Fechei os olhos e respirei fundo. – Vou tomar banho...fique à vontade.
Assim que entrei no banheiro me encostei à porta e fiz a descoberta mais apavorante de toda a minha vida.
Amor a primeira vista realmente existia.
Continua...
Hey, pessoas.../Arsinoe enxugando as lágrimas/
Muito, mas MUITO OBRIGADO MESMO pelas reviews! Fico muitíssimo feliz ao ver que vcs estão gostando do que eu estou escrevendo!
E graças a esses reviews resolvi publicar logo o segundo cap! Mas o próximo pode demorar um poukinho mais...mas vou me esforçar!
E a Bulma-chan, se não me engano, perguntou sobre como o Heero sabia que o Duo era americano, bem...falha minha...eu deveria ter deixado claro que a fic se passa nos Eua....logo o Heero iria concluir a nacionalidade do Duo...gente...foi mal mesmo...mas realmente eu não achei algo relevante a se colocar na fic...mas como perguntaram...eis a resposta! Vou tentar ficar mais atenta! .
Quanto a esse cap...eu o adorei...espero que vcs também!
Talvez eu esteja pedindo demais...mas...reviews saum super bem vindas!!!!
Bjoks!
Arsinoe
