i Será que ninguém vê /i

i O caos em que vivemos /i

i Os jovens são tão jovens /i

i E fica tudo por isso mesmo /i

i A juventude é rica, a juventude é pobre /i

i A juventude sofre e ninguém parece perceber /i

Bebida, diversão, jogo, cartas, dinheiro. Garotas, beijos, emoção, liberdade. Fantasia, loucura, insanidade, falta de ar. Conta, dinheiro, garçom, carteira, troco, gorjeta. Carro, saída, combustível, chave, estrada. Risadas, pessoas, bebida, carpete, bancos, manchas.

A vida era incrivelmente boa agora que tinham dinheiro para gastar e noitada inteiras para aproveitar. Ainda não estava perfeito, se sua mãe os pegassem eles teriam que abaixar a cabeça do mesmo jeito que abaixariam se fossem dois moleques de seis anos. Bom, certas coisas nunca mudam, como por exemplo, o temperamento de sua mãe.

Era estranho e irresponsável fazer o que faziam, pelo menos com uma guerra horrível acontecendo e eles estando tão ativos nela. Mas se pensassem assim não seriam quem eram, não seriam os gêmeos Weasley.

i Eu tenho um coração /i

i Eu tenho ideais /i

i Eu gosto de cinema /i

i E de coisas naturais /i

i E penso sempre em sexo, oh yeah /i

i Todo adulto tem inveja dos mais jovens /i

Rivalidade, ignorada, companheirismo, embriagues. Weasley, Malfoy, momento. Madrugada, mal-estar, hospital, médico, sermão, remédio, blá blá blá, risadas. Carro, partida, entrega, pessoas, casa, adeus. Semana que vem, festa, bebida, diversão, combinado. Adeus, até.

Seu pai já os havia alertado do risco que corriam e ele ameaçou contar para Molly o que estava ocorrendo, até que um dia comentaram que encontraram Malfoy nessas festas. Pelo visto o Comensal mirim também não queria desperdiçar sua juventude entrando de corpo e alma numa guerra. Lutando até a morte por uma causa que não era sua.

Eles se odiavam, mas depois do quinto Rum Esfumaçante todo mundo era amigo, como se não existisse passado ruim o suficiente para acabar com uma amizade selada com bebida. Se por acaso se encontrassem de dia, lutariam até um lado pender, mas de noite era tudo paz depois que o álcool subia.

Deixaram primeiro as garotas em casaé sempre bom ser cavalheiros. Os homens às vezes desciam junto com elas e preferiam ir à pé, gastar todas as calorias da bebida, ou só mesmo deixar o efeito do álcool ir embora para que quando chegassem em casa ninguém lhes perturbasse. Mas Malfoy sempre pegava carona com eles até um certo ponto, que deveria estar perto da famosa Mansão Malfoy. Geralmente corria tudo bem.

i A juventude está sozinha /i

i Não há ninguém para ajudar /i

i A explicar por que é que o mundo /i

i É este desastre que aí está /i

i Eu não sei, eu não sei /i

i Dizem que eu não sei nada /i

i Dizem que eu não tenho opinião /i

i Me compram, me vendem, me estragam /i

Sozinhos, rivalidade à tona, embriagues, discussão. Briga, palavrões, socos. Malfoy, estrada, atrás. Casa, amanhecer, cautela, mãe, cama, irmãos, idem. Escadas, rugidos, estremecimento, silêncio, alívio. Banheiro, chuveiro, sabonete, conforto. Cama, lençol, aconchego. Sono.

Malfoy largou-se no banco de trás do banco.

-Weasley, Weasley. Por que correr tanto? Gosto de aventura ou medo da gorda?

Jorge já estava bêbado, se soltasse a mão do volante eles morreriam, por isso ficou para Fred fazer o serviço.

-Cale a boca, Malfoy. Você está de carona e em menor número.

-Pouco me importa.

Fred nem olhou para Jorge para pedir comprovação, se atirou no banco de trás socando. Jorge freou o carro e abriu a porta, Fred o chutou para fora do carro.

-Nos vemos semana que vem, Malfoy! –gritaram os dois quando o carro partiu de novo e o loiro ficou para trás.

Eles chegaram bem alegres em casa, mas trataram de se acalmar. Malfoy poderia ser o asno que fosse, mas estava certo, eles tinham medo da mãe. Mas tão grande quanto o medo foi o alívio de se deitarem na cama macia.

i E é tudo mentira, me deixam na mão /i

i Não me deixam fazer nada /i

i E a culpa é sempre minha, oh yeah /i

i E meus amigos parecem ter medo /i

i De quem fala o que sentiu /i

i De quem pensa diferente /i

i Nos querem todos iguais /i

i Assim é bem mais fácil nos controlar /i

-Não deviam sair assim –disse Arthur, num tom mais baixo para que Molly não o ouvisse.

Fred e Jorge estremeceram.

-A mamãe...

-Molly não sabe, mas se continuarem saindo toda noite mais dia, menos dia ela vai perceber.

-Vamos tomar mais cuidado da próxima vez.

Era só uma frase, não significava nada, não tinha que ser necessariamente levada ao pé da letra. Mas todos ali sabiam disso, ninguém estava sendo enganado. Arthur suspirou.

-Encontraram o Malfoy de novo?

É. Ele tava num bar qualquer, pegou carona com a gente.

-Pegou carona? Não houve briga?

Jorge riu.

-Houve, mas a gente já tava vindo, já tinha deixado um pessoal em casa. Eu e o Fred demos umas porradas nele...

-... ele mereceu...

-... e depois deixamos ele no meio da estrada, pra deixar de ser folgado.

Arthur quase se preocupou com o garoto, dependia muito do garoto Malfoy para acabar com a família dele, mas não pensou muito nisso. Percebeu então nada tinha acontecido nessa noite... Draco Malfoy passava as noites se divertindo enquanto Arthur ficava preocupado. Tinha que saber controlar sua ansiedade.

Tempo, breve.

i E mentir mentir mentir /i

i E matar matar matar /i

i O que eu tenho de melhor: minha esperança /i

i Que se faça o sacrifício /i

i E cresçam logo as crianças /i