i Ausente o encanto antes cultivado /i

i Percebo o mecanismo indiferente /i

i Que teima em resgatar sem confiança /i

i A essência do delito então sagrado /i

Estava sangrando e tinha uma perna destroçada, mas Voldemort estava tão ruim quanto ele.

Havia um inimigo mortal à sua frente, e cada mínimo movimento podia valer a vida de um dos dois, mas tudo o que ele conseguia pensar era em Gina caída a metros de distância, ensopada numa poça de sangue.

Sentia um ódio que nunca pensou ser capaz.

Dumbledore sempre fez questão de lhe dizer que não podia fazer o jogo de Voldeort, que o que este queria é que ele realmente ficasse com ódio, e que isso não deveria acontecer. Mas o fato é que não conseguia evitar. Não era bobo, não era hora para ter esperanças utópicas... Gina estava morta.

Mais do que ódio, também sentia um desespero enorme. Perdera alguém que lhe era muito caro, e não queria perder mais ninguém Que se fosse para morrer, que os dois se fossem agora, mas que as outras pessoas ficassem em paz.

Chegava de Aquele-que-não-se-nomeia e menino-que-sobreviveu! Eram dois homens ali, ambos feridos e desesperados para manterem suas crenças firmes e fortes, e que fariam de tudo o que pudessem para que o outro morresse. Voldemort não tinha escrúpulos, mas os de Harry agora pouco se importavam em ter que matar o homem à frente, pelo contrário, todo o seu corpo e sua alma lhe mandavam fazer isso.

i Meu coração não quer deixar /i

i Meu corpo descansar /i

i E teu desejo inverso é velho amigo /i

i Já que o tenho sempre a meu lado /i

Pensava agora ironicamente em outro inimigo seu, um que se fora há alguns anos. Draco Malfoy fora assassinado aos 16 anos, sem nem mesmo saber o porquê, mas ele sabia. E se lamentava. Mas não podia deixar sempre de pensar em Draco e lhe agradecer imensamente, seus atos secretos e inúteis tinham mudado o curso da guerra, de um modo que ambos os lados estavam em situação difícil.

Por causa dos erros de Draco ele pudera ter uma casa, uma esposa e pensar num futuro. Sobrevivera seis anos a mais, durante os quais ele pudera planejar com calma o momento horrível que vivia agora.

Outra ironia.

Preparar tanto esse momento que sempre imaginou que a luta final fosse ser marcada com data e hora, e os dois compareceriam com honra, um para vencer, outro para morrer. Mas muito pelo contrário tudo acontecera desordenadamente, e sua lua-de-mel transformara-se em seu pior pesadelo. Toda a preparação fora praticamente inútil.

Mas mesmo que fosse morrer, mesmo que já não agüentasse mais, tudo o que queria era continuar. O corpo estava exausto, mas a mente mais ligada que nunca. Era hora que se acabar com aquilo tudo, para o bem ou para o mal.

i Hoje estão aceitas pelo nome /i

i O que perfeito entregas mas é tarde /i

i Só daria certo aos dois que tentam /i

i Se ainda embriagado pela fome /i

-Vamos, Potter. Com medo?

Ele respirou fundo e achou forças para revidar.

-Não mais do que você.

Os dois estavam com a varinha empunhada para o coração do outro, pensavam em dizer o tão temido feitiço, mas as conseqüências disso poderiam ser desastrosas.

-Você bem que gostaria de ter seus amigos agora, não? Seus encapuzados poderiam lançar o feitiço em mim, todos ao mesmo tempo.

-A verdade é que todos eles são inúteis, o que tem que ser feito sempre só sairá perfeito caso você mesmo o faça. Mas creio que você sim gostaria que sua amada estivesse ao seu lado, mesmo que não fizesse nada comigo.

Pronto. Ele lhe tocara a ferida, tinha que se controlar para não fazer besteiras, mas era tão difícil...

i Exatos teu perdão e tua idade /i

i O indulto a ti tomasse como bênção /i

-AVADA KEDAVRA! –gritaram os dois em uníssono.

Os feitiços atingiram seu alvo em cheio no peito. Não houve tempo para reações retardadas, para comemorações, pestanejos ou qualquer coisa. Morreram simplesmente.

Vieram do pó, mas ainda não tinham se juntado a ele, embora isso fosse acontecer em pouco tempo. Quando os corpos foram achados, quase 36 horas depois, algumas já partes já haviam entrado em decomposição.

i Não esconda tristeza em mim /i

i Todos se afastam quando o mundo está errado /i

i Quando o que temos é um catálogo de erros /i

i Quando precisamos de carinho /i

i Força e cuidado /i

O nome de Harry Potter foi escrito num livro e a seu respeito várias coisas bonitas foram creditadas.

Voldemort entrou para a história da Inglaterra como o maior bruxo das trevas de todos os tempos, mas isso só até que um novo maior bruxo das trevas de todos os tempos aparecesse, o que não demorou nem três décadas.

Livros e livros foram dedicados aos dois, alguns escritos por amigos, parentes, sendo o mais famoso i Nada de herói, um homem /i . Livro que por acaso veio a ser escrito por Gina Potter, esposa do falecido herói que lhe julgara morta, em revolta a tanta mistificação de seu marido.

E anos depois de tanta luta, de tanto desespero, de tanta revolta e dor, Harry Potter virara um nome qualquer num livro empoeirado esquecido na estante.

i Este é o livro das flores /i

i Este é o livro do destino /i

i Este é o livro de nossos dias /i

i Este é o dia dos nossos amores /i

N/A: Só falta um capítulo para que essa fic finalmente acabe! platéia comemora. Ok, gente, eu sei que essa demorou pra desenrolar, ficou mó tempo parada, mas pode deixar que na próxima semana ela se conclui. Só não sai antes porque eu estudo de manhã, faço cursinho à tarde e estudo e faço dever de casa à noite, então enquanto eu não defino direito meus horários fica meio difícil arranjar tempo pra ler ou escrever. Agradeço a todos que leram até aqui! Bjokas, Asuka (Sukita, Suka, Refri, Coca e por aí vai...).