Observação: Novamente, nada que se relacione diretamente aos personagens de 'Saint Seya' me pertence. Yong Li é material ficcional de minha autoria, e portanto não tem relação alguma com os originais de CDZ.
O capítulo é curto, mas é melhor que seja assim, por questões de 'logística pessoal', mas também por efeito estético: ajuda a preservar um ritmo mais acelerado.
Gênese
Capítulo 1
In Shaka We Trust.
Shaka sempre meditava ao fundo de sua casa de Virgem, em um jardim cercado de oliveiras e pessegueiros. O cheiro da mudança, impregnado no ar, já lhe dizia que ela estava chegando, chegando, movendo o ar por todos os lados, com cheiro de lírios nos cabelos. Mu se aproximou timidamente, em silêncio, balançou os cabelos claros, sabendo que ainda que de olhos cerrados, Shaka sabia exatamente onde ele estava e como esatria passando a mão sobre os cabelos.
- Ela está chegando. – murmurou Mu.
- Eu sei. Está no ar.
- Ela vem atrás de Shiryu, Shaka.
- Disso eu também sabia.
Mu mordeu os lábios finos em descontentamento; é claro que Shaka também o viu, não com olhos de homens, mas com o olho do seu cosmo, que viam muito além ainda dos gestos humanos.
- Você se incomoda com a chegada dela?
- Incomoda você? - rebateu rápido.
- Sabe o que penso – os olhos abriram-se, inundados de sua luz própria, fascinante – agora que Athena derrotou Hades, só há dois pólos de poder no mundo: o Santuário e as Montanhas dos Dragões. Não acha que isso é perigoso demais?
- Não acredito que Yong-Li fosse atacar Athena. Os Seguidores dos Dragões são pacíficos e por mais de uma vez sacrificaram terras e posições éticas em acordos de paz. Yong Li, filha dos Dragões, só pode ter herdado a inclinação de paz dos templos.
- Não se sabe o que se passa na cabeça de Li.
- Você pretende descobrir?
- Mon cher! E por que não?
- Yong Li não teria como atacar Athena. Temos um santuário com 12 cavaleiros de ouro, cavaleiros de prata e bronze e Yong Li tem o que? Uma montanha com meia dúzia de monges guerreiros?
- Yong Li é uma deusa que não precisa ser defendida. Ao contrário, é a líder dos seus, a primeira guerreira na defesa das armas dos dragões.
- Eu sei. Eu já vi o treinamento da guarda. É uma coisa sobre humana.
- Sabemos então que Yong Li pertence a uma estirpe de guerreiros sobre humanos.
- Também temos poderes considerados sobre humanos.
- A questão não é essa, meu caro.
- A questão é que Yong Li é artífice dos deuses: fabrica armas e armaduras como não há outras, estou certo?
- Touchè. Já reparou na espada de bronze e titânio que ela carrega?
- Uma peça singular.
- Belíssima.
- Não precisamos de armas com nosso cosmo e nossas armaduras.
- Li não usa armas, fabrica-as. Fabrica armas com a força do seu cosmo e com metais que mão humana alguma teria como manipular.
- Os meus talentos de artífice não o impressionam mais, eu vejo.
- Você ainda me impressiona, Mu.
- Bem... – Mu mordeu os lábios nervosamente, uma onda de calor abrasou-lhe as bochechas muito brancas – se você quer mesmo se aventurar com a mestra dos dragões, não há mesmo muito que eu possa fazer, não é?
- É – Shaka levantou-se e deitou as mãos sobre os ombros delicados de Mu. – Mas você está levando isso muito à sério, meu querido.
- Eu não brinco com coisas sérias.
- Nem eu. – Shaka sorriu, pousando os lábios no pescoço esbelto de Mu, suave como o de uma virgem.
- Então é assim que acaba?
- Ou começa, meu querido.
- Athena pode considerar tudo isso uma traição.
- Prometi defendê-la de qualquer perigo, mas não prometi à deusa a fidelidade da minha admiração, Mu. Sou livre cavaleiro de Athena, não um mero empregadinho; sabe a diferença... seu argumento desesperado me faz pensar que sofre com a minha atenção dispensada à Yong Li.
- Sabe que eu sofro.
- Você sempre foi distante.
- E você auto-suficiente.
- Estamos 'lavando' a roupa do nosso relacionamento, Mu?
- Não, Shaka. Não temos mais um relacionamento, exceto profissional.
- Yong Li, Mestra dos Dragões, acaba de chegar ao Santuário, sabiam? - Era Marin. Ruiva, rápida, desconfiada. Ela conheceu Yong Li num passado distante. E agora sabia muito bem o que significava a volta dela.
- Olhe para ela, Mu. Esta mulher é o futuro.
- Não tenho certeza de que este futuro nos será de todo promissor, Shaka.
- Pois eu tenho certeza de que Buda diria que sim, o futuro é sempre promissor para os que assim desejam, meu caro Mu.
- A sua bela fé me justifica quase todos os sues erros, Shaka.
- Mas não todos, Mu. – Shaka deitou um beijo delicado nas mãos de Mu. E desceu as escadas da casa de Virgem, vendo ao longe a comitiva chegar, homens de púrpura cercando um mulher de vermelho. E mesmo de tão longe ainda ver os olhos negros firmes de Yong Li e sua arrogância que parecia afrontar cada pedra do Santuário, como se ali nada houvesse que não pedras, pedras entre ela e Shiryu.
E ao longe, mais longe ainda, Shaka via um desconcertado Shiryu, ao lado de Seya e Hyoga, trêmulo de antecipação e medo, vendo o destino cercá-lo e invadi-lo, inevitável que era, ele, o Destino, vindo buscá-lo no seu abrigo mais seguro.
- Mu, meu caro, veja! Ela não poderia ter escolhido um dia melhor! O Santuário em festa para receber Athena... hahaha. Grande Yong Li!
- Grande Yong Li... – murmurou Mu. – Grande caos o que se seguirá a sua chegada...
continua...
