Disclaimer: Sinto destruir suas ilusões, mas eu não sou dona dos originais de Saint Seiya, mas gosto MUITCHO e por isso escrevo fictions com eles.

Observação1: Lethe é o rio do esquecimento. Mitologia e canja de galinha não faz para ninguém...

Observação 2: Mushakismo explícito! Ahhhh! Eu me odeioooo! Sucumbi à febre Musakista e sou feliz... não me socorre!


A Gênese

Capítulo 12

Amor no Lethe

Li saiu do quarto de Aioria. Sua pálida e clama face de monja escondia uma tempestade. Escondia de quase todos, menos de Shaka, que de olhos fechados, via melhor que qualquer um.

- Li?

- Deixo Ishiro aos seus cuidados. – ela falou, de posse novamente do seu auto controle de Mestra Monja. – Faça com ele o que achar melhor: eu tenho certeza de que será sábio para lidar com ele.

Ela abaixou-se e abraçou Ishiro.

- Dionísio, querido, o seu futuro já foi escrito. Seja um bom menino.

- li, não se precipite, Aioria não está em condições de decidir sobre nada: nem tem 24 horas ainda que acordou. Deve star atordoado com tudo.

- Não,e ele está certo: minha indecisão chegou ao limite do suportável. Eu não tenho mais o que fazer aqui, agora que vejo que ele se restabeleceu. Eu sou monja e vou voltar para as montanhas, como estava previsto no princípio.

- Li, as coisas não são simples assim...

- São sim.

- Eu já fui como você um dia, Yong Li... nem sempre nos é permitido voltar.

- O que você sabe disso, Shaka?

- Eu disse a Mu o que você está dizendo agora. Foi um erro. Pela minha ignorância e soberba, fiz aquela criatura angélica derramar muitas lágrimas, eu juro Li, que devoto minha vida a compensá-las, mas nem mil anos serão suficientes para apagar de minha memória as palavras horríveis que disse a ele, no seu momento de maior fragilidade, quando me julguei superior e o magoei da maneira mais covarde que se pode magoar alguém que nos ama. Buda, cheio de luz, permitiu-me uma segunda chance. Uma pequena lamparina de esperança nas trevas que em que eu estava, cego pelo meu orgulho.

- O que você fez, Shaka?

- Aceitei lutar contra Mu. Como era covarde e ignorante demais para entender o amor que Mu me devotava, eu achei uma maneira de enfrentá-lo numa luta. Ou eu o matava, ou eu morria. De ambas maneiras, o meu problema com ele estaria resolvido, compreende?

- Mu aceitou lutar?

- Aceitou. Eu nunca duvidei de que ele aceitasse. No fundo, buscava o mesmo que eu: uma solução honrosa para a situação limite em que estávamos.

- E então?

- Eu o ataquei com meu golpe mais poderoso. – a voz de Shaka embargara em um choro seco, amargo, guardado no mais fundo da sua consciência, como uma inadmissível mancha.

- Eu imagino que ele tenha se defendido de algum modo...

- Eu apliquei o golpe mais forte, mas não empenhei minha máxima força, é óbvio. Nosso cosmo protege nossa mente estúpida dos nossos atos mais nocivos...

- O espírito protege nossa mente dela mesma.

- Então, Mu pode prever meu golpe e de alguma maneira desviá-lo. Mas não completamente, afinal, se tratava do meu golpe mais poderoso...

-Uma cena horrível, mas aposto que o Santuário fervia da curiosidade mórbida dos cavaleiros menores.

- Sim, estava cheio. Meu orgulho então provou-me o quanto eu era ridículo, um homenzinho arrogante e insignificante, parado ali, sob olhares de todos eles, vendo Mu cair, como... como... um boneco... Li, um bonequinho de pano... tão pequeno, tão lindo! Inocente como um anjo... sacrificado pela minha incapacidade de enfrentá-lo como homem, porque eu só o enfrentei como cavaleiro...

Shaka sentou-se, abalado pelas revelações que fazia, sem medo.

- Ah, Li... quando eu o toquei... abri meus olhos pela primeira vez em não sei quantos anos e o vi, lindo, lindo, uma criança celestial, e... e... eu abracei o corpinho dele, Li! O corpinho de Mu frágil e delicado, aqueles cabelos de uma deusa, só eu sei a dor que senti, o horror de vê-lo morto, pânico, remorso, caos como eu nunca experimentara! Tudo que fiz foi pedir a Buda que fechasse meus olhos com a morte antes que Mu partisse desse mundo, e... beijá-lo... talvez beber dos lábios inocentes de Mu um último sopro de vida, algo que... que me servisse de apoio para que meu mundo não desmoronasse ali, diante daquele corpo de anjo... os lábios dele, dele... eu não sei dizer... Mu tem um nirvana em cada beijo... nunca a minha língua professou o divino e o sagrado como naquele beijo... ele é doce e suave, é uma brisa, Li... uma brisa dessas que devem ser as brisas do jardim do Paraíso, é a brisa sagrada que beija as faces de Buda... e então, um milagre aconteceu, e o anjo abriu os olhos, me viu, disse meu nome mais doce do que se um coro de anjos o cantasse e fechou os olhos de novo! Desmaiou, a cabeça apoiada no meu peito, Yong Li... e eu sequer conseguia ouvir meu coração bater, eu tinha medo, medo de respirar muito forte e incomodá-lo, ele dormia no meu colo... sereno... um príncipe... e na frente de todas aquelas pessoas de quem eu temia o julgamento, elas pareciam tão não importantes então!, eu tomei o anjo nos braços e levei-o para minha casa, prometendo a mim mesmo que, para o meu bem, eu jamais o deixaria sair de perto de mim. E nunca mais deixei.

- Ah, Shaka... é lindo... é uma benção dos deuses receber um amor assim de presente...

- Um presente que eu rejeitei a princípio. Meu cosmo ferve e minha alma se arrepia quando eu penso que... por minha grande imbecilidade, eu... eu poderia ter assassinado a doce criança celeste que anima meus dias... ele... Mu é tão superior a mim, Li! Ele se permitiu o sacrifício: ele imolou sua vida preciosa para que eu acordasse do torpor da minha ignorância! Não faça o mesmo... não sacrifique seu presente divino... por nada... por orgulho...

- É tão diferente, Shaka... Não há nada de sagrado no amor de Aioria por mim. E nem no meu por ele. Um amor dividido...

- Suas memórias são senhoras da sua vida, Li. Deixe o passado onde ele está. Deixe Shiryu nas montanhas da sua adolescência... não há nada que vá tirá-lo daqui, você sabe que Dohkho tem planos para a armadura de Libra.

- Eu sei.

- E Shiryu nunca abandonaria os cavaleiros de bronze: amam-se como irmãos e eu duvido que Shiryu deixasse a fraternidade por você.

- E o que tem isso tudo a ver, Shaka? Não compreende? Não se trata de uma disputa de candidatos, porque eu não estou disponível. Eu sou a mulher que ninguém terá e me resta decidir por quem eu suspirarei pela vida inteira e qual deles poderá exibir, como um troféu, por alguns meses ou talvez menos, o meu amor. Porque eu sei, Shaka, que eles esquecerão depressa: eles estão no mundo e o mundo os ajudará a esquecer. Você sabe o que são monges, Shaka... sabe que eu não esquecerei...

- E que importa então para você senão a verdade, Li?

- E por que a verdade seria tão benéfica?

- Não preciso explicar para uma monja o valor da verdade...

- Aioria já tem com o que se preocupar, Shaka. Ele não precisa de suspiros de amor que ficarão como sombras em sua vida, impedindo o verdadeiro amor de alcançá-lo.

- E se o verdadeiro amor já o tiver alcançado?

- Mas Shaka...

- Se Mu fosse condenado ao exílio numa terceira dimensão inacessível, eu ainda assim preferiria mil vezes amá-lo à distância do que me entregar ao amor de quem quer que fosse próximo de mim. Nunca a proximidade seria um critério da escolha... eu amaria Mu sem jamais vê-lo, até que o último fio de vida se esvaísse de mim, e não o trocaria por nada que estivesse ao alcance de meus dedos.

- Aioria não é como você, Shaka. O desprendimento que você tem da matéria e do físico são heranças do seus ensinamentos monásticos: eu também tive ensinamentos dessa natureza. Mas não Aioria, ele é um ocidental: o amor dos ocidentais é assim, vive de manifestações físicas, de toque e tato. Ele não sobreviveria ao universo de renúncia quase absoluta que eu entenderia facilmente, entende?

- Concordo que Aioria seja mais suscetível ao poder do sexo do que um monge do oriente, mas não que ele seja incapaz de compreender as demandas do verdadeiro amor. E de mais a mais, isto não lhe cabe: a decisão é dele.

- Ele não quer me ouvir. Ele me mandou embora.

- E você vai?

Ela olhou para Ishiro, os olhos claros de amêndoas ofuscados pela dúvida.

- Vou. Aliás, já estou indo.

- Li, você vai se arrepender... amanhã Aioria vai acordar bem mais consciente do que está acontecendo e não vai perdoá-la por ter ido embora.

- Ele vai me perdoar, Shaka. E ele vai esquecer também...


Nana: Caramba, você voltou logo! Que meigo que você pode curtir seus avozinhos. Os meus já morreram, todos. Aproveita bem eles, viu? Família é uma delícia! Bom, eu li o capítulo 8 de EV e estou felizinha que finalmente deslanchou o romance... eeee! Que floresça sob as bênçãos de Dionísio... hehehe. Beijinhos!

Amy: Você pede, é uma ordem – capítulo novo! Também adorei Dionísio. Eu estudei com uma certa constância o 'espírito dionisíaco' na faculdade, porque era fundamental para entendermos o teatro grego – que nós tínhamos que estudar como literatura. Sempre fui fascinada por isso, não deu outra: tinha que pôr o Dionísio aí! Xi, que peninha! O 'tio' Horemheb não aparece nesse também... mas espere mais das deles. Ele é uma peça chave para o desenvolvimento da estória. Beijocas!

Lola Spixii: Oiê! Veja bem, nem foi a Nana que me falou de você, é que eu já tinha visto seu nome em blogs de leitores do FF . net. Falando bem de suas fics, claro... eu vou começar a ler uma delas já, já. Dever de casa de bom escritor: ler muito. Vou incluir Lola em minhas leiturinhas, pode ter certeza!

Mikage-sama: Eu juro que liguei o MSN e não te achei... ç ç ... não tem importância, qualquer hora a gente dá sorte e eu te acho por aí. Que bom que você está gostando, porque quando eu leio isso, serve de inspiração, e tenha certeza, o tanto que vocês se divertem lendo, eu me divirto escrevendo!! Beijocas e vamos ver se a gente se encontra!


Povo que lê e não comenta: a tia Verlaine ama vocês também! Obrigado pelo tempo que passam aqui, com minhas estorinhas...