Respostas às Reviews do Capítulo Anterior:

Amanda Saitou: Obrigada, Amanda! Vai ser rapidinho, não se preocupe. Mas será que nossos heróis não vão transformar o paraíso em um inferno!

Sheyla Snape: Nós somos muito cruéis com o pobre Sev, não? Será que eu devo fazer o pobrezinho usar uma sunguinha colorida! Acho que não, porque vocês vão dizer que ele está "out of character"!

Raquel Santos: Obrigada pelas reviews que você postou para "Só em Sonhos"! Você quer que eles avancem ainda mais? Ai ai ai... Vamos ver, né? Meu nome é Ptyx, mas eu tinha uma conta como "Ptyx" na onde postava fics em inglês. Agora não tenho mais, mas não posso mais usar esse nome. Por isso o x a mais.

Magalud: Por que será que a gente vê o velho como um alcoviteiro pervertido? Rsrsrs. Sempre fico feliz quando você me deixa reviews, porque você é uma das minhas escritoras favoritas.

Marck Evans: "alcoviteiro safado" - Você também! Rsrsrs. Que bom que você está rindo, amiguinho. Adoro a sua risada.

Baby Potter e Karla Malfoy - obrigada pelas reviews ao último capítulo de "Só em Sonhos". Espero que estejam lendo esta também!

Nota: Citações adaptadas do "Kama Sutra".

Capítulo 2

Jantaram em um restaurante à beira da praia, com telhado, mesas e cadeiras de palha, e travaram contato com alguns habitantes da ilha, curiosos a seu respeito. A língua falada na ilha era um dialeto do náuatle. A maioria sabia falar espanhol, mas eram poucos os que falavam inglês, e mesmo os que falavam não eram muito fluentes. Assim, Severus e Harry dependiam do pequeno dicionário Inglês-Náuatle/Náuatle-Inglês que Severus havia encontrado na cabana.

Para complicar ainda mais a situação, não havia cardápio, e Severus não quis, de jeito nenhum aceitar a sugestão de Harry de que fossem apontando para os pratos de outros fregueses para pedirem o que queriam. Severus abriu o dicionário.

— Eu vou pedir um peixe, uma salada de tomate, um copo de ayoctli para mim e um suco para você. Tudo bem?

— O que é ayoctli? E suco de quê?

— Ayoctli é um hidromel feito a partir do agave. Suco de quê? Não sei. Eles emendam as palavras umas nas outras, mas eu não sei como emendar. Tem um monte de sufixos, prefixos e declinações. Vamos pedir apenas "suco" e ver o que acontece.

Harry suspirou. Severus chamou o garçom.

Michim, tomatl, ayoctli, ayotl.

Aocmo huecauh.

— O que foi que ele disse? — perguntou Harry a Severus assim que o garçom se retirou.

Severus apressava-se em folhear o dicionário, na parte de "frases úteis".

— "Volto logo."

De fato, o garçom logo retornou com os pratos e as bebidas. Ou melhor...

— Severus, cadê o meu suco? E por que ele trouxe essa sopa de... tartarugas?

Severus franziu o cenho e abriu o dicionário outra vez.

— Ah! Ayotl, além de suco, é tartaruga. Eu deveria ter pronunciado com um "a" mais longo: aayotl. Ele trouxe dois copos de ayoctli... Você quer experimentar? Senão eu peço uma cerveja amanteigada para você.

— Como é "cerveja amanteigada" em náuatle?

— Provavelmente é "cerveja amanteigada", porque, se tiver, é contrabandeada da Escócia. Deve ser caríssima.

— Então eu tomo ayo... isso aí mesmo que você está tomando. Hmm, e essa sopa de tartarugas está deliciosa!

.s.s.s.s.s.s.s.

Deitaram-se na cama sem cobertas e sem roupas, pois, com o calor da ilha, elas não eram necessárias. Estavam cansados e um tanto altos por causa do ayoctli.

— Como é "pênis" em náuatle, Severus?

Severus pegou o dicionário que largara sobre a mesa de cabeceira e o folheou.

—"Tepolli". Oh, e a palavra para "testículo" é a mesma que para abacate: "ahuacatl". Aliás, a palavra portuguesa "abacate" veio do náuatle. Ah, que interessante, sêmen é "tepolayotl"; se "ayotl" é suco, então deve ser suco do pênis.

— Ahahahaha! Muuuuito interessante — engrolou Harry. — Mas o que eu quero mesmo saber é se você vai fazer amor de verdade comigo hoje.

— Como assim, "fazer amor de verdade"? O que fizemos ontem e hoje não era amor?

— É, mas você sabe, eu ainda sou virgem.

— Isso é uma grande bobagem, Harry.

Harry se sentiu um idiota. Completamente desajeitado.

Sob a tênue luz da vela, viu que Severus notara o seu aborrecimento.

— Pirralho, pare de se preocupar com isso de ser virgem ou não. Venha cá.

Harry se aproximou, e enlaçou-lhe a cintura. Severus enterrou a cabeça sob seu pescoço, mordiscou-lhe o lóbulo da orelha.

— E se eu preferir ficar "por baixo"? — sussurrou-lhe ao ouvido.

A respiração de Harry falhou. Nunca pensara que Severus pudesse...

— Você prefere?

— Às vezes. Mas agora você está bêbado, e eu estou morrendo de sono.

Eu estou bêbado? Eu tive de praticamente arrastar você para casa, porque você não conseguia pôr um pé na frente do outro!

Mas Severus já estava roncando.

.s.s.s.s.s.s.s.

Harry acordou cedo e teve medo de que Severus o amaldiçoasse se o despertasse. Assim, foi para a cozinha, encontrou uma cafeteira, um pacote de pó de café e preparou um café. Tomou uma xícara com uns biscoitos amanhecidos que encontrou em uma lata. Há quanto tempo será que ninguém ia naquela casa? Eles precisavam fazer compras urgentemente.

Quando terminou o café, Severus ainda não havia acordado. Então Harry foi até a biblioteca.

Havia muitos livros estranhos havia ali. Tratados de Astronomia, livros de Física Quântica, livros em árabe e outras línguas que Harry nem conhecia. De repente, a capa de um dos livros chamou-lhe a atenção: eram dois magos transando. O título, em letras floreadas, dizia: Kama Salila.

Harry levou o livro para o sofá. O livro era um tratado indiano para magos homossexuais, e explicava detalhadamente qual deveria ser o comportamento de cada um dos parceiros na relação, conforme suas inclinações. Havia dezenas de classificações e divisões, e os conselhos eram totalmente absurdos.

Por exemplo, no capítulo de abraços, dizia que havia quatro tipos de abraço. O "entrelaçamento de trepadeira" era quando um dos amantes se prendia ao outro como uma trepadeira, baixando a cabeça dele para a sua com o desejo de beijá-lo e emitindo um som suave de sut sut, abraçando-o e olhando carinhosamente para ele.

Já "a subida da árvore", era quando um dos amantes colocava um pé sobre o do outro e o outro pé sobre suas coxas, passava um de seus braços ao redor das costas do amante e o outro sobre seu ombro e fazia menção de subir por ele para ganhar um beijo.

O preferido de Harry era aquele quando os dois amantes estavam deitados num leito e se abraçavam com tanta força que os braços e as coxas de um se entrelaçavam com os braços e coxas do outro em uma fricção mútua, o chamado abraço da "mistura de sementes de sésamo com arroz".

Por fim, havia a "mistura de leite e água", quando um amante sentava sobre o colo do outro.

As ilustrações do livro, bastante explícitas, faziam o membro de Harry pulsar.

Um tanto cansado de classificações absurdas, Harry pulou logo para os capítulos que tratavam da cópula.

E leu: "se um homem passar sobre seu lingam — Harry já havia entendido que lingam era o mesmo que tepolli — uma mistura de pós de estramônio branco, pimentão e pimenta-do-reino, e mel, e tiver relações com outro homem, submete-o à sua vontade".

Er. Não era bem o que ele queria. Mas será que funcionaria?

"Comendo o pó do nelumbrium speciosum, do lótus azul e da mesna roxburghii; depois cortando em pedaços muito pequenos os brotos da planta vajnasunhi e embebendo-os numa mistura de arsênico vermelho e enxofre, secando-os sete vezes e aplicando ao seu lingam o pó assim obtido misturado com mel, submeterá seu parceiro à sua vontade depois de havê-lo possuído."

— Muito interessante, Potter. Estudando formas de submeter o parceiro?

Harry empalideceu ao erguer os olhos do livro e ver Severus, trajando um roupão verde Slytherin, assomando diante de si. Sabia que, agora, sendo Severus paranóico do jeito que era, havia se metido em uma tremenda encrenca.

— Er... Na verdade, não era isso o que eu estava procurando. Mas esse livro não parece ter o que eu queria saber.

— Claro que não. Esse livro foi escrito há vinte séculos. A magia se desenvolveu muitíssimo desde então. E os costumes mudaram muito. Esse livro, na verdade, serve apenas como um documento histórico. Ou para se dar boas risadas às custas da ingenuidade deles.

— Bom, as gravuras são bem interessantes.

— Divirta-se, então, com a sua pornografia indiana de vinte séculos atrás. Eu vou tomar café.

Ora, ora. Será que aquilo era só ressaca ou Severus estava com ciúmes do Kama Salila?

.s.s.s.s.s.s.s.

Harry foi procurá-lo na cozinha e tentou puxar conversa, mas Severus estava mesmo mal-humorado e só respondia com monossílabos ou grunhidos. Por fim, Harry se cansou.

— Eu vou sair e comprar mantimentos aqui para casa. O que você gostaria de comer no almoço?

Essas duas frases tiveram o efeito que Harry estava esperando obter desde que entrara na cozinha: fizeram com que Severus se voltasse para ele. Com uma expressão de total perplexidade.

— Você... está delirando, Potter? Acha que está no mundo Muggle? Ou está pensando que se transformou em um elfo doméstico?

— Er, alguém tem de fazer a comida, e não estou vendo nenhum elfo por aqui. Comer em restaurantes é muito caro, e pelo que entendi você está pagando do seu próprio bolso.

— Claro que estou pagando do meu próprio bolso.

— Então? Eu gosto de cozinhar.

Severus pareceu refletir.

— Estava pensando em montar meu laboratório na cozinha, por isso não cogitei da possibilidade de a usarmos realmente como cozinha. Mas acabo de descobrir um alçapão em nosso quarto, embaixo do tapete, dando para um porão onde há um velho laboratório de poções. Se posso ter um laboratório de verdade, e se você gosta mesmo de cozinhar... Isso lhe dará o que fazer, pelo menos durante as manhãs, enquanto trabalho no laboratório. Assim, espero, você não irá sair por aí procurando encrencas.

Por trás de todo aquele discurso agressivo, Severus estava concordando com sua idéia. Foi o que Harry disse a si mesmo para não se zangar muito.

— Certo. Então eu vou fazer as compras. Se você me der o dinheiro.

— Só uma coisa: você vai fazer só o almoço. Nós jantaremos fora todos os dias.

Harry fingiu assentir com relutância, só para bancar o difícil. Na verdade, estava adorando a idéia.

— Tudo bem. Eu vou precisar comprar carne... talvez peixe seja melhor, não? Legumes, verduras, temperos...

— Veja antes a horta do quintal. Tem verduras e temperos aos montes, e até alguns legumes. E, Potter, eu não sou chato para comer. Mas não ponha coentro no peixe, nem em nenhum outro lugar. Odeio coentro.

.s.s.s.s.s.s.s.

Como a especialidade do local eram frutos do mar, Harry fez torta de siri e peixe grelhado com legumes. Tomaram um vinho branco feito ali mesmo na ilha, de qualidade razoável.

Depois do almoço, Severus parecia mais tranqüilo. Mesmo assim, continuava chamando-o de "Potter".

— Descanse um pouco agora depois do almoço, Potter. Depois vamos retomar os estudos de Comunimência. Afinal, esse é o objetivo de nossa viagem. Não pense que era apenas um estratagema para... você sabe.

Harry sabia.

O vinho deixara Harry com sono. Foi para cama tirar uma "siesta".

Continua...