Respostas às Reviews do Capítulo Anterior:
Amanda Saitou: É, foi engraçado, eu tinha acabado de postar o 3 quando li sua review do 2. Espero ter respondido bem às tuas perguntas.
Raquel Santos: Neste capítulo você saberá quem é Julio Morel, então acho que não preciso responder. Obrigada pelas reviews!
Karla Malfoy: Pois é, é um exagero de ciúme! É que ele tinha planos para aquela manhã, e ficou decepcionado ao não encontrar seu parceiro a seu lado.
Magalud: K/S foi o primeiro casal slash com que eu sonhei. Não escrevi nem li fanfiction deles porque não sabia que isso existia. Então, até hoje só houve dois casais slash que mexeram comigo: K/S e SS/HP. Entre Spock e Snape eu vejo algumas semelhanças (até no nome). Já Harry não é, pelo menos até agora, tão extrovertido, brilhante e confiante quanto o Kirk, mas nesta história ele é bem saidinho...
Marck Evans: LOL! Putz, cadê a Paulinha! Sobre "aquele" assunto, ótima idéia! Vamos assinar juntos esse desafio? Sobre os ciúmes de Harry, na mosca! Mas não vou falar mais nada, porque é só ler o capítulo. As coisas vão avançar bem rápido até o final.
Depois deste, só mais um capítulo!
Capítulo 4
— Pelo que entendi, ele estudou junto com você em Hogwarts.
— Mais ou menos. Ele era de Hufflepuff. Era muito bom em poções. Quase tão bom quanto eu.
Harry balançou a cabeça.
— Convencido, você, hein?
— É a verdade.
— Certo, mas só porque ele é bom em poções você precisava abraçá-lo daquele jeito?
— Ora, foi ele quem me abraçou. Espere aí, o que está acontecendo aqui? Você está com ciúmes?
— Eu não! É só que você não devia ficar, assim, se abrindo com outras pessoas. Nós temos muitos segredos a guardar.
— Julio é de confiança. Dumbledore confia nele.
— Vai ver que o velho gagá está usando ele para nos espionar. Dumbledore mantém contatos em todo mundo, pelo que eu sei. Só que nem sempre ele é um bom juiz, certo? Veja-se o caso de Quirrell, e do falso Moody...
— Harry, eu estou lhe dizendo que Julio é de confiança.
E Harry sabia que Severus era paranóico. Era isso o que o deixava ainda mais intrigado.
— Não sei não.
— Julio é um verdadeiro santo. Ele sempre quis ajudar as pessoas. Ele trabalhou como medibruxo voluntário durante a primeira guerra. Quando o Lord das Trevas foi derrotado, ele voltou para o seu povo, e aplica aqui seus conhecimentos adquiridos em Hogwarts.
— Por que ele tem nome espanhol?
— Porque a família do pai dele era mestiça; não no sentido bruxo, apenas racial. Ele é puro-sangue.
— E que tipo de sacerdote ele é?
— O povo dele, os Tlamacazqueh, segue uma religião sincrética, que funde os conhecimentos mágicos de várias tradições, sobretudo Toltecas, Maias e Aztecas, e ele é o mais alto sacerdote de seu povo. Eu o convidei a vir a meu laboratório porque nós temos muito a conversar, a respeito de poções. Podemos trocar idéias. Eu posso transmitir a ele novos conhecimentos de nosso mundo, e ele pode me transmitir conhecimentos do mundo deles.
— Então você vai mesmo revelar o nosso esconderijo a eles.
— Vou.
Harry suspirou, contrariado.
— Depois não diga que não o avisei.
Severus estreitou os olhos para ele.
— Eu acho que você está com ciúmes.
— E por que não deveria estar?
— Porque Julio é hetero, casado e com cinco filhos?
Harry sabia que devia ficar mais tranqüilo, mas, por alguma razão, não ficou.
— Não sei se é uma boa razão.
— Você está ficando exigente demais. — Severus arqueou uma sobrancelha. — Então... porque misturar sementes de sésamo com arroz não tem nenhuma graça se não for com você?
Ah, isso sim, pensou Harry.
.s.s.s.s.s.s.s.
Julio e Severus passavam horas no laboratório, mas Harry aprendera a confiar nos dois. Julio ensinara inglês à esposa e aos filhos. Uma de suas filhas, Tepin, dois anos mais nova que Harry, que era fanática por Quadribol, e logo o convidou a jogar Quadribol de praia. Como Harry não soubesse o que era, a garota explicou que era um Quadribol simplificado, jogado em um campo menor e por apenas quatro jogadores: um goleiro, um artilheiro, um batedor e um apanhador. Às vezes, enquanto Julio e Severus preparavam poções e discutiam receitas, Harry ia jogar Quadribol de praia com Tepin e seus amigos. Como Harry não levara sua Firebolt, precisava usar a vassoura de um dos irmãos de Tepin.
Harry fazia o almoço; de vez em quando Severus o ajudava e, milagre dos milagres, a cozinha continuava inteira.
Severus não era mais a mesma pessoa tensa e taciturna de Hogwarts e dos primeiros dias na Ilha. Nem reclamava mais quando Harry usava sungas, e ele mesmo começara a usar calções menores — sempre tingindo-os de preto. Muitas vezes até entrava no mar com Harry, e zombava dele por não saber nadar direito.
Todos os dias, Severus e Harry treinavam Comunimência. Os melhores treinos eram quando faziam amor ao mesmo tempo. Estavam ficando craques naquilo.
À noite, dormiam abraçados como sementes de sésamo com arroz. E quando acordava, Harry procurava ficar por perto e não começar a ler nenhum livro suspeito.
.s.s.s.s.s.s.s.
Comemoraram a véspera de Natal em um jantar a dois, em casa. Severus conseguira encontrar um peru na vila mais próxima, e trouxera também ameixas e conhaque para o pudim, e um vinho francês maravilhoso.
Harry deu a Severus um livro raro de poções Toltecas indicado por Julio, e Severus deu a Harry uma vassoura de Quadribol, para que Harry não precisasse mais pedir a vassoura emprestada aos irmãos de Tepin. Não era uma Firebolt, mas era rápida e segura, e com uma linda decoração Azteca.
.s.s.s.s.s.s.s.
Três dias depois, Severus e ele foram passear por um trilha em um bosque montanhoso que ficava do lado oposto ao da praia. Sabiam que a ilha não era muito grande, e esperavam chegar à praia do outro lado.
A trilha era muito bela, cheia de árvores floridas, epífitas, pássaros, borboletas. Infelizmente, havia também outros insetos, e eles não haviam levado nenhuma poção repelente. Severus estava se amaldiçoando pela imprudência quando Harry viu um deslumbrante pássaro, esguio e com um longo penacho caudal, com penas brilhantes verdes no torso, dourada na cabeça e escarlate nos flancos, pousado em um galho, a menos de um metro dele.
— Severus, veja que pássaro lindo!
— Este é o famoso quetzal que dá nome à ilha. É a fênix dos Maias. O quetzal é um símbolo da liberdade, pois morre quando preso. Está em extinção no continente. Aqui é o seu santuário.
Harry pegou um pedaço do pão dos sanduíches que estavam levando de lanche, e estendeu a mão para o pássaro, que comeu o pão em sua mão.
Era lindo ver os quetzals voando, ondulando sua cauda colorida. Encontraram muitos outros deles no caminho, até chegarem ao outro lado da ilha. Lá, as areias da praia eram ainda mais brancas e o mar, ainda mais azul.
Severus e Harry fizeram amor na praia deserta, sob um frondoso chapéu-de-sol. Pela primeira vez, Harry possuiu Severus. Este havia-lhe pedido para não se preocupar e ir "com tudo". Mas Harry, embevecido pela visão do amante sob si, quis prolongar ao máximo aqueles momentos, e fez amor com Severus tão devagar e com tanta ternura quanto pôde.
Na volta, Harry se lembrou de que dez dias já se haviam passado, e três dias depois eles deveriam retornar a Hogwarts. Harry sentiu o coração apertado. Começava a se sentir como quem está ameaçado de ser expulso do paraíso.
.s.s.s.s.s.s.s.
— Severus... e se a gente não voltasse? — perguntou Harry na manhã seguinte, na cozinha, depois do café da manhã.
Severus arregalou os olhos, e sacudiu a cabeça.
— Não é possível. Temos deveres a cumprir.
— Deveres a cumprir... Eu, matar ou morrer; você... morrer e matar. Tem certeza de que é isso mesmo que você quer?
— Não é uma questão de querer, Harry. Você devia saber disso.
Severus se levantou abruptamente e saiu da cozinha. Harry agora já conhecia as reações de Severus. Sabia que aquela era a típica reação de fuga. Diante do conflito interno, Severus se recolhia à sua concha. Ou ao seu porão.
Mas Harry entendia, porque ele mesmo se sentia dividido. Como poderia viver sabendo que abandonara seus amigos e as pessoas que confiavam nele?
.s.s.s.s.s.s.s.
Harry preparara um chá com bolinhos de fubá, e chamara Julio e Severus para subirem e comerem na mesa da cozinha.
Apesar dos bolinhos estarem deliciosos, o clima era sombrio.
— Meninos, o que está havendo? Por que essa tristeza? — perguntou Julio.
Severus olhou para Harry.
— Nós vamos ter de voltar a Hogwarts. Em dois dias — explicou Severus.
— Ah, entendo. E enfrentar o monstro. Outra vez. Quantas vezes será preciso derrotá-lo? Harry era ainda um bebê quando o derrotou da primeira vez. Isso tudo... é desumano.
Ficaram em silêncio por alguns instantes. Julio parecia observá-los.
— Há uma ligação mental muito forte entre vocês dois. Não é só porque vocês... tem um relacionamento. É algo além disso.
— Acho que é porque tanto Severus quanto eu temos uma ligação com Voldemort. A Marca dele e a minha cicatriz.
— Certo. — Julio continuava pensativo. — Vocês já pensaram... que podem usar essa ligação com ele... para destruí-lo?
— Não vou dizer que isso nunca tenha me passado pela cabeça, Julio. Mas a verdade é que eu não saberia como — respondeu Severus.
— Vocês dois são magos poderosos, e há uma ligação mental entre vocês. Através dessa ligação, vocês podem somar suas forças. E vocês dois, individualmente, têm uma ligação com Voldemort. Portanto, em teoria, se vocês voltarem as suas forças somadas contra ele, bem... o páreo vai ser duro.
— Dumbledore me disse, certa vez, que há uma força mais poderosa e terrível do que a morte, e que eu a possuo em grandes quantidades, enquanto Voldemort não só não possui como detesta tanto que não suporta permanecer em uma mente habitada por ela — comentou Harry, com uma chama de esperança se acendendo na alma.
Severus se virou de súbito para Julio.
— Eu sei que ele irá me chamar no dia 31. Nós poderíamos usar esse momento, quando ele ativar a ligação, para invadir sua mente...
— E atacá-lo com a única arma contra a qual ele não tem poderes — concluiu Julio. — Eu poderia casá-los sob o ritual dos Tlamacazqueh. Isso reforçaria a união entre vocês e os seus poderes.
Os olhos de Harry encontraram os de Severus.
— Descreva esse ritual, Julio — pediu Severus.
— É bastante complexo. Os noivos devem passar a noite separados, e só comendo as comidas permitidas nas 24 horas que precedem a sua união. Durante o dia, são banhados com os sais e ervas propícias, e tomam as poções adequadas. À noite, eles consumam a sua união no templo de Quetzalcoatl. Após consumada a sua união, o casal sai do templo e toda a comunidade celebra, com danças, comidas e bebidas.
Os olhos de Severus pareciam trespassar Harry.
— Sim ou não, Harry?
— Er — disse Harry, fingindo hesitar. — Acho que não me resta alternativa.
Continua...
