Capítulo Três

I know I left too much mess and
Destruction to come back again
And I caused nothing but trouble
I understand if you can't talk to me again
And if you live by the rules of "it's over"
Then I'm sure that makes sense
(White Flag - Dido)

Aquela manhã, foi a mais penosa de toda minha vida.
E eu até poderia enumerar os motivos, mas creio que todos vocês são suficientemente inteligentes para entender a exata razão para que tudo estivesse errado.

O último café da manhã em Hogwarts tinha um gosto amargo de fel e sei que é o maior clichê do mundo dizer isso, mas a verdade é que sentiria falta daquele gosto de torrada perdurando em minha boca durante as três primeiras aulas.

Sentiria falta das masmorras de Snape, sentiria falta dos animais estranhos de Hagrid, sentiria falta de estar cercada de pessoas que eu amo e que sei que retribuem esse sentimento. É, também estou me referindo à Harry.
Pois após uma reflexão de meia hora (pois foi esse o tempo restante para que eu cochilasse – e eu não cochilei), percebi como eu estava sendo injusta generalizando o problema.

Está certo, Harry havia portado-se foi canalha o suficiente para incluir-me em seu plano infantil de vingança, mas olhando por outro lado, ele também foi bastante nobre para ir lá e concertar o erro enquanto era tempo.
Eu sei, ele estava bêbado, porém tenho absoluta certeza que Harry não é tão horrível a ponto de fazer algo para me machucar. A idéia de que eu sofreria o machucava e a bebida o fez colocar esse seu medo para fora.

Tá bom, alguém aí deveria avisa-lo que eu estou ferida do mesmo jeito, mas ao menos ele tentou remediar e é por isso que eu sei que ele me ama (não da mesma maneira que eu o amo, porém mesmo assim me ama).
Não pense que aceitei assim tão rápido, eu ainda estava furiosa com ele e foi por esse exato motivo que quando ele sentou-se ao meu lado durante o café da manhã, levantei-me sem tentar esconder minha irritação e sem nenhuma palavra caminhei firmemente até a porta do Salão Principal.

Ao longe, pude ouvir Rony (que estava sentado ao meu lado), gritar:
- MIONE ! AONDE VOCÊ VAI ?

Mas eu não respondi, continuei minha jornada para fora do Salão Principal e fui subindo as escadas, sem nem ao menos saber exatamente para aonde eu estava pensando em ir.
Foi aí que eu esbarrei em Gina.

- Olá ! – cumprimentou animada – Eu estava indo para o Salão Principal, por acaso você já acabou de comer ?

- Não estou com fome – era verdade, a vontade por comida havia ido ao mesmo tempo que Harry Potter chegara no Salão.

- Tá tudo bem, Mione ?

Confirmei com a cabeça, mas infelizmente, as garotas tem um imenso senso de percepção e acho que Gina captou toda minha tormenta no ar.

- Não está nada bem – concluiu cruzando os braços na altura do umbigo – Foi o Harry, não é ? Alguma coisa aconteceu entre vocês naquele Baile e você não quer me contar.
- Como é que você sabe ? – tá bom, senso de percepção é uma coisa, adivinhação avançada é outra completamente diferente.

- Eu vi o Harry faz quatro minutos na sala comunal e sabe de uma coisa ? Parece que você pegou a cabeça dele na outra noite e a jogou umas trezentas vezes contra o muro de concreto. Até tentei chamá-lo, mas ele parecia estar em outro mundo e nem ao menos ouviu meus gritos e pode-se dizer também que ele estava bastante perturbado.

Mordi os lábios, no princípio morrendo de pena de Harry, mas logo lembrei-me de tudo que havia feito para mim e quase sorri de satisfação. Eu disse quase, não sei se vocês sabem, mas não consigo ser tão horrível assim.

- Vamos lá, Hermione, você vai me contar ou não ?

- Ele é um desgraçado – repeti exatamente o que havia dito para Draco na madrugada

– Eu o odeio.

- Espera aí, deixe-me entender, ontem você estava derretendo-se só com a idéia de poder dançar música lenta com ele e hoje o odeia ?

- É, eu sou muito volúvel.

- Hermione, por favor, eu só quero lhe ajudar.

- Não conte para Rony, está bem ? – pedi cansada de guardar segredo – Só basta um de nós odiando Harry com todas as fibras.

- Está certo, eu prometo não contar para o Rony.

- Harry é apaixonado por Luna Lovegood – o queixo de Gina caiu – É, minha reação deve ter sido essa quando ele me contou.

- Mas ela é a namorada do meu irmão.

- Eu sei muito bem disso e acho que ele também.

- E o Harry é o melhor amigo do meu irmão ! – exclamou como se aquilo fosse a maior atrocidade que já ouvira na vida, na verdade, deveria ser sim.

- Gina, sinto em lhe informar mas já possuo todas as informações que você está me oferecendo .... ah ! Harry também já tem consciência disso.

- Mas isso não pode ser !

- É, não poderia mas é. Harry apenas convidou-me no Baile para fazer ciúmes para a Luna, sendo que eu acho isso bastante idiota pois Luna ama Rony mais que tudo nessa vida. E além do mais, se Harry não tivesse ficado de pileque, ele ainda pretendia me beijar apenas para mostrar para Luna tudo o que ela havia perdido.

- EU VOU QUEBRAR A CARA DELE. JURO, ESTOU INDO LÁ, AMIGA, PODE DEIXAR.
- Calma aí, Gina ! – exclamei assustada tentando segurá-la pelo braço.

- VOU DESTRUÍ-LO. VOU ANIQUILÁ-LO. VOU TRUCIDÁ-LO. VOU ARRANCAR AS TRIPAS DELE E DAR PARA O CANINO COMER...

- Espera aí, Gina! – exclamei novamente fazendo um enorme esforço para mantê-la parada no lugar.

- Como ele ousa? Você é a melhor amiga. Você quase morreu por causa dele naquela maldita guerra e é assim que o sujo retribuiu? Ele não merece continuar respirando.
- Gina, eu entendo perfeitamente sua raiva, mas não precisamos mostrar para ele o quanto somos superiores que ele – tentei achar alguma razão para fazer Gina parar de se debater mas estava difícil que eu quase desisti e encorajei-a à matá-lo – Olha, eu também não quero que ele saiba que contei para mais alguém, por favor tente se acalmar.

Isso pareceu fazer Gina pensar. Ela parou de se mexer e tentou recuperar a respiração normal, seu rosto estava tão vermelho que parecia que repentinamente entraria em chamas.

- Ele é um desgraçado.

- Eu já disse isso hoje, duas vezes.

- E o que você vai fazer agora ?

- E também já me perguntaram isso hoje, duas vezes.

- Pois bem, a terceira, o quê você vai fazer agora ?

- Nada.

- NADA?

- Gina, eu o perdi, já admiti isso.

- Mas não vai fazer nada? Eu sei um bocado de azarações, se é que você já não conhece todas, posso lhe ensinar. Ou melhor, eu vou azará-lo no seu lugar ...

- Gina, não ! Nada de confusão, já basta a que está se formando na minha mente.

- Então vai deixar passar ?

- Acho que irei.

- Mione, desde quando você é tão passiva ? Garota, você está na Grifinória.

- Sei disso.

- Faça algo!

- Não vou fazer nada, Gina. Muito menos você. Agora vá para seu café da manhã antes que acabe a geléia de uva.

Comecei a subir as escadas, mas pude sentir que Gina nem ao menos saíra do lugar, por isso olhei novamente para trás e vi que ela sorria para mim.

- Sabe de uma coisa, Mione ? Você é a melhor amiga que eu tenho e a pessoa mais nobre que eu conheço. Se fosse comigo eu certamente já teria sido impulsiva o bastante para agir com violência, mas você não. Sua nobreza é o seu passaporte para a Grifinória, tenha certeza disso.

- Obrigada, Gina – não pude deixar de abrir um sorriso.

- Até depois, então.

- Até !

Acabei indo para a sala comunal da Grifinória, assim que percebi que não poderia achar esconderijo melhor, afinal todos ainda estavam forrando seus estômagos com comida apetitosa lá no Salão Principal.

Após dizer a obscena senha da Grifinória (é, ainda não conseguiram muda-la), passei pelo buraco do quadro e joguei-me na primeira poltrona que apareceu na minha frente.

Minha cabeça doía, muitas coisas a assolavam e eu não tinha nenhum tranqüilizante para isso. Prometi, durante minha reflexão de meia hora, que lágrimas nunca mais seriam vistas em meu rosto novamente e eu tentava cumprir essa promessa, apesar de achar uma tarefa impossível.

Tentei desviar meus pensamentos de Harry e logo eles voaram para ninguém mais, ninguém menos que Draco Malfoy. Lá estava outra pessoa que fazia minha mente um pouco mais confusa no momento (de uma maneira mais positiva que Harry, verdade).
O ódio que eu sentia por ele estava tornando-se menos intenso, bem só poderia ser isso, caso contrário eu não estaria com um sorriso bobo na face só de lembrar da maneira que Ele salvara minha vida pela madrugada (ah ! tudo em meu corpo ainda está dolorido, obrigada por perguntar).

Mas, por qual motivo Ele salvara minha vida ?
Por qual motivo Ele estava sendo tão compreensivo comigo ?
Por qual motivo Ele estava DIRIGINDO A PALAVRA para mim ?
Será que realmente a guerra o havia mudado ?
Talvez.

Imagino que o fato de perder os pais (bem, a mãe Dele não morreu, mas quando ela está em um sanatório e não ao seu lado, pode considerar perda de causa), mexeu com algo que estava adormecido dentro Dele.
É uma pena que esse algo tenha acordado tarde demais. Essa noite eu já estaria dormindo na minha cama e certa de que nunca mais veria Draco Malfoy novamente (veja só, eu me enganei).

Os meus pensamentos estavam novamente na magnífica maneira em que Draco jogara-se em cima de mim, salvando minha vida, quando o outro entrou na sala comunal. É, estou falando do Harry como vocês podem imaginar.
Foquei meus olhos nele e quando percebi que Gina não havia lhe tirado nenhum membro do corpo, olhei para a lareira apagada.

- Hermione – chamou meu nome e eu senti que a última faísca de alegria que existia em mim foi apagada pelo vento – Por favor, nós precisamos conversar, eu estou sentindo-me péssimo.

- Se você quer saber, Harry, também estou sentindo-me péssima – disse séria, virando-me na poltrona para poder encará-lo melhor – Mas a diferença é que no seu caso, logo passa e a dor em mim vai durar muito mais tempo.

- Mione – lentamente ele foi aproximando-se da minha poltrona, porém não parecia muito certo de que gostaria de chegar mais perto e ter sua cabeça engolida por mim – Não sei se já lhe disse, não consigo lembrar-me de muita coisa daquela noite, mas estou muito arrependido.

- Você lembra-se de ter confessado amar Luna Lovegood ? – perguntei sem tentar deixar transparecer meu desgosto, esforcei-me à ficar impassível – Lembra-se de ter confessado seu plano para mim ?

- Lembro – afirmou colocando as mãos no bolso e eu não me lembrava dele tão bonito assim desde aquele momento em que eu o conhecera.

Seus olhos brilhavam com intensidade, não era um brilho alegre, mas era um brilho que fazia meu coração palpitar mais rápido. Sua pele parecia tão macia de se tocar que eu tive que resistir à vontade de levantar-me e abraçá-lo com força, pois era isso que eu queria fazer, abraçá-lo com força e saber que ele ainda era meu.

Mas não era. Nunca foi e nunca seria.

- Ótimo.

- Eu sei que você deve estar pensando coisas horríveis de mim, mas eu realmente não quis apaixonar-me justo pela namorada de Rony.

- Sei, que não queria. Do mesmo jeito que eu não queria apaixonar-me por você das oitenta primeiras vezes que te vi.

Ele encarou-me um tanto assustado, não muito, pois ele já sabia de todos os meus sentimentos por ele, mas acho que quando isso é dito formalmente deve fazer mais estrondo dentro da pessoa, sabe?

- Eu nunca quis lhe magoar. Fui um idiota que só pensou no próprio umbigo desde o princípio.

- Foi mesmo.

- Luna foi uma força para mim em um tempo em que eu andava muito deprimido pela morte de Sirius. Eu comecei a ver um lado dela que ninguém via, mas até aí, acho que Rony viu primeiro.

- E você deveria retirar as tropas no momento em que percebeu isso.

- Não importa agora, errei e agora já admiti que ela nunca será minha.

- Sabe, já disse isso hoje, tirando a parte do errar sabe, eu não iludi ninguém.

- Mas agora, quero que saiba o quanto eu gosto de você. É a melhor garota que já conheci, a melhor de todas, estou falando sério.

Eu não disse nada, apenas arquei as sobrancelhas como se quisesse transmitir surpresa.

- Você sempre importou-se comigo, em nenhum momento pensou duas vezes em dar sua vida pela minha e eu sou tão horrível por não ter pensado em tudo isso antes de ter convidado você para aquele maldito Baile ... – as últimas palavras foram ditas como se ele estivesse sufocando e realmente estava porque no segundo seguinte começou a chorar como uma criança, desesperado.

- Harry, não torne tudo isso mais difícil – pedi cansada de fingir que eu havia subido em cima de um iceberg – Vamos esquecer, está bem?

- Eu não posso esquecer – murmurou ainda chorando – Você é tão maravilhosa e eu sou um monstro que destruiu seus sonhos.

- Você não é um monstro, apenas fez com que eu descesse do patamar de nuvens em que eu estava metida. Se me deixasse por lá, eu passaria o resto da minha vida sonhando ao invés de ficar acordada e aceitar a realidade. De certa forma foi bom saber que você não sente nada por mim...

- Eu... Sinto... Sim – interrompeu soluçando – Gosto... Muito de você... Muito mesmo.

- Não da mesma maneira que eu gosto de você.

- Mas... Juro que posso tentar... Vamos ficar juntos. Eu vou tentar... Sei que posso ... Tenho toda certeza que posso retribuir... Você é a melhor garota que...

- Harry, venha cá, sente-se aqui ao meu lado – pedi serenamente enquanto ia um pouco mais para o lado, deixando um espaço para que ele se acomodasse ali e foi exatamente isso que ele fez – Olha, vai ser doloroso para mim, futuramente será doloroso para você se for assim. Prefiro não tocar no morto e deixar as coisas fluírem naturalmente. Sei que podemos salvar nossa amizade, temos uma vida inteira pela frente, nós ainda podemos ser grandes e melhores amigos novamente.

- Mione ...

- Eu ainda vou chorar muito, mas um dia minhas lágrimas vão secar e eu vou superar tudo isso. Amo você com todas minhas forças, mas todas essas forças são suficientes para que eu entenda o que é melhor para você. Minha felicidade é seu bem-estar, não quero lhe manter ao meu lado quando sei que ama outra pessoa.

- Mas eu vou esquecê-la ...

- Faça isso, mas por você e pela amizade que você tem com Rony. Por mim, eu só quero nossa amizade de volta, está bem?

- Mione...

- Amigos? Amigos novamente?

Harry encarou-me, parecia estar morrendo não só por dentro como por fora, ele não conseguiu responder-me pois o choro intensificou-se e tudo o que conseguia fazer era balbuciar palavras desconexas.
Aquilo cortou meu coração. Na verdade, esmagou meu coração fazendo todo o ódio que eu sentira descer ralo abaixo. Como eu poderia odiá-lo? Como?

Então, sem pensar muito o envolvi em um forte abraço ao qual ele retribuiu com muita força, como se não quisesse que eu saísse do lado dele nunca mais.
Foi aí que eu comecei a chorar também. E ficamos ali chorando abraçados por quase cinco minutos e se duvidar até mais, o tempo parecia não passar quando eu estava ali com ele. Sentia-me a mais sortuda das garotas da face da Terra. A mais amada, a mais querida, a mais especial.

- Mione! Harry! – abri os olhos e vi que Gina, Rony e alguns outros alunos haviam acabado de passar pelo buraco do retrato, fazendo tanto barulho que somente Rony e sua irmã haviam percebido nossa presença ali.

- Deixa eles, Rony, deixa eles – disse Gina enquanto levava o irmão para direção contrária.

Aos poucos fui me desvencilhando de Harry e o encarei com os olhos vermelhos, aliás ambos estávamos com os olhos vermelhos.
- Amigos para sempre ? – indaguei tentando fingir animação.

- Amigos para sempre – confirmou com um sorriso sem graça.

- Gina, levanta agora mesmo do meu malão que eu preciso colocar meu vestido aí dentro – disse assim que cheguei ao meu dormitório e vi Gina pousada em cima do meu malão, em uma posição do tipo chefe apache ao fazer seu pronunciamento diário.

- Vamos, conte-me tudo o que aconteceu lá na sala.

- Primeiro levanta do meu malão.

Gina levantou do malão e sentou-se na cama de Lilá Brown que era defronte à minha.

- Tá, agora conta logo.

- Ele está arrependido.

- Imagino que esteja. Vocês fizeram as pazes ?

- Fizemos.

- Mione ...

- Gina, ele é meu amigo, eu amo ele, precisamos concertar as coisas.

- Você realmente o perdoou ou só ficou com dó?

- Eu o perdoei, Gina, não consigo ficar brava com ele, você sabe bem disso.

- É – Gina concordou com um sorriso – Mas ainda acho muito sujo da parte dele...

- Ah! Ele prometeu esquecer, Luna, pela amizade com Rony.

- Melhor assim. E agora?

- O quê?

- Quem é sua próxima vítima ?
- Gina! – exclamei enquanto fechava o malão.

- Vamos lá, abra o jogo comigo, sou sua amiga e sou casada, posso lhe dar conselhos se quiser.

Ah ! Esqueci de mencionar que Gina considera-se esposa de Dino Thomas. Eles também vão tornar-se noivos durante o verão, ele vai pedir a mão dela para o Sr. Weasley e eu serei a madrinha do casamento.

- Gina, não tenho ninguém na mira agora, estou falando sério.

- Então com quem você foi encontrar-se hoje de madrugada? Não me olhe com essa cara, eu vi você indo a direção ao Campo de Quadribol, enquanto olhava pela janela do meu dormitório.

- Como sabia que era eu?

- Eu acho que conheço minha melhor amiga até no escuro.

- Certo, você venceu, era eu.

- Então quem era o felizardo ?

- Draco Malfoy !

Gina quase despencou da cama.

- COMO É QUE É ?

- Você entendeu bem, Draco Malfoy.

- Então, você e Ele estão... ? Vocês, não estão... ? Ou estão... ?

- Não estamos coisa nenhuma – interrompi Gina antes que ela pudesse concluir o raciocínio – Fui encontrá-lo em condições muito especiais.

- Eu sabia que era Ele! – exclamou Gina como se tivesse descoberto um novo continente – Estava óbvio.

- Oh! Deus do céu, por que todo mundo fica falando que é tudo óbvio na minha vida?

- Ele estava procurando você no Baile, ele perguntou para praticamente todo mundo se alguém havia lhe visto.

- Gina, ele só queria que fossemos patrulhar os jardins.

Gina fitou-me confusa e depois gargalhou bem alto.

- Mione, foi isso que ele te disse?

- Foi – respondi sentindo-me idiota.

- Não, Mione, não foi por isso que ele estava lhe procurando.

- Não, é ?

- Mione, os monitores chefes não precisavam patrulhar naquela noite.

- Não, é ?

- Não ! – confirmou Gina – Os monitores foram os encarregados disso. Sei disso porque como você sabe, sou monitora da Grifinória.

Ah ! Também esqueci de dizer que quando me tornei monitora chefe, Gina tornou-se a monitora da Grifinória pois eu não poderia desempenhar as duas funções ao mesmo tempo.

- É ?

- É, sim. Depois quando fui ao banheiro, vi Pansy Parkinson conversar com Emília Bulstrode que Draco tinha dito que ia até o banheiro masculino e havia sumido.

- Então, ele ... ?

Agora o raciocínio lento havia me contagiado. Aquilo não fazia sentido nenhum em minha mente.

- Ele provavelmente fugiu da Pansy e resolveu procurar sua companhia.

- Mas ele me odeia.

- É, eu achava isso. Mas está claro que não.

- Muito obrigada, Gina – disse apressada enquanto segurava o malão – Faça o favor de levar Bichento com você, eu o pego quando entrarmos no trem.

- Aonde você vai ?

- Procurar Draco Malfoy – respondi enquanto saía do dormitório batendo a porta com força.