Capítulo
5
If that's what I am so far
Until you get out of this
mess
And I will pretend
That I don't know of your sins
Until
you are ready to confess
But all the time, all the time
I'll
know, I'll know
(I Know - Fiona Apple)
- Eu sei - ele
respondeu frisando bem cada palavra - Eu sei exatamente sobre todos
os sentimentos de Draco Malfoy por você desde o primeiro ano em
Hogwarts.
- E você quer uma medalha de honra ao mérito
por isso - indaguei sorrindo cinicamente - Não é
novidade para ninguém que Draco Malfoy sente um ódio
desenfreado por qualquer amigo de Harry Potter.
- Hermione -
sussurrou Gina fazendo com que eu desviasse minha atenção
para ela - Não querendo intrometer-me no assunto, mas você
deveria escuta-lo - completou receosa.
- Mas ... - só então
percebi que havia algo de podre no reino da Dinamarca - Gina, por
acaso você não conhece Blás Zabini, conhece ?
-
Mione, por favor, escute-o, tenho certeza que vai ser bastante
esclarecedor - murmurou Gina cujo rosto assumia uma belíssima
tonalidade pimenta - Blás sabe das coisas.
- Sabe, é? – me virei novamente para Blás Zabini com uma raiva
crescente dentro de mim - Não quero saber de nada vindo de um
aluno da Sonserina e inclusive você.
- E Draco Malfoy -
perguntou Blás que ainda sorria, obviamente achando tudo muito
cômico.
- Qual é seu problema, Blás ? Eu não
estou com muita paciência, então se você puder ser
breve ...
- Eu apenas gostaria que vocês duas entrassem na
minha cabine - disse cordialmente fazendo uma reverência
exagerada - Logo o trem começará a funcionar e não
é muito seguro permanecer em pé no meio do
corredor.
Olhei para Gina um tanto irritada, mas ela parecia achar
a visão dos próprios sapatos, um tanto mais
interessante do que meu rosto contorcido de raiva.
- Está
certo – concordei olhando para Blás outra vez – Mas é
bom você ser breve, não vou gastar a viagem inteira na
sua cabine.
- Prometo que serei o mais rápido possível
– disse Blás ainda com aquele sorriso peculiar estampado no
rosto – Meu tempo também é bastante precioso,
senhorita Granger, se puder entrar na cabine agora, eu ficaria
imensamente agradecido.
Sem protestar, entrei na cabine com passos
tão duros que tenho certeza que poderia ter causado um abalo
sísmico no local. Ainda com a cara fechada, sentei-me e cruzei
os braços, enquanto observava Gina, bastante timidamente,
sentar-se ao meu lado.
- Muito bem, senhoritas – disse Blás
enquanto fechava a porta da cabine – Acho que a nossa monitora
chefe não está agüentando de curiosidade para
saber exatamente os sentimentos de Draco Malfoy por ela.
- Eu já
disse que conheço exatamente os sentimentos de Draco Malfoy
por mim – retruquei no alto de minha superioridade, afinal, um leão
quando morre é sempre com a cabeça bastante erguida –
Realmente não preciso que você esclareça o
óbvio.
- Tão óbvio que você não
enxergou por sete anos, senhorita Granger. Mas não lhe culpo
de nenhuma forma, Draco Malfoy é realmente talentoso na arte
do enganar e confundir.
- Talvez eu possa lhe dar outra medalha –
disse com a voz carregada de sarcasmo – Acha que uma de Adivinhação
Avançada, seria ideal para você?
- Não é
realmente necessário. Eu já tenho oito medalhas por
Adivinhação Avançada.
Olhei para Blás
Zabini com vontade de rir, porém vi que ele estava mais sério
do que o comum.
- Mione – murmurou Gina parecendo tentar reunir
coragem para dirigir a palavra à mim – Blás é
o melhor aluno de Adivinhação que Hogwarts já
teve desde Cassandra Vlabatsky.
- É? – perguntei ainda
munida de todo meu sarcasmo – Não sei se alguém lhe
contou Gina, porém Adivinhação não passa
de lixo barato para entreter adolescentes.
- Só porque
você não é boa em Adivinhação, não
precisa ser tão rude com as pessoas que interessam pelo
assunto – rebateu Gina com a voz esganiçada.
Creio que
minha expressão em um instante transformou-se do médico
para o monstro. Preciso confessar que meu maior defeito durante a
adolescência era o fato de ter a mais absoluta certeza de que
eu era boa em tudo e se havia certo assunto que eu não
entendia, era apenas por ser um assunto menos interessante do
mundo.
Gina encolheu-se feito uma flor morta e isso é
bastante estranho, sendo ela a primeira a dar a cara à tapa em
uma batalha. Será que eu era tão ameaçadora
assim aos dezessete anos de idade ?
- Pois bem, não estou
lhe pedindo que acredite em Adivinhação, Granger –
disse Blás teatralmente – Só gostaria de cinco
minutos de sua atenção.
- Você já está
tendo minha atenção e tomando meu tempo, prossiga.
-
Acredito que o que me faça tão bom em Adivinhação,
seja um certo dom com o qual fui agraciado em meu nascimento –
dizia Blás ainda bastante interessando em manter o tom teatral
– Eu posso ler pensamentos.
- Ler pensamentos ? – não
pude me conter – Isso é extremamente proibido no mundo
bruxo. Uma pessoa que nasce com esse dom, precisa urgentemente
procurar o Ministério da Magia e ...
- Granger, nada do que
você está me dizendo é uma novidade – murmurou
Blás, agora entediado – Sei tudo sobre as conseqüências
de um leitor de mentes e posso dizer que estou ciente de como eu
deveria ter procedido ao descobrir meu dom. O problema é que
achei bastante interessante poder ler mentes e realmente não
ia deixar o Ministério da Magia controlar meus poderes.
-
Esse é o pensamento de um terrorista.
- Eu estudei durante
sete anos na Sonserina, sou naturalmente um terrorista, está
esquecida ?
- Certo – concordei tentando colocar minha mente em
ordem – Já que você é um leitor de mentes creio
que não seja um empecilho dizer-me exatamente o que estou
pensando agora.
Blás calou-se por alguns segundos e eu pude
quase jurar que havia descoberto sua farsa. Só que no segundo
seguinte, ele abriu aquele sorriso cheio de dentes que faz meu
estômago revirar.
- Além do fato de estar claramente
duvidando de mim, você está pensando em sorvete de
chocolate com cobertura de caramelo e nozes por cima.
Abri a boca,
porém não consegui produzir nenhum som e por isso
esforcei-me a fecha-la outra vez.
- Agora, você vai me
ouvir, Granger ? – quis saber Blás vitorioso.
- Vou –
concordei timidamente.
- A questão é sobre Draco
Malfoy – disse Blás – Gina, sua amiga, procurou-me faz
alguns minutos para perguntar-me se eu poderia ler a mente Dele e
descobrir se dentro dela havia algo de você.
- Gina ! –
exclamei mais por instinto do que por outra coisa.
Dessa vez, Gina
sorria de um jeito bastante cúmplice, fato que me fez esquecer
de que eu deveria pular em cima dela e trucida-la com golpes
marciais.
- O fato é que eu achei extremamente
desnecessário entrar na mente de Draco Malfoy, pois eu já
sabia os sentimentos Dele por você desde o primeiro ano.
-
Sabia ?
- Por algum motivo, os pensamentos Dele são tão
altos que muitas vezes sobressaem aos pensamentos de qualquer pessoa
ao redor. E Ele pensa em você com muita freqüência,
de uma maneira bastante confusa no princípio, mas acho que
tudo foi se esclarecendo com o passar dos anos.
"Não foi
apenas uma vez que o vi com a ex-namorada, Pansy Parkinson, enquanto
pensava em você. Só que como você sabe naquela
época ainda existia o pai Dele e por isso Ele censurava-se
imediatamente e tentava enfiar na cabeça que você não
era nada além de uma garota de sangue ruim".
Minha mente,
aos poucos tentava processar tal informação.
Meus
ouvidos muito me enganavam ou Draco Malfoy realmente pensava em mim
como garota ?
É uma descoberta chocante saber que Aquele
que você odiou durante muitos anos, pensa em você como um
ser humano e não como um esquilo.
- Você está
certo disso ?
- Estou. E depois da guerra, os pensamentos sobre
você estavam mais freqüentes. E acredito eu que agora
vocês já não tem nenhum empecilho.
Encarei
Blás Zabini ainda incerta. Se ele sabia os sentimentos de
Draco, talvez também soubesse o fato de Ele ser um comensal da
morte.
Mas antes que eu pudesse completar meu raciocínio,
Blás já havia lido minha mente.
- Granger, acho que
Ele realmente está mudado e você não errou ao dar
uma chance para Ele.
- Você tem certeza ?
- Tenho. É
só isso, Granger, o destino está exclusivamente em suas
mãos.
- Blás ! – exclamei repentinamente – Por
qual motivo você está me ajudando ?
- Gina Weasley
prometeu-me enviar semanalmente durante um ano, um saco de doces para
minha residência e essa é realmente uma proposta
irresistível.
Olhei para Gina sem graça, tentando
anotar mentalmente o fato de que depois eu teria que agradece-la e
desculpar-me por algo.
- Muito obrigada, Blás – disse
enquanto levantava-me – Acho que essa conversa esclareceu algumas
coisas em minha mente.
- Foi um prazer trabalhar com você.
-
Então, vamos voltar para a cabine, Gina ?
- Certo.
-
Mais uma vez, obrigada, Blás.
- Volte sempre.
- Você
deveria ter me consultado antes – murmurei para Gina enquanto
andávamos pelo corredor.
- Conheço você o
suficiente para dizer que não aceitaria – disse Gina
empolgada – Mas e aí? Agora vai namorar Draco Malfoy, não
é?
- Se você parar de gritar isso pelo corredor eu
até posso pensar no assunto.
- Meu Deus ! Bem que Blás
disse que você era uma pessoa de aura difícil.
-
Gina, Ele não me pediu em namoro, nem nada.
- Mas Ele tem
interesse por você.
- E eu tenho interesse pelo Harry,
enquanto eu não me recuperar disso, não posso aceitar
amar outra pessoa.
- Realmente não entendo como é
que seu cérebro funciona mas deve ser bastante diferente de
todos os outros seres humanos dessa Terra.
- Gina, eu só
sou realista, agora fique quieta e não toque em nenhuma
palavra sobre o acontecido, certo ? – disse enquanto abria a porta
da cabine aonde nossos amigos estavam.
- Vocês demoraram –
observou Harry – Cadê seu gato Hermione ?
- Hermione
resolveu deixar-lo lá – disse Gina sentando-se novamente –
Tudo bem por aqui ?
- Tudo – respondeu Harry cujos olhos verdes
estavam grudados em mim de maneira suspeita – Se resolveu deixar
seu gato lá, Hermione, por qual motivo demorou tanto ?
-
Encontramos Parvati Patil no meio do caminho – respondeu Gina, já
que eu ainda não consigo dizer uma mentira inteligente o
bastante para enganar Harry – E você sabe que ela não
perde a chance de conversar com nenhum ser humano na Terra.
-
Claro – concordou, pude perceber que não plenamente
satisfeito com a resposta, mas afinal, desde quando eu preciso dar
satisfações de minha vida para ele ?
Quando,
finalmente sentei-me entre Gina e Harry, a porta abriu-se de chofre e
por ela, entrou, vocês já podem imaginar quem, Draco
Malfoy.
A reação na cabine, foi um tanto diferente
da natural.
Gina prendeu a respiração, mordeu os
lábios e olhou para mim, como se esperasse que eu o agarrasse
naquele momento e declarasse toda minha devoção por
Ele. Luna focou seus olhos sonhadores em Draco e logo depois pareceu
achar mais interessante observar a paisagem. Rony e Harry,
colocaram-se de pé ao mesmo tempo, prontos para ataca-lo na
mesma velocidade que Ele insultasse alguém presente ali.
E
eu ?
Bem, eu só não enfiei minha cabeça
dentro de um buraco pois não sou um avestruz.
Meu estômago
deu diversas cambalhotas e eu me senti pequena, insignificante e
extremamente culpada.
Era Aquele garoto que gostava de mim ? Era
realmente o garoto pálido parado na porta que eu iria ajudar
?
- Não estou aqui para nenhum duelo de varinhas, Potter –
disse Draco, com seu velho tom arrastado, enquanto observava Harry
que naquela altura já tinha a mão no bolso e estava
pronto para sacar a varinha e usar contra Draco todas as azarações
que conhecia.
- Então, qual é seu problema ? –
indagou Rony rispidamente – Também não estamos aqui
para tomar chá com você, então, se for breve,
ficaríamos satisfeitos.
- Também não falei
com você Weasley – retrucou sem nem ao menos olhar Rony –
Estou aqui para falar com a Granger.
- COM ELA ? – gritaram
Harry e Rony ao mesmo tempo.
Gina suspirou parecendo alguém
que está acompanhando um duelo romântico pela mão
da mocinha e Luna, olhava-me com um sorriso estranho no rosto, como
se soubesse exatamente por qual motivo Draco queria falar comigo.
E
eu ?
Bem, eu senti que havia acabado de levar um soco na
barriga.
- Sobre ? – murmurei sentindo meu rosto corar.
-
Você sabe o assunto – murmurou em resposta.
- Você
não tem absolutamente nada para tratar com a nossa Hermione.
-
Potter, ao menos que você tenha uma patente registrada no
Ministério da Magia, não vejo como Hermione Granger
poderia ser sua. E aliás, eu não tenho tempo para
perder com nenhum chilique ciumento e por isso, se você puder
me acompanhar até o corredor, por favor, Granger ...
?
Levantei, meus joelhos estavam fracos novamente.
Como eu
poderia encarar Draco sabendo que Ele olhava-me com outros olhos ?
-
Você vai ? – indagou Rony indignado.
- Por favor, não
vamos criar caso, Rony – murmurei enquanto passava com a cabeça
baixa por Harry e junto com Draco Malfoy retirava-me da cabine,
fechando a porta atrás de mim.
Nós afastamos um
pouco da minha cabine, eu nem ao menos podia olha-lo. Sentia-me como
uma condenada andando pelo corredor da morte, seguindo seu capataz
para o destino inevitável.
- Draco, por favor, nunca mais
tente falar comigo perto de Harry ou Rony – pedi quando ambos
paramos de andar e encaramos um ao outro.
- Eu não me
importo com nenhum deles – disse Draco displicente – Precisava
falar com você, urgente.
- Certo, estou aqui, agora você
pode falar – disse rapidamente, olhando para meus próprios
pés.
Draco não disse nada. Apenas olhou-me por
alguns segundos. Senti que Ele estava tentando analisar exatamente
por qual motivo eu estava agindo de maneira tão
desconfortável.
- Granger, aconteceu algo ? – finalmente
perguntou.
- Não !
- O quê você estava
fazendo na cabine de Blás Zabini, então ?
- COMO
VOCÊ SABE ?
- Eu tenho meus informantes.
- Eu não
estava fazendo nada ...
- Ele é leitor de mentes, sabia ?
-
Eu sei, mas ...
- Também me contaram que aquela garota
Weasley, estava conversando com ele antes de embarcamos no trem.
-
É? Bem, olha, não estou sabendo de nada disso ...
-
Granger – disse Draco sério segurando meu queixo com suas
mãos geladas, fazendo que eu o encarasse – Se você
queria saber sobre meus sentimentos por você, era bem mais
fácil você ter perguntado.
- Mas eu não queria
saber – murmurei sentindo-me perdida – Não queria mesmo.
Foi, Gina, ela acha que apenas porque agora estamos nos entendendo
melhor ...
- Certo – Draco soltou meu queixo e quase que
automaticamente minha linha de visão voltou a ser meus
sapatos.
- Draco, o que você sente por mim ? – perguntei
timidamente, alguns segundos depois.
- Podemos deixar esse assunto
para depois ? Agora acho que Potter quer você de volta.
-
Você disse que era só eu perguntar ...
- Mas agora
que você já sabe, não precisa ouvir isso de meus
lábios ou precisa ?
Encarei-o surpresa.
Tá, será
que eu preciso dizer que eu já nem ao menos entendia quem era
eu e o que estava fazendo ali parada naquele corredor na companhia
Daquele garoto loiro ?
E, espera aí ... Ele gostava mesmo
de mim ?
- Draco ...
- Granger, depois nós conversamos,
melhor voltar para sua cabine.
- Aonde eu posso te encontrar ?
-
Você não me encontra, eu te encontro.
Vi que ficar
ali parada, não adiantaria nada.
Por isso, com um último
olhar de confusão, deixei Draco ali parado naquele
corredor.
Se querem saber, Ele também parecia confuso.
Talvez, pelo fato de que foi justamente nessa página, que a
minha história e a de Draco, começou a ser escrita ...
