Capítulo
Sete
And I need you now tonight
And I need you more than
ever
And if you'll only hold me tight
We'll be holding on
forever
And we'll only be making it right
Cause we'll never be
wrong together
We can take it to the end of the line
(Total
eclipse of the heart - Bonnie Tyler)
Se nós podemos ser
amigos ?
Claro, eu estou sempre aberta à novas
amizades. A única coisa que lhe imploro é que NUNCA
desligue o telefone na minha cara da maneira que Draco Malfoy havia
feito.
Eu estava furiosa. Quero dizer, não era apenas
fúria, talvez fosse uma raiva ou algum outro sentimento que
havia colaborado para que meu rosto ardesse como o inferno.
Inferno,
justamente para onde eu teria mandado Draco Malfoy SE Ele não
houvesse desligado o telefone.
Então, como é que eu
deveria agir agora ?
Draco realmente não havia deixado
nenhuma alternativa plausível. Eu realmente não estava
sentindo-me confortável com a perspectiva de vê-lo
aparecendo em minha casa de madrugada, por isso decidi que eu estaria
lá de qualquer jeito.
Muitas idéias mirabolantes
passaram pela minha cabeça, todas de uma vez e em uma
velocidade impressionante. Cada uma empurrava a outra com voracidade
e gritava:
- Ei, me escolha, eu sou completamente absurda e
ridícula, se me escolher, juro que você vai se ferrar na
mão dos seus pais !
Então, eu vi que já não
havia nenhuma maneira além de esquecer qualquer inacreditável
plano de fuga e optar pelo famoso "desaparecer embaixo do nariz
de seus pais".
- MESS INK - joguei o pó de flú
na lareira e alguns segundos depois desapareci por entre as labaredas
que haviam se formado ali.
Agora, certamente, você deve
estar pensando como consegui executar meu imperfeito plano de fuga,
não é?
Sinceramente, não foi algo de outro
mundo, mas todo o medo que de certa forma estava impregnado na minha
pele, me fez ter uns trezentos pensamentos negativos por minuto,
conforme lentamente eu tentava passar pelo corredor sem fazer
barulho.
Okay, garotas, não tentem passar pelo corredor sem
fazer barulho se você está usando SALTO ALTO (sim, vocês
não estão tendo nenhuma alucinação, eu
realmente estava usando salto alto e maquiagem - tudo culpa de Draco
Malfoy). Com dois passos dados, tive que parar no meio do caminho,
tirar os sapatos e terminar o resto do percurso com meus imaculados
pés descalços.
Após descer alguns lances de
escada, chegar na sala de estar, recoloquei meus sapatos, abri minha
bolsa e de lá tirei um pequeno potinho contendo pó de
flú, o necessário para a ida.
Estava tudo planejado
na minha cabeça. Eu iria, apenas para Draco Malfoy não
aparatar no jardim do meu prédio. Da mesma maneira que iria,
também voltaria e o mais rápido possível.
Bem,
ao menos eu achava que seria assim...
Mas bem, vamos por
partes. Após uma tortuosa viagem pelo vértice da Rede
de Flú, fui violentamente expelida no chão sujo de um
lugar escuro (clichê, não é- agora só
falta aparecer um cara estilo Quasímodo pedindo para segurar
minha capa... opa olha ele ali).
- Minha bela dama, no que
poderia ser útil?
Ainda sentada no chão, foquei meus
olhos no homem e logo após tentei processar na minha mente que
tipo de lugar era aquele. Parecia um bar, quer dizer, um
estabelecimento bastante sujo, do tipo que não vê uma
boa bucha e esfregão desde a última Santa Inquisição.
O mais assustador, talvez fosse o fato de que só estávamos
eu e meu amigo Quasímodo naquele lugar suspeito.
Seria aqui
o tal Mess Ink?
- Com licença, eu estou procurando o Mess
Ink - respondi levantando-me com certa dificuldade - O senhor poderia
dizer-me onde estou ?
- Está no caminho certo - com um
sorriso amarelo ele indicou uma porta quase que oculta na escuridão
- É só passar por ali.
- Obrigada - agradeci
educadamente e caminhei em direção à porta, mas
antes de tocar na maçaneta um pensamento repentino me ocorreu
- O quê é Mess Ink- perguntei em voz suficientemente
alta para que o homem ouvisse.
- É uma boate de jovens -
informou com sua voz gutural - Um lugar bastante divertido, nunca
esteve lá?
- Não- respondi virando-me novamente
para encarar o homem - Marquei um encontro com um amigo.
- Amigo?
E como se chama esse amigo?
- Draco Malfoy.
- Sim, Ele vem
muito aqui - comentou com um sorriso satisfeito no rosto - Boa pessoa
esse senhor Malfoy...
- É exatamente nisso que venho
tentando acreditar - murmurei distraída.
- Disse algo?
-
Não. Muito obrigada, eu estou indo.
Prendendo a respiração,
abri a porta e dei de cara com a rua. Sim, a rua de madrugada parece
ser um lugar bastante amedrontador e talvez eu poderia estar tremendo
nas bases se não estivesse com toda minha atenção
em um letreiro de néon verde tão pomposamente
localizado na frente de um lugar vivamente iluminado e cheio de
transeuntes. Mess Ink, aqui estou.
Abri um sorriso, por saber que
eu finalmente estava no meu destino, sã e salva. Mas antes que
eu conseguisse pesar em algo, vi Draco Malfoy, no outro lado da rua,
encostado na parede e apenas olhando o movimento com seus olhos
incrivelmente brilhantes, ainda mais tentadores à luz da
lua.
Opa, preciso maneirar nessa minha lista de clichês !
-
Malfoy- exclamei enquanto acenava para Ele - Aqui!
Draco parecia
entorpecido e com muito sacrifício conseguiu identificar de
qual ponto no meio daquela balbúrdia vinha a voz que lhe
chamava. Nossos olhos se encontraram, mas não ocorreu nenhum
efeito mágico nesse instante, Ele parecia tão sério
que senti minhas tripas congelarem. Draco Malfoy, preciso lhe dizer
algo, esse seu olhar Assassino é realmente de enfraquecer os
joelhos.
Atravessei a rua, ainda tentando manter um sorriso no
rosto, mas eu nem ao menos consegui colocar o pé do outro lado
da calçada e Ele logo foi agarrando meu braço com força
descomunal.
- Não diga meu nome em voz alta - murmurou com
os lábios praticamente encostados em minha orelha - Entendido,
Granger, não repita esse erro.
- Acho melhor soltar meu
braço - retruquei irritada desvencilhando-me com força
- Era para isso que queria que eu viesse aqui ? Para prender minha
circulação sanguínea ?
- É bom te ver,
Granger - acrescentou com um sorriso sincero - Vamos entrar ?
-
Sim - concordei ainda rendendo um último olhar suspeito em sua
direção - Você vem aqui com muita freqüência
?
- De vez em quando - contou enquanto entravamos em uma extensa
fila de jovens vestidos de maneira um tanto exuberante para aquele
horário da madrugada - Você nunca sai, não se
diverte?
- Não - respondi rindo - Meus pais não
deixam.
- Sim, esqueci que você é uma garotinha
superprotegida - disse também se dando o direito de rir - Mas
talvez eu esteja interessado em saber de que maneira você
conseguiu que seus pais deixassem você sair de casa.
- Eles
não deixaram - disse enquanto avançávamos na
fila - Na verdade, naquele instante eles acreditam que eu esteja
adormecida, no sétimo sono para ser exata.
- Incrível,
nossa monitora chefe favorita quebrando as regras do lar - Draco
abriu outro sorriso que para variar fez meu coração
palpitar - Chamem o Profeta Diário.
- Muito engraçado
- disse com azedume - Mas agora, esclareça minha dúvida,
por quê Mess Ink ?
- Pois não há melhor lugar
no mundo bruxo para se ter diversão - quem respondeu minha
pergunta foi um homem com o nariz assustadoramente fora de esquadro
(professor Snape, acho que encontrei seu primo), ele controlava a
entrada dos bruxos no local e segurava um grande carimbo na mão
- Agora, por favor, seu braço senhorita.
Abri um sorriso
amarelo e estiquei meu braço um tanto relutante. O homem
Snape, segurou meu braço de uma maneira que fazia aquele
apertão que Draco havia dado no momento anterior, uma leve
carícia de fada. Por alguns instantes já tinha me visto
chegando em St. Mungus gemendo em uma maca e um medibruxo gorducho
dizendo que precisaria amputar meu braço.
- Tudo certo-
foi o que o homem disse enquanto carimbava meu braço com força
e o largava pela graça divina - Agora é sua vez... -
informou Draco que sem nenhum protesto ou rastro de dor no rosto, foi
devidamente carimbado.
Passamos por uma roleta, passamos por uma
cortina prateada e pronto, estávamos no Mess Ink. A música
era alta e não era cantada, era gritada ao vivo por um garoto
de no máximo quinze anos de idade que segundo o Semanário
das Bruxas era o mais quente daquela época. O local era
escuro... opa, eu quis dizer florescente! Nunca vi tanta coisa
brilhar no escuro de uma vez só. Isso até que era
engraçado de certa forma, o rosto de Draco parecia tão
humano na luz roxa florescente que eu quase pude acreditar que aquilo
era real. Calma aí, era real!
- Eu venho aqui sempre que
posso - contou Draco enquanto íamos até uma mesa vaga
nos fundos - Acho que é um ótimo lugar para...
relaxar!
- Sim, com certeza é- murmurei enquanto dois
bruxos de no máximo dezesseis anos esqueciam as varinhas de
lado e partiam para uma briga apenas nos punhos.
- Não
ligue, sempre acontece - disse Draco captando minha linha de visão
- Vamos nos sentar- indagou educadamente puxando uma cadeira para
mim.
- Obrigada - agradeci sentando-me e logo Ele havia tomado seu
lugar bem ao meu lado.
Quando eu digo ao meu lado, estou
referindo-me à joelhos encostados e respirações
se misturando. E os olhos de Draco agora pareciam praticamente
sublimes graças ao grande abajur azul florescente na
mesa.
Estava tudo muito bem, apesar do silêncio que havia se
instalado entre nós. Acho que o meu semblante era o de Garota
Boba Encontra Príncipe Encantado que Estava Debaixo do seu
Nariz, porém, nada poderia atrapalhar aquele instante. Era
como se qualquer espécie de confusão quanto à
índole de Draco Malfoy tivesse sido mandada para longe.
Mas
sempre tem alguma figurinha estranha para atrapalhar, acho que
completei o álbum naquela noite. De repente uma moça,
usando um turbante branco na cabeça (parecia mais com um
lençol enrolado na cabeça, mas não vamos disser
isso para a coitadinha, ninguém merece acordar e descobrir que
enrolou coisa errada na cabeça), chegou toda sorridente,
olhando obviamente na direção de Draco, porém
fico incrivelmente feliz em narrar que seu sorriso sumiu assim que
viu que o rapaz loiro estava colado em uma garota, no caso, Hermione
Granger, essa que vos narra.
- Olá senhor Malfoy -
cumprimentou a Garota Turbante - e senhorita...?
- Senhora Malfoy
- Draco respondeu antes que eu conseguisse abrir a boca - Minha
esposa.
Arregalei os olhos para Draco e Ele me devolveu o olhar
assustado, porém pude ver que estava fazendo o máximo
de esforço para não rir.
- É um prazer
recebê-la senhora Malfoy - acrescentou o Turbante com um
sorriso bem falso - Eu poderia guardar sua capa?
- Claro -
concordei retirando a capa e entregando-a para minha Nova Amiga.
Só
aí percebi que Draco olhava-me com um misto de espanto e
surpresa. Arqueei as sobrancelhas e Ele fez o mesmo, então
desisti de tentar descobrir o motivo e voltei minha atenção
para a Nova Amiga que ainda estava falando.
- ...Abóbora ou
uva?
- Uva- Draco e eu respondemos ao mesmo tempo sem a mínima
idéia do que aquilo era e logo depois caímos na
risada.
- Certo - concordou a Amiga anotando na prancheta, com um
sorriso bobo nos lábios - Vão querer batida de uva
então, mais alguma coisa?
- Acho que não, quer algo
Mione?
- Não, obrigada.
- Eu já volto.
Nos
encaramos novamente e alguns segundos depois começamos a
rir.
- Certo, me explique o que era aquele lençol na cabeça
dela...
- Lençol? Ué, sempre pensei que fosse uma
toalha.
Mais risadas.
- Ela está sempre aqui?
-
Sempre dando em cima de mim - respondeu Draco tentando encarnar o
pobre moço - Sorte que hoje a senhora Malfoy estava
aqui.
Gargalhadas.
- Já posso até ver você
se casando com a Amiga Turbante, será que ela tem cabelo,
Draco?
- Não sei, talvez ela carregue alguém na
cabeça como o professor Quirrell.
Uivos de tanto rir. Sabe,
se eu estivesse vendo essa cena por outros olhos, certamente pensaria
que esses dois jovens estavam dopados ou algo assim. Nada daquilo
tinha graça, mas Draco fazia tudo parecer tão
divertido.
- E esse vestido que você está usando... é
realmente... bonito... ele realça seu corpo... - murmurou
Draco, porém parecia encontrar certa dificuldade em olhar na
minha direção ou aquela luz muito me enganava, mas
posso afirmar com quase certeza que Ele parecia corado.
Certo,
falando com um pouco de sinceridade, eu também estava bastante
corada.
- Obrigada - agradeci rapidamente enquanto eu ainda tinha
coragem de dizer algo - É muito bom ouvir um elogio,
principalmente da parte de alguém como você.
- Alguém
como eu- indagou rindo - Tenho algo de especial?
- Oh! Por
alguns instantes havia me esquecido que você é Draco
Malfoy, se eu falar que você possui algo de especial logo vai
ficar achando que é o rei do pedaço. Desculpe, é
que você pareceu tão humano e humilde ao elogiar meu
vestido que eu quase tive certeza que você era boa gente.
-
Se me considera um mau elemento, por qual motivo está perdendo
seu tempo aqui- retrucou no mesmo instante e havia uma certa raiva
faiscando em seus olhos.
- Boa pergunta- respondi irritada
levantando-me pronta para ir embora, mas no segundo seguinte,
sentei-me novamente - Sinceramente, não é assim que
devemos começar...
- Assim como?
- Com outra briga.
Brigamos durante sete anos e para mim chega.
- O dia em que não
brigarmos, nem que seja por uma bobagem, eu seriamente estarei
acreditando que você precisa de acompanhamento
psicológico.
Ação e reação,
foquei meus olhos com toda fúria em Draco, eu estava pronta
para disparar mais uma de minhas farpas, porém antes que eu
conseguisse abrir a boca, Ele estava rindo. Alguns segundos depois,
eu também caí na gargalhada.
- Eu sou completamente
idiota por brigar com você somente por ter feito um elogio a
minha roupa...
- Granger, por favor, eu gosto de você
completamente idiota, nunca seja metade idiota, vai perder a graça
- disse ainda rindo-se.
- Eu poderia encarar isso como um insulto
pessoal...
- Você não vai encarar isso como um
insulto pessoal.
- Quem é você para garantir isso com
tanta certeza?
- Granger, sei que seu espírito de
Grifinória está sempre lhe impulsionando para bater de
frente com seus inimigos, mas talvez você precise entender que
eu não quero seu mal. Ao menos, não quero mais.
Isso
me fez parar por alguns segundos. Eu realmente estava disposta a
tentar. Queria provar para Draco Malfoy que todos podemos mudar e se
Ele estava fazendo isso, eu também poderia tentar, certo?
-
Me perdoe - murmurei envergonhada - Podemos tentar começar uma
conversa civilizada outra vez?
- Claro, Granger- concordou -
Espere um minuto, tenho algo para lhe dar.
Draco colocou a mão
dentro do bolso interno da capa e revirou por alguns segundos nos
quais eu tentava positivamente pensar em um presente agradável
e não uma aranha peluda ainda com vida.
Do bolso de Draco,
saiu uma rosa vermelha.
Bem, uma rosa vermelha sem algumas
pétalas que obviamente haviam caído no bolso dele,
porém ainda era uma rosa vermelha.
Espera aí, como é
que Ele sabia que essa é minha flor favorita?
- Obrigada -
agradeci pegando a rosa em minhas mãos - É muito gentil
da sua parte.
- Sempre achei que não há melhor
maneira de começar uma relação do que presentes
singelos... - um segundo depois, Draco entendeu o duplo sentido
naquilo que havia dito - Uma relação de amizade,
entende? Pois é isso que deverá haver entre nós,
uma bela amizade.
- Claro, eu havia entendido perfeitamente o
sentido da frase - Hermione Granger, MENTIROSA, MENTIROSA!
-
Espero que goste de rosas vermelhas.
- São minhas favoritas
- respondi com um sorriso tímido - Mas espera aí, como
você sabe que eu gosto de rosas vermelhas?
- Eu tenho meus
informantes, Granger.
- Informantes?
- Sim, algum problema?
-
Posso saber quem são essas pessoas?
- Não-
respondeu tomado de frieza - E não vamos prolongar o
assunto...
- Suponho que seus informantes também lhe
forneceram meu número de telefone.
- Granger será
que você não consegue ler nas entrelinhas? Quando eu
digo para não prolongarmos um assunto, estou justamente
pedindo para que pare de falar sobre isso.
- A batida de vocês- a Amiga Turbante, tinha que atrapalhar mais um início do
round Draco Malfoy vs. Hermione Granger.
Por qual motivo absurdo
ela precisava aproximar-se toda rebolante em nossa direção,
com aquela maldita bandeja? Estava tão indignada com Draco que
sem pensar duas vezes, peguei o cálice e o entornei de uma vez
só.
E foi naquele instante que Hermione Granger percebeu
que a Terra está em constante movimento de rotação
e translação.
- Granger, você está
bem- Draco segurou meu braço com força, no instante
em que me encostei na cadeira sentindo que se havia algum teor
alcoólico na bebida já havia subido para meu cérebro.
-
Meu Deus! O que exatamente é isso?
- Batida de uva!
- Eu
sei- respondi ainda sentindo-me tonta - Isso é alcoólico?
-
Sim - confirmou Draco parecendo preocupado - Não é
realmente aconselhável virar tudo de uma vez. A batida bruxa
realmente não tem nenhuma semelhança com a trouxa.
-
Eu percebi - pisquei lentamente e tentei focar minha visão
novamente - Mas...É bom!
- A monitora chefe se revelando
uma alcoólatra incontrolável - disse Draco rindo - Você
acha que consegue beber outro cálice?
- Sim, eu consigo -
respondi animada - Pode me dar o seu?
- Granger, controle-se! Eu
estava brincando.
- Ah- exclamei tristonha, ainda olhando para o
cálice intocado de Draco com certo remorso - É
realmente muito alcoólico? É porque me parece
extremamente delicioso, eu poderia tomar outro cálice desses,
sem problemas.
Draco encarou-me por alguns segundos e logo estava
vencido.
- Pegue meu cálice e pare de fazer bico!
-
Obrigada- agradeci pegando o cálice de batida de uva e
bebendo-o rapidamente.
- Sabe, Granger, acho que você ao
menos deveria ir devagar - analisou Draco - Você precisa estar
em condições de caminhar quando sairmos daqui.
- Eu
estarei - mas naquela altura, eu não estava em muitas
condições nem ao menos de formar uma frase inteligente
- Você quer dançar?
- Granger, você está
me preocupando - Draco agora parecia incrivelmente sério, mais
sério do que eu jamais estive em toda minha vida - Quero lhe
devolver inteira para seus pais.
- Eu estou inteira - respondi com
dignidade - Harry realmente foi cruel comigo, mas eu o perdoei.
Talvez eu ainda ame ele, mas está tudo tão confuso.
Será que você pode me ajudar?
- Claro que posso, vou
lhe ajudar a tomar rumo para sua casa - Draco levantou-se - O álcool
fez um efeito rápido em você, não quero conversar
com você nessas condições, é injusto...
-
Por quê- perguntei segurando a gravata de Draco - Vamos
conversar.
- Você iria contar coisas das quais se
arrependeria depois e eu...
- Draco, você não é
nenhum bom samaritano, então largue disso e vamos tomar mais
batida de uva.
- Você precisa voltar para sua casa,
Granger!
- Você é tão mais bonito calado -
nada para acrescentar, apenas MALDITO ÁLCOOL.
Ah! E se você
nunca bebeu em sua vida, nem pense em sair entornando cálices
de uma bebida desconhecida sem prévio aviso ou então,
você irá acabar no mesmo barquinho que Hermione Granger,
a beberrona.
- Granger...
Certo, tenho muita vergonha de
descrever exatamente a cena que vocês assistirão a
seguir. Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro para todos
vocês que em nenhum momento eu faria isso sem a ajuda do
álcool, mas vamos deixar de enrolar e contar o ocorrido.
Sem
pensar duas vezes, puxei Draco Malfoy com força pela gravata,
quase enforcando o pobre coitado, porém dessa maneira nossos
rostos ficaram próximos e eu pude sentir sua respiração
ofegante em minha face e não sei qual idéia maluca
passou por minha cabeça, porém os lábios dele
nunca pareceram tão tentadores.
Foi aí que eu
consumei o fato, beijei Draco Malfoy.
E no começo foi
estranho, pois só minha língua parecia tomar
conhecimento de que aquilo era um beijo. Senti que Draco estava mais
duro do que uma gárgula de pedra, mas não demorou muito
até que uma luz o iluminasse e logo Ele tomasse consciência
de que para que um beijo ocorra necessita-se de duas línguas
em ação.
Foi algo cheio de paixão e ao mesmo
tempo foi puro. Certo, poderia até mesmo dizer que foi o
melhor beijo da minha vida, mas aí seria uma grande mentira,
pois eu sinceramente não posso me lembrar de muita coisa
daquela noite, tirando o fato de que o gosto de uva predominava em
nossas bocas.
Por mim, eu ficaria ali, beijando Draco Malfoy por
toda minha eternidade, mas Ele precisava lembrar-se que eu estava
bêbada e a consciência dele precisava ter mandado que Ele
tirasse a língua da minha boca e separasse seus lábios
dos meus.
Foi decepcionante olhar nos olhos dele e ver que tudo
que havia ali era vergonha.
- Granger, você precisa ir para
sua casa.
- Eu quero ficar aqui.
- Se ficar aqui, vou lhe
deixar sozinha, com um bando de adolescentes cheios de hormônios
incontroláveis e acho que você não quer isso,
quer?
- Eu não me importo.
- Granger, não seja
mimada.
- Você está parecendo meu pai.
- Ótimo,
agora que você está dizendo isso, tive uma idéia.
-
Qual?
Mas Ele não respondeu. Isso porque naquele instante,
estava ocupado demais me pegando no colo e colocando-me nas costas,
como se eu fosse um saco de batatas.
- ME SOLTA- ordenei
inutilmente dando socos nas costas de Draco - Eu quero ficar aqui.
-
Você vai para casa.
- EU NÃO QUERO!
- Você
vai. E não se preocupe com sua capa, se quiser eu lhe compro
outra.
- DRACO, ME COLOCA NO CHÃO.
- Até mais
Jonas- Draco acenou para o segurança que nem ao menos deu
atenção para a garota que esperneava desesperada nas
costas de Draco, eu.
- Draco, você não vai pagar a
conta- indaguei tentando achar um motivo para Ele voltar, então
eu me agarraria no cálice e quero ver que santo me tiraria
dali.
- Eu não preciso, tenho uma conta no Mess Ink, eu só
pago no final do mês.
- Sou um ser provido de pernas, será
que eu posso descer e andar- perguntei irritada enquanto
avançávamos por uma rua escura.
- Não-
Draco parecia mais firme que tudo e todos - Vou lhe levar até
sua casa.
- Eu posso aparatar!
- Não pode, deveria se
lembrar que não é recomendável aparatar e
desaparatar em uma condição tão delicada como a
sua.
- E vai fazer o quê? Levar-me até Soho nos
ombros?
- Acha que consegue agarrar minha cintura?
- Como
consegue pensar em uma coisa dessas agora...
- Granger estive
pensando em levar você em minha vassoura, só isso.
-
Pensei que nunca quisesse me ver em uma vassoura novamente...
-
Não quero lhe ver em ação em uma vassoura
novamente - passamos por uma portinhola espremida entre uma loja de
roupas masculinas e um restaurante de comida chinesa e estávamos
novamente no lugar por onde eu havia chegado.
- Espera aí,
isso aqui ficava lá do outro lado, na frente do Mess Ink.
-
Isso aqui, Granger, está sempre mudando de lugar, mas se você
abrir aquela porta lá, vai parar no Mess Ink. Olá
Gaspar! Minha vassoura está aí?
- Claro senhor
Malfoy, como foi a noite?
- Ótima- respondi por Draco,
claramente ironizando a situação - Nos divertimos muito
Gaspar, só que Draco Malfoy é um... AI- não
pude prosseguir porque naquele instante Draco havia tratado de
beliscar minha perna.
- A noite foi ótima Gaspar -
respondeu Draco enquanto apanhava a vassoura - Nos vemos em breve.
-
Assim espero, senhor Malfoy, assim espero. E que traga sempre essa
belíssima dama.
- Sim! Você o ouviu, Draco? Traga
sempre essa belíssima dama - concordei quase pulando do ombro
de Draco para abraçar o meu amigo Quasímodo.
-
Hermione fique quieta- sibilou nervoso enquanto saíamos pela
portinhola pela qual havíamos entrado.
- Você me
chamou de Hermione?
- Não!
- Você me chamou de
Hermione!
- Eu não lhe chamei de... - parecia irritado,
porém desistiu na metade do caminho - Não vou discutir
com alguém no seu estado.
- Eu posso estar com álcool
na mente, mas ainda tenho um ouvido ótimo!
Draco colocou-me
no chão lentamente, porém no segundo seguinte teve que
segurar meu braço pois eu cambaleei para trás.
-
Você é muito mais bonita calada, pelo menos quando está
bêbada- murmurou Draco encostando-me lentamente na parede -
Espere, vou ter que montar na vassoura e você faça o
mesmo certo?
- Okay.
Draco montou na vassoura e logo depois fiz
o mesmo, segurei com força na cintura dele e logo levantamos
vôo.
- Você me chamou de Hermione, isso eu sei.
-
Seria uma idiotice minha insistir em chamar pelo sobrenome uma garota
que eu beijei.
Abri um sorriso bobo no rosto e encostei minha
cabeça no ombro de Draco Malfoy, enquanto o sol começava
a aparecer no horizonte.
- Não- sussurrei baixinho - Eu
beijei você, dê os créditos para a pessoa
certa.
PS: Agradecimentos especiais para Ruth, minha beta reader "
