Prólogo I: O Aviso nos olhos de Uma criança (que simpático!)

Exatamente dois anos antes da nossa aventura se iniciar é onde se situa essa pequena situação que vos relatarei nesse primeiro prólogo. Exatamente um ano após esse dia, a batalha contra Hades se iniciou, onde todos os cavaleiros de Ouro sucumbiram, aos quais Athena não teve meios de trazê-los de volta.

Shaka passeava tranqüilamente pela arena de treinamento, organizando seus discípulos em batalhas físicas uns contra os outros. Eram todos iniciantes. Meras crianças com no máximo 11 anos, se fosse contar pelo mais velho entre eles. Daqueles 30 aspirantes a cavaleiros, provavelmente escolheria somente os 15 melhores. Por isso ele voltava toda a sua atenção para o pequeno cosmo que eles desenvolviam. Os que tivessem potencial iriam desenvolver suas técnicas segundo os ensinamentos de Buda.

Shaka os observava. Não exatamente com os olhos, mas com seu cosmo. Podia sentir o pequeno esforço de cada garoto ali presente. Eram esforçados, isso ele não podia negar. Tentavam o impressionar com todas as suas forças, mal sabendo que não era daquela forma que desenvolveriam seu cosmo. Eles deviam estar em contato com o mundo, sentir em cada fibra de seu corpo a vida emanando. Poucos deles conseguiriam chegar a essa conclusão, era verdade, contudo ele não esperava muito deles.

Um cheiro incomum de cerejas lhe invadiu o olfato, inundando-o de forma doce e inocente. Era estranho sentir o cheiro de cerejas por ali... Não havia cerejeiras no santuário, isso era fato. De onde viria o cheiro?

Sentiu um cosmo bastante inocente e inquieto nas imediações do campo de treinamentos, era como se uma de suas crianças tivesse despertado um poder um tanto acima do esperado e agora o estivesse chamando até ela. Hipoteticamente isso era impossível... Balançou a cabeça afastando tais pensamentos e continuou a observar seus pequenos.

-Come find me... – Uma voz ressonou em seu ouvido. Chamando-o em inglês, cantando e o encantando... Era uma bela voz feminina, límpida e despida de qualquer sentimento. Virou-se para o lado onde a voz ecoara, sabia que não havia ninguém ao seu lado, mas estranhamente sentiu como se alguém tivesse lhe cantando aquilo exatamente ali. Também sabia que era o único a perceber, pois o treinamento dos jovens não se abalara. Talvez ainda não conseguissem ainda perceber esse chamado...

Shaka encaminhou-se até o pequeno arvoredo de onde vinha o insistente cheiro de cerejas, que parecia estar com urgência em lhe ver.

Adentrando um pouco mais o arvoredo, foi capaz de sentir mais forte o cheiro, e ainda pôde ouvir um a voz melodiosa e infantil dizendo-o sem fit�-lo:

-Até que enfim! –Ela disse com impertinência, parecia não se dar conta de com quem ela falava- Puxa, você é surdo? Eu tentando que você viesse me ver logo e você renegando os sinais... Eu só tenho 11 anos, logo minha mãe já terá deixado o Santuário e eu não poderei te dar o recado todo. Sabe, Athena quis falar com ela e alguém em sonhos mandou que eu viesse procurar o cavaleiro Shaka de Virgem. É você, não é?

-Sim. –Shaka apenas respondeu com desprezo. Como uma menina daquele tamanho podia lhe falar com tamanho descaso? –Quem lhe mandou me dar um recado e que recado?

-Ela disse se chamar Tália... –A menina disse calmamente, claramente dando de ombros- Disse que era pra mim procurar por Shaka e faze uma previsão. Não sei pra quê... Minha previsões ficaram vagas desde a morte do papai.

-Previsão? –Ele perguntou levemente irritado pela pose da garota, que teimava em se achar alguém além de qualquer mortal- Tália? Não conheço nenhum a Tália...

-Nossa! Você é lerdo, hein? –A menina respondeu irritada com a "ignorância" dele- Ela disse que era uma musa! E disse que eu tinha de lhe dar um recado importante. Esse recado se daria através de uma previsão.

Shaka ponderou por um tempo. Tália, segundo a mitologia grega, era a Musa da Comédia, filha de Zeus com a Memória. Se era musa da comédia, seria uma peça que a imortal quisera lhe pregar, fazendo-o se subordinar a vontade de uma criança mimada? Poderia ser, mas ainda assim, talvez fosse algo sério. Talvez Tália estivesse fazendo sua boa ação do século... As musas tinham fama de serem volúveis e más!

-Então que seja feita a vontade da irmã de Athena. –Shaka apenas respondeu aproximando-se do cosmo da pequena. Estranhamente, ele não era capaz de vê-la perfeitamente através do cosmo, como com todos os humanos comuns. Era como se ela fosse de alguma forma especial... Quem sabe, não seria ela a própria Tália?

-Abaixe-se, para que eu possa lhe tocar. –A pequena ordenou vagarosamente, parecendo ter mudado o ar arrogante e agora trat�-lo com a ternura de uma irmã mais nova.

-Certo. –Ele respondeu simplesmente e abaixou-se na altura da pequena. Esperou o contato que ela disse que teria. Sentiu as mãos pequenas e quentes tocando-lhe a pele do rosto. Foi um contato maravilhoso. Sentiu um poder emanando de dentro dela e passando para si, como se buscasse algo. Era um contato cheio de paz e carinho, o cosmo dela concentrado era bem mais forte do que ele previra. Como uma criança chegara a esse nível? Decididamente ela não era humana...

Com a mesma facilidade que o toque calmo e delicioso veio, ele se foi. A energia dela cessou a busca dentro de si. Incomodamente sentiu que perdera algo dentro de si, como se ela tivesse lhe arrancado algo importante.

Ele a ouviu levando as mãos a boca. Sua audição captava o mínimo ruído que se pudesse emitir.

-Eu... Eu... Não sei se devo! –A pequena murmurou assustada. As imagens pareciam passar por seus olhos com espantosa velocidade, assuntando-a- É sombrio demais para um moço bonito como o senhor...

-Diga-me, menina, do que se trata. –Ele pediu-a com simpatia, entendendo o medo que devia estar nublando os olhos de uma criança. Isso o deixava em contradição, se fosse uma deusa, não sentiria medo da previsão...

-É horrível! – A pequena respondeu assustada, suspirando profundamente. A voz tremia. Ela devia estar a beira das lágrimas- Hades voltará dentro em pouco! Prepare-se. Ele espalhará morte e destruição. O que era bom, se transformará em mal e o que antes protegia, agora ataca impiedosamente. É um mundo muito ruim pra se viver. Eu espero não estar nele.

-Garota, você tem certeza do que fala? –Shaka perguntou em alerta. Podia ser uma brincadeira da pequena.

-Absoluta! – A menina murmurou soluçando, mas com a voz firme. As lágrimas deviam ferir o rosto angelical- E tem mais! Sua vida cessará ao fim de tudo. Apenas os que ficarem verão Hades retornar pela terceira vez. Depois que você e todos os cavaleiros de ouro deste Santuário tiverem sucumbido... A terceira volta dele apenas depende do amor de dois jovens... Se eles se encontrarem, dê adeus ao mundo que conhece. Talvez você tenha uma segunda chance de vida, eu não sei! Eu estou confusa!

-Você não está brincando, est�? –Ele apenas perguntou horrorizado pelas palavras proféticas da pequena.

-Eu não brincaria com isso! –Ela respondeu e no minuto seguinte saiu correndo, desesperada. Shaka não ousou ir atrás dela, sabia que devia ser algo difícil para uma criança suportar. Mas correu até Athena e a alertou sobre o pergio.

Exatamente um ano depois, a primeira parte da profecia da menina se realizou. No entanto... Hades voltaria pela terceira vez? Era uma pergunta ainda sem resposta, mas que estaria prestes a ser respondida...

N/E: Vou escrever uma nota rápida, porque o BBB já tá começando! Bem, esse cap a Mari ainda não viu, mas sabia que eu escreveria. É só pra vocês terem já umas diquinhas, ou morrerem de curiosidade... That's it! Mandem reviews! Eu preciso do incentivo de vocês!