Prólogo II:
Um ano antes do início da nossa história...
Eire andava pelas desertas ruas de Tóquio. Também, àquela hora da noite o que ela esperava? Quatro da manhã, não era hora para moça direita estar passeando inocentemente por aí (Desde quando moça inocente passeia até as 4 da manhã? Acredite quem quiser, eu só tô narrando a história para Bran...). A verdade é que uma das crianças do orfanato estava com febre alta, então Minu cuidava dela, enquanto ela fora comprar um vidro de remédios (alguém aqui está acreditando nisso? Nem eu!), mas isso fora por volta das dez da noite. Por onde ela estivera? Bem, ela não sabia dizer exatamente como parara lá... Quer dizer, sabia sim! Mas sentia-se decepcionada consigo mesma (se eu fosse ela também estaria).
Sentia-se assim tão mal, porque sabia que naquela noite jogara ao vento seu relacionamento de anos com Hyoga por causa de um bendito farmacêutico, solteirão, rico e muito, mas muito sexy. Ela simplesmente não podia dizer o que ocorrera ao certo, só lembrava-se de ter fitado-o intensamente e depois estar aos beijos com ele. Fora estranho à química que tomara conta. Porém ao observar aqueles grandes olhos negros, cheios de um brilho sensual, suas pernas começaram a tremer. Ela já havia visto isso em livros de romance, mas nunca acreditou que aquilo realmente acontecesse, mesmo porquê, julgara que o amor de sua vida era Hyoga e isso decididamente não ocorria quando os dois estavam juntos.
Depois sentiu algo preso em sua garganta. Era como se quisesse falar milhões de coisas ao mesmo tempo, mas não sabia nem ao menos por onde começar. Tal qual tivesse vivido apenas para abraça-lo e serem felizes. Como nunca seria com o ocupadíssimo Hyoga. Sempre tão obstinado em salvar o mundo, no entanto, sem qualquer tempo para ouvir seus pequenos problemas com as crianças. Mas o homem com quem tivera uma noite "quente", simplesmente quisera saber tudo sobre ela. Que lhe contasse inclusive os problemas corriqueiros de sua vida. Era fantástico! Pela primeira vez, tivera a impressão de não estar falando com um cubo de gelo, como Hyoga, e sim com alguém palpável e de carne e osso... E quanta carne!
Afastou tais pensamentos, concentrando-se apenas no que diria quando se encontrasse com Hyoga. Deus! Jamais desejou mago�-lo! Só queria ser feliz! Afinal, até ela merecia! E olha que ela nunca foi ruim para ninguém! Porém um ruído vinha de algum beco ali próximo... Ela ouvia sons altas como fogos de artifícios? Seria isso algo de usa cabeça? Talvez sim, pois estava nas nuvens!
De súbito sentiu algo cortando o ar bem próximo de si, e em seguida, uma dor excruciante em seu braço esquerdo, fazendo com que ela soltasse o pacote pardo no chão. Fechou seus olhos, tentando recompor-se da dor e continuar seu caminho. Respirou profundamente, tentando conter as lágrimas com as quais relutava, talvez sendo uma mistura de sua dor física, com a dor que sentia por dentro por ter traído seu namorado. Pensou que talvez aquele fosse o preço de sua traição... Lembrava-se claramente de alguém lhe ter dito que tudo o que se faz na Terra, se paga. Seria esse o preço? Deus, não podia ser!
Novamente mais estampidos cortando os ares. Devia ser tiros trocados por gangues! Maldita hora em que saíra de casa! Talvez se tivesse ficado em casa, tivesse poupado inúmeras coisas. Inclusive ter-se tornado um ser volúvel! Céus, passara a noite com um estranho! Mas não era hora de pensar nisso! Decididamente não! Seu coração estava disparado. O medo a fazia hesitar em tomar qualquer decisão. Droga de medo! Isso só servia para lhe aumentar a indecisão! Só servia para que ficasse ainda mais perdida no meio de tudo aquilo! Precisava correr dali! E sem mais conseguir pensar, tentando ignorar sua dor, saiu em disparada pelas ruelas...
Fora seu maior erro! Pois um dos gangsteres obviamente pensara que ela se tratava de uma integrante da repartição rival e sem qualquer piedade fizera o disparo fatal. O disparo que decidiria o futuro daquela jovem, que no momento encontrava-se mergulhada em seus próprios e banais problemas. Lentamente a bala fazia seu trajeto perante o atirador. Mais uma vitória que iria satisfazer sua chefe! Menos um! Mal sabia que quem estava prestes a atingir era apenas uma jovem mocinha que se deixara levar pela luxúria e traíra o namorado.
O tiro fora certeiro em seus pulmões. A jovem apenas pudera sentir uma nova dor. Uma que jamais sentira na vida. A bala perfurara sua pele, como se fosse um ferro em chamas, atravessando a pele de um boi, nas fazendas. Era estranho pensar que daqui a poucos segundos estaria morta. Os humanos têm essa mania de pensar que são imortais, e ela não fora muito além disso. Sempre pensara que sua vida colorida jamais se dissolveria em trevas, como acontecia agora. Sabia que seus pulmões foram atravessados. Estava próxima ao último suspiro, já que seu pulmão não conseguiria dar mais nenhum, já que a dor que sentia quando aspirava o ar, era bem pior do que o tiro que levara.
Talvez preferisse morrer ali, que a dor. Ela era medrosa, sempre soubera! Sempre tivera medo de ser feliz, de procurar coisas novas, de viver plenamente... E na única vez que fora feliz fazendo algo inusitado, ela perderia a vida. Mais lágrimas quentes rolavam pelo rosto, mas ela mal podia percebe-las, não quando estava prestes a ter sua existência findada. Ela acabara de chegar à conclusão de que usa vida correta, não a permitira ser feliz... Arrependia-se por nunca ter vivido, mas ao mesmo tempo estava feliz, pois naquela noite ela vivera... E fora feliz como nunca!
Piscou, com a dor de sorver mais uma porção de ar... Tentara se privar do oxigênio, mas simplesmente não podia parar de respirar porque queria. Respirar era um vício humano, não era fácil se abster... Talvez morresse quando não houvesse mais sangue algum dentro de si. Quis dar de ombros, mas sabia que não podia. Era bem horrorizante pensar que tivera de levar um tiro e estar à beira da morte para se dar conta de que nunca vivera realmente. Nesse momento, sentiu sua visão se turvar, já não podia enxergar as estrelas no céu, pois elas se misturavam e se confundiam... Sentia que este era realmente seu último suspiro.
Viu um vulto correr para perto de si. Era uma mulher. Vestia-se de preto, e parecia que lhe levantara a cabeça. Ela viera lhe socorrer. Eire temia que fosse demasiadamente tarde. Estava próxima ao seu derradeiro fim.
- O que aqueles gorilas lhe fizeram? –A mulher lhe perguntou horrorizada, tentando erguer seu corpo e lhe levar para algum lugar.
- Eu... Diga a Hyoga... –Eire balbuciou esforçando-se para dizer tudo nesse pequeno fôlego que lhe restava- Que perdoe… a Eire…
Usara todo o resto de ar que lhe restara, agora descansaria em paz, sabendo que deixara seu recado para seu namorado. Fechou os olhos, já não resistindo a perda aguda de sangue. Agora Eire fazia parte do passado, pois mesmo que a moça chegasse com ela ao hospital, nada poderia traze-la de volta. Pois Eire, já não mais pertencia ao mundo dos vivos.
No Monte Olimpo, as musas, filhas de Zeus com Mnemósime (a Memória), comemoravam a morte de Eire com vinho e champagne,como boas deusas enxeridas que eram.
- Cara, isso foi lindo! –disse a bela e sensual Érato, musa da poesia erótica- E olha que teve até um dedo meu! Temos de mandar um cartão de agradecimentos a Eros, por ter nos ajudado a fazer a mortal se apaixonar pelo farmacêutico.
- Lindo? É tudo o que você diz? –Estressa-se Melpômene, musa da tragédia, dramatizando demasiadamente suas palavras- Eu tive o maior trabalho para deslocar aquela maldita guerra entre gangues para lá e você diz que é apenas lindo?
- Nosso pai, não vai gostar nada! Estávamos proibidas de se meter nas vidas dos mortais! –Comentou Polínia, musa da poesia sacra, em meio a uma oração pela alma de Eire- Lembra de quando nos intrometemos na vida de nossa irmã, Terpsícore? Ele virou uma fera! Tudo porque quisemos adiantar um pouco a história dela. Ele disse que tudo tem seu tempo certo!
- É, e no final o genitor dela na Terra morreu por causa da Mel... – Comentou Érato, sorrindo maldosamente- Mas vocês viram a que homem lindo que se tornou aquele menino que ela escolheu? Quem não queria um homem daquele?
- Vênus estava brilhante, naquela época! –Disse Urânia, musa da astronomia, observando mapas astrais antigos- Eles tem tudo para dar certo. Hoje plutão estava brilhante, ou seja, aquela mortal ia morrer de qualquer jeito!
- Nossa! –Comentou Euterpe, musa da poesia lírica, indignada, num tom mais agudo que o normal (que já era beeem agudo)- Como você é insensível, Urânia!
- Eu não estou sendo insensível! –Redargüiu Urânia, dando de ombros- Eu sou apenas realista!
- Logo hoje que ela tinha encontrado seu verdadeiro amor? –Falou pela primeira vez Calíope, musa da poesia épica- Eu já tô cheia de história com finais catastróficos! Por qual razão, motivo, circunstância, você, Melpômene, fez a cagada de matar a Eire? Eu gostava dela!
- Não se esqueça da Alena! –Lembrou Clio, musa da história, acenando para as irmãs, que estavam discutindo em frente ao poço que mostrava imagens do mundo mortal, todas com um saco de pipocas cada uma- Tínhamos que tirar a Eire do caminho, para conseguir nosso intuito!
-Droga! –Respondeu Calíope chateada, jogando pipocas na irmã- A Eire já estava fora do caminho! Lembra-se do farmacêutico?
-Ih! É mesmo! –Clio respondeu, batendo a mão na testa- Esquecemo-nos dele!
-Gente, é como a Urânia disse, ela ia morrer de qualquer jeito! –Melpômene respondeu apartando as duas Clio e Calíope- O farmacêutico foi só uma idéia de Érato para apimentar as coisas. Ou vão dizer que não curtiram a cena?
-É. Curtimos! –Todas as oito musas responderam em coro.
-Meninas, o que estão fazendo? –Zeus perguntou a suas filhas com cara de quem iria massacrar a primeira que ousasse lhe dizer a verdade- Espero que não estejam sabotando as vidas dos mortais...
-Er... Bem... Não, papai! –disse Tália, musa da comédia, com a maior cara lavada que tinha- Nós estávamos no meio de um festival de piadas!
-É, isso mesmo... –Responderam as outras em coro. Indo a direção aos seus divinos aposentos, antes que Zeus desconfiassem de suas mentiras, afinal todas ali tinham suas habilidades, mas nenhuma podia conter a fúria do pai, a não ser Terpsícore, que por acaso, neste momento estava nos braço de um mortal muito gostoso, fazendo coisas que até Érato duvida!
N/E (Nota da Enxerida, sim a Fighter): Bran, sei que essa não colou, mas foi bonito e dramático.
Melpômene: Foi mesmo! Eu dei meu melhor!
Fighter: Musa na minha nota! Ninguém merece! Já deu pra perceber que elas têm vida própria e que eu não posso controla-las! Por isso espere por elas por aí... Muitas coisas nessa fic, acontecem por causa delas... Como em Lágrimas no Santuário, já que foi de lá que saíram.
Tália: Estávamos com saudade de você, Fighter! Ou seria Terpsícore? Nós sabemos que você inventou a Terpsícore a sua imagem e semelhança!
Fighter- Pare com essas piadas sem graça! Eu não tenho nada a ver com sua irmã, a Terpsícore! Eu não sei nem dançar a macarena! Como seria uma musa do canto e dança?
Urânia: Você nasceu com o sol em touro e tem ascendente em aquário... Está tudo aqui, você tem uma imaginação muito fértil, você pode ser tudo o que quiser em sua mente.
Fighter- Para de me encabular! Beijos aos leitores e espero que não se incomodem comigo dando uma força por aqui de vez em quando...
Musas em coro: Tchau gente! Amamos vocês! Mandem-nos reviews!
Nota da autora (ou pelo menos era pra ser) desta fic: cara, eu não acredito que vcs fizeram uma coisa dessas!
Musas: Não viu nada! Nem imagina o que vamos aprontar por aí!
Íris: tá bem, eu admito que essa história de matar a Eire foi muito boa (digna da festa de champanhe que tá rolando enquanto eu escrevo, ao som de música de aleluia), mas não era pra as senhoritas falarem da Ally! Pelo menos não por enquanto, não foi esse o combinado?
Polínia: Eu até teria te convidado para tomar uma biritas com a gente... Mas papai não ia gostar de te ver por aqui...
Tália: Oh, que bonitinha! Dad's Pet! Ah, dá licença, Poly, Larga de ser certinha!
Clio: Esperava o quê da musa da poesia sacra?
Érato: Você acha que a gente perderia a oportunidade de atiçar a curiosidade de todo mundo? Espero que não seja só a curiosidade...
Íris: bom, claro que a curiosidade fica em alta, principalmente agora que vocês vão ter de escrever Lágrimas no Santuário de qualquer jeito! Hahahaha!
Melpômene: Obaaaaaa! Por mim ela já estaria pronta, tudo depende da Fighter! Vocês sabem que eu adoro um bom drama. Vocês acham que eu matei a outra por que?
Urânia: O dia está propicio para mortes, Mel, você só fez foi adiantar um pouquinho... O Hyoga mal perde por esperar... He,he,he! Musas, papai tá olhando! Vamos nos mandar...
