Título: Pontos de Autoridade
Autora: Dana Norram
Casal: Harry/Draco, OMC/Draco
Classificação: PG-13 (mas a partir do capítulo 4 creio que seria melhor classificá-la como R, por conter cenas de sexo e violência)
Gênero: Drama/Slash
Parte: 01 de 05
Notas da Autora:
(E não as ignorem. Elas são importantes!)
# É. Sei que "não prometi" . Mas acontece que nem eu sou tão sacana assim a ponto de não fazer uma continuação para aquela história. Isto aqui poder ser considerado uma "songfic às avessas" – já que além do título fofo, eu baseei livremente cada capítulo num trecho da música em questão (Points of Authority, do Linkin Park). Bem, é isso! Espero realmente que gostem e um dia possam me perdoar pelo "final" de Nicotina...
# Em tempo: Se por acaso do destino você NÃO leu "Nicotina" devo dizer que alguns aspectos desta história ficaram um tanto quanto complicados, então, de coração eu recomendo que você de uma clicada no meu profile e procure por ela, certo? Aos demais, os avisos de sempre:
# Harry Potter não me pertence. Se pertencesse eu provavelmente não teria matado vocês-sabem-a-quem, por exemplo. O molequinho da cicatriz é propriedade exclusiva da titia JKR e ela quem ganha os louros. A música que dá título a essa fic (Points of Authority) pertence a banda Linkin Park. Idem para os trechos que iniciam cada capítulo.
# Agora talvez assim você tenha passado batido pela sinopse, mas como eu sou uma pessoa legal, vou repetir: Isso aqui é uma fanfic SLASH, ou seja tem rapazinhos fazendo coisinhas feias que provavelmente seus pais não aprovariam dentro de suas respeitosas residências. Assim, caso você não goste, não tolere, tenha nojo, inveja, raiva de ver Harry e Draco se... hum... "entendendo muito bem", eu sugiro de coração que você vire de costas, respire fundo e comece a correr o mais o rápido possível na direção oposta deste texto. Agora se assim mesmo você ler e deixar algum comentário ácido e impertinente, eu só poderei virar e dizer: Você foi avisado. Se por acaso sofre de cegueira temporária o problema não é meu. Aos demais, boa leitura. A propósito, reviwes não mordem e estimulam minha criatividade artística, então, comentem!
Pontos de Autoridade
por Dana Norram
"Desista do jogo
antes que alguém te pegue fora de guarda
e jogue seu nome na desonra..."
Parte I
Avada Kedrava.
Duas palavras.
Duas simples palavras.
Era incrível. Quase cruel a maneira como essas mesmas duas simples palavras podiam vir a ser um divisor de águas, um liminar entre o "antes" e o "depois" na vida de uma pessoa.
De qualquer pessoa.
Até mesmo de alguém de que se esperaria tal ato. Mesmo que este fosse o filho de um conhecido Comensal, um predestinado à bruxo das trevas de alto escalão...
Os ouvidos de Draco zuniam e suas mãos estavam trêmulas. Sentia o suor escorrendo frio e pegajoso por suas pernas... atrás do seu pescoço. Piscava os olhos acinzentados alucinadamente, como se não pudesse acreditar.
Sim, ele fizera.
"Não, Draco... não..." a voz de sua mãe lhe doía em algum ponto isolado do peito.
Será que ela mesma não acreditava? Que seu filho... que sua pequena criança acabara de fazer aquilo... aquilo que durante toda a vida ela tanto lutara contra... tentando que Draco não se tornasse apenas mais um... um...
"Encantado, jovem Sr. Malfoy... tão parecido com o pai..."
Lucius invariavelmente esboçava um sorriso trivial diante daquela frase feita. Narcissa fingia concordar alegremente, com um meneio ensaiado. Draco inflava com seu orgulho comprado, construído sobre presentes caros e longos períodos de ausência inexplicáveis...
Sim. Mas ele soubera... anos depois.
Narcissa... sua Mãe... sua santa Mãe, de fato aliviada com a morte de Lucius... aliviada ao saber que o filho não seguiria os passos do pai... que Draco não marcaria na pele o trágico destino de um servo Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado...
Não, Draco Malfoy não se tornaria um Comensal.
Não no que dependesse dela. E Narcissa havia de alguma forma, falhado.
E o corpo inerte jazia sobre o soalho de mármore. Dois pares de olhos castanhos vidrados, fixos no teto alto. As mãos estendidas lado-a-lado do corpo rijo... duro... frio...
Morto.
Draco Malfoy matara pela primeira vez em sua vida.
"Draco... não..."
O loiro erguera novamente a varinha, postando-se na frente da mãe que parecia dividida entre o choro e a histeria. A mão livre de Draco segurava-lhe com força nos ombros magros que se sacudiam a cada fungada. Ainda alerta, ele sussurrara que precisava partir... que não havia mais lugar para ele... naquele mundo... ao seu lado...
"Adeus."
Crack!
Ele aparatara. E os demais homens presentes não tiveram coragem de atacar aquela viúva, cujos olhos azuis ficaram repentinamente vazios, sem mais lágrimas para serem derramadas.
(...)
Era novamente noite.
Draco mantinha seu rosto impassível enquanto fechava os botões do seu colete de couro escuro. Os gestos quase maquinais. Há quantos meses ele não fazia aqueles mesmos movimentos... noite após noite?
Daí com um meio sorriso, rápido e torto, ele reparou que faltava um dos botões.
Potter realmente não era o que se podia chamar de "cavalheiro"...
Lá fora se ouvia o ruído de passos, das conversas animadas e intimamente, Draco sentia uma vontade muito grande de desaparecer... de não precisar participar uma vez mais daquilo tudo...
Mas é claro. Ele não podia simples desistir... fugir... usar magia outra vez... não... era arriscado...
Bateram à porta de repente e Draco estancou as mãos, virando o rosto de leve.
Prendeu a respiração por um segundo, torcendo para que fosse qualquer pessoa... qualquer um menos...
"Boa noite, meu querido."
Norton.
O loiro ficou paralisado, mas ainda assim sustentou o olhar – Potter bem longe de seus pensamentos agora...
Norton então sorriu, seus olhos quase opacos com um estranho brilho de ansiedade que cintilava da mesma forma que uma borboleta tentando pousar sobre a vidraça trancada. Aproximou-se de Draco por trás, envolvendo sua cintura com uma de suas mãos em forma de garra.
O loiro inspirou fundo e fez menção de voltar a abotoar seu colete, quando sentiu os dedos finos e gelados de Norton sobre suas mãos. Ergueu o rosto para o espelho em sua frente, vendo Norton atrás de si, envolvendo-o como uma sombra cruel e palpável.
"Não há necessidade de tanta pressa... afinal, mal tivemos tempo de ficar a sós esses dias, não é mesmo, meu pequeno?"
Fez com que ele baixasse as mãos, dos botões para suas calças. Então o comandando, tal como se Draco fosse uma espécie de marionete, Norton o obrigou abrir sua braguilha e enfiar as mãos por dentro de sua roupa de baixo. Draco sentiu seu rosto em chamas e com um gemido abafado, cerrou as pálpebras.
"Tsc... tsc... não... assim não, Draco..." sussurrou Norton junto ao seu ouvido, causando-lhe arrepios involuntários. "Abra os olhos, veja-se... eu bem sei que você gosta disso..."
A contragosto Draco obedeceu, sentindo ímpetos de na verdade escancarar sua gaveta e puxar a varinha. Mas era claro que ele não o fez.
Mirou sua figura refletida no espelho, que agora parecia tão pequena e frágil - algo que ele nunca imaginara ser. Às vezes se perguntava se sua dita "liberdade" valia realmente a pena...
"Eu não vou para Azkaban... eu não vou enlouquecer igual papai..." murmurou ele, bem baixinho para si. Tão baixo que Norton tomou-o por um gemido e sorriu ainda mais.
"Assim... continue, Draco..." e colocou mais força sobre a mão do loiro, que engoliu em seco e tentou desviar os olhos do espelho novamente. Norton então usou a outra mão para segurar a mandíbula de Draco, forçando-o a encarar sua própria e humilhada imagem refletida. Distorcida. Uma imagem que ele preferia fingir que não existia.
"Me solte..." disse o loiro menos que um tom acima de um sussurro, mas ainda assim Norton escutou. Entretanto, ao invés de ficar zangado, o homem pareceu se divertir.
"Soltá-lo? Porquê? Para quê? Eu sei que você está gostando..." e dizendo isso, Norton usou a própria mão para continuar com a tarefa de masturbar o loiro. Draco apoiou as mãos – agora livres – sobre a penteadeira e rilhou os dentes, sentindo o rosto quente... o coração disparado.
Não era prazer. Era raiva... raiva de si mesmo. De sua própria impotência... da própria fraqueza... e o que Harry diria se o visse assim?
Seus olhos cinzas se arregalaram quase imediatamente, focando a água de colônia que sequer fechara, largada sobre a superfície polida.
O que o levava a ter aqueles pensamentos? Agora? O quê Harry, ou melhor, o quê Potter tinha a ver com ele... agora? Fora somente uma noite pelo amor de Merlin...
"Assim... isso..."
Draco teve seu fio de pensamento interrompido ao sentir uma nauseante onda de calor transpassar-lhe o corpo sem piedade, como uma longa agulha sendo enfiada com força e rapidez numa bexiga que não estoura, mas que ao poucos vai perdendo o ar e murcha...
Até morrer...
Engoliu em seco, reprimindo um gemido fraco e submisso que arrancou uma risadinha baixa e desdenhosa do Norton atrás de si. O homem estalou um beijo rápido e frio sobre os cabelos lisos de Draco e soltou-se dele, se dirigindo ao banheiro onde o ruído de água corrente mostrou que ele lavava as mãos.
"Termine logo de se vestir... teremos uma longa noite..."
E saiu do quarto sem olhar para Draco, que ainda mantinha o olhar baixo e as mãos apoiadas na penteadeira.
O conteúdo da água de colônia aberta sobre a superfície estremeceu de repente, como um lago cuja serenidade das águas é interrompida pelo jogar de uma pedra ou pelas primeiras gotas da chuva.
Continua.
