Capítulo 2 - Uma cilada para Miyamoto
Miyamoto acordou na manhã seguinte às 7 horas, quando os raios brilhantes de sol atravessaram a janela de sua suite e iluminaram a sua face. Ela abriu os olhos, piscou e fechou-os de novo. Por um momento, ela sentiu a necessidade de levantar e verificar se Musashi estava bem, trocar a fralda, dar uma mamadeira… então ela se lembrou aonde estava.
Ela suspirou baixinho ao sentar e deixou a colcha que a cobria cair em seu colo. Sonolenta, ela foi até onde Virgil havia deixado suas duas malas na noite anterior, e abriu uma delas. De dentro, ela tirou um uniforme limpinho e o vestiu. Miyamoto foi até o banheiro, e sentiu o piso gelado em seu pé descalço, enquanto se olhava no espelho. O reflexo mostrava uma agente que estava em um lugar em que não gostaria de estar, perseguindo sobras e fumaça, e mais nada. Entretanto, ela sabia que por outro lado em um mês - apenas 30 dias - toda a sua vida mudaria para melhor… um emprego honesto, uma mãe amorosa criando sua linda filha com sua irmã na cidade de Fuchsia. Era isso o que dava forças para Miyamoto para sorrir e a coragem para prosseguir o dia. Ela sorriu para seu reflexo, e coemeçou a pentear o cabelo. Meia hora depois, ela deixou a suite, vestida com suas botas brancas com uma faixa vermelha que vinham até a coxa, o vestido preto do uniforme, e luvas brancas com uma faixa vermelha que vinha até o antebraço. Ela trancou a porta e foi pegar o elevador até o primeiro andar. Ao chegar no elevador, Virgil estava esperando por ela, com uma xícara de café e obviamente bem despertado.
"Virgil!" Miyamoto disse com surpresa. "Está me seguindo ou o quê?"
Virgil sorriu, desconhecendo completamente as ordens que em breve dariam um fim à sua vida. Para ele, ela era apenas outra visitante para quem ele havia sido designado para cuidar. Entretanto, Virgil tinha que admitir que esta agente era diferente de qualquer outra visitante que ele já teve de cuidar… ela era absolutamente bela e doce. Bem, ela certamente possuía o ar da marca militar única da Equipe Rocket, mas Virgil poderia dizer que ela não via isso como os outros viam… como uma licensa de autoridade e poder. "Eu fui designado para ajudá-la durante a sua estada, madame." Virgil respondeu. "O comandante Evans me disse para encontrá-la aqui nesta manhã e escoltá-la até o saguão para conhecer a sua equipe."
"Ah. Bem, obrigado." Miyamoto respondeu com um sorriso. Virgil apertou o botão do elevador, envergonhado. Miyamoto percebeu isso, e escondeu uma risada. O jovem Rocket de uniforme branco tinha uma queda por ela! "Então você sabe os agentes que irão comigo?" ela perguntou.
"Oh, sim, madame." Virgil respondeu rapidamente. "Sua equipe é composta do agente Mogren, agente Carroway e do agente Hansen."
"Por favor, me chame de Miyamoto." ela disse com um sorriso. Novamente, ela percebeu a vermelhidão das bochechas de Virgil. Miyamoto não acreditava em quanto ele era fofo e doce. "Você poderia me dizer algo sobre estes agentes?"
O elevador parou suavemente, as portas se abriram e Virgil e Miyamoto saíram, e pegaram o corredor até o saguão principal. "Certamente mad- hm, Miyamoto." Virgil respondeu. "Agente Hansen é um Rocket branco. Está aqui há um ano. Agentes Carroway e Mogren são ambos Rockets pretos. Não tenho certeza de quanto tempo estão aqui, mas eu sei que o agente Mogren e o comandante Evans são ótimos amigos." Virgil interrompeu o diálogo e Miyamoto tentava memorizar isto. "Miyamoto, eu posso lhe fazer uma pergunta?" Virgil perguntou, ansioso.
Miyamoto parou e olhou para ele. "O que é?" ela perguntou.
"Bem, eu sei que você está aqui para checar aqueles túneis e procurar por indícios da cidade perdida do Mew." Miyamoto balançou a cabeça, dizendo que sim, e Virgil ficou encabulado. "Eu me sinto tão burro em perguntar isso, mas… você acha que irá encontrar algo?"
"Não sei." Miyamoto respondeu. "Eu acredito que não, mas quem sabe?"
"É porque eu me lembro que minha mãe me contava histórias sobre essa tal cidade perdida há anos atrás quando eu era garoto… era minha história favorita, mas eu não acreditava que pudesse ser verdade, mas agora… bem, eu só acho que é algo a ser desvendado, não acha?"
Miyamoto sorriu. Ela se lembrou de quando ela era como Virgil, acreditando em magia e contos de fada, acreditando em coisas como tesouros enterrados e cidades perdidas, e os contos românticos sobre Mew. "Se a lenda for verdadeira, certamente nós saberemos. Uma cidade inteira só de Mews… imagine como ela teria sido." ela disse.
Virgil sorriu de volta, e eles continuaram a andar pelo corredor. Logo, eles chegaram no saguão principal da base, e Miyamoto avistou Evans e os outros agentes esperando por ela. Os outros três estavam vestidos em seus casacos compridos (Mogren e Carroway de preto, e Hansen de branco) e carregando mochilas grandes nas costas, prontos para começarem a expedição. Miyamoto lembrou-se que havia esquecido seu casaco na suíte, mas viu que Evans tinha um outro esperando por ela. Miyamoto e Virgil se aproximaram, e Evans sorriu para ela. "Obrigado, Virgil. Volte para a suíte da agente Randwhyte e arrume-a para ela." Virgil confirmou e voltou para a suíte, sorrindo para Miyamoto ao ir.
"Virgil está fazendo um bom trabalho, agente Randwhyte?" Evans perguntou.
"Sim, ele está, senhor." Miyamoto respondeu. "Ele está fazendo um excelente trabalho."
"Ele tem os requisitos de um bom agente, mesmo ficando facilmente excitado." Evans disse, encerrando assim o assunto. "Esta é sua equipe, agente Randwhyte." Ele disse, mostrando os três agentes de casaco. "Esta é a Rocket branca Lisa Hansen, Rocket preto Steven Carroway, e o tenente Rocket preto Sean Mogren." Miyamoto sorriu e apertou as mãos de cada um deles, sentindo uma calorosa recepção de Hansen, indiferença de Carroway e uma estranha frieza e desprezo de Mogren. Miyamoto preferiu ignorar isto, sorrindo para os três agentes.
"Prazer em conhecê-los." Miyamoto disse. "Estou certa de que teremos um dia produtivo hoje." Os três agentes confirmaram com pequenos sorrisos.
"Então agora, vocês quatro começarão sua expedição hoje e me entregarão um relatório lá pelas 17 horas sobre o andamento da expedição. Eu informarei Madame Boss e nós seguiremos suas recomendações pelo que soubermos em determinado ponto. Alguma pergunta?" Evans disse, juntando as mãos.
Miyamoto olhou os outros, que simplesmente olharam de volta, indicando que não tinham nenhuma pergunta. Henry sorriu e entregou o casaco para Miyamoto. "Então, boa sorte, agentes. Prossigam."
Miyamoto vestiu o casaco comprido e pegou a mochila que Evans deixou. Ela olhou dentro enquanto os outros aguardavam sem dizer uma palavra. Viu que ali havia sinalizadores, um GPS, provisões e um kit de primeiros socorros, e então ela fechou a mochila e a pôs nas costas. Ela então virou para os outros agentes e sorriu. "Todos prontos?" os agentes balançaram a cabeça, dizendo que sim. "Alguém precisa fazer um pit-stop antes?" Miyamoto perguntou com um sorriso.
Lisa deu uma risada, mas um olhar repentino de Mogren a silenciou rapidamente. "Estou certo de que estamos todos prontos, agente Randwhyte." Ele disse rispidamente. "Agora que o tempo deu uma trégua, é melhor nós partimos enquanto temos a oportunidade." O tom da voz de Mogren indicava que isso não era uma sugestão, mas sim uma ordem. Suspirando por dentro, Miyamoto se lembrou de que faltavam apenas 29 dias, enquanto saía e liderava o caminho até o túnel, que ela havia marcado em seu mapa da base.
Vinte minutos depois, eles estavam fora dos limites da base, onde uma barricada temporária, parcialmente enterrada na neve, havia sido posta para impedir os agentes de entrar no túnel que levava diretamente para dentro da caverna. Miyamoto levou o grupo até a entrada, e tirou sua mochila. De dentro, retirou uma lanterna metálica comprida e a ligou. O potente feixe de luz atravessou a escuridão do túnel e iluminou os próximos cinco metros do túnel, que estava protegido do vento e livre de neve. Ela olhou para seus acompanhantes. "Nenhum agente desta base esteve lá embaixo?" ela perguntou.
Carroway balançou a cabeça. "Não. Madame Boss nos proibiu de entrar ali." ele respondeu.
"Não que nós não quiséssemos." Lisa adicionou. "Eu lembro o dia em que nós encontramos o túnel e os artefatos… foi tão excitante!" Lisa não estava mentindo neste ponto… tinha sido muito excitante, e ela estava cheia de esperança e sonhava que eles realmente haviam encontrado a Cidade Perdida. Entretanto, quando Sean falou com ela na noite anterior e explicou a situação, ela percebeu que realmente não poderia haver algo no túnel, não se a Madame Boss tivesse ordenado uma execução lá embaixo. Bem, ela pensou, é hora de eu parar de acreditar nestes mitos, de qualquer forma. Ela aceitou a missão, e agora estava fazendo a sua parte, sabendo que esta poderia ser muito bem a missão que a promoveria para um Rocket preto.
Mogren sorriu, um sorriso mais gelado que a neve. "Você é a primeira agente a receber permissão para entrar, Randwhyte. Por favor, entre você primeiro." A missão estava indo perfeitamente. Em uma hora, ele sabia que Miyamoto estaria morta. Miyamoto, completamente inconsciente do perigo que corria, conduziu os outros agentes para dentro do túnel.
Não muito longe, protegido em um abrigo oculto, Evans observava o grupo entrar no túnel através de uma pequena janela. Ele então voltou sua atenção para os quatro pontos na pequena tela do radar que ele tinha, enquanto eles se moviam através de um pequeno mapa do túnel. Ele havia posto dispositivos localizadores em suas mochilas, e podia saber quando eles deviam estar longe o suficiente para garantir a chamada para o pager silencioso de Mogren. Então, quando eles estiverem a uma distância segura, estaria tudo pronto. Do outro lado da sala, o agente Rocket preto Raven Kaldron verificava a arma que ele escolheu para a tarefa, uma bazuca leva e compacta. Silenciosa e eficiente, ele checou o alinhamento da mira e os quatro pequenos foguetes que ele em breve carregaria e dispararia para causar uma avalanche. Ele sorriu para si mesmo, ao tocar os quatro cilindros, apreciando seu poder destrutivo, e pensando na missão que ele logo cumpriria. Que história isto seria para ele contar para sua pequena sobrinha Annie, de 5 anos… Ele olhou para Evans, que estava em uma cadeira, observando silenciosamente os pontinhos no radar.
Na escuridão do túnel, Miyamoto liderava sua equipe pela luz de sua lanterna. Era uma ótima lanterna, mas ela não conseguiria iluminar apropriadamente o túnel, e Miyamoto começou a desejar nunca ter aceitado esta missão. Ela se lembrou do pagamento que receberia, a bela imaginação da vida com Musashi, e achou a força para continuar. Entretanto, toda a sua pesquisa, sem contar o vento gelado e os flocos de neve dos Andes, não fizeram nada para preparar Miyamoto para as cavernas e túneis em que ela agora se encontrava. Fora da iluminação da lanterna, a escuridão a cercava. Embora eles não estivessem em uma profundidade muito alta, a luz do sol e o sombrio uivo do vento gelado foram substituídos pela escuridão e o som de uma goteira ao fundo. Tirando esse, o único som que se ouvia eram os passos silenciosos de Mogren, Carroway e Hansen atrás dela.
Apesar do som de seus passos, Miyamoto se sentia tão sozinha como se tivesse sido transportada para um outro planeta sem mais niguém ali - nem mesmo sua querida Musashi. Miyamoto engoliu a saliva e segurou uma lágrima, enquanto o pensamento de tal mundo passava em sua mente.
Enquanto isso, Henry sentou, ainda observando o progresso do grupo no radar. É claro, ele não tinha um mapa exato das cavernas e túneis, mas ele podia dizer o quão fundo nas cavernas eles haviam ido, e ele confiava que a habilidade de rastreamento de Carroway poderia ajudá-lo a levar Sean e Hansen quando ele recebesse a chamada silenciosa do pager. Estava sendo muito fácil matar Miyamoto - ela era muito inocente para uma agente de uniforme preto. Não levaria muito tempo para que Henry enviasse o sinal, e então… bem, estaria tudo acabado, não estaria?
Henry olhou para Raven, que aguardava pacientemente no canto, brincando com o cordão de seu casaco preto, suas armas prontas e armadas. Ele olhava com olhos cruéis para a execução que o aguardava. Henry voltou sua atenção para o radar e viu que a expedição agora estava a 25 metros abaixo do solo dentro do túnel. Henry sorriu maldosamente. Agora faltava pouco.
Passando a mão na parede, Miyamoto olhou a escuridão à frente. O que raios Madame Boss esperava que ela encontrasse? Não havia nada ali a não ser frio e escuridão. Com cada passo, Miyamoto podia sentir seu aborrecimento com toda esta situação crescendo. A cidade perdida de Mew… uma lenda, nada mais. O que passava pela cabeça de Madame Boss, afinal? Vai saber… então, de repente ela sentiu algo na parede… uma chanfradura. Intrigada, ela apontou sua lanterna para o que sua mão havia sentido. Era uma gravura entalhada de Mew na rocha. Em apenas um segundo, Miyamoto teve uma taquicardia.
No abrigo, Henry olhou para o monitor. 50 metros de profundidade. A hora havia chegado. "Agente Kaldron" ele chamou.
Raven olhou para ele. "Pois não, senhor?"
"Assuma sua posição e aguarde." Henry disse. Raven confirmou, pegou a bazuca e saiu pela pesada porta do abrigo. Uma vez ali, ele assumiu sua posição em um rochedo de frente para a entrada do túnel e começou a mirar sua arma ao se acomodar agachado. Dentro do abrigo, Henry observou Raven se preparar através da pequena janela. Ele pegou o transmissor e apertou o botão, enviando o sinal para Mogren, Carroway e Hansen.
"Sean! Steven! Lisa!" Miyamoto chamou um segundo depois dos três agentes sentirem seus pagers vibrarem, dizendo que era hora de sair. Os três se aproximaram, levados por Mogren.
"O que é, Randwhyte?" Mogren perguntou, procurando uma chance para se livrar de Miyamoto.
"Olhe! É uma gravura de Mew entalhada!" Miyamoto respondeu excitada. "Prova de uma tribo, no mínimo."
Mogren olhou a gravura, indiferente. Ele tinha certeza de que era apenas de uma tribo de Mews e nada mais, completamente sem importância para ele… ou era? É claro! Era isto! Sua oportunidade surgiu! Tentando fazer que Carroway e Hansen o seguissem, Mogren fingiu uma excitação em seu rosto.
"É isto! Uma gravura na rocha… este pode ser um dos sinais!" Mogren disse, tentando parecer genuinamente interessado. Atrás dele, Carroway e Hansen imitaram a expressão de Mogren.
"Isto deve ser documentado para Madame Boss. Miyamoto, por quê você não continua em frente, enquanto nós ficamos aqui e registramos o que pudermos?" Mogren disse, com um brilho diabólico em seu olho, escondido pela escuridão.
Miyamoto sorriu para Mogren. Mais uma vez, ela se sentiu energizada e excitada sobre esta missão. Talvez houvesse algo especial lá embaixo… algo mágico e maravilhoso. Miyamoto balançou a cabeça para Mogren. "Certo. Eu irei em frente. Apenas me alcancem quando terminarem." Mogren sorriu de volta e observou ela se aprofundar no túnel, e então se voltou para Carroway e Hansen.
"Devemos documentar isso, Sean?" Carroway perguntou, imaginando se ele estava falando sério.
"Nah. É só uma evidência de uma tribo Mew. Existem dúzias delas. Há evidências deles ao redor do globo. O importante é que esta é a nossa chance. Agora, enquanto ela se afasta, vamos dar o fora daqui. Leve-nos, Steven." Sean respondeu.
Com isso, Carroway virou e os guiou de volta pelo caminho que entraram. No abrigo, Henry sorriu ao ver o sinal de Miyamoto descer enquanto os outros subiam. Henry pegou o rádio e disse para Raven se preparar e começar a contagem regressiva quando os três estivessem em segurança.
No túnel, Steven, Sean e Lisa corriam rapidamente para a saída, tentando se distanciar o máximo possível. Logo, eles viram a claridade da saída logo à frente. Steven saiu primeiro, então ajudou Lisa e Sean a saírem. Assim que saíram, Lisa pegou uma bandeira laranja e a agitou no ar. Raven viu, e respondeu agitando sua própria bandeira vermelha. O sinal havia sido dado - os três estavam fora. Agora eles tinham dois minutos para se afastar, para que ele fizesse seus quatro disparos, bloqueando Miyamoto no túnel com uma parede de neve. Não havia como voltar atrás agora; a execução estava decretada. Sean, Steven e Lisa correram o mais rápido que puderam para o abrigo onde Evans aguardava por eles.
No fundo da caverna, a luz da lanterna de Miyamoto mostrou que ela havia chegado em uma parede sólida. Sem saída, parecia, e um grande desapontamento após encontrar a gravura. Decidida a observar mais de perto, Miyamoto se aproximou da parede e apontou a lanterna. Ficou surpresa ao encontrar outra chanfradura aqui - apesar de que este não era uma gravura de Mew - apenas um simples retângulo. Desanimada, ela se encostou na parede para descansar um minuto antes de voltar até os outros. Foi aí que aconteceu. Quando ela se encostou, ela ouviu o som da rocha raspando na rocha. A chanfradura não era um simples entalhe… era um botão! Miyamoto se levantou e virou rapidamente. A grande parede de pedra em que ela havia se encostado estava deslizando para trás, como uma porta. Miyamoto ficou de queixo caído ao passar pela porta e iluminar o local. Dentro, uma gruta com uma cúpula no teto com uns 75 metros de altura ou mais, até a base da montanha, e muitas estruturas escavadas na rocha, umas altas e outras pequenas, cobertas com entalhes e símbolos antigos. Miyamoto não acreditava no que via ao iluminar os símbolos entalhados e eles brilhavam com chispas douradas. Ela havia encontrado…. Ela havia encontrado a lenda…. Ela havia encontrado a Cidade Perdida de Mew. Espantada com o que seus olhos viam, ela voltou e correu para fora da câmara e voltou correndo para onde havia deixado os outros há cerca de 5 minutos atrás.
Naquele instante, o relógio de Raven dispertou. Os dois minutos haviam se encerrado. Os três agentes deveriam estar dentro ou próximos do abrigo agora, e era seguro efetuar os disparos agora. Raven sorriu ao mirar nos bancos de neve sobre a saída do túnel e disparou. Ele amava esta parte do trabalho. Raven rapidamente recarregou e disparou novamente, então novamente, então outra vez e os quatro foguetes haviam sido disparados. Os foguetes atingiram seus alvos rapidamente, acertando a neve e a rocha com explosões mudas, e fazendo a neve e as rochas virem na direção do túnel e dentro dele.
Miyamoto, na metade do caminho até onde havia deixado os outros, sentiu a vibração das explosões e olhou em volta freneticamente, achando que era um terremoto. Entretanto, ela logo percebeu o que estava havendo quando viu traços de neve caindo pelo túnel. Neve a esta profundidade… só podia ser causado por um monte de neve caindo na entrada do túnel.
Miyamoto rogou para que estivesse errada ao voltar pelo túnel e ficar frente a frente com a parede de neve que havia caído no túnel. Foi então que Miyamoto percebeu que as vibrações não eram um terremoto, mas explosões deliberadas - explosões com a intenção de prendê-la ali. Miyamoto procurava por uma resposta, uma saída, mas viu que não havia nenhuma. Quando ela compreendeu a situação, Miyamoto caiu ao chão, seu corpo quebrado por soluços violentos de raiva, desespero e tristeza. Miyamoto não tinha esperanças - ela sabia que iria morrer. Sozinha, desamparada, traída… e a maior tortura de todas, saber que ia morrer e nunca mais ver sua amada filha novamente. As lágrimas vieram como rios agora, e Miyamoto se encolheu em uma posição fetal e continuou gritando entre os soluços, "Nãããããõoooo!!!… Minha filha… Eu te amo, Musashi… Eu te amo…."
Enquanto isso, no teto do túnel acima de Miyamoto, dois grandes olhos azuis cercados por pêlos cor de rosa fitavam sem piscar da escuridão a agente Rocket de uniforme preto que soluçava. Telepaticamente, o vulto no escuro sentiu seu desespero e a pior tristeza que Miyamoto sentia - que havia perdido sua filha para sempre. Devagar, a figura flutuante emitiu um baixo e pesaroso choro - "Meeeeewwww." Uma lágrima escorreu pela sua bochecha - uma lágrima de pena, tristeza e compaixão - para o Mew que já sabia como era perder um filho; ela já tinha passado por isso quando o dia final da cidade chegou. Silenciosamente, o Mew chorou lágrimas brilhantes douradas, que caíram ao chão e se misturaram com as de Miyamoto, e as duas mães lamentaram sua perda juntas, e as duas - o pokémon mais raro de todos os tempos e a agente da Equipe Rocket - se tornaram só uma, unidas na tristeza.
Naquela noite, Evans enviou um relatório de volta para Miyamoto. Como sua ordem havia especificado, a execução deveria parecer um acidente em todos os sentidos, até mesmo pelo relatório em resposta. É claro, este era um procedimento padrão da Equipe Rocket em tais situações… Isto provia a Equipe Rocket uma excelente proteção de negação plausível, em caso de qualquer investigações. O relatório de Evans informava o "trágico acidente" que havia "lamentavelmente" enterrado a agente Randwhyte na caverna permanentemente. Evans iria até efetuar uma tentativa de resgate, mas concluiu-se que um resgate seria impossível devido a profundidade em que Miyamoto estava soterrada. Evans estava satisfeito consigo mesmo. Afinal de contas, a execução realmente havia parecido um acidente, e a única forma de contradizer isto era encontrar os restos dos foguetes que Raven disparou, uma tarefa quase impossível, pois também haviam sido enterrados pela avalanche. Satisfeito com o resultado, Evans transmitiu o relatório de volta para Madame Boss na cidade de Veridiana.
Era por volta de 9 da noite quando o telefone tocou no quarto de Madame Boss. Ela correu para atender, enquanto ia pôr Giovanni para dormir. É claro, Giovanni sabia que sua mãe detestava ser incomodada após deixar o escritório, e havia deixado ordens muitas vezes estritas proibindo isso a menos que houvesse um motivo muito importante para isso. Giovanni se encostou e prestou atenção na conversa, imaginando se a ligação era aquela que ele imaginava que fosse.
"Sim?" uma pausa. "E a agente Randwhyte?" outra pausa. Giovanni segurou a respiração. "Soterrada viva?" Agora a voz de Madame Boss tinha um tom triste e pesaroso que não eram comuns a ela. "Muito bem. Obrigado." Agora, a frieza calculista típica dela estavam de volta. Giovanni ouviu o telefone ser posto no gancho e um suspiro profundo de sua mãe. Através dos olhos semi-fechados, ele observou sua mãe voltar para a cama e sentar próximo a ele. Giovanni ficou nervoso. Será que ela sabia que ele era responsável pela morte de Miyamoto? Giovanni acelerou a respiração, assustado, achando que ela o havia descoberto, percebido sua culpa de alguma forma, quando sua mãe de repente abaixou a cabeça com uma pequena lágrima no canto do olho e deu um beijo em sua testa. Com isso, Giovanni ouviu sua mãe andar pela suíte até a penteadeira e pegar as chaves do escritório assim como ele havia feito naquela noite, e foi embora. Quando ela fechou a porta, Giovanni deu um sorriso malvado e franziu a testa, sob a escuridão. Ele havia conseguido…. Ele havia ordenado uma execução e ocultado isso… realmente, sua mãe era uma parte dele. Algum dia, algum belo dia, ele assumiria quando sua mãe deixasse o cargo, e ele levaria a Equipe Rocket à grandeza e poder, a grandeza e o poder a que estava destinada. Giovanni adormeceu, sonhando em liderar um exército de ladrões de pokémons, com seus excelentes agentes cumprindo suas ordens perfeitamente e com absoluta precisão.
Enquanto isso, Madame Boss estava dois andares abaixo de sua suíte, batendo na porta da agente nº 157 - Agente Rocket preta Bridget Sutton. "Só um minuto." disse a voz de Bridget atrás da porta fechada. A porta se abriu, e Bridget usava um roupão azul claro com chinelos combinando em seus pés. Bridget estava surpresa em ver Madame Boss a essa hora da noite, e seu rosto mostrava sua surpresa. Bridget prestou atenção enquanto Madame Boss entrou no quarto. "Boa noite, Madame." Bridget disse ansiosamente.
"Descansar, agente Sutton." Bridget relaxou um pouco, mas permanecia de pé, esperando que Madame Boss falasse. Algo estava errado, mesmo que Bridget não pudesse dizer o que era.
"Bridget, você está cuidando de Musashi, enquanto Miyamoto está nos Andes, não é?" ela perguntou em um tom de voz grave.
"Sim, Madame." Bridget respondeu, imaginando o que estava acontecendo.
O rosto de Madame Boss se entristeceu. "Miyamoto não irá retornar, agente Sutton. Houve um… acidente."
Os olhos de Bridget ficaram úmidos. Miyamoto era uma ótima amiga, e o mais importante, era tudo o que Musashi tinha… e agora ela não iria mais voltar? "Um acidente?" Bridget repetiu.
"Uma avalanche. Ela foi soterrada no túnel que estava explorando."
Bridget cobriu a boca com as mãos. "Oh, não!" Sua voz estava abalada quando ela perguntou, "E quanto a Musashi?"
Madame Boss abaixou a cabeça. "Eu não sei." ela disse.
Os olhos de Bridget se arregalaram então. "A carta!" ela disse.
"O quê?" Madame Boss perguntou, confusa.
Bridget correu para sua mesa e começou a revirar as coisas que ela havia deixado ali; maquiagem, ordens antigas, papéis, luvas, correspondências… "Quando Miyamoto saiu, ela me entregou uma carta e simplesmente me disse que eu saberia se tivesse que abrí-la." ela explicou, atirando as folhas de papel para trás dos ombros enquanto procurava. Finalmente, ela encontrou o ainda selado envelope, escondido embaixo de seu livro de recortes que ela estava mostrando para Musashi há algumas horas atrás. Bridget pegou o envelope e abriu-o. De dentro, ela tirou uma folha de papel dobrada e leu a carta em voz alta:
"Querida Bridget,
Se você estiver lendo esta carta, então certamente você soube que era a hora certa para abrí-la. Eu suponho que estou desaparecida ou morta por alguma razão, e que não estarei retornando para a cidade de Veridiana. A simples idéia de que isso pode acontecer, e de que minha linda Musashi talvez tenha que crescer sem mim por perto, é quase terrivelmente insuportável de eu encarar, mas eu tenho um sentimento esmagador que isto deve ser considerado.
Como você sabe, quando eu retornasse Musashi e eu iríamos embora para a cidade de Fuchsia, aonde um legítimo emprego arranjado por Madame Boss e minha irmã nos esperariam para uma nova vida juntas.
Mas agora, pelo que parece, isso não irá ocorrer. Portanto, Bridget, eu devo pedir a você que leve Musashi em meu lugar. Vá até a minha irmã, conte-lhe toda a situação, e entregue Musashi para que ela crie como se fosse filha dela. Musashi precisa de uma mãe, mesmo ela sendo pobre, e eu sei que minha irmã estaria pronta para criá-la e amá-la tão bem quanto eu.
Estes são meus últimos desejos. Por favor, faça isto para mim. Obrigado, Bridget. Você sempre foi uma ótima amiga, uma confidente, uma compenheira de braços abertos, e eu nunca irei esquecê-la.
Com amor,
Miya"
Bridget abaixou a carta lentamente. "Não é de admirar que ela disse que eu saberia quando abrir." ela disse suavemente.
Madame Boss olhou para Bridget. "Onde está Musashi agora?" ela perguntou.
"Dormindo em sua cesta de vime." Bridget respondeu.
O coração de Madame Boss, normalmente imprenetrável, estava se despedaçando por tudo isto que estava acontecendo. "Muito bem." ela disse. "Deixe que ela durma e sonhe. Amanhã, você e um agente irão levá-la para viver com a irmã de Miyamoto." Miyamoto abaixou a cabeça de modo abatido e suspirou. "Eu não posso acreditar que isto está acontecendo." ela disse.
"Eu sei." Bridget respondeu. "Eu sei."
Fazendo o possível para manter a postura, Madame Boss enxugou uma lágrima. "De qualquer forma, faça isso amanhã, Sutton. Afinal, não podemos deixar a bebezinha num lugar desses, não é?"
Bridget balançou a cabeça, sabendo que a atitude austera de sua chefe não era real de qualquer modo. "Pode deixar, Madame. Eu cuidarei disso amanhã."
"Ótimo." Madame Boss respondeu. "O agente Tom Carter irá acompanhá-la."
Carter era um agente Rocket de uniforme preto que não conhecia Bridget ou Miyamoto muito bem, apesar de que esteve presente no nascimento de Musashi. Madame Boss sabia que ele era um agente que não ficaria chocado emocionalmente assim como Bridget provavelmente ficaria. Bridget concordou, e Madame Boss saiu para voltar para sua suíte. Nenhum agente pôde ver suas lágrimas rolando pelo seu rosto enquanto ela voltava.
Em seu quarto, Bridget andou para o lado do cesto de Musashi, aonde o bebê de Miyamoto dormia em paz coberta pelo próprio cobertor rosa de Miyamoto, com um sorriso sereno em seu rosto. Foi então que vieram as lágrimas de Bridget. "Eu sinto muito, pequenina… sua mãe e eu te amamos muito… assim como sua nova mãe fará." Bridget adormeceu ali, próxima ao cesto, chorando levemente.
Na manhã seguinte, Bridget e Carter tomaram um transporte, um balão de ar quente novo em folha com o formato de um Meowth, e sobrevoaram através das árvores e cidades no caminho da cidade de Fuchsia para levar Musashi para a irmã de Miyamoto. Na cidade de Fuchsia, foi um momento triste para todos a não ser Carter. A irmã de Miyamoto estava contente por ter uma criança para cuidar, e ao mesmo tempo triste pela perda, para ela e para Jessie (ela optou por usar o nome alternativo que Miyamoto escolheu para Musashi - era mais fácil para ela), de Miyamoto.
Carter e Bridget ficaram por volta de 4 horas e meia até a hora de partir. Bridget deixou Jessie com um beijinho e uma promessa de amor por todo o tempo que ela viveu. Os dois agentes então voltaram para a cidade de Veridiana no balão, voltaram para a vida na Equipe Rocket, a vida que eles haviam conhecido antes do raio de sol conhecido como Musashi.
FIM
Miyamoto acordou na manhã seguinte às 7 horas, quando os raios brilhantes de sol atravessaram a janela de sua suite e iluminaram a sua face. Ela abriu os olhos, piscou e fechou-os de novo. Por um momento, ela sentiu a necessidade de levantar e verificar se Musashi estava bem, trocar a fralda, dar uma mamadeira… então ela se lembrou aonde estava.
Ela suspirou baixinho ao sentar e deixou a colcha que a cobria cair em seu colo. Sonolenta, ela foi até onde Virgil havia deixado suas duas malas na noite anterior, e abriu uma delas. De dentro, ela tirou um uniforme limpinho e o vestiu. Miyamoto foi até o banheiro, e sentiu o piso gelado em seu pé descalço, enquanto se olhava no espelho. O reflexo mostrava uma agente que estava em um lugar em que não gostaria de estar, perseguindo sobras e fumaça, e mais nada. Entretanto, ela sabia que por outro lado em um mês - apenas 30 dias - toda a sua vida mudaria para melhor… um emprego honesto, uma mãe amorosa criando sua linda filha com sua irmã na cidade de Fuchsia. Era isso o que dava forças para Miyamoto para sorrir e a coragem para prosseguir o dia. Ela sorriu para seu reflexo, e coemeçou a pentear o cabelo. Meia hora depois, ela deixou a suite, vestida com suas botas brancas com uma faixa vermelha que vinham até a coxa, o vestido preto do uniforme, e luvas brancas com uma faixa vermelha que vinha até o antebraço. Ela trancou a porta e foi pegar o elevador até o primeiro andar. Ao chegar no elevador, Virgil estava esperando por ela, com uma xícara de café e obviamente bem despertado.
"Virgil!" Miyamoto disse com surpresa. "Está me seguindo ou o quê?"
Virgil sorriu, desconhecendo completamente as ordens que em breve dariam um fim à sua vida. Para ele, ela era apenas outra visitante para quem ele havia sido designado para cuidar. Entretanto, Virgil tinha que admitir que esta agente era diferente de qualquer outra visitante que ele já teve de cuidar… ela era absolutamente bela e doce. Bem, ela certamente possuía o ar da marca militar única da Equipe Rocket, mas Virgil poderia dizer que ela não via isso como os outros viam… como uma licensa de autoridade e poder. "Eu fui designado para ajudá-la durante a sua estada, madame." Virgil respondeu. "O comandante Evans me disse para encontrá-la aqui nesta manhã e escoltá-la até o saguão para conhecer a sua equipe."
"Ah. Bem, obrigado." Miyamoto respondeu com um sorriso. Virgil apertou o botão do elevador, envergonhado. Miyamoto percebeu isso, e escondeu uma risada. O jovem Rocket de uniforme branco tinha uma queda por ela! "Então você sabe os agentes que irão comigo?" ela perguntou.
"Oh, sim, madame." Virgil respondeu rapidamente. "Sua equipe é composta do agente Mogren, agente Carroway e do agente Hansen."
"Por favor, me chame de Miyamoto." ela disse com um sorriso. Novamente, ela percebeu a vermelhidão das bochechas de Virgil. Miyamoto não acreditava em quanto ele era fofo e doce. "Você poderia me dizer algo sobre estes agentes?"
O elevador parou suavemente, as portas se abriram e Virgil e Miyamoto saíram, e pegaram o corredor até o saguão principal. "Certamente mad- hm, Miyamoto." Virgil respondeu. "Agente Hansen é um Rocket branco. Está aqui há um ano. Agentes Carroway e Mogren são ambos Rockets pretos. Não tenho certeza de quanto tempo estão aqui, mas eu sei que o agente Mogren e o comandante Evans são ótimos amigos." Virgil interrompeu o diálogo e Miyamoto tentava memorizar isto. "Miyamoto, eu posso lhe fazer uma pergunta?" Virgil perguntou, ansioso.
Miyamoto parou e olhou para ele. "O que é?" ela perguntou.
"Bem, eu sei que você está aqui para checar aqueles túneis e procurar por indícios da cidade perdida do Mew." Miyamoto balançou a cabeça, dizendo que sim, e Virgil ficou encabulado. "Eu me sinto tão burro em perguntar isso, mas… você acha que irá encontrar algo?"
"Não sei." Miyamoto respondeu. "Eu acredito que não, mas quem sabe?"
"É porque eu me lembro que minha mãe me contava histórias sobre essa tal cidade perdida há anos atrás quando eu era garoto… era minha história favorita, mas eu não acreditava que pudesse ser verdade, mas agora… bem, eu só acho que é algo a ser desvendado, não acha?"
Miyamoto sorriu. Ela se lembrou de quando ela era como Virgil, acreditando em magia e contos de fada, acreditando em coisas como tesouros enterrados e cidades perdidas, e os contos românticos sobre Mew. "Se a lenda for verdadeira, certamente nós saberemos. Uma cidade inteira só de Mews… imagine como ela teria sido." ela disse.
Virgil sorriu de volta, e eles continuaram a andar pelo corredor. Logo, eles chegaram no saguão principal da base, e Miyamoto avistou Evans e os outros agentes esperando por ela. Os outros três estavam vestidos em seus casacos compridos (Mogren e Carroway de preto, e Hansen de branco) e carregando mochilas grandes nas costas, prontos para começarem a expedição. Miyamoto lembrou-se que havia esquecido seu casaco na suíte, mas viu que Evans tinha um outro esperando por ela. Miyamoto e Virgil se aproximaram, e Evans sorriu para ela. "Obrigado, Virgil. Volte para a suíte da agente Randwhyte e arrume-a para ela." Virgil confirmou e voltou para a suíte, sorrindo para Miyamoto ao ir.
"Virgil está fazendo um bom trabalho, agente Randwhyte?" Evans perguntou.
"Sim, ele está, senhor." Miyamoto respondeu. "Ele está fazendo um excelente trabalho."
"Ele tem os requisitos de um bom agente, mesmo ficando facilmente excitado." Evans disse, encerrando assim o assunto. "Esta é sua equipe, agente Randwhyte." Ele disse, mostrando os três agentes de casaco. "Esta é a Rocket branca Lisa Hansen, Rocket preto Steven Carroway, e o tenente Rocket preto Sean Mogren." Miyamoto sorriu e apertou as mãos de cada um deles, sentindo uma calorosa recepção de Hansen, indiferença de Carroway e uma estranha frieza e desprezo de Mogren. Miyamoto preferiu ignorar isto, sorrindo para os três agentes.
"Prazer em conhecê-los." Miyamoto disse. "Estou certa de que teremos um dia produtivo hoje." Os três agentes confirmaram com pequenos sorrisos.
"Então agora, vocês quatro começarão sua expedição hoje e me entregarão um relatório lá pelas 17 horas sobre o andamento da expedição. Eu informarei Madame Boss e nós seguiremos suas recomendações pelo que soubermos em determinado ponto. Alguma pergunta?" Evans disse, juntando as mãos.
Miyamoto olhou os outros, que simplesmente olharam de volta, indicando que não tinham nenhuma pergunta. Henry sorriu e entregou o casaco para Miyamoto. "Então, boa sorte, agentes. Prossigam."
Miyamoto vestiu o casaco comprido e pegou a mochila que Evans deixou. Ela olhou dentro enquanto os outros aguardavam sem dizer uma palavra. Viu que ali havia sinalizadores, um GPS, provisões e um kit de primeiros socorros, e então ela fechou a mochila e a pôs nas costas. Ela então virou para os outros agentes e sorriu. "Todos prontos?" os agentes balançaram a cabeça, dizendo que sim. "Alguém precisa fazer um pit-stop antes?" Miyamoto perguntou com um sorriso.
Lisa deu uma risada, mas um olhar repentino de Mogren a silenciou rapidamente. "Estou certo de que estamos todos prontos, agente Randwhyte." Ele disse rispidamente. "Agora que o tempo deu uma trégua, é melhor nós partimos enquanto temos a oportunidade." O tom da voz de Mogren indicava que isso não era uma sugestão, mas sim uma ordem. Suspirando por dentro, Miyamoto se lembrou de que faltavam apenas 29 dias, enquanto saía e liderava o caminho até o túnel, que ela havia marcado em seu mapa da base.
Vinte minutos depois, eles estavam fora dos limites da base, onde uma barricada temporária, parcialmente enterrada na neve, havia sido posta para impedir os agentes de entrar no túnel que levava diretamente para dentro da caverna. Miyamoto levou o grupo até a entrada, e tirou sua mochila. De dentro, retirou uma lanterna metálica comprida e a ligou. O potente feixe de luz atravessou a escuridão do túnel e iluminou os próximos cinco metros do túnel, que estava protegido do vento e livre de neve. Ela olhou para seus acompanhantes. "Nenhum agente desta base esteve lá embaixo?" ela perguntou.
Carroway balançou a cabeça. "Não. Madame Boss nos proibiu de entrar ali." ele respondeu.
"Não que nós não quiséssemos." Lisa adicionou. "Eu lembro o dia em que nós encontramos o túnel e os artefatos… foi tão excitante!" Lisa não estava mentindo neste ponto… tinha sido muito excitante, e ela estava cheia de esperança e sonhava que eles realmente haviam encontrado a Cidade Perdida. Entretanto, quando Sean falou com ela na noite anterior e explicou a situação, ela percebeu que realmente não poderia haver algo no túnel, não se a Madame Boss tivesse ordenado uma execução lá embaixo. Bem, ela pensou, é hora de eu parar de acreditar nestes mitos, de qualquer forma. Ela aceitou a missão, e agora estava fazendo a sua parte, sabendo que esta poderia ser muito bem a missão que a promoveria para um Rocket preto.
Mogren sorriu, um sorriso mais gelado que a neve. "Você é a primeira agente a receber permissão para entrar, Randwhyte. Por favor, entre você primeiro." A missão estava indo perfeitamente. Em uma hora, ele sabia que Miyamoto estaria morta. Miyamoto, completamente inconsciente do perigo que corria, conduziu os outros agentes para dentro do túnel.
Não muito longe, protegido em um abrigo oculto, Evans observava o grupo entrar no túnel através de uma pequena janela. Ele então voltou sua atenção para os quatro pontos na pequena tela do radar que ele tinha, enquanto eles se moviam através de um pequeno mapa do túnel. Ele havia posto dispositivos localizadores em suas mochilas, e podia saber quando eles deviam estar longe o suficiente para garantir a chamada para o pager silencioso de Mogren. Então, quando eles estiverem a uma distância segura, estaria tudo pronto. Do outro lado da sala, o agente Rocket preto Raven Kaldron verificava a arma que ele escolheu para a tarefa, uma bazuca leva e compacta. Silenciosa e eficiente, ele checou o alinhamento da mira e os quatro pequenos foguetes que ele em breve carregaria e dispararia para causar uma avalanche. Ele sorriu para si mesmo, ao tocar os quatro cilindros, apreciando seu poder destrutivo, e pensando na missão que ele logo cumpriria. Que história isto seria para ele contar para sua pequena sobrinha Annie, de 5 anos… Ele olhou para Evans, que estava em uma cadeira, observando silenciosamente os pontinhos no radar.
Na escuridão do túnel, Miyamoto liderava sua equipe pela luz de sua lanterna. Era uma ótima lanterna, mas ela não conseguiria iluminar apropriadamente o túnel, e Miyamoto começou a desejar nunca ter aceitado esta missão. Ela se lembrou do pagamento que receberia, a bela imaginação da vida com Musashi, e achou a força para continuar. Entretanto, toda a sua pesquisa, sem contar o vento gelado e os flocos de neve dos Andes, não fizeram nada para preparar Miyamoto para as cavernas e túneis em que ela agora se encontrava. Fora da iluminação da lanterna, a escuridão a cercava. Embora eles não estivessem em uma profundidade muito alta, a luz do sol e o sombrio uivo do vento gelado foram substituídos pela escuridão e o som de uma goteira ao fundo. Tirando esse, o único som que se ouvia eram os passos silenciosos de Mogren, Carroway e Hansen atrás dela.
Apesar do som de seus passos, Miyamoto se sentia tão sozinha como se tivesse sido transportada para um outro planeta sem mais niguém ali - nem mesmo sua querida Musashi. Miyamoto engoliu a saliva e segurou uma lágrima, enquanto o pensamento de tal mundo passava em sua mente.
Enquanto isso, Henry sentou, ainda observando o progresso do grupo no radar. É claro, ele não tinha um mapa exato das cavernas e túneis, mas ele podia dizer o quão fundo nas cavernas eles haviam ido, e ele confiava que a habilidade de rastreamento de Carroway poderia ajudá-lo a levar Sean e Hansen quando ele recebesse a chamada silenciosa do pager. Estava sendo muito fácil matar Miyamoto - ela era muito inocente para uma agente de uniforme preto. Não levaria muito tempo para que Henry enviasse o sinal, e então… bem, estaria tudo acabado, não estaria?
Henry olhou para Raven, que aguardava pacientemente no canto, brincando com o cordão de seu casaco preto, suas armas prontas e armadas. Ele olhava com olhos cruéis para a execução que o aguardava. Henry voltou sua atenção para o radar e viu que a expedição agora estava a 25 metros abaixo do solo dentro do túnel. Henry sorriu maldosamente. Agora faltava pouco.
Passando a mão na parede, Miyamoto olhou a escuridão à frente. O que raios Madame Boss esperava que ela encontrasse? Não havia nada ali a não ser frio e escuridão. Com cada passo, Miyamoto podia sentir seu aborrecimento com toda esta situação crescendo. A cidade perdida de Mew… uma lenda, nada mais. O que passava pela cabeça de Madame Boss, afinal? Vai saber… então, de repente ela sentiu algo na parede… uma chanfradura. Intrigada, ela apontou sua lanterna para o que sua mão havia sentido. Era uma gravura entalhada de Mew na rocha. Em apenas um segundo, Miyamoto teve uma taquicardia.
No abrigo, Henry olhou para o monitor. 50 metros de profundidade. A hora havia chegado. "Agente Kaldron" ele chamou.
Raven olhou para ele. "Pois não, senhor?"
"Assuma sua posição e aguarde." Henry disse. Raven confirmou, pegou a bazuca e saiu pela pesada porta do abrigo. Uma vez ali, ele assumiu sua posição em um rochedo de frente para a entrada do túnel e começou a mirar sua arma ao se acomodar agachado. Dentro do abrigo, Henry observou Raven se preparar através da pequena janela. Ele pegou o transmissor e apertou o botão, enviando o sinal para Mogren, Carroway e Hansen.
"Sean! Steven! Lisa!" Miyamoto chamou um segundo depois dos três agentes sentirem seus pagers vibrarem, dizendo que era hora de sair. Os três se aproximaram, levados por Mogren.
"O que é, Randwhyte?" Mogren perguntou, procurando uma chance para se livrar de Miyamoto.
"Olhe! É uma gravura de Mew entalhada!" Miyamoto respondeu excitada. "Prova de uma tribo, no mínimo."
Mogren olhou a gravura, indiferente. Ele tinha certeza de que era apenas de uma tribo de Mews e nada mais, completamente sem importância para ele… ou era? É claro! Era isto! Sua oportunidade surgiu! Tentando fazer que Carroway e Hansen o seguissem, Mogren fingiu uma excitação em seu rosto.
"É isto! Uma gravura na rocha… este pode ser um dos sinais!" Mogren disse, tentando parecer genuinamente interessado. Atrás dele, Carroway e Hansen imitaram a expressão de Mogren.
"Isto deve ser documentado para Madame Boss. Miyamoto, por quê você não continua em frente, enquanto nós ficamos aqui e registramos o que pudermos?" Mogren disse, com um brilho diabólico em seu olho, escondido pela escuridão.
Miyamoto sorriu para Mogren. Mais uma vez, ela se sentiu energizada e excitada sobre esta missão. Talvez houvesse algo especial lá embaixo… algo mágico e maravilhoso. Miyamoto balançou a cabeça para Mogren. "Certo. Eu irei em frente. Apenas me alcancem quando terminarem." Mogren sorriu de volta e observou ela se aprofundar no túnel, e então se voltou para Carroway e Hansen.
"Devemos documentar isso, Sean?" Carroway perguntou, imaginando se ele estava falando sério.
"Nah. É só uma evidência de uma tribo Mew. Existem dúzias delas. Há evidências deles ao redor do globo. O importante é que esta é a nossa chance. Agora, enquanto ela se afasta, vamos dar o fora daqui. Leve-nos, Steven." Sean respondeu.
Com isso, Carroway virou e os guiou de volta pelo caminho que entraram. No abrigo, Henry sorriu ao ver o sinal de Miyamoto descer enquanto os outros subiam. Henry pegou o rádio e disse para Raven se preparar e começar a contagem regressiva quando os três estivessem em segurança.
No túnel, Steven, Sean e Lisa corriam rapidamente para a saída, tentando se distanciar o máximo possível. Logo, eles viram a claridade da saída logo à frente. Steven saiu primeiro, então ajudou Lisa e Sean a saírem. Assim que saíram, Lisa pegou uma bandeira laranja e a agitou no ar. Raven viu, e respondeu agitando sua própria bandeira vermelha. O sinal havia sido dado - os três estavam fora. Agora eles tinham dois minutos para se afastar, para que ele fizesse seus quatro disparos, bloqueando Miyamoto no túnel com uma parede de neve. Não havia como voltar atrás agora; a execução estava decretada. Sean, Steven e Lisa correram o mais rápido que puderam para o abrigo onde Evans aguardava por eles.
No fundo da caverna, a luz da lanterna de Miyamoto mostrou que ela havia chegado em uma parede sólida. Sem saída, parecia, e um grande desapontamento após encontrar a gravura. Decidida a observar mais de perto, Miyamoto se aproximou da parede e apontou a lanterna. Ficou surpresa ao encontrar outra chanfradura aqui - apesar de que este não era uma gravura de Mew - apenas um simples retângulo. Desanimada, ela se encostou na parede para descansar um minuto antes de voltar até os outros. Foi aí que aconteceu. Quando ela se encostou, ela ouviu o som da rocha raspando na rocha. A chanfradura não era um simples entalhe… era um botão! Miyamoto se levantou e virou rapidamente. A grande parede de pedra em que ela havia se encostado estava deslizando para trás, como uma porta. Miyamoto ficou de queixo caído ao passar pela porta e iluminar o local. Dentro, uma gruta com uma cúpula no teto com uns 75 metros de altura ou mais, até a base da montanha, e muitas estruturas escavadas na rocha, umas altas e outras pequenas, cobertas com entalhes e símbolos antigos. Miyamoto não acreditava no que via ao iluminar os símbolos entalhados e eles brilhavam com chispas douradas. Ela havia encontrado…. Ela havia encontrado a lenda…. Ela havia encontrado a Cidade Perdida de Mew. Espantada com o que seus olhos viam, ela voltou e correu para fora da câmara e voltou correndo para onde havia deixado os outros há cerca de 5 minutos atrás.
Naquele instante, o relógio de Raven dispertou. Os dois minutos haviam se encerrado. Os três agentes deveriam estar dentro ou próximos do abrigo agora, e era seguro efetuar os disparos agora. Raven sorriu ao mirar nos bancos de neve sobre a saída do túnel e disparou. Ele amava esta parte do trabalho. Raven rapidamente recarregou e disparou novamente, então novamente, então outra vez e os quatro foguetes haviam sido disparados. Os foguetes atingiram seus alvos rapidamente, acertando a neve e a rocha com explosões mudas, e fazendo a neve e as rochas virem na direção do túnel e dentro dele.
Miyamoto, na metade do caminho até onde havia deixado os outros, sentiu a vibração das explosões e olhou em volta freneticamente, achando que era um terremoto. Entretanto, ela logo percebeu o que estava havendo quando viu traços de neve caindo pelo túnel. Neve a esta profundidade… só podia ser causado por um monte de neve caindo na entrada do túnel.
Miyamoto rogou para que estivesse errada ao voltar pelo túnel e ficar frente a frente com a parede de neve que havia caído no túnel. Foi então que Miyamoto percebeu que as vibrações não eram um terremoto, mas explosões deliberadas - explosões com a intenção de prendê-la ali. Miyamoto procurava por uma resposta, uma saída, mas viu que não havia nenhuma. Quando ela compreendeu a situação, Miyamoto caiu ao chão, seu corpo quebrado por soluços violentos de raiva, desespero e tristeza. Miyamoto não tinha esperanças - ela sabia que iria morrer. Sozinha, desamparada, traída… e a maior tortura de todas, saber que ia morrer e nunca mais ver sua amada filha novamente. As lágrimas vieram como rios agora, e Miyamoto se encolheu em uma posição fetal e continuou gritando entre os soluços, "Nãããããõoooo!!!… Minha filha… Eu te amo, Musashi… Eu te amo…."
Enquanto isso, no teto do túnel acima de Miyamoto, dois grandes olhos azuis cercados por pêlos cor de rosa fitavam sem piscar da escuridão a agente Rocket de uniforme preto que soluçava. Telepaticamente, o vulto no escuro sentiu seu desespero e a pior tristeza que Miyamoto sentia - que havia perdido sua filha para sempre. Devagar, a figura flutuante emitiu um baixo e pesaroso choro - "Meeeeewwww." Uma lágrima escorreu pela sua bochecha - uma lágrima de pena, tristeza e compaixão - para o Mew que já sabia como era perder um filho; ela já tinha passado por isso quando o dia final da cidade chegou. Silenciosamente, o Mew chorou lágrimas brilhantes douradas, que caíram ao chão e se misturaram com as de Miyamoto, e as duas mães lamentaram sua perda juntas, e as duas - o pokémon mais raro de todos os tempos e a agente da Equipe Rocket - se tornaram só uma, unidas na tristeza.
Naquela noite, Evans enviou um relatório de volta para Miyamoto. Como sua ordem havia especificado, a execução deveria parecer um acidente em todos os sentidos, até mesmo pelo relatório em resposta. É claro, este era um procedimento padrão da Equipe Rocket em tais situações… Isto provia a Equipe Rocket uma excelente proteção de negação plausível, em caso de qualquer investigações. O relatório de Evans informava o "trágico acidente" que havia "lamentavelmente" enterrado a agente Randwhyte na caverna permanentemente. Evans iria até efetuar uma tentativa de resgate, mas concluiu-se que um resgate seria impossível devido a profundidade em que Miyamoto estava soterrada. Evans estava satisfeito consigo mesmo. Afinal de contas, a execução realmente havia parecido um acidente, e a única forma de contradizer isto era encontrar os restos dos foguetes que Raven disparou, uma tarefa quase impossível, pois também haviam sido enterrados pela avalanche. Satisfeito com o resultado, Evans transmitiu o relatório de volta para Madame Boss na cidade de Veridiana.
Era por volta de 9 da noite quando o telefone tocou no quarto de Madame Boss. Ela correu para atender, enquanto ia pôr Giovanni para dormir. É claro, Giovanni sabia que sua mãe detestava ser incomodada após deixar o escritório, e havia deixado ordens muitas vezes estritas proibindo isso a menos que houvesse um motivo muito importante para isso. Giovanni se encostou e prestou atenção na conversa, imaginando se a ligação era aquela que ele imaginava que fosse.
"Sim?" uma pausa. "E a agente Randwhyte?" outra pausa. Giovanni segurou a respiração. "Soterrada viva?" Agora a voz de Madame Boss tinha um tom triste e pesaroso que não eram comuns a ela. "Muito bem. Obrigado." Agora, a frieza calculista típica dela estavam de volta. Giovanni ouviu o telefone ser posto no gancho e um suspiro profundo de sua mãe. Através dos olhos semi-fechados, ele observou sua mãe voltar para a cama e sentar próximo a ele. Giovanni ficou nervoso. Será que ela sabia que ele era responsável pela morte de Miyamoto? Giovanni acelerou a respiração, assustado, achando que ela o havia descoberto, percebido sua culpa de alguma forma, quando sua mãe de repente abaixou a cabeça com uma pequena lágrima no canto do olho e deu um beijo em sua testa. Com isso, Giovanni ouviu sua mãe andar pela suíte até a penteadeira e pegar as chaves do escritório assim como ele havia feito naquela noite, e foi embora. Quando ela fechou a porta, Giovanni deu um sorriso malvado e franziu a testa, sob a escuridão. Ele havia conseguido…. Ele havia ordenado uma execução e ocultado isso… realmente, sua mãe era uma parte dele. Algum dia, algum belo dia, ele assumiria quando sua mãe deixasse o cargo, e ele levaria a Equipe Rocket à grandeza e poder, a grandeza e o poder a que estava destinada. Giovanni adormeceu, sonhando em liderar um exército de ladrões de pokémons, com seus excelentes agentes cumprindo suas ordens perfeitamente e com absoluta precisão.
Enquanto isso, Madame Boss estava dois andares abaixo de sua suíte, batendo na porta da agente nº 157 - Agente Rocket preta Bridget Sutton. "Só um minuto." disse a voz de Bridget atrás da porta fechada. A porta se abriu, e Bridget usava um roupão azul claro com chinelos combinando em seus pés. Bridget estava surpresa em ver Madame Boss a essa hora da noite, e seu rosto mostrava sua surpresa. Bridget prestou atenção enquanto Madame Boss entrou no quarto. "Boa noite, Madame." Bridget disse ansiosamente.
"Descansar, agente Sutton." Bridget relaxou um pouco, mas permanecia de pé, esperando que Madame Boss falasse. Algo estava errado, mesmo que Bridget não pudesse dizer o que era.
"Bridget, você está cuidando de Musashi, enquanto Miyamoto está nos Andes, não é?" ela perguntou em um tom de voz grave.
"Sim, Madame." Bridget respondeu, imaginando o que estava acontecendo.
O rosto de Madame Boss se entristeceu. "Miyamoto não irá retornar, agente Sutton. Houve um… acidente."
Os olhos de Bridget ficaram úmidos. Miyamoto era uma ótima amiga, e o mais importante, era tudo o que Musashi tinha… e agora ela não iria mais voltar? "Um acidente?" Bridget repetiu.
"Uma avalanche. Ela foi soterrada no túnel que estava explorando."
Bridget cobriu a boca com as mãos. "Oh, não!" Sua voz estava abalada quando ela perguntou, "E quanto a Musashi?"
Madame Boss abaixou a cabeça. "Eu não sei." ela disse.
Os olhos de Bridget se arregalaram então. "A carta!" ela disse.
"O quê?" Madame Boss perguntou, confusa.
Bridget correu para sua mesa e começou a revirar as coisas que ela havia deixado ali; maquiagem, ordens antigas, papéis, luvas, correspondências… "Quando Miyamoto saiu, ela me entregou uma carta e simplesmente me disse que eu saberia se tivesse que abrí-la." ela explicou, atirando as folhas de papel para trás dos ombros enquanto procurava. Finalmente, ela encontrou o ainda selado envelope, escondido embaixo de seu livro de recortes que ela estava mostrando para Musashi há algumas horas atrás. Bridget pegou o envelope e abriu-o. De dentro, ela tirou uma folha de papel dobrada e leu a carta em voz alta:
"Querida Bridget,
Se você estiver lendo esta carta, então certamente você soube que era a hora certa para abrí-la. Eu suponho que estou desaparecida ou morta por alguma razão, e que não estarei retornando para a cidade de Veridiana. A simples idéia de que isso pode acontecer, e de que minha linda Musashi talvez tenha que crescer sem mim por perto, é quase terrivelmente insuportável de eu encarar, mas eu tenho um sentimento esmagador que isto deve ser considerado.
Como você sabe, quando eu retornasse Musashi e eu iríamos embora para a cidade de Fuchsia, aonde um legítimo emprego arranjado por Madame Boss e minha irmã nos esperariam para uma nova vida juntas.
Mas agora, pelo que parece, isso não irá ocorrer. Portanto, Bridget, eu devo pedir a você que leve Musashi em meu lugar. Vá até a minha irmã, conte-lhe toda a situação, e entregue Musashi para que ela crie como se fosse filha dela. Musashi precisa de uma mãe, mesmo ela sendo pobre, e eu sei que minha irmã estaria pronta para criá-la e amá-la tão bem quanto eu.
Estes são meus últimos desejos. Por favor, faça isto para mim. Obrigado, Bridget. Você sempre foi uma ótima amiga, uma confidente, uma compenheira de braços abertos, e eu nunca irei esquecê-la.
Com amor,
Miya"
Bridget abaixou a carta lentamente. "Não é de admirar que ela disse que eu saberia quando abrir." ela disse suavemente.
Madame Boss olhou para Bridget. "Onde está Musashi agora?" ela perguntou.
"Dormindo em sua cesta de vime." Bridget respondeu.
O coração de Madame Boss, normalmente imprenetrável, estava se despedaçando por tudo isto que estava acontecendo. "Muito bem." ela disse. "Deixe que ela durma e sonhe. Amanhã, você e um agente irão levá-la para viver com a irmã de Miyamoto." Miyamoto abaixou a cabeça de modo abatido e suspirou. "Eu não posso acreditar que isto está acontecendo." ela disse.
"Eu sei." Bridget respondeu. "Eu sei."
Fazendo o possível para manter a postura, Madame Boss enxugou uma lágrima. "De qualquer forma, faça isso amanhã, Sutton. Afinal, não podemos deixar a bebezinha num lugar desses, não é?"
Bridget balançou a cabeça, sabendo que a atitude austera de sua chefe não era real de qualquer modo. "Pode deixar, Madame. Eu cuidarei disso amanhã."
"Ótimo." Madame Boss respondeu. "O agente Tom Carter irá acompanhá-la."
Carter era um agente Rocket de uniforme preto que não conhecia Bridget ou Miyamoto muito bem, apesar de que esteve presente no nascimento de Musashi. Madame Boss sabia que ele era um agente que não ficaria chocado emocionalmente assim como Bridget provavelmente ficaria. Bridget concordou, e Madame Boss saiu para voltar para sua suíte. Nenhum agente pôde ver suas lágrimas rolando pelo seu rosto enquanto ela voltava.
Em seu quarto, Bridget andou para o lado do cesto de Musashi, aonde o bebê de Miyamoto dormia em paz coberta pelo próprio cobertor rosa de Miyamoto, com um sorriso sereno em seu rosto. Foi então que vieram as lágrimas de Bridget. "Eu sinto muito, pequenina… sua mãe e eu te amamos muito… assim como sua nova mãe fará." Bridget adormeceu ali, próxima ao cesto, chorando levemente.
Na manhã seguinte, Bridget e Carter tomaram um transporte, um balão de ar quente novo em folha com o formato de um Meowth, e sobrevoaram através das árvores e cidades no caminho da cidade de Fuchsia para levar Musashi para a irmã de Miyamoto. Na cidade de Fuchsia, foi um momento triste para todos a não ser Carter. A irmã de Miyamoto estava contente por ter uma criança para cuidar, e ao mesmo tempo triste pela perda, para ela e para Jessie (ela optou por usar o nome alternativo que Miyamoto escolheu para Musashi - era mais fácil para ela), de Miyamoto.
Carter e Bridget ficaram por volta de 4 horas e meia até a hora de partir. Bridget deixou Jessie com um beijinho e uma promessa de amor por todo o tempo que ela viveu. Os dois agentes então voltaram para a cidade de Veridiana no balão, voltaram para a vida na Equipe Rocket, a vida que eles haviam conhecido antes do raio de sol conhecido como Musashi.
FIM
