Título: O julgamento das sete mortes
Ficwriter
: Kaline Bogard
Beta:
Akemi Hidaka
Classificação
: yaoi, sobrenatural
Pares
: YohjixKen
Resumo:
O que parecia um inocente pedido de ajuda transforma a vida de Yohji numa corrida contra o tempo.


Records of 2004 a.C.

O julgamento das sete mortes
Kaline Bogard

Capitulo 01
Um pedido de ajuda

Yohji olhou intrigado para o jovem rapaz. Era o terceiro dia que aquele garoto aparecia na Koneko no Sumu Ie, e ficava encostado num canto, apenas observando. Isso começava a lhe parecer muito suspeito...

Os outros Weiss não se importavam com aquilo, mas... não sabia por que, aquele jovenzinho era muito... estranho.

(Yohji) Hum...

Aproveitou que estava sozinho na floricultura, era horário de almoço e resolveu puxar conversa com o garoto. Omi não voltara ainda do colégio, Ken estava na casa, terminando o almoço, e Aya provavelmente fora ao hospital.

(Yohji) Ei você!

O garoto fitou Yohji com os olhos azuis, estreitos e frios, analisando-o mais profundamente do que fizera durante esses três dias.

(Yohji) Qual é o seu nome?

(Shouji) Shouji... Yasutaka Shouji.

O playboy aproximou-se do garoto, mostrando seu melhor sorriso. Shouji parecia ter uns quinze anos. Usava longos cabelos negros, presos em um rabo de cavalo baixo. A pele era meio pálida, não tanto quanto a do líder da Weiss, mas quase...

(Yohji) Bem, Shouji... você está com algum problema? Não deveria estar no colégio essas horas?

(Shouji)...

(Yohji) Não me diga que vem matar aula aqui... se seus pais descobrem, você vai ficar enrascado...

(Ken) Ei, Yohji! O almoço ta pronto... você quer...

Parou de falar, ao ver Yohji conversando com aquele garoto desconhecido. Sentiu uma pontada de ciúmes, pois tinha que admitir que o rapazinho era bonito.

(Yohji) Ken, esse é Shouji, e ele está matando aula esses dias todos aqui...

(Ken surpreso) Matando aulas?

(Shouji) Não estou matando aula. Estou apenas procurando uma coisa...

(Yohji desconfiado) E como pode procurar algo, se não sai daqui o dia todo?

(Shouji) Desculpa se eu incomodo...

De repente os olhos azuis ficaram tristes, meio... decepcionados.

(Ken) Ah, você não está incomodando! O Yohji que não sabe o que fala!! Não de idéias pra ele.

(Yohji) Ei!

(Ken sorrindo) Se você procura algo em uma floricultura... só pode ser uma flor, não é?

(Shouji sorrindo) Mais ou menos...

(Ken) Temos várias qualidades aqui, qual você procura?

O garoto olhou para Yohji, e deu um sorrisinho malicioso.

(Shouji) Quero uma orquídea! Mas acho que você não vai querer me vender, não é?

(Ken)...

(Yohji rindo) Isso foi uma cantada?!

(Ken irritado) Yohji, vai almoçar. Eu fico aqui na Koneko no seu lugar.

(Yohji sorrindo) Ok, Ken Ken.

Ganhara o dia com o comentário direto, mas meio inocente por parte de Shouji. Apesar de ver que o moreninho não gostara nem um pouco de ouvir aquilo.

(Shouji) Não se preocupe! Eu estarei aqui quando você voltar!!

(Ken) Ei!! Depois de almoçar, Yohji vai lavar e secar as vasilhas, vai arrumar a casa e lavar a roupa!

(Yohji surpreso) Vou?! Desde quando?

(Ken irritado) Desde agora! Eu cubro seu turno na Koneko... não se preocupe.

O playboy percebeu que Ken não queria que ele ficasse com Shouji na floricultura, abrindo mão do dia de folga! No começo, o moreninho ficara indiferente ao garoto de olhos azuis, mas agora não o ignoraria mais!

Que ousadia, dar em cima do seu namorado!!

Shouji fitou Ken, demonstrando uma certa confusão nos olhos. Será que tinha feito alguma coisa errada?

Ken afastou-se em silêncio, e foi pra trás do balcão, concentrando-se em folhear alguns catálogos, e anotando em um bloco de notas, o que deveria ser encomendado.

Shouji olhou para o moreninho, de modo distraído. Ainda se espantava com a beleza não apenas de Ken Hidaka, mas dos quatro rapazes que trabalhavam na Koneko. Por isso se atrapalhara esses três dias. Precisava pedir ajuda a um deles, mas não sabia qual!!

Se fosse se deixar levar pela beleza dos rapazes, sua busca demoraria demais, já que não saberia dizer qual o mais belo. Ta certo que seu gosto se inclinava mais para o ruivo, que descobrira chamar Aya... nunca vira alguém tão bonito... e tão fechado... desistiu de recorrer ao Aya...

Passara dois dias inteiros analisando os outros Weiss e descobrira qual dos três era mais acessível, agora vinha a delicada tarefa de fazê-lo aceitar seu pedido de socorro...

Ken, por sua vez, ia escrevendo as informações no bloco de notas, mas de vez em quando olhava para Shouji, percebendo o olhar pensativo e distante. Também reparara nas roupas, num estilo muito antigo, daquelas que saíram de moda há pelo menos dez anos atrás...

Que figurinha estranha. Seria esse Shouji alguma criança abandonada?

(Ken pensando) Acho que fui muito rude com ele... melhor pedir desculpas...

Ao levantar a cabeça mais uma vez, o moreninho ficou surpreso, percebendo que Shouji não estava mais lá. Havia saído, e Ken nem se dera conta.

(Ken) Que pena... espero que ele volte.

Quando perdia a cabeça, dizia coisas que se arrependia, já que não sabia se controlar. Isso não significava que gostasse de magoar os outros. Apesar de Shouji ter soltado aquela cantada (horrível e simplória) pra cima do Yohji, não queria dizer que fosse o começo de um romance. Mesmo porque tinha certeza de que o amante loiro não sairia com um garotinho de quinze anos.

oOo

(Yohji) Porque não vem comigo?

(Ken suspirando) Ah, hoje não, Yohji. Quem sabe amanhã...

(Yohji sorrindo) Eu vou naquela boate, que você gosta tanto!!

(Ken) Sei. Mas amanhã eu marquei um treino logo cedo com a garotada. Preciso descansar.

O playboy deu de ombros. Terminou de pentear os cabelos, e colocou uma jaqueta de couro preta, combinando com a calça preta muito justa. Completando o quadro, usava uma camisa esporte na cor branca, por baixo da jaqueta de couro.

(Yohji) Tem certeza? Então vou sair a caça...

(Ken) Não se atreva! Volte cheirando a perfume barato e você vai ver só!!

(Yohji sorrindo) Calma! É brincadeira!

Deu uma piscada marota para o namorado, depois abriu os dois botões de cima, da camisa branca revelando um pouco do tórax alvo.

(Ken) Yohji... não se empolgue...

(Yohji) Nhé! Só dois botõezinhos! Você não quer que eu vire um padre, não é?

(Ken sorrindo) Sabe que não é má idéia?

(Yohji) Ora seu!! Mas eu já vou! Qualquer coisa, me liga no celular.

(Ken) Claro. Divirta-se!

O playboy aproximou-se e depositou um selinho muito carinhoso sobre os lábios do amante, depois deu as costas e saiu.

Ken não podia negar que sentia um pouco de receio dessas saídas do playboy, mas... ele não gostava muito de boates, e se ia de vez em quando, era apenas para satisfazer a vontade do namorado.

Apesar de tudo, Ken percebera que Yohji merecia confiança, e depois de deslizar umas duas vezes, acabara entrando nos eixos, sendo levado por rédeas curtas pelo moreninho meio ciumento.

Já fazia bastante tempo que o loiro não saia da linha, e Ken finalmente relaxou, intuindo agora que podia confiar.

oOo

O playboy estacionou o carro com certa facilidade. Apesar de ser sábado a noite, e os clubes noturnos encherem, o ex-detetive havia encontrado um local que não era freqüentado por multidões, e que servia uma ótima bebida.

Depois que se acertara com Ken, sua vida dera uma boa mudança... até pensara que poderia continuar sendo o mesmo garanhão de antes, mas... nas duas vezes que 'traíra' o jogador, acabara se arrependendo muito: o sexo não tinha mais o mesmo sabor delicioso, e Yohji sempre terminava insatisfeito, desejando apenas voltar pra casa e finalizar a noite nos braços do amante.

Insistira por duas vezes, mas acabara aceitando que nada seria mais como antes. Enfim, que assim fosse.

Entrou na boate sem problema algum. Não havia filas nem multidões.

(Yohji) Ah, que beleza.

O clube estava mais cheio que o normal, e o loiro cumprimentou algumas pessoas que já sabia serem freqüentadores assíduos dali, assim como ele.

Escolheu uma mesa mais afastada, meio oculta ao fundo do salão. Mal se acomodou e um garçom aproximou-se, trazendo um copo com seu pedido habitual.

(Garçom) Um 'marciano' como sempre, senhor Kudou?

(Yohji sorrindo) Isso mesmo! Obrigado!!

Suspirando, Yohji sorveu um pouco da bebida, e olhou ao redor. Qual foi sua surpresa ao perceber que Shouji caminhava até sua mesa, e sem esperar permissão, sentava-se nela.

(Yohji) Ei! Você tem idade pra freqüentar esse local?

O garoto fez que 'não' com a cabeça.

(Shouji) Tenho treze anos.

(Yohji) Ai... vão pensar que eu sou um pedófilo!! Você está sozinho?

Dessa vez fez que 'sim'. O loiro passou a mão pelo cabelo, sem saber o que fazer. Então o garçom se aproximou, e meio sem graça, fez um sinal para Yohji, indicando o garoto de olhos azuis.

(Garçom) Sinto muito, senhor Kudou. Mas seu irmão não pode ficar aqui.

Irmão? Yohji sentiu vontade de gargalhar. Não podiam ser mais diferentes.

(Yohji) É... sinto muito... ele me seguiu sem que eu percebesse... vamos embora, Shouji. Precisamos ter uma conversa muito séria...

Pagou a bebida sem nem mesmo terminar de bebê-la. E foi embora da boate, sendo acompanhado por Shouji.

Ambos se dirigiram em silêncio para o carro do playboy, e depois de entrar, o loiro perguntou em tom sério:

(Yohji) Onde você mora? Seus pais devem estar preocupados...

(Shouji) Não... espera...

(Yohji)...

(Shouji) Eu... preciso de sua ajuda, Yohji!

(Yohji) O que foi? Está perdido?

Não acreditava muito nisso. Seria coincidência demais, Shouji estar perdido e chegar àquela boate tão afastada da cidade.

(Shouji) Sei o que você faz com Aya, Ken e Omi, nas sombras da noite...

A frase soou meio melodramática, mas toda a situação parecia irreal.

(Yohji surpreso) Como...

(Shouji) Vocês me foram indicados por uma pessoa, que no passado esbarrou sem querer com os recursos oferecidos pela Kritiker...

(Yohji desconfiado) Quem é você?

(Shouji) Não posso pagar... mas... por favor, me ajude!!

Fitou Yohji com os olhos azuis, e dessa vez eles não transmitiam frieza... apenas angústia, e uma desesperança tão grande, que o loiro acabou se comovendo. Queria saber o que poderia precisar aquele garoto... Queria ele que Yohji matasse alguém? Já estaria esse jovem com o coração tão cheio de rancor a esse ponto?

Ficar pensando não o levaria a nada, então o ex-detetive resolveu perguntar o que poderia ser aquele pedido de ajuda.

(Yohji) Do que se trata?

(Shouji) Eu... queria que você me ajudasse a encontrar meus pais...

(Yohji)...

Definitivamente isso estava longe de ser o campo de atuação da Weiss... mas lembrava muito seu antigo trabalho...

(Shouji) Fui separado de meus pais a muitos anos... depois nunca mais os vi... queria tanto encontrá-los, mas eu preciso de ajuda...

(Yohji) Parece simples...

(Shouji sorrindo) Você vai me ajudar?

(Yohji) Ok. Não garanto nada. Onde você está passando a noite? Eu te levo embora, e amanhã você vai a Koneko me contar os detalhes.

O garoto saltou do carro, e sorriu para o playboy.

(Shouji) Não se preocupe. Eu estou dormindo perto daqui. Amanhã a gente conversa melhor.

(Yohji indeciso) Tem certeza? É perigoso um garoto andar por aí essas horas da noite...

(Shouji) Eu sei me cuidar. Até amanhã!! E... obrigado!!

Deu as costas ao playboy e foi se afastando.

(Yohji)...

Ligou o carro, saindo em disparada. Com certeza não voltaria para a boate, nem tinha vontade de se divertir mais. Era melhor voltar pra casa e contar tudo a Ken. Cada coisa estranha...

Shouji ouviu o barulho do carro que se afastava e suspirou. Era como se um peso saísse de seus ombros. Quase achara que não teria a ajuda do playboy, e no caso teria de agir de forma mais drástica... ainda bem que ele aceitara.

Dando um salto ágil, Shouji subiu na luminária de um poste, e ficou observando o carro de Yohji que se perdia na distância.

(Shouji sorrindo) Encontrei a pessoa que vai passar pelo julgamento das sete mortes. Espero que dessa vez tudo tenha um final feliz...

- Vai ter, Shouji... pra ele... ou pra nós...

Shouji virou o rosto e observou seis pessoas que flutuavam atrás de si: três a sua direita e três a sua esquerda.

(Shouji) Ah, vocês estavam aí?

- Devia saber que nós nunca o abandonamos, né, Shouji?...

(Shouji)... quem de vocês quer ser o primeiro?

- Eu!!

(Shouji) Você, Karen?

Karen era uma garota meio alta, magra, aparentava ter uns dezoito anos. Os olhos eram verdes e profundos. Os cabelos ruivos e encaracolados. O rostinho meio infantil salpicado de sardas.

(Karen) Sim! Deixa, Shouji.

(Shouji sorrindo) Interessante. Pode ir. Você acaba de receber o direito de começar o julgamento. Espere pelo amanhecer do terceiro dia. Será época de lua cheia, e o tempo começara a correr pela ampulheta.

(Karen) Oba!!

Desapareceu, seguida pelas outras cinco pessoas.

(Shouji) Que pena... começar logo com a Karen... meus companheiros estão perdendo a fé...

Uma lágrima deslizou pela face pálida.

(Shouji) As peças foram embaralhadas. Será que Yohji vai montar o quebra cabeças antes do fim do julgamento?

Era uma resposta que não tinha...

Continua...


Profile: Zero One

KAREN THOMPSON
Nasc.: 15/09 Idade: 17 anos
Local: Boston, EUA

Desaparecida desde: Maio/98