Título: O julgamento das sete mortes
Ficwriter: Kaline Bogard
Beta: Akemi Hidaka
Classificação: yaoi, sobrenatural
Pares: YohjixKen
Resumo: O que parecia um inocente pedido de ajuda transforma a vida de Yohji numa corrida contra o tempo.
Records of 2004 a.C.
O julgamento das sete mortes
Kaline Bogard
Capitulo 11
Toda desesperança do mundo
Parte II - PERDAS
Karen parou em frente a grande porta de madeira e respirou fundo, reunindo toda a coragem possível. Iria enfrentar o maior desafio de sua vida, e definitivamente não estava preparada!
Deu duas batidas na madeira e entrou.
Visualizou seu pai sentado atrás de uma sólida e evidentemente cara escrivaninha. O semblante era sério, carregado. Os dedos estavam entrelaçados sobre o tampo de madeira escura.
A garota ruiva notou que sobre a mesa havia um envelope aberto. Engoliu em seco.
Seu pai era um homem de constituição grande, nascido no Texas. Dono dos olhos verdes mais cruéis de que podia se lembrar, e dos cabelos mais ruivos que nunca vira antes em outra pessoa.
Parada em pé, ao lado da mesa, estava sua mãe. Uma mulher muito doce, mas insignificante se comparada ao pai. A jovem senhora tinha cabelos lisos e loiros demais. Os olhos eram muito azuis, e a pele quase transparente, resumindo: uma visão desbotada. Vencida pela autoridade marcante do marido.
(Karen) Papai... me chamou?
O homem bufou e bateu com o dedo indicador sobre a carta.
(Pai) Recebi isso hoje. É a confirmação da sua matrícula para a faculdade de Decoração!!
As últimas palavras saíram quase gritadas, praticamente cuspidas de ira e incredulidade.
Karen sentiu vontade de sair correndo, mas não o fez.
(Karen) Sim, decidi que vou fazer esse curso, papai.
(Pai) E desde quando você tem esse poder? Eu disse que você vai fazer o curso de Administração, e vai continuar os negócios da minha família!
(Karen) Mas...
(Pai) CALE-SE!!
(Karen) !!
(Pai) Isso foi o cúmulo! Um desafio as minhas ordens! Você é minha única herdeira, e tem que seguir meus passos.
(Karen irritada) E os meus sonhos não contam?
O ruivo abriu um sorriso debochado e recostou-se na cadeira.
(Pai) Sonhos? Como você é ridícula. Herdou isso de sua mãe, é claro.
(Karen) Mas não quero seguir seus passos, papai! Vou fazer o que eu desejo: ser decoradora!
(Pai) Seus... desejos? Você não tem o direito de desejar nada. Não controlamos nossas vidas, menina. Contente-se em seguir o que eu mando. E digo que vai pra Stanford, como todos de nossa família!
Karen sentiu vontade de chorar, mas segurou as lágrimas. Odiava aquele homem. Aquele 'monstro' que em dezessete anos jamais a chamara de filha.
A vida era tão difícil! Ter dinheiro e posição na sociedade não significavam nada pra Karen. Tudo que ela queria era um pouco de carinho paterno, e a proteção materna. Coisas que nunca tivera.
Aquela era a primeira vez que se rebelava contra seu pai, e pelo jeito a rebeldia duraria pouco... estava perdendo a batalha, sem nem mesmo lutar... como sempre fora... esse era o resumo de sua vida: uma batalha perdida antes mesmo do início...
(Karen) Eu não queria ter nascido!
(Pai) E eu não queria uma merda de filha como você.
(Karen) !!
(Mãe) Querido!!
(Pai) Cale-se, mulher. Você não foi capaz de gerar um filho... um garoto e era só o que eu queria. Te dei riqueza, luxo, tudo do bom e do melhor, e você não foi capaz de me retribuir. É uma inútil.
(Karen) Pa... pai...
O olhar do homem ruivo tornou-se ainda mais duro. Ele pegou a carta de matrícula e rasgou em duas metades, jogando-as no chão, em direção dos pés de Karen.
(Pai) Você vai fazer o que eu mando, entendeu? É o mínimo por todo o luxo que te forneci nesses anos.
As lágrimas já rolavam livres pelo rosto sardento. Karen era incapaz de conter o choro por mais tempo. Não pelas ordens do pai, não pela forma grosseira com ele tratava sua mãe... nem pela carta rasgada.
Chorava pela verdade dita em voz raivosa "uma merda de filha...". Era assim que seu pai a via? Karen era apenas uma...
Dando as costas, a jovem saiu da sala com passos duros, sentindo o coração se partir de dor e angústia.
Não parou nem mesmo ao ouvir as palavras de seu pai, ordenando que voltasse.
(Pai) Karen, volte aqui. Eu ainda não terminei! Karen!!
A porta de madeira foi fechada.
oOo
Depois disso, Karen pegou seu conversível e saiu a toda velocidade, cantando os pneus, com os olhos cheios de lágrimas, mal tomando ciência da direção que tomava.
Queria apenas sumir, fazer aquela dor desaparecer, ou pelo menos diminuir... mas parecia impossível.
Não percebeu quando um outro automóvel virou a curva, e antes que o motorista pudesse frear, chocou-se contra a lateral do conversível azul.
Karen bateu a cabeça com força contra o air bag, ficando tonta, semi consciente. Só teve noção de que a porta do carro se abria, e ela era puxada para fora. Logo em seguida tudo escureceu, e a ruiva perdeu os sentidos.
oOo
Quando Karen acordou, já havia se passado muito tempo. Com certa surpresa, ela olhou ao redor descobrindo-se em um lugar totalmente desconhecido. O local era uma casa velha, meio destruída. Tudo estava na penumbra, com uma lâmpada de baixa voltagem acesa, mal dando conta da parca iluminação.
(Karen) Mas que lugar é esse?
Sentiu uma pontada na têmpora esquerda, local onde havia batido com força, e lembrou-se de repente do acidente de carro.
(Karen) Deus!!
Tentou se erguer, mas foi impossível. Estava amarrada a cama.
(Karen) !!
Procurou se libertar, mas a corda de grosso cânhamo apenas feriu seu delicado pulso. Ao se dar conta da situação em que se encontrava, a ruiva começou a se desesperar. Mil coisas passaram por sua mente confusa, e o medo foi aumentando gradativamente.
Karen imaginou que tinha caído nas mãos de alguma gangue, ou algum tarado inescrupuloso... ou pior ainda: um serial killer!!
Aqueles pensamentos aumentaram-lhe a angústia, e a ruiva se pôs a chorar sem controle. Chorou durante muito tempo, sem poder evitar. Chorou até as lágrimas secarem e o desconforto crescer.
Sentia fome e sede, e o corpo todo dormente, por ser obrigada a ficar na mesma posição por um longo tempo.
Quando o dia estava quase amanhecendo, e Karen pôde ver os raios solares que se infiltravam pelos rachados da parede velha, assim como pelas janelas sem vidraça, um barulho de motor se fez ouvir.
(Karen)...
Arrepiou-se toda, diante da expectativa de finalmente encontrar seu raptor.
A porta se abriu, e um homem entrou. Era muito alto e forte, quase gordo. Possuía longa barba negra, e cabelos lisos meio sujos. O aspecto no geral era bem repulsivo.
(Raptor) Há, há, há... acordou, boneca.
(Karen) Quem é você? Onde estou? O que vai fazer comigo?
O homem tirou o gorrinho vermelho da cabeça, e sentou-se sobre uma das cadeiras velhas que havia ali.
(Raptor) He, faz tempo que estou vigiando sua família, procurando uma brecha, esperando uma oportunidade para meu plano perfeito de seqüestro. Vou pedir um resgate bilionário para devolvê-la.
Karen piscou, notando que estava diante de um novato no crime. Pelo menos parecia um iniciante em seqüestro... mas isso não a tranqüilizou, pelo contrário...
(Karen) Ahhh, não me machuque...
(Raptor) Oh, ho, ho... não tenho essa intenção. Preciso apenas do dinheiro. Depois que seu pai me pagar o resgate, eu a deixo ir.
(Karen)...
Teve que se controlar pra não chorar. Será que seu pai aceitaria cumprir tal exigência? Uma dúvida pairava sobre sua salvação...
"Uma merda de filha como você..."
O homem levantou-se e sacou um punhal do bolso da camisa xadrez. Karen encolheu-se de medo, ao ver que ele se aproximava apontando-lhe a lâmina afiada...
(Raptor) Tenho certeza que se eu mandar uma parte do seu corpo pra ele, vai ajudá-lo a se decidir mais rápido.
(Karen) Não!
Fechou os olhos, mas arregalou-os ao sentir que o homem pegava em seu cabelo, e cortava um dos belos cachos ruivos.
(Raptor) Vou mandar pelo correio.
(Karen)...
(Raptor) Voltarei em breve com notícias.
oOo
O tempo passava lento e tedioso. Karen não sentia mais seu corpo... as câimbras dolorosas a muito deixaram de atormentá-la e ela tentava se recordar se algum dia tivera um 'corpo' abaixo do pescoço.
Mas o que incomodava mesmo era a sede. Sua garganta estava ressecada, grossa. Isso era muito pior que a fome.
Finalmente depois de longa espera, seu raptor regressou, e ele parecia visivelmente satisfeito.
(Raptor) Veja isso.
Abriu um jornal, mostrando a primeira página aos olhos de Karen. Ali havia uma enorme foto, que tomava quase a folha toda. Mostrava seus pais abraçados, chorando. Ambos choravam.
(Karen) Deus...
Aquilo era chocante demais para a garota. Nunca imaginaria, nem em seus sonhos mais nefastos, que seu pai era capaz de chorar de preocupação.
(Raptor) A frase abaixo diz: "Casal Thompson faz apelo desesperado: devolvam nossa filhinha". Está abalando a mídia toda... eu devia ter exigido que a polícia ficasse de fora dessa...
(Karen)...
Mal ouviu o que o homem dizia. Seu cérebro parecia capaz de processar apenas aquela cena: seus pais juntos, chorando de preocupação.
(Raptor) Não tenha medo. Já acertei o valor do resgate: cinqüenta milhões de dólares. Expliquei a seus pais que você está escondida em lugar em que apenas eu sei chegar: afastado de tudo. Muito isolado. Vou pegar o dinheiro, e amanhã a soltarei.
(Karen) Eu...
(Raptor) O que foi? Não quer ir embora?
(Karen) Quero! Mas.. é que... tenho sede!
(Raptor) !!
Meio sem graça por seu descuido, o grande homem saiu do quarto por um segundo, e voltou alguns instantes depois. Trazia uma jarra e um copo nas mãos.
(Karen) Oh...
(Raptor) É da torneira.
(Karen) Obrigada!!
O homem não a desamarrou, apenas segurou-lhe a cabeça com cuidado enquanto levava o copo aos lábios ressecados de Karen.
Foi um prazer sentir aquele liquido aliviando sua sede.
(Karen) Obrigada!
(Raptor) Foi tudo muito fácil. Eu sabia que daria certo. Volto aqui amanhã, e você estará livre.
(Karen)...
Sua emoção era tão grande que não pode dizer nada.
oOo
(Aya) E o que houve? A polícia prendeu o homem?
(Karen) Não. Nada de polícia... na verdade... ele apenas não voltou.
(Shou) Oh... ele deixou você lá?
(Karen) Não sei o que deu errado nas negociações. Talvez ele tenha caído em alguma cilada e acabou levando um tiro... ou talvez tenha pego o dinheiro e fugido...
(Aya) Você morreu de...
A ruiva apertou os olhos e sorriu.
(Karen) De fome. Quer dizer... tecnicamente de sede... foi muito ruim... uma morte lenta... parecia que nunca acabaria... e não havia nada que eu pudesse fazer.
(Aya) Cruel.
(Shou) Que triste... morrer de sede!
(Karen pensativa) Isso não foi tão ruim, logo passa. A transição da morte leva a angústia embora. Pelo menos não tenho lembranças de dor. Mas... eu não queria ter morrido. Não naquele momento! Descobri que meus pais me amavam, me amavam de verdade. Precisavam de mim, e apesar da máscara... e de todas as coisas terríveis que meu pai me disse... ele também se preocupava comigo.
(Aya) Não adianta se arrepender da palavra depois de proferida.
(Karen) Mas... eu não me importaria de poder abraçá-lo apenas uma vez...
(Aya) Porque não foi atrás deles?
(Karen) Eu nunca soube onde meu corpo estava. Aquela cabana não ficava em Boston. Creio até que era outro estado... a vontade de continuar viva era tão forte, que me prendia naquele local. E eu estava tão revoltada por morrer no exato momento em que descobrira o amor de meus pais, que meu espírito se consumia em ondas de ódio.
(Shou) Assim como o meu.
(Aya)...
(Karen) Eu conheço sua história, pequena Shou. Você vai contar pro Aya?
(Shou pensativa) Mas minha história não é tão incrível quanto a sua... é apenas... comum.
(Aya) Comum? Como um assassinato pode ser comum?
(Karen) Tem razão...
(Shou) Não é nenhum segredo da vida difícil que as mulheres levam na China. Mesmo nos tempos modernos, as coisas não mudaram muito. Minha família transgrediu o controle de natalidade... então tinham duas opções: me matar ou me abandonar...
(Aya horrorizado) Seus pais te mataram?!
(Karen) Claro que não, Aya. Ou Karen não teria a aparência de dez anos...
(Aya)...
Tinha lógica.
(Shou) Eu fui abandonada na periferia de Pequim. Como a grande maioria das menininhas indesejadas. Tive sorte de ser encontrada antes de morrer. Me levaram para um albergue de órfãs. Ali já havia um número incrível de garotas abandonadas, e mais uma não foi muito bem vista.
(Aya) Isso não vai mudar.
(Karen) A menos que mudem a política da China. O que é difícil. Garotas como Shou passam a vida toda vagando pelas ruas, e passando as noites em albergues, não é?
(Shou) É... depois dos oito anos é difícil conseguir um teto. A preferência é para as crianças recém nascidas. Então eu transitava o dia todo, tentando sobreviver. Mas uma garotinha não é bem vista em lugar nenhum. Eu não tinha idade pra me prostituir ainda, só que já era velha pra receber proteção.
(Karen) A única coisa que você tinha, era uma bela voz, não é?
(Shou animada) Sim!! Eu cantava em alguns restaurantes, e me apresentava para turistas a troco de comida. Sempre tive uma voz bonita, e as pessoas diziam que eu parecia um anjo cantando!!
Os olhos rasgadinhos se arregalaram, e brilharam por um segundo, transbordando de alegria.
(Karen) Seu sonho era o que lhe dava forças pra continuar.
(Shou) Eu sabia que seria uma cantora! Iria me apresentar nos palcos de todo o mundo... faria as moças elegantes chorar de emoção... e os belos rapazes tirar os chapeis em minha homenagem! E encontraria um noivo que cantaria tão bem quanto eu... juntos faríamos a peça "Alma Sublime", que narra o amor infinito entre uma camponesa e um samurai.
(Karen) Gostaria de poder assisti-la.
(Shou) Eu estava melhorando cada vez mais... me esforçando cada vez mais... sabem... comecei a achar que tinha mesmo chances de realizar meu sonho: apesar de ter nascido sem uma família e de não ser bem vinda em nenhum lugar...
(Karen) Pequena Shou...
(Shou suspirando) Mas sempre tem alguém que puxa o tapete da gente. Um dia marcaram uma audiência em um dos teatros de Pequim... era... uma chance para todas as crianças que moravam em albergues. Mas... eu já tinha dez anos, e não morava mais oficialmente em nenhum lugar, por isso não podia participar.
(Karen) Então você foi escondida.
(Shou) Sim! Dei um nome falso, e consegui me inscrever. Reuniram as meninas – tinha quase umas cem – no prédio velho, e começaram os shows de talentos. Eu fui uma das primeiras. Quando comecei a cantar, vi que as pessoas estavam gostando! E me empolguei, dando o melhor de mim... foi então que ouvimos uma gritaria e um tumulto se formou. A população revoltada, queria se livrar da gente, e alguns vândalos atearam fogo ao teatro.
(Aya) !!
(Karen) Que tristeza... a intolerância do ser humano chega a extremos: assassinar crianças que lutavam por seus sonhos. Não é mesmo?
(Shou) Muitas pessoas tentaram se salvar, mas o fogo ia incontrolável. Não saí do palco pois sabia que estava tudo perdido... pelo menos uma vez eu queria sentir que as portas se abririam pra mim...
(Karen triste) Você morreu antes de terminar a canção, não foi?
(Shou) Sim. Infelizmente o teto do teatro desabou sobre nós. Ninguém sobreviveu àquela armadilha... ninguém.
(Karen) E você ficou presa aos entulhos, junto com os espíritos de todos que perderam a vida naquele dia trágico.
(Shou) Mas meu ódio era o maior de todos. Eu não podia perdoar esse maldito destino, que roubou meus sonhos: eu sabia... tinha certeza de que conseguiria... de que seria uma grande cantora... mas agora não vou ser. Jamais realizarei meu sonho.
(Aya) Mas você não entrou nesse jogo pra ganhar uma nova chance? Se nascer de novo, poderá ser uma cantora.
(Shou) Se eu nascer de novo, serei uma outra pessoa, com uma outra consciência... terei novos sonhos e esperanças... dificilmente minha nova encarnação desejara se tornar uma cantora... ou terá o dom que eu tive.
Estavam finalmente se aproximando da cidade. O movimento de pessoas aumentava gradativamente, porém ninguém parecia prestar atenção em Aya e aquelas duas garotas.
(Karen) Mas Shouji diz que se você desejar bastante, vai nascer com os mesmo sonhos e desejos.
(Shou amarga) Isso é o que ele diz.
(Karen) Eu acredito no que ele diz. Os gêmeos não correriam o risco de se separar, não acha?
(Shou) Oh... tem razão...
Aproximaram-se da lanchonete. Aya percebeu que seu carro estava estacionado quase em frente a mesma. Isso significava que Omi havia chegado. Olhou no relógio. Estava apenas dez minutos atrasado, visto que combinara se encontrar com Omi ali após duas horas.
Os três entraram, e logo visualizaram o loirinho sentado em uma das mesas, no fundo do salão, com uma xícara de café a sua frente, olhando distraído para o laptop.
(Aya) Omi.
O arqueiro ergueu os grandes olhos e fitou o amante recém chegado. A alegria logo virou surpresa ao notar as duas garotas ao lado do ruivo.
(Omi) Karen? Shou? Aya?!
(Aya) Elas vieram ver como nós nos saímos aqui em Endo.
(Omi) E como foi na instalação?
(Aya) Nada a reportar. Não havia nada por lá que nos desse alguma pista.
O ruivo apenas descobrira a história de mais duas das juradas. Faltava apenas saber a história de Miguel, daquela tal de Margareth, que ele ainda nem conhecia... e do próprio Shouji. Mas isso era apenas para satisfazer a curiosidade pessoal do líder da Weiss. Depois ele compartilharia as informações com o loirinho. Agora não era o momento adequado.
Por sua vez, o chibi tirou um pedaço de papel do bolso, e balançou na frente de Aya.
(Omi) Sabe o que é isso?
(Aya)...
(Omi sorrindo) O suposto endereço dos pais de Shouji. Consegui na imobiliária. A mocinha foi muito simpática. Ela me disse que esse foi o endereço que eles deixaram para contato, quando se mudaram em 1994.
(Aya) E pra onde eles foram?
(Omi) O que acha de viajarmos até Kimitsu?
O ruivo pestanejou, enquanto as duas juradas sorriam abertamente.
(Aya) Kimitsu? Isso é no extremo sul de onde estamos agora!!
(Omi) Mas foi pra lá que os Yasutaka foram.
Suspirando, o ruivo passou as mãos pelos cabelos, de modo desanimado.
(Aya) De Tokyo a Kimitsu são cerca de oito horas de viagem. Bem cansativo...
(Omi) Podemos procurar outras saídas. Não existia um aeroporto nas proximidades? Em uma das cidades vizinhas de Kimitsu?
(Aya) Omi, investigue isso. E consiga passagens pra lá, o mais rápido possível.
(Omi indeciso) Pra nós quatro?
(Aya)...
Yohji só teria alta do hospital dali a três dias... por outro lado Omi ainda não havia desvendado o código correto dos arquivos secretos... e eles estavam bem adiantados nas investigações, descobrindo coisas sem ajuda do Weiss loiro... talvez pudessem tomar um ar, e esperar os companheiros saírem do hospital.
(Karen) Que cara pensativa, Aya...
(Aya) !!
(Omi) Como sabiam que estávamos aqui?
(Shou) Oh, é uma longa história, tenho certeza de que Aya lhe contará depois e com detalhes!!
(Omi)... se vocês dizem...
(Aya) Omi, marque as viagens para daqui a quatro dias. Vamos levar Kudou e Hidaka com a gente.
(Omi) Algo me diz que finalmente vamos resolver tudo com essa viagem. Você não sente isso também, Aya?
(Aya) Hn.
(Shou) De qualquer maneira...
(Karen) Kimitsu é o mais longe que qualquer de um de nós jamais chegou. Desejo a vocês muita sorte.
(Shou) Desejo a Yohji, isso sim. Logo chegara a vez de Miguel.
Aya e Omi se entreolharam sentindo um calafrio. Haviam se esquecido daquele julgamento maluco.
(Karen) Pra enfrentar Miguel, ele vai precisar muito mais do que sorte... será um desafio de dor e insanidade nunca imaginados...
O silêncio caiu entre os quatro. Não podiam fazer mais nada, além de aguardar os acontecimentos.
Continua...
