Título: O julgamento das sete mortes
Ficwriter
: Kaline Bogard
Beta:
Akemi Hidaka
Classificação
: yaoi, sobrenatural
Pares
: YohjixKen
Resumo:
O que parecia um inocente pedido de ajuda transforma a vida de Yohji numa corrida contra o tempo.


Records of 2004 a.C.

O julgamento das sete mortes
Kaline Bogard

Capitulo 12
E o julgamento continua...

Aya, Omi, Karen e Shou haviam retornado à Tokyo, com as informações recolhidas. Logo após a chegada do grupo, Karen e Shou sumiram, indo atrás de Shouji que não voltara ao quarto dos Weiss, devido a troca ríspida de palavras com o moreninho.

(Aya) Omi, fique aqui com eles. Eu vou até a Koneko, ver como andam as coisas, entendeu?

(Omi) Certo. Marcarei as viagens pela internet.

O líder da Weiss concordou com a cabeça e saiu do quarto. Omi voltou os grandes olhos em direção aos leitos brancos. Tanto Yohji quanto Ken estavam inquietos e impacientes, por ter de ficar de molho. Mesmo o jogador não dava mostras de seqüelas decorrentes da invasão no julgamento do Weiss loiro.

(Ken) Temos mesmo que ficar aqui?

(Omi) Você sabe que sim, Ken.

(Yohji) Que saco. Quero resolver logo essas coisas.

Mirou os gêmeos, que se encontravam parados próximos as janelas, observando a paisagem lá fora. Eles não pareciam ter pressa em continuar o julgamento, mas Yohji não gostava daquela enrolação.

(Omi) Não começa, Yohji.

(Yohji) Então vocês descobriram que os pais de Shouji foram pra Kimitsu?

(Omi) Sim.

(Yohji pensativo) Shouji me disse que ele tinha fugido de lá.

(Omi surpreso) Da instalação do governo?!

(Yohji) Não. Ele não foi tão óbvio assim, mas as pistas já não negam não é? O que quer que tenha motivado tudo isso tem raiz em Kimitsu.

(Ken) Mas porque tão longe...?

(Omi) Não somos nós quem escolhemos as regras.

(Yohji) Esquece essas malditas regras! Pelo menos por enquanto.

(Enrico) As regras foram feitas para proteção de todos os envolvidos no Julgamento das Sete Mortes, e elas funcionam, a menos que sejam quebradas.

(Ken)...

O moreninho abaixou os olhos. Sabia que havia complicado as coisas pro lado de seu amante, só que não fora proposital. Ele tentara apenas ajudar...

(Yohji) Ken...

Viu o arrependimento brilhando nas íris cor de chocolate, e não gostou nada daquilo.

(Ken) O que?

(Yohji sorrindo) Eu ainda não agradeci, não foi?

(Ken surpreso) Pelo que?!

(Yohji) Por ter ido me ajudar naquele momento.

(Ken) Mas... eu acabei atrapalhando...

(Yohji) Bobo... se não fosse você... se não fosse a sua coragem em ir me resgatar, eu acho que ainda estaria afundando naquela maldita lama...

(Ken sorrindo) Não creio que você desistisse de lutar, Yohji.

(Yohji) E você me dá mais crédito do que eu mereço...

Os dois ficaram se olhando, embevecidos apenas por estarem juntos.

Omi corou e suspirou, achando que sobrava ali.

(Enrico) Pelo jeito, nosso teste vai ser muito fácil.

(Carlo) Tenho certeza de que Yohji vai passar...

O loirinho olhou para os dois, piscando surpreso pelo tom doce das palavras proferidas.

oOo

Aya estava quase chegando a Koneko. Queria tomar um banho, e quem sabe descansar um pouco, coisa que não fizera desde que retornara de Endo.

Foi com certa surpresa que chegou na floricultura e encontrou uma garota parada à porta. Era alta, magra, de modos severos, apesar de aparentar apenas uns treze anos. Os cabelos loiros estavam presos em um coque, no alto da cabeça. Olhos negros redondos e frios, terminavam o quadro.

(Aya irritado) Não vamos abrir.

(Margareth) Eu sei. Meu nome é Margareth Young.

(Aya)...

O líder da Weiss olhou surpreso para a garota, recriminando-se por não ligá-la à descrição detalhada que Omi lhe fizera. Meio ressabiado, o ruivo olhou em volta. Percebera que aqueles garotos nunca agiam sozinhos. Apareciam sempre em duplas.

(Margareth sorrindo) Miguel está aqui comigo, mas ele não quer aparecer. Prefere ficar mais afastado. Espero que não se importe.

(Aya) O que você quer?

A inglesa abaixou os olhos, fixando-os na blusa preta que Aya vestia.

(Margareth) Oh! Sua roupa está rasgada...

Apontou para um pequeno rasgo logo abaixo do braço direito, num lugar não muito visível. Provavelmente o espadachim a estragara em endo, ao invadir o prédio velho do governo.

(Aya)... não é nada...

(Margareth) Claro que é... permita que eu concerte pra você?

(Aya) !!

(Margareth) Faz tanto tempo que não tenho a chance de coser... ontem mesmo seu amigo chamado Omi me deixou fazer chá.

(Aya) Eu sei.

(Margareth) E você não vai permitir que eu costure sua blusa?

O ruivo estreitou os olhos de maneira desconfiada. Qual seria a intenção daquela garota? Ela teria alguma intenção? Com certeza que sim... estaria ela atrás de algum ponto fraco da Weiss? Ou...

(Aya) Qual o seu objetivo?

(Margareth) Porque acha isso? Eu quero apenas costurar pra você... imagino que Aya seria um esposo perfeito... eu tento ser uma mulher exemplar, e quero mostrar a você que eu sei costurar...

(Aya)...

(Margareth) Mas se você não quer... tudo bem.

Entristecendo-se, a garota deu as costas a Aya, e ia se afastando. Nesse instante o ruivo sentiu que algo estava errado, e muito errado por assim dizer. Decidiu seguir seu instinto, e atender o pedido da jovem inglesa, do mesmo modo que Omi havia feito no dia anterior.

Ela era uma das juradas, e não podia causar mal a Aya, Omi ou Ken, apenas a Yohji. Pelas tais regras de Shouji, era a vez dos gêmeos, então Margareth não podia fazer nada quanto a isso. A menos que tentasse burlar o jogo... o que não seria fácil, visto que os Weiss estavam atentos. O próprio Yohji estava mais ligado nos fatos.

E tudo isso levava Aya a crer que a visita de Margareth tinha um sentido. E ele descobriria mais cedo ou mais tarde.

(Aya) Espere.

A garota se virou e fitou o líder da Weiss.

(Margareth) Diga.

(Aya) Entre. Quero ver se você sabe mesmo costurar.

A loirinha sorriu, e acompanhou o espadachim pra dentro da Koneko.

Aya observou a jurada, depois olhou pra fora, scanneando toda a rua, mas não foi capaz de ver Miguel.

(Aya) Hn...

Não sabia o que esperar daquilo.

O ruivo caminhou até a sala, sabendo que Margareth o seguiria. Sentaram-se no sofá, e Aya tirou a blusa negra, estendendo-a para a inglesinha.

(Margareth sorrindo) Obrigada.

(Aya) Como você pode ter tanta certeza de que o jogo está sendo trapaceado? Tem alguma prova?

A garota abriu a bolsa, e retirou um novelo de linha e uma agulha.

(Margareth) Oh, só tenho linha azul marinho. Não vai dar diferença, principalmente a noite... e se eu der pontos internos... Aya, você se importa se eu usar linha azul marinha?

(Aya)... não...

(Margareth) Ótimo!!

Virou a blusa do avesso, e depois de passar a linha pelo buraco da agulha, pôs-se a costurar com destreza nata.

(Aya)...

(Margareth) Eu não sei como Shouji faz pra trapacear. Por mais que eu o sonde, e tente entender seu pensamento... sei que ele está oferecendo um sacrifício para nossa redenção. E a única forma que vejo para isso acontecer... é com a derrota de Yohji.

(Aya) Era o que eu imaginava.

(Margareth) Não sei se Shouji faz isso conscientemente ou não, mas... tenho certeza que faz. Miguel foi quem enxergou primeiro. Logo ele sentiu que algo estava errado, Aya, e veio falar comigo.

(Aya) Vocês tem interesse na derrota de Yohji. Não precisa fingir preocupação.

A garota parou de coser, e fixou os profundos olhos negros em Aya.

(Margareth) Você pensa isso de mim? Acha que eu seria capaz de desejar o mal de alguém, apenas para meu proveito pessoal? Por que você acha isso? Só porque minha nova vida depende da vitória sobre Yohji?

(Aya) Sim.

(Margareth)...

(Aya) Você aceitou participar desse jogo, logo imagino que queira ardentemente renascer. E se o único empecilho é a morte de um de nós, porque você não a desejaria?

(Margareth) Porque não seria correto. Quando eu fui julgada por Shouji, não conhecia esse jogo, suas regras e suas conseqüências. Eu fui derrotada, logo não me sobraram alternativas, além de seguir em frente. Por isso sou extremamente justa em minhas sentenças.

(Aya) Agora não é mais possível parar com isso. O julgamento continua, independente do fato de vocês terem receios quanto os verdadeiros objetivos de Shouji, que parece disposto a tudo para ajudá-los.

(Margareth) Mesmo que você não acredite, a responsabilidade que pesa sobre nossos ombros é muito grande. Tenho muita preocupação com o que vai acontecer com Yohji. Não queria que ele tivesse de morrer, para que eu pudesse nascer outra vez.

(Aya) Desista do julgamento.

(Margareth) Não posso. Se desistirmos, nossas almas serão destruídas para sempre. Não existiremos mais... isso não é justo.

(Aya) E matar Yohji é, na sua opinião?

(Margareth) Se ele morrer agora, também terá chance de renascer como uma nova pessoa.

(Aya) então ele não seria mais yohji, não é? Seria outra pessoa, outra consciência e isso não nos interessa.

(Margareth)...

(Aya) Encare a realidade. Vocês são tão cruéis quanto Shouji.

Terminando de dar o último ponto na blusa, Margareth fez um pequeno e quase imperceptível nó na ponta da linha. Finalizou partindo o excesso da mesma com os dentes.

(Margareth) Prontinho. Aqui está. Diga o que achou.

O ruivo pegou a blusa e observou de ambos os lados. Assentiu satisfeito, tendo que concordar que o trabalho ficara perfeito.

(Aya) Bom.

Vestiu a peça de roupa.

(Margareth sorrindo) Uma das coisas que minha mãe sempre dizia é: uma mulher tem que saber pelo menos remendar e pregar botões... mamãe afirmava que é muita vergonha uma esposa pedir esses trabalhinhos à costureira.

(Aya)...

(Margareth) Você é uma pessoa interessante, Aya.

(Aya) Você também, Margareth.

(Margareth sorrindo) Você acha?

(Aya pensativo) Por mais que eu tente não consigo entender o propósito do que faz.

(Margareth)...

(Aya) Primeiro veio cozinhar pra Omi, depois costurar pra mim...

(Margareth) Agora vou atrás de Ken.

(Aya) Porque? O réu não é Yohji?

(Margareth sorrindo) É questão de estratégia. Não gosto de avançar no meu alvo, sem conhecer bem o território inimigo.

(Aya) !!

(Margareth) Acho que já chega. Preciso saber apenas uma coisa. Você acha que eu seria uma boa esposa?

(Aya)...

(Margareth) Eu sei cozinhar e costurar... mas isso não é suficiente para ser uma boa esposa. Você acha que sou capaz de manter uma conversa interessante?

(Aya) Isso é importante?

(Margareth) Claro.

(Aya) Você é jovem demais pra ser uma esposa.

(Margareth) !!

(Aya) Mas apesar da pouca idade, você é bem madura.

A garota abriu um grande sorriso, mais do que satisfeita com a resposta. Imaginou logo que Aya não se abriria em elogios, por isso aquela frase tinha um valor todo especial.

Mal ouviu isso, a garota levantou-se e ajeitou a saia longa com as mãos.

(Margareth) Obrigada por esse momento, Aya! Vejo que Karen tinha razão: você é muito bonzinho. E Omi é tão gentil... mas ambos tem garra. Sei que não podia ser diferente, não é?

(Aya) Você está fugindo de nossa conversa.

(Margareth sorrindo) Sim.

(Aya) Você acha que está ajudando, não é? Pode até confirmar algumas de nossas suspeitas, mas no fim nos confunde mais.

(Margareth) Eu estou agindo assim, porque quero ver a reação de você e seus amigos, diante de tudo o que está acontecendo, e do que vai acontecer ainda.

(Aya) E por que?

(Margareth) Essa não é a pergunta certa, Aya.

(Aya)...

(Margareth) O porque de tudo não é importante. Você se preocupa com as causas, mas não com as conseqüências... isso pode ser muito ruim...

O ruivo pensou durante um segundo. Aquela frase era por demais ambígua... podia soar tanto como ameaça ou como uma dica... no entanto...

Então o ruivo teve uma epifania e resolveu arriscar.

(Aya) Ao invés de porque, eu pergunto: pra que tudo isso?

A loirinha sorriu e fechou os olhos.

(Margareth) Excelente pergunta. Você quer saber pra que tudo isso? É para me ajudar na hora que farei o meu julgamento.

(Aya) Na hora do julgamento?

(Margareth sorrindo) Como eu disse antes: estou apenas sondando o terreno inimigo... minha intenção é somente a de recolher informações... quero as provas que vão dar absolvição à Yohji... ou as armas que vão condená-lo.

(Aya) !!

(Margareth) Já recolhi muita coisa de você e de Omi. Agora preciso apenas de Ken. Só assim estarei preparada para presidir o julgamento.

(Aya) E o que você concluiu de ontem e hoje?

(Margareth sorrindo) Pergunta errada.

(Aya)...

A inglesa deu as costas à Aya e começou a se afastar.

(Margareth séria) Nossa conversa já rendeu tudo que era possível. Agora preciso ir. Faça bom proveito das pistas que te dei.

O ruivo levantou-se de um salto e alcançou a garota antes que ela abrisse a porta.

(Aya) Espere.

(Margareth) O que foi?

(Aya) Qual é a sua história.

Por um segundo, Margareth observou atentamente a face de Aya, querendo saber o quão profundo era o interesse do líder da Weiss.

(Margareth) Ok. Eu vou te contar... mas não hoje.

(Aya) !!

(Margareth) Se quiser mesmo saber... eu voltarei aqui amanhã, às nove horas da manhã. Me surpreenda.

(Aya confuso) O que?!

Sem responder, Margareth abriu um grande sorriso e escapuliu pela porta antes que Aya pudesse impedi-la.

oOo

(Masaru) Ambos estão bem. O senhor Hidaka se recuperou mais rápido do que eu esperava. Vou assinar a alta para hoje mesmo. Mas o senhor Kudou vai ficar mais uma noite com a gente.

(Yohji)...

(Masaru) Precaução nunca é demais. Com a saúde não se brinca.

(Omi) Tem razão.

Era a segunda e última ronda diária do jovem doutor. No quarto estava apenas Omi. Os gêmeos haviam saído minutos antes da chegada do médico, como se pressentissem a aproximação do mesmo.

A recuperação do moreninho se dera de forma muito rápida. Talvez pela condição de atleta e saúde perfeita.

Ficaria faltando apenas Yohji. Mas o médico era firme, ao dizer que só o liberaria amanhã pela manhã.

(Masaru) Se você quiser fazer companhia a seus amigos, tudo bem, porém não será na condição de hospitalizado.

(Ken sorrindo) Que bom! Obrigado!

Mas não sairia do lado de Yohji. O Weiss loiro estava impaciente por ter de ficar ali, mofando deitado. Se Ken se fosse então... seria quase impossível mantê-lo sossegado.

(Masaru) Até a amanhã!

Com a partida do médico, os Weiss se entreolharam. Aya não voltara ainda do hospital, nem Shouji dera as caras... se bem que os gêmeos não haviam saído de perto de Yohji...

Essa era a lembrança constante de que o julgamento continuava.

Não podiam tirar da cabeça que a vida de Yohji ainda corria perigo, e levando em consideração a precipitação de Ken, a vida do jogador também podia estar ameaçada, se ele cometesse mais alguma imprudência...

Mal o doutor saiu, os gêmeos adentraram o quarto, olhando tudo ao redor. Depois sorriram, quase ao mesmo tempo.

(Enrico) Então Ken está liberado.

(Carlo) Que bom!

(Yohji irritado) É. Mas eu tenho que ficar.

(Ken sorrindo) Só por esta noite. Amanhã de manhã você já vai receber alta, Yohji.

(Omi sério) E o julgamento continua.

(Enrico) Sim, continua. Mas apenas amanhã.

(Yohji) Ken, você não quer ir pra casa, tomar um banho e descansar? É impossível fazer isso em um hospital, por mais tempo que se permaneça deitado.

(Ken) Não. Não vou sair de seu lado, Yohji!

(Yohji)...

(Omi suspirando) Vão começar com a melação?

(Ken) Omi, não diga essas coisas. Por nada desse mundo vou desgrudar de Yohji, enquanto esse maldito julgamento não acabar.

(Enrico) Você tem certeza?

(Ken irritado) Claro!

(Carlo sorrindo) Ótimo!!

(Ken) !!

(Yohji) Ótimo? Porque?

(Enrico) Você vai saber amanhã, Yohji. Já enrolamos demais. Precisamos ir agora, pois vamos preparar o nosso julgamento. Voltaremos a nos encontrar amanhã, as dez horas na Koneko. Combinado?

(Yohji)... sim...

Não tinha outra escolha.

(Enrico) Até lá não aceite mais nenhum desafio. Mesmo que Shouji ache que é bom pra você. Vamos seguir a ordem correta escolhida pelos jurados.

(Carlo) Não se preocupe. Sabemos que você vai passar no teste.

(Enrico) Até amanhã.

Saíram do quarto, sem esperar resposta.

Yohji suspirou e recostou-se melhor sobre os travesseiros. Tentou imaginar o que aqueles dois italianos poderiam estar tramando, mas nada vinha à sua mente.

(Yohji pensativo) Eles podiam me desafiar para uma partida de poker... ou ver quem agüentava beber mais cerveja...

(Ken) Acho que eles são jovens demais pra encher a cara, Yohji!! Que mal exemplo você daria!!

(Yohji)...

(Omi sorrindo) Nesse caso Yohji venceria qualquer um!!

(Yohji sorrindo) Isso mesmo, chibi!!

(Ken) E como andam os arquivos secretos aí no seu laptop, Omi?

(Omi) Já desvendei trinta e cinco porcento do código. Com certeza descubro o resto até amanhã.

(Yohji suspirando) Nem me fale... no fim essa merda toda continua.

(Ken irritado) Olha a boca, Yohji!!

(Yohji) !!

(Omi surpreso) O pobre falando do mendigo...

(Ken) Mas eu não falo palavrão no hospital...

Omi ia replicar quando seu telefone celular tocou. Reconheceu o número da floricultura. Atendeu com um belo sorriso nos lábios.

(Omi) Aya! O que foi?

(Aya) Omi, como eu surpreendo uma garota?

(Omi) !!

O loirinho empalideceu muito, depois ficou extremamente corado.

(Omi) Por... porque quer saber isso?

(Aya) Margareth. Ela esteve aqui, e fez comigo mais ou menos a mesma coisa que fez com você. Não diga nada ao Kudou, mas acho que ela está nos sondando, pra ver a melhor maneira de atacá-lo...

(Omi) Oh... isso é terrível!! Não podemos deixar isso acontecer!! Não somos armas à serem usadas...

(Aya) Eu sei. Ela me deu umas dicas, mas se recusou a contar a história da morte dela, a menos que eu a surpreenda amanhã de manhã...

(Omi) Entendo. Mas, Aya... porque você veio perguntar isso pra mim?!

(Aya) Er... na verdade não tenho muita experiência com garotas...

O loirinho sorriu ao ouvir a frase. Somente um julgamento sobrenatural pra fazer Aya dizer uma coisa dessas. Mas então Omi franziu as sobrancelhas.

(Omi) Aya, imagino que não tenho mais experiência que você, nesse assunto...

(Aya)...

(Omi) Acho que devo ter até menos...

Ken e Yohji se entreolharam e olharam o chibi. Não entendiam nada da conversa, pois escutavam apenas as frases pronunciadas pelo companheiro mais jovem.

(Aya) Kudou está acordado?

(Omi) Sim.

(Aya) Então pergunte a ele o que eu faço...

O chibi olhou para o loiro mais velho e deu um sorriso meio sem graça.

(Omi) Yohji, o Aya quer saber o que ele tem de fazer para surpreender uma garota.

(Yohji) !!

(Ken)...

Alguns minutos de silêncio depois Aya não resistiu e questionou o chibi.

(Aya) O que ele disse?

(Omi sorrindo) Na verdade não disse nada. Acho que ele e o Ken entraram em choque outra vez... se você visse as caras que eles estão fazendo...

(Aya irritado) Que dois idiotas. Passe o telefone ao Kudou.

Omi obedeceu, e caminhou até a cama, entregando o celular para Yohji. O loiro ouviu a voz do líder da Weiss, e o tom extremamente irritado e impaciente da mesma quebrou o transe em que o playboy se encontrava.

(Yohji) Er... bem, depende muito da garota, e do cara... no seu caso acho que se você sorrisse já mataria a infeliz, tamanha seria a surpresa... calma, Aya!! É brincadeira... eu sei que a assunto é serio... desculpa!!

Omi e Ken não se agüentavam de vontade de rir, das caras que Yohji fazia.

(Yohji) No começo eu sempre dou flores... mas depois de um tempo elas não se surpreendem mais... um jantar a luz de velas também funciona... diz aí, Aya... quem será sua vítima? Ei, calma! Eu tava brincando de novo, não estressa!! Não precisa me ameaçar de morte! Eu já tenho sete ameaças sobre minha linda e loira cabeça...

Agora os outros companheiros já não se seguravam mais. Riam alto, apenas se controlando pra não exagerar e acabar chamando atenção de algum enfermeiro.

(Yohji) Aya, deixando as brincadeiras de lado. Se você quer surpreender uma garota, deve agir diferente do que sempre agiu. Por exemplo: aquelas garotas que rodeiam a Koneko... você nunca deu atenção a nenhuma elas. Não concorda que seria surpreendente se um dia as tratasse com extrema delicadeza?

Agora Omi e Ken observavam o playboy com certa incredulidade. Yohji estava aconselhando Aya sobre como agir com uma garota. Isso era bizarro, estranho e irreal... pra não dizer inimaginável...

(Yohji) Pense em algo que nunca pensou e pronto. Está feita a surpresa. Ok, entendo. Omi, Aya quer falar com você.

(Omi) Aya, sou eu. Certo, amanhã as dez horas está marcado o julgamento de Yohji. Margareth vai passar aí as nove? Eu vou dormir aqui no hospital. A gente se vê amanhã. Te amo!!

Desligou o telefone e corou muito, ao ver os olhares maliciosos que Ken e Yohji lhe lançavam.

(Omi)...

(Yohji) Aya quer conquistar uma garota e mesmo assim você o ama?!

(Omi) Não é nada disso, Yohji!! Mas Aya não estará presente amanhã no seu julgamento. Ele recomendou cuidado.

(Yohji)...

(Ken) Teremos muito cuidado. Yohji, eu já disse que não sairei de seu lado!!

Yohji suspirou, mas sorriu. A verdade é que ele não queria saber mais dessa história, mas não tinha escolha. O julgamento continuava...

oOo

Aya olhou no relógio pela milésima vez. Faltavam três minutos para as nove horas. Não podia negar que estava um pouco nervoso, mas muito ansioso.

Queria saber se poderia surpreender Margareth com seu plano. Apenas seguira as instruções de Yohji, e podia ter quase certeza de que a inglesa ficaria surpresa e com isso lhe contaria sua história.

Mais uma vez teriam que deixar a Koneko fechada, mas não era importante. Precisavam desvendar logo esse mistério e então tudo voltaria ao normal, mesmo que isso lhe custasse alguns sacrifícios.

Continuaria com esses pensamentos, quando escutou batidas na porta. Olhou no relógio: eram nove horas. Garota pontual.

Abriu a porta e deu de cara com Margareth. A garota sorria, no entanto o sorriso morreu nos lábios da inglesa tão pouco ela pos os olhos negros sob a figura de Aya.

Muito surpresa, ela abriu a boca, demonstrando que Aya conseguira seu intento. Margareth estava realmente espantada.

(Margareth) Aya... Aya... eu... não acredito!!

Continua...