Título: O julgamento das sete mortes
Ficwriter: Kaline Bogard
Beta: Akemi Hidaka
Classificação: yaoi, sobrenatural
Pares: YohjixKen
Resumo: O que parecia um inocente pedido de ajuda transforma a vida de Yohji numa corrida contra o tempo.
Records of 2004 a.C.
O julgamento das sete mortes
Kaline Bogard
Capitulo 18
Toda desesperança do mundo
Parte Final - DOR
O loiro quase praguejou em voz alta. Aquele era o tal de Miguel? Mas ele tinha que aparecer justo naquela hora?! Momentos antes de invadirem a Bio Technology e descobrirem toda a verdade?! Maldita falta de sorte...
Atraídos pela conversação, Aya, Ken e Omi se aproximaram, se surpreendendo ao descobrir Miguel ali.
(Ken) Mas que merda!!
Ia dar mais um passo, porém a mão de Aya o impediu.
(Aya irritado) Não complique as coisas. Não é o momento de interferir...
(Ken) Tsc.
Apesar do resmungo descontente, o moreninho se aquietou e permaneceu parado, observando, mas pronto para agir ao menor sinal de perigo à vida de seu amante.
(Shouji) Você não é obrigado a aceitar, Yohji. Não se esqueça que o desafio que Shou lhe fez dá o direito ao réu de anular um dos jurados. Recomendo que seja o de Miguel.
(Shou) Mas eu invoquei a Lei dos Dois Gumes. Se Yohji desistir de passar o teste de Miguel será julgado culpado...
A chinesinha havia saído do lado direito da entrada, surgindo quase do nada. Logo atrás dela apareceu a ruiva americana.
(Karen) É uma decisão difícil... o que vai fazer, Yohji?
(Miguel sorrindo) Vai fugir de mim? É o melhor que você faz... corra assustado antes de lutar contra o terrível Miguel. Sim, faça isso, covarde.
O sorriso exibido pelo mexicano era tão diabólico, que causou arrepios nos assassinos. Era evidente a diversão que o jurado sentia em provocar suas vítimas.
(Ken) Quieto! Yohji não é covarde!
(Omi baixinho) Ele quer que Yohji perca a cabeça.
(Aya) Sim, isso é um truque muito manjado.
(Enrico) Acho arriscado demais que enfrente Miguel, Yohji.
(Carlo) Nós passamos por isso. Não creio que você tenha chances de sair inocente, em um julgamento criado por Miguel... o veredicto 'culpado' está mais que confirmado, então é melhor evitar a dor.
(Yohji)...
Observou os gêmeos, que surgiram de trás de Shouji, abraçados como sempre. Exibiam muita compaixão nos olhos, contagiados pela preocupação com a segurança do ex-detetive.
(Ken) Estão todos aqui?
(Margareth) Sim. Miguel é o penúltimo jurado. Yohji, você chegou mais longe do que qualquer um de nós. Satisfaça-se com isso. Não vejo nenhuma outra saída pro seu dilema...
(Yohji) Shouji...
(Shouji) O que foi?
(Yohji sério) Eu não tenho nenhuma chance contra Miguel?
O japonês pensou por um segundo.
(Shouji) Bem, talvez uma chancezinha, mas muito pequena para ser levada a sério.
(Yohji) Sei...
O mexicano deu de ombros, e alargou ainda mais o sorriso, demonstrando seu escárnio e pouco caso.
(Miguel) Fazer o que, se Miguel é insuperável. Shouji foi o único que me derrotou... e isso nunca vai mudar.
(Yohji)...
O ex-deteive sentiu-se incomodado com aquilo tudo. Bem que ele queria arrancar o sorriso da cara de Miguel e só havia uma maneira de isso acontecer.
(Shouji) Pela Lei Invocada, eu declaro esse julgamento encerrado. Yohji você foi...
(Yohji) Ei, espera aí, Shouji.
(Shouji) !!
(Ken) Yohji, fica na sua!!
(Omi)...
(Aya) Ele caiu no truque.
Os jurados encararam o loiro com as expressões dominadas pela surpresa. Não podiam crer que apesar de todos os avisos que haviam dado, Yohji ia MESMO enfrentar Miguel.
O próprio mexicano estava surpreso.
(Miguel) O que foi, gringo? Não vai fugir?
(Yohji) Eu nunca disse que concordava com essa lei ridícula.
(Ken irritado) YOHJI!!
(Aya suspirando) É um idiota mesmo!
(Omi) Céus, Yohji perdeu o juízo...
Miguel deu um passo a frente e encarou o playboy nos olhos, analisando-o friamente.
(Miguel) Eu vou pegar pesado...
Dando de ombros, o ex-detetive respondeu cheio de jovialidade.
(Yohji) Quer me assustar? Eu nunca fujo de um desafio... e o seu parece bem interessante.
(Miguel sorrindo) Gostei... pelo jeito você honra o que tem entre as pernas.
(Margareth) Miguel, que palavreado horrível.
(Miguel) Desculpa, Magie. Quando me empolgo esqueço de ser educado na presença de damas.
(Margareth) Entendo.
(Enrico) Droga, eu não esperava por isso...
(Shouji suspirando) O réu decidiu seu destino. Miguel, faça o que tem de fazer.
O mexicano se voltou para os outros Weiss e sorriu pra eles.
(Miguel) Vocês querem ver seu amigo ser destruído?
(Ken) !!
(Omi) Oh, que cara cheio de si!
(Yohji) Excesso de confiança pode ser fatal...
O mexicano ignorou o loiro e voltou-se para Shouji.
(Miguel) Vamos para o meu cenário. Mas não quero nenhum dos outros jurados. Eu não assisti ao julgamento deles, e não quero que venham xeretar no meu.
Os outros garotos fecharam a cara.
(Shouji) Muito bem. Yohji, você e seus amigos estão convocados para o julgamento de Miguel. Os outros devem se manter afastados. Até o momento do último jurado se pronunciar. Que o julgamento tenha início.
oOo
O cenário do jurado mexicano era muito diferente do que o Weiss loiro tinha imaginado a princípio. Com certa perplexidade, o ex-detetive viu que estava em uma ruazinha típica de cidade do interior. Tal rua possuía umas três ou quatro casas humildes, e nenhuma mais.
(Yohji) Muito bem... e agora?
Como se fosse uma resposta a pergunta de Yohji, um homem surgiu de um beco, no fim do quarteirão, e veio caminhando em sua direção, completamente cambaleante, evidentemente alcoolizado.
(Yohji)...
Tratava-se de um homem com aproximadamente quarenta anos, de formas rudes e bem trabalhadas, forte como um touro. O rosto anguloso estava semicoberto por uma espessa barba negra, tão escura quanto os cabelos encaracolados.
Yohji não podia ver-lhe a cor dos olhos, mas ousava arriscar um palpite: deviam ser tão negros quanto a barba e o cabelo. Outro chute a que se arriscaria o Weiss loiro seria afirmar a descendência mexicana...
(Yohji preocupado) Quem pode ser?
oOo
Aya, Ken e Omi assistiam aquilo tudo, um pouco mais afastados. Estavam parados atrás de Yohji, mas tinham certa desconfiança de que o loiro não poderia vê-los caso voltasse a cabeça na direção dos companheiros.
(Aya) Estamos aqui, vendo tudo, mas não fazemos parte do cenário.
(Ken preocupado) Qual será o objetivo daquele carinha?
Uma angústia esquisita cutucava seu coração, fazendo-o se cobrir de receio pelo que o amante iria enfrentar. Não tinha dúvida de que sairia correndo e invadiria o julgamento se houvesse o menor sinal de perigo para Yohji. Os quatro estavam vestidos para as missões, e esse fato aumentava a confiança do moreninho de que teria mais facilidade se uma ação imediata fosse necessária.
(Omi) Ei... tem um homem vindo nessa direção...
Os três observaram surpresos.
(Aya pensativo) Karen disse que julgava a mente, e Shou os sonhos... cada um deles têm um objetivo. Com certeza Miguel também tem...
(Miguel) Se engana, muchacho...
Sem espanto nenhum notaram que Miguel e Shouji estavam ao lado deles. O ruivo já desconfiava de algo assim. E dessa vez nem Ken nem Omi haviam sido pegos desprevenidos.
(Shouji) Agir sem um objetivo não é proibido pelas regras...
(Aya) Como assim?
(Miguel) Eu não tenho interesse nenhum em saber como é o 'coração' ou a 'mente' desse cara aí. Só quero ver como ele grita...
(Ken) !!
(Omi) Acho que não entendi.
(Aya) Vai se explicar?
(Miguel sorrindo) Não. Talvez se Yohji chorar muito e gritar feito uma mulherzinha eu o declare inocente... ou talvez não. He, he, he... ainda não decidi qual será o meu critério de avaliação.
(Aya) Ele pode fazer isso, Shouji?
Olhou diretamente para o garoto japonês, o olhar frio fez com que Shouji desviasse o rosto e cerrasse os punhos com força.
(Shouji) Sim, ele pode.
(Ken) Tsc.
(Miguel sorrindo) Oh, meu 'conto de fadas' teve início! Vamos assisti-lo... tenho certeza de que será bem interessante... e com um final feliz... para a bruxa!! Buahahahahahahahaha!!
Os Weiss e Shouji viram o momento em que o homem parou de seguir em frente e dobrou a direita, aproximando-se de uma casa, a mais pobrezinha da rua. Depois de resmungar alguma coisa, o bêbado entrou sem mesmo bater.
(Miguel sussurrando) Vamos, Yohji, siga esse homem... desempenhe o seu papel, muchacho...
oOo
As palavras sussurradas de Miguel chegaram aos ouvidos do playboy, talvez guiadas pelo vento frio que soprava. Automaticamente o loiro obedeceu e seguiu sobre os passos do estranho, invadindo a casa sem receio.
Observou o interior da residência sem se surpreender com a pobreza do interior. Já esperava algo assim levando em consideração o estado de depredação da frente da casinha.
O que parecia ser a sala, era na verdade uma junção de sala, quarto e cozinha. Havia ali um sofá muito velho e encardido que um dia fora azul. Também havia uma cama de casal, meio 'separada' por uma cortina de pano muito florido. Um fogãozinho quase escondido no fundo do cômodo cozinhava algo que apesar de tudo cheirava bem.
A frente do fogão estava parada uma jovem senhora, de aparência limpa e bem cuidada, mexendo a panela com certo ritmo monótono.
(Yohji)...
Seus olhos verdes foram atraídos por um movimento no canto oposto da sala. Reparou em um garoto sentado ao chão, encolhido contra a parede. Era Miguel.
(Yohji sussurrando) Então aquela deve ser... a mãe de Miguel... e o pai...
Moveu a cabeça de um lado para o outro, tentando encontrar o homem que acabara de entrar.
Descobriu-o estirado sobre a cama. Ou pelo menos o loiro deduziu que era o tal homem, visto que só conseguia visualizar os pés do indivíduo.
Yohji sabia que nenhum dos três podia vê-lo, porque estava no cenário criado por Miguel... então toda a cena fazia parte de seu julgamento. Seria necessário apenas assistir tudo? Ou ele faria parte das ações de algum jeito? Só podia esperar pra ver.
Mais uma vez, como se fosse uma resposta às dúvidas de Yohji, o homem se mexeu na cama e resmungou algo.
(Homem) Esperanza, venha... cá mulher...
(Esperanza) Agora não posso, estou preparando o jantar.
(Homem) Dane-se essa... merda de ...jantar. As nece...s...sidades de... um homem são ma... ais importantes...
(Esperanza) Mas...
Então o coração de Yohji se encheu com um sentimento estranho... ele sentia-se como se... já tivesse presenciado aquela cena antes, várias vezes antes... e não queria ser obrigado a dormir fora de casa... pra não assistir o que aconteceria entre aquele homem e aquela mulher.
Olhou na direção de Miguel, e viu que o garoto mexicano parecia exasperado, aborrecido...
(Yohji) Isso é...
Voltou os olhos para a cama, onde o homem, cujo nome Yohji desconhecia, se erguera e afastara a cortina com a mão, disposto a ver sua esposa.
(Homem) Esperanza...
A voz saiu rouca, distorcida...
(Esperanza) Espere, está quase pronto...
(Homem) Ha, ha, ha!!
A mulher olhou para trás, talvez surpresa pela risada sem explicação aparente.
(Esperanza) O que foi, homem? Já vi que andou bebendo... e isso não é motivo para tanta felicidade.
(Homem) He, he... com uma esposa... vadia como a que eu... tenho, o que mais... eu po... oo... deria fazer...?
A palidez se apossou da face de Esperanza. Ela arrependeu-se de ter resistido. Agora zangara aquele homem agressivo, e isso era o pior a se fazer...
(Esperanza) Estou indo... estou indo...
Mas aparentemente era tarde demais. O pavio curto daquele traste havia sido aceso, e ele estava prestes a explodir.
(Homem) Vadia...
O conformismo se apossou do peito do Weiss loiro. Ele sentiu como se tivesse de... aceitar aquela cena desagradável... talvez fosse aquilo que seu teste exigisse. Talvez ele devesse impedir que o homem bêbado fizesse mal aquela senhora.
Deu um passo a frente, disposto a interferir, mesmo sem saber de qual maneira, já que aquelas pessoas não pareciam cientes de sua presença. Estava tentando se decidir pelo que fazer, quando ouviu um barulho de vidro quebrando, e algo frio espirrando em sua face.
Surpreso, passou a mão pelo rosto, sentindo o forte cheiro de tequila. Moveu os olhos, vendo apenas agora que Miguel havia se erguido e dado alguns passos em direção a porta, mas o pai arremessara a garrafa em direção a ele, fazendo-a se espatifar contra a parede... centímetros da face de Miguel, e espirrando bebida por todos os lados.
(Yohji) !!
Não entendeu aquilo. Miguel estava longe demais de Yohji, para que o Weiss fosse atingido pela tequila...
(Homem) Aonde vai, fedelho? Não é hora de ficar zanzando pela rua.
Miguel suspirou, porém não respondeu, nem olhou para aquele homem. Tal atitude desafiante apenas enfureceu o pai.
(Miguel)...
(Homem) Olhe pra mim quando eu estiver falando com você, moleque!!
(Esperanza) Deixe-o em paz, por favor!!
(Homem furioso) Cale-se, putana!! Sabe quem está na cidade?
(Esperanza)...
(Homem) Aquele seu amante desgraçado!!
A mulher arregalou os olhos. Sabia que o marido se referia a um de seus ex-namorados, alguém que amara no passado. Mas o ciúme do homem era tanto que sempre lhe cegava, fazendo-o crer que era enganado de forma vil pela esposa.
(Esperanza desanimada) Ele e eu não...
(Homem) CALE-SE!! MIGUEL, JÁ DISSE PRA NÃO SAIR DE CASA!!
O homem gritou enfurecido ao ver que o jovem mexicano dera mais um passo em direção à porta. Fora uma tentativa furtiva de escape, que dera totalmente errada.
Ao ouvir o grito do homem, Yohji sentiu um profundo medo apossar-se de seu peito. Algo beirando ao pânico... o único pensamento que teve foi o de "não querer apanhar outra vez". Só nesse instante deu-se conta da verdade: o que Yohji sentia, era o que o próprio Miguel sentia. E o garoto estava muito assustado.
O medo aumentou ao perceber que o pai levantava-se da cama. Pelo jeito não escaparia de mais uma surra... o ex-detetive teve a certeza de que não escaparia... só tinha de ficar quieto, e evitar a todo custo chorar, pois sabia que isso irritaria mais ainda ao homem...
Yohji sabia? Não... na verdade era Miguel que sabia disso e compartilhava o sentimento com o Weiss, com certeza devido ao laço criado pelo julgamento.
Então para surpresa de todos, Miguel deu uma corrida e disparou, escapulindo pela porta.
(Homem) Ei!!
Saiu correndo atrás do filho, sendo seguido por Esperanza. Aquele ato precipitado de Miguel fora o rastilho que terminaria de estragar toda a noite. Yohji não ficou pra trás, e seguiu a família.
(Esperanza) Deixe meu filho em paz!
O bêbado parou de correr e consentrou-se na esposa. Voltou sobre os próprios passos.
Yohji tentou chegar até ele, e evitar que fizesse mal a pobre Esperanza, mas não conseguiu se mover. De repente foi como se seus pés tivessem se colado ao solo de terra vermelha.
(Yohji)...
Viu assombrado quando o pai de Miguel pegou a própria esposa pelo cabelo e a arremessou ao chão. Depois acertou um pontapé no estomago da mesma, fazendo-a se dobrar de dor.
(Homem) MIGUEL, É MELHOR QUE VOLTE AQUI!! OU VOU ACABAR COM A RAÇA DESSA DESGRAÇADA!!
O jovem mexicano já ia longe, correndo veloz, mas parou ao ouvir os berros do homem enlouquecido de raiva. Sua última esperança era que alguém viesse socorrê-los, alertados pelos urros proferidos, mas naquela pequena aldeia todos conheciam o pai de Miguel, e ninguém seria louco de se meter com ele.
Quase em pânico, o mexicano viu que o pai continuava chutando a mãe sem piedade, se continuasse a espancá-la daquela maneira, não resistiria por muito tempo...
(Miguel)...
Decidiu-se por voltar e enfrentar a fúria do pai.
Correu de volta e desesperado atirou-se sobre o agressor de sua mãe, tentando afastá-lo dela.
(Homem)...
Agarrou Miguel pelo pescoço e sem piedade nenhuma desferiu um soco contra o belo rosto moreno.
Quase nocauteado, o garoto foi ao solo, tentando refazer-se do golpe levado. Imediatamente Yohji sentiu a parte direita do rosto queimar de dor, enquanto sua boca se enchia de sangue.
Meio cambaleante teve a confirmação de sua suspeita: qualquer coisa que acontecesse com Miguel, aconteceria com ele...
oOo
Ken viu o momento em que Yohji cambaleara. Todos entenderam nesse momento a terrível verdade: o companheiro loiro havia sentido o golpe que fora desferido contra Miguel.
(Ken) Não... não pode ser.
(Miguel sorrindo) Ah, mas pode sim...
(Aya) Pode, Shouji?
O japonês continuava sem coragem de encarar o frio líder da Weiss, adivinhando-lhe o olhar duro que sustentava.
(Shouji) Sim.
A palavra de três sílabas soara sinistramente fria.
(Ken) Não vou permitir!!
Deu um passo a frente, mas esbarrou em uma espécie de barreira invisível.
(Ken) !!
(Omi) O que é isso?
(Miguel sorrindo) Depois do que você fez no julgamento de Shou, eu achei melhor me prevenir, Ken...
(Ken) Maldição!!
Deu um soco no ar, e acabou chocando o punho contra uma espécie de parede de vidro, que parecia indestrutível.
(Miguel) Assista, Ken. A historinha vai ficar ainda melhor...
O jogador não gostou nada daquilo.
oOo
Yohji podia captar perfeitamente o sentimento máximo que envolvia aquelas três pessoas, que deveriam ser uma família: todos estavam saturados. Chegavam ao seu limite máximo. Ao sentir isso, metade de seu coração desejava ardentemente que tudo tivesse um fim, enquanto a outra metade temia quase com desespero o que viria a seguir. Sabia que estava sentado sobre um barril de pólvora.
(Esperanza) Vou embora daqui! Cansei de você, maldito bastardo.
O homem riu, e passou as costas da mão direita pela boca.
(Homem) E vai pra onde? Pros braços daquele seu amante infeliz?
(Esperanza) Qualquer lugar é melhor que esse inferno!!
(Homem) Pode ir...
Deu de ombros, como se não se importasse com as decisões tomadas por aquela mulher, que ainda estava caída no chão.
Esperanza levantou-se, e estendeu a mão na direção de Miguel.
(Esperanza) Vamos, meu filho.
Ao ouvir essa frase o agressor bufou enfurecido, enquanto dava um passo na direção da esposa.
(Homem) Meu filho não vai com você.
(Esperanza) !!
O coração do playboy disparou acelerado. Um suor frio começou a escorrer por sua face, igual acontecia com Miguel. Ambos estavam sobre domínio do pânico.
(Homem) Miguel, levante-se e seja um homem. Deixe essa vadia aqui fora e voltemos pra casa, vamos beber em despedida.
(Miguel)...
O garoto não se mexeu. Tal fato enfureceu ainda mais ao pai.
(Homem) FICOU SURDO, MOLEQUE? LEVANTA DAÍ!!
Miguel abriu a boca, mas não disse nada. Bem que ele queria obedecer ao comando irado de seu progenitor, só que as pernas se recusavam a seguir seu cérebro. Sabia que seria pior se continuasse sentado no chão de terra e saber disso apenas aumentava seu temor.
Desesperado, viu que seu pai avançava lentamente em sua direção, os olhos brilhando ameaçadores, cheios de maliciosa indignação.
(Miguel)...
Pra surpresa dos presentes, Esperanza ergueu-se veloz, e pulou sobre as costas do marido, passando os braços em volta do pescoço, enquanto cravava os dentes na orelha do bêbado.
(Homem) AHHHHHHH!! DESGRAÇADAAAAA!!
Moveu a mão direita para trás, grudando nos longos cabelos lisos. Deu um puxão violento, fazendo com que Esperanza parasse de morder sua orelha e fosse ao chão.
(Esperanza) Afaste-se do meu filho!!
Estava mais que cansada das surras que levava daquele homem bruto. Enchera-se da vida miserável que tinha. Acima de tudo sentia-se furiosa consigo mesma por obrigar seu jovem filho a viver naquele inferno.
(Homem) Ele é MEU filho. Faço o que quiser com esse maldito moleque.
Praticamente cuspiu as palavras, disposto a provar com atos o que dizia com tanta certeza.
Era uma situação extrema, onde uma palavra mal pronunciada, dita fora de hora poderia por tudo a perder... infelizmente foi Esperanza quem cometeu a maior das imprudências, dizendo a pior frase do mundo no momento mais errado possível.
(Esperanza) Miguel não é seu filho...
(Homem)...
(Miguel) !!
O coração do garoto começou a bater tão depressa que parecia o galopar de um alazão indomado. Yohji sentia seu coração batendo enlouquecido, de medo e surpresa. Achou que a mãe tinha ficado completamente louca. Como ela podia dizer aquelas coisas pra um homem perturbado pela bebida?!
(Esperanza rindo) Miguel não é seu filho, desgraçado. Fique longe dele! Tire suas mãos dele.
O homem voltou seus olhos para o jovem mexicano e perguntou com voz extremamente fria.
(Homem) Quem é o pai deste bastardo?
(Esperanza)...
A mulher deu-se conta de seu terrível erro, mas era tarde.
(Homem) QUEM É?!
A agressividade fez tanto Esperanza quanto Miguel se encolherem de medo. Yohji levou a mão a garganta. Estava apreensivo e não podia respirar direito.
(Esperanza) Gonzáles...
Os olhos negros daquele homem se injetaram de fúria assassina ao ouvir o nome odiado. Ergueu o braço direito e acertou um golpe no rosto de Esperanza, usando apenas as costas da mão, forte o bastante para jogar a mulher contra o solo, deixando-a quase inconsciente.
(Homem) PUTANA!!
Então se voltou contra Miguel.
Yohji achou que fosse desmaiar, tamanho o medo que se apossou de seu corpo. Começou a tremular, sentindo que algo muito ruim iria acontecer.
Miguel virou-se e tentou arrastar-se pra longe dali, ainda estava meio tonto pelo soco que levara do homem que supunha ser seu pai.
Mas apesar da grande ingestão de tequila, aquele homem forte tinha reflexos invejáveis. Abaixou-se pegando Miguel pela perna e começou a arrastá-lo em direção a saída da pequena rua.
Yohji sentiu uma ardência por todo tórax e abdômen. Entendeu que eram as partes do corpo de Miguel que eram raspadas contra o chão áspero. Havia ainda uma dor no local onde a mão daquele homem se fechara, apertando com força.
(Yohji)...
Um pouco de poeira entrou em seus olhos, e por mais que ele esfregasse, não conseguia retirá-la. Finalmente o incomodo melhorou, e ele viu surpreso que estava dentro de um carro, sentado no banco de trás, enquanto Miguel e seu pai estavam na frente.
oOo
(Miguel sorrindo) Meu... 'pai' roubou o único carro da cidade. Ele dirigiu derrapando e quase batendo até as montanhas Rochosas, bem longe da pequena vila onde morávamos. Creio que ele teve tempo de refrescar a cabeça, e talvez mudar de idéia, mas... não mudou.
Os Weiss continuavam assistindo aquilo tudo sem saber o que esperar, e o pior: sem ter como interferir...
(Shouji suspirando) Ele era um homem mau por natureza.
(Aya) 'Era'?
(Shouji) Sim... ele...
(Miguel irritado) Quieto Shouji. Você está cansado de saber que não me interessa o que houve com esse desgraçado. Apesar de tudo eu o considerava como um pai...
(Ken) O carro está parando...
(Miguel surpreso) Ah, sim... voltemos ao meu 'conto de fadas'... agora as coisas vão ficar melhores...
oOo
Durante todo o percurso aquele homem murmurara ofensas dirigidas a Esperanza e Gonzáles. Miguel mal se movera, receoso de despertar a atenção daquele bruto sobre a sua pessoa.
(Homem) Putana, vadia, porca... desgraçada... eu sabia... maldita! Como teve coragem de parir um bastardo!! Putana... levou um bastardo pra MINHA casa!!
Freou de repente. Levara o carro até onde fora possível, dentro daquela floresta. Mas agora as árvores estavam densas demais, impossibilitando a passagem do velho automóvel. Teriam que continuar a pé.
Saltou do carro e deu a volta, abrindo a porta do carona. Encarou Miguel por alguns segundos, depois estendeu a mão e o prendeu pelo pescoço.
(Homem) Vou lhe mostrar o que deve acontecer com um maldito bastardo!!
(Miguel) Pai...
(Homem furioso) Não me chame assim!!
Puxou-o pra fora, mas não de todo. Fez de um jeito a manter a perna direita do garoto dentro do automóvel.
(Miguel)...
Nem teve tempo de pensar sobre as intenções do pai. O cara deu um sorriso maldoso e fechou a porta do carro com toda a força que possuía, impressando-a contra a perna do jovem mexicano.
(Homem) Pra você não fugir.
(Miguel) AHHHHHHHHH!!
Yohji abafou o grito, ao compartilhar a mesma dor que Miguel sentiu. Estava sentado no banco de trás do carro, e nem pudera se mover. Sabia o que aquela dor significava: uma perna quebrada.
Passou a mão pela perna direita. Mesmo não encontrando nenhum osso partido, tal fato não ocorria com Miguel. A perna do mexicano fora brutalmente machucada.
(Miguel)...
Sentia vontade de chorar de dor. Teve de fazer uma força titânica pra não desabar, pois seria infinitamente pior, demonstrar fraqueza na frente daquele homem estúpido.
(Homem) Sua mãe vai aprender a lição de um jeito que nunca mais esquecerá de honrar seu esposo!!
Jogou Miguel contra o solo, e deu a volta indo abrir o porta-malas do carro. Procurava por uma corda. Infelizmente pra sua vítima, encontrou uma muito velha e esfiapada, mas serviria aos seus propósitos.
(Homem) Hora de crescer, Miguel.
Pegou o mexicano nos braços e jogou-o sobre o ombro. Foi se embrenhando pela mata, que se mostrava cada vez mais escura, mais densa. Miguel se preocupava em saber se depois poderia voltar por todo aquele caminho...
Yohji ia seguindo-os sem saber de que maneira. Talvez fosse a força do julgamento que o impulsionava sempre à frente.
Quando chegou em um ponto que julgou apropriado, o homem parou, e jogou Miguel contra o solo. O mexicano gemeu de dor ao sentir a perna quebrada batendo no chão coberto de folhas.
Por sua vez, o playboy teve que buscar apoio em uma árvore. Aquela dor era psicológica, e o loiro tentava se convencer disso, só que de nada adiantava.
O pai de Miguel utilizou-se da velha corda esfiapada para prender os braços do garoto atrás das costas, dando um nó muito apertado.
(Homem) Isso basta.
Enfiou a mão no bolso e pegou um velho e enferrujado canivete. Ainda havia fio o suficiente naquela lâmina para cortar pele humana, e foi o que o agressor fez: abriu um corte no pescoço de Miguel. Não foi um ferimento mortal. Só era fundo o bastante para sangrar em abundância.
O homem levantou-se e olhou para aquele que julgara ser seu filho por dezessete anos. A ira corroia-lhe as entranhas.
(Homem) Adeus, bastardo.
Cuspiu enojado e deu as costas ao filho. Precisava dar um jeito na putana agora.
Yohji observou o homem se afastar quase correndo. Sentia-se num estado lastimável... a perna doía terrivelmente, as mãos incomodavam, como se o sangue não pudesse circular em suas veias. Uma tontura deixava-o vacilante, talvez decorrente da perda de sangue que afetava Miguel.
O ex-detetive teve a impressão de que muito tempo se passou, algumas horas. Miguel de vez em quando tentava se erguer, mas as mãos presas e a perna quebrada impossibilitavam qualquer movimento de fuga.
Foi nesse momento que ouviram um uivo.
oOo
Os Weiss sentiram o sangue gelar nas veias.
(Ken) Céus! Foi um lobo? Existem lobos ali?!
(Miguel sorrindo) Lobos, não... cães selvagens. Infinitamente mais cruéis que lobos... sedentos de sangue, eles rejeitaram o convívio com seres humanos e voltaram a habitar as florestas... principalmente nas montanhas Rochosas no México...
(Ken)...
(Aya) Então você...
(Miguel) Sim! Não estrague a surpresa, muchacho... infelizmente o príncipe aqui não encontrou uma princesa...
O moreninho desceu o braço contra a parede de vidro, tentando quebrá-la, mas foi em vão. Era impossível chegar onde Yohji estava.
Sentindo-se completamente inútil ele ainda acertou um chute na barreira, sem nenhum efeito.
(Ken) Merda!
(Miguel sorrindo) Calma, muchacho. Você vai ver o fim...
oOo
Vários uivos se seguiram ao primeiro. Miguel piscou surpreso, meio paralisado de terror. Sacou que aquela matilha de cães selvagens havia farejado o cheiro do sangramento em seu pescoço.
(Yohji) Merda, Miguel... você tem que sair daí!!
O jovem mexicano tentou erguer-se, mas só provocou dor em sua perna.
Logo um par de olhos sinistros brilhou na escuridão, seguido de dezenas de outros olhinhos maliciosos.
(Yohji)...
Levou as mãos ao rosto, notando que seus dedos ficaram úmidos, molhados por lágrimas que não eram suas, e sim de Miguel. Rendendo-se ao medo, o jovem mexicano se pôs a chorar.
O loiro começou a tremer, os dentes batendo uns contras os outros, em uma demonstração muda de pânico.
Não havia escapatória. Não havia saída...
Um cão mais audacioso avançou, rodeando o terreno, sondando aquela vítima aparentemente indefesa... seu instinto lhe avisou que não havia mesmo perigo naquilo que seus olhos astutos lhe mostravam. Uivou satisfeito. Aquele era o sinal para que os demais seguissem em frente.
Tantos cães selvagens que Yohji desistiu de tentar contá-los. Possuíam pêlo variando entre cinzento e branco. Dentes afiados a mostra... prontos para estraçalhar o que lhes caísse a boca.
Então uma onda de alívio abateu-se sobre o ex-detetive. Miguel estava se conformando com seu destino. Teria uma morte cheia de dor e violência, mas sua vida toda fora uma merda, nada mais justo que tivesse uma morte adequada a tudo que passara em sua curta existência.
(Yohji surpreso) Morte... a morte de... Miguel...?
Antes que pudesse raciocinar sobre isso sentiu uma dor dilacerante na parte direita do abdômen. Os cães selvagens perderam todo o receio, atacando o mexicano indefeso, cravando-lhe os dentes afiados na carne jovem.
O que parecia ser o líder da matilha agira primeiro, mas logo os outros seguiram seu exemplo, dispostos a saciar sua fome com um alimento tão raro.
Yohji não podia mais ver o corpo de Miguel. O mesmo fora totalmente encoberto pelos algozes predadores.
(Yohji)...
Caiu no chão. A dor das centenas de mordidas lhe roubaram todos os sentidos. Só tinha consciência de que doía muito... muito mesmo. Queria que aquilo parasse de uma vez. Implorava para que morresse logo, daquela maneira terrível. Traído por seu suposto pai... por quem deveria protegê-lo...
O líder dos cães selvagens ergueu a cabeça e uivou, satisfeito por aquela agradável caça em seu território. Mal terminou o longo ganido, e passou a língua pelo focinho, recolhendo o sangue doce que lhe manchava o pêlo cinzento.
E tudo que Yohji pode fazer foi chorar. A essa altura já não sabia dizer se aquelas lágrimas eram de Miguel ou... se eram suas...
oOo
(Ken) Céus!!
Caiu de joelhos no chão, apoiando as mãos abertas na barreira de vidro. Tal cena de terror roubara-lhe as forças.
(Omi) Horrível!!
Cobriu os lábios com as mãos, sentindo ânsia de vomito. Já presenciara a morte antes, já causara a morte antes, mas não daquela maneira tão brutal e horrível, de uma pessoa que conhecera apesar de superficialmente.
O líder da Weiss voltou os olhos para Miguel. Então fora assim que o mexicano morrera? Talvez fosse por isso que sua alma se encontrava cheia de ódio e rancor. Aya não tirava sua razão.
(Shouji) Está acabado.
(Miguel) Eu sei.
Balançou a mão lentamente. Os cães começaram a se dispersar, voltando para as entranhas da floresta. Carregavam nos dentes os ossos quase limpos, do que um dia fora o corpo de Miguel.
Depois seguiu em frente, junto com Shouji. Ambos atravessaram a barreira invisível sem nenhum problema. Vendo aquilo, Ken ergueu-se e tentou ir atrás deles, mas não conseguiu. A barreira permanecia ali.
(Ken furioso) MAS QUE PORRA!!
Tinha que continuar como mero expectador.
oOo
Miguel avançou até o ponto onde fora morto. As folhas caídas sobre o solo estavam cobertas de sangue. O seu sangue.
(Miguel) Isso sempre me aborrece.
Pisoteou sobre o solo, espalhando as folhas e fazendo seu sangue desaparecer.
(Shouji)...
(Miguel) Bem, vamos ao que sobrou do réu.
Aproximou-se de Yohji e abaixou-se, ficando de cócoras.
(Miguel sorrindo) E então? Gostou do meu 'conto de fadas'? Acho que alguém se deu mal, não é? E com certeza não foi a bruxa...
(Yohji)...
O Weiss moveu os olhos e encarou aquele mexicano. Agora ele sabia da verdade. Aquele garoto estava morto! Assim como Karen, Shou, Enrico, Margareth e... Shouji... tudo fazia sentido: as palavras descuidadas dos gêmeos, o julgamento de Magie...
Miguel sorriu e estendeu a mão, tocando na face do ex-detetive com muito cuidado. Recolheu uma lágrima, e levou-a aos lábios, degustando-a.
(Miguel) Essas lágrimas são saborosas... mas não vão salvá-lo... você perdeu Yohji...
O Weiss vomitou uma grande quantidade de sangue e arregalou os olhos.
(Shouji) Seu veredicto, Miguel...?
(Miguel rindo) Culpado, mas é claro! Esse daí já se ferrou!!
oOo
Os Weiss se colocaram em alerta, vendo que o cenário de Miguel começava a se quebrar. Sem saber como, se viram de volta num dos quartos da pensão. Era o que Ken dividia com Yohji.
Shouji estava colocando o ex-detetive sobre a cama. Ken não perdeu tempo, voando até onde o amante estava. Segurou na mão do loiro, notando o sangue que lhe manchava as roupas.
(Ken) Yohji!!
Aya e Omi também se aproximaram.
(Aya preocupado) Temos que levá-lo ao médico!
(Omi) Oh!
O loirinho desconfiava de que naquela cidade não haviam muitos recursos apropriados para ajudar seu companheiro...
(Miguel sorrindo) Vou dar o fora daqui.
Mas o japonês não respondeu. Levou as mãos ao peito de Yohji e rasgou-lhe o casaco e a blusa, expondo o tórax de tez macia.
(Ken) Ei! O que está fazendo?
(Shouji sério) Ele foi morto pelo julgamento, e não pelo jurado. Médicos não vão adiantar de nada. Confie em mim, Ken.
O moreninho olhou para Aya, e o ruivo fez um gesto de acendimento.
(Ken)...
Levantou-se, dando espaço para que Shouji atuasse.
As mãos do garoto de cabelos negros começaram a brilhar, adquirindo um tom azulado. Shouji levou as mãos ao peito de Yohji, encostando-as ao mesmo tempo.
O corpo do ex-detetive estremeceu. Foi como se as mãos de Shouji agissem como desfibriladores.
(Shouji) Vamos lá, Yohji! Seja forte!!
Encostou as mãos mais uma vez, fazendo o corpo do loiro se arquear, enquanto de seus lábios escapava um débil gemido.
Desesperado, Shouji voltou os olhos azuis na direção de Ken. O moreninho gelou ao ver lágrimas cintilando naquelas íris tão frias.
(Ken)... o que houve?!
(Shouji baixinho) Acho que... vamos perdê-lo!!
Continua...
Profile: Zero Six
MIGUEL ORTEGA
Nasc.: 05/12 Idade: 17 anos
Local: Veracruz, México
Desaparecido desde: Junho/95
Nota: Não sei porque, mas esse foi o capítulo que me deu mais trabalho. Demorei mais de uma semana pra fazê-lo.
