Priori Incantatem
Capítulo 7 – Decisões do Ministério
Quando Tonks chegou ao Largo Grimmauld, Hermione achou que nada faltava para que se iniciasse a reunião.
Só quero lhe perguntar uma coisa, Hermione – disse Tonks, antes que elas se sentassem à mesa onde todos esperavam. – Onde está a varinha de Potter?
Clinf Jr. a pegou – disse a morena, estremecendo de raiva. – Pensou que era minha, disse que eu estava insana e não podia ficar armada… Tonks lembre-se: não deve comentar sobre a Reversão nem nossas suspeitas sobre a morte de Moody com ninguém.
Tonks fez que sim com a cabeça e ambas saíram da cozinha em direção à grande sala de jantar, onde estavam todos reunidos, inclusive Draco e Snape.
Obrigada por virem – disse Hermione com sinceridade. – Imagino que todos já saibam o que aconteceu. Harry está morto. – Ela parou e respirou, e todos na sala pareceram sentir sua tensão. – Dumbledore foi atacado…
Está em todos os jornais… – disse uma irritada Tonks. – Um absurdo! Estão pintando Harry como um heroizinho derrotado e Dumbledore como um louco qualquer… Pelo menos Susana Bones não quis esconder de ninguém que agora está tudo mais difícil, com a profecia tendo sido cumprida, mas com vantagem para Você-sabe-quem…
Todos olharam aterrorizados para Tonks, mas Hermione, em seu íntimo, agradeceu que ela tivesse dito tudo diretamente. Então Anna Abbott perguntou, assustada:
E o que exatamente dizia essa profecia?
Houve um pouco de silêncio e Yelena Lestern tirou da bolsa um objeto oval, que parecia ser de vidro, e escuro.
Para começar, vocês sabem o que é uma profecia? – ela perguntou.
Algumas cabeças fizeram que sim, outras que não e a maioria murmurava, parecendo estar em dúvida. Então Quim e Robie Count pediram silêncio e Yelena continuou:
Profecias são feitiços que ligam pessoas a determinados acontecimentos…
Feitiços? – indagou Dino Thomas. – Trelawney nunca falou sobre isso…
Trelawney nunca falou sobre algo importante – disse Hermione com convicção. – Continue, Yelena.
Esses feitiços acontecem de forma natural se uma carga de sentimentos muito grande pesar sobre alguém. No caso dessa profecia, as regras se aplicavam a duas pessoas que realmente tinham cargas sentimentais muito grandes em si, principalmente por parte de Voldemort, através de seus pais: Harry Potter e Neville Longbottom.
Houve um silêncio cúmplice na sala, então Draco deu um papel a Robie Count e este o leu:
"Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima… nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar do sétimo mês... e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... e um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver..."
Dumbledore entregou este papel a mim, – disse o até então calado Snape – caso precisássemos dele novamente. Está bem claro. Um não poderá viver enquanto o outro sobreviver. Bem, ela foi cumprida. Voldemort matou Harry Potter. Porque Potter não soube controlar dentro de si o poder que o Lorde das Trevas desconhece… o amor. – Ele disse a última palavra com certa indiferença.
Hermione olhou surpresa para Snape. Ela não tinha idéia que ele ia falar sobre isso, e ela mesma nunca parara para pensar nessa parte da profecia. Olhou inquisitivamente para Draco, mas ele apenas fez sinal de "espere".
Pelo que eu e Yelena conseguimos deduzir, – Snape apontou para a mulher que segurava o objeto oval – Potter mostrou-se vulnerável a Voldemort no momento em que não confiou em si mesmo, em que preferiu estar em casa com sua mulher e filhos a estar salvando-os de um futuro pior. Preferia estar vivendo o amor a estar cuidando para que ele sempre sobrevivesse. Porém, sua mente se confundiu quando ele foi forçado a matar ou morrer quando Hermione Potter foi levada pelos Comensais da Morte até Little Hangleton.
Ninguém pareceu entender muito bem. A própria Hermione achava que Snape devia ter pirado de vez, desde que conhecera Yelena Lestern e começara a pesquisar ilegalmente o Departamento de Mistérios. Ela olhou com raiva para Snape. "Ele não tem o direito… não tem o direito de dizer que Harry errou, não tem…". Lupin pegou em seu ombro em sinal de apoio e murmurou em seu ouvido.
Encare isso como uma reunião de trabalho, Hermione. Lembre-se que Harry a amava. Isso deve bastar para você.
Mas não foi o que aconteceu! – disse Hermione, ligeiramente alterada. – Eu não fui levada por Comensais! Eu fui atrás de Harry quando soube que ele estava na casa que pertencera a Voldemort!
Houve um murmúrio amedrontado, mas curioso na mesa; coisas que ninguém nunca soubera estavam sendo reveladas.
Viu você sendo levada por Comensais da mesma maneira que viu Sirius sendo atacado por Voldemort no Departamento de Mistérios, 20 anos trás – retrucou Snape. – Potter caiu na mesma armadilha duas vezes.
E por que ele não poderia ter visto isso antes? Estou com Harry há 16 anos. Voldemort poderia ter feito isso há muito tempo!
Porque só agora a mente de Potter se acovardou, se confundiu, se esgotou. Algo que ele descobriu, problemas… não faço idéia do que possa ter abalado a mente de Potter. Mas ele se tornou vulnerável e vítima fácil para Voldemort.
Nesse momento, Hermione ia perguntar como Voldemort sabia tanto da mente de Harry se ele havia conseguido aprender Oclumência, mas o olhar que Snape lhe lançou a fez manter-se calada. Ele havia lido sua mente.
Posso perguntar uma coisa, mesmo achando que ninguém saberia me responder? – intrometeu-se Luna, olhando desfocadamente para o teto, imaginando alguma coisa. – Por que Você-sabe-quem matou Harry e deixou Hermione sobreviver?
Silêncio. Todas as cabeças voltaram-se para Hermione, mas ela também não tinha respostas.
Eu… não sei. Fui atingida por algum feitiço no meio das lutas e depois acordei quando tudo já havia terminado e Harry estava… morto.
Mais silêncio. Neville, Rony, Luna e Gina olhavam mais do que atentamente para Hermione. Rony soltou um muxoxo e cutucou Draco, que o xingou e tomou a palavra.
Bem, agora que todos já sabem as circunstâncias do acontecimento que nos preocupa, seria bom que pudéssemos confirmar quem realmente quer fazer alguma coisa. O Lorde das Trevas antes agia com cautela, mas agora que Potter está morto, a destruição será em massa. Mesmo que agora o Ministério seja regido por Bones, não devemos esperar ações mais sérias até que os danos já sejam profundos.
Sabemos quais são as conseqüências quando se espera demais. Devemos agir agora – disse Lupin, com firmeza, passando a palavra a Hermione.
Eu gostaria de saber – ela começou – quem está disposto a correr riscos. Todos aqui têm algo a zelar. Alguém que tenha um namorado, um consorte, filhos, amigos, alguém… Voldemort não vai poupar ninguém e…
Mas, pelo que vocês disseram, não há nenhuma chance – murmurou Elaine Longbottom. – Se a profecia foi cumprida… ninguém mais pode derrotar Voldemort…
Todos na mesa se entreolharam, confusos e amedrontados. Já entendiam o que Hermione pedia deles: que lutassem no escuro, sem a possibilidade de uma vitória, com um fim que só poderia resultar em mais tragédias. Robie Count foi quem falou primeiro.
Não sou formado há muito tempo, mas quando cheguei ao DAE, quem mais me auxiliou foi o Sr. Potter. E ele me disse algo: "Não lute para vencer, lute para proteger. Para isso você é um auror. Nunca haverá vitória enquanto valer a morte. Mas para proteger alguém, vale tudo." Posso não vencer… – ele parou um tempo, pensando se devia mesmo pronunciar aquele nome, mas não teve medo –… Voldemort, mas não deixarei que ele machuque quem eu amo enquanto eu for vivo. – Então ele se levantou e colocou a varinha no peito, tal como faziam os bruxos da Idade Média ao jurarem lealdade a seus reis.
Pouco a pouco, as pessoas foram levantando-se e colocando suas varinhas no peito, olhando para Hermione, que estava à ponta da mesa. Até Snape e Draco fizeram o sinal com fervor.
Por fim, Hermione levantou-se com lágrimas nos olhos e ergueu a própria varinha, para simbolizar que a Rainha estava ali para comandar seus cavaleiros.
"Eu não acredito!"
Será que dava pra você dizer outra coisa que não fosse isto, Chloe? – disse Jake, acordando com as reclamações da irmã. Haviam retornado há algum tempo a seus quartos na casa de Marieta Gorlois, e decidiram dormir um pouco. – Eu sei que é inacreditável, mas temos que sair daqui!
Chloe suspirou e levantou-se da cama cheia de plumas.
Eu sei, eu sei… mas agora que sabemos que Gorlois não é… bem, confiável… – Ela engoliu em seco e mordeu os lábios como sua mãe fazia quando estava preocupada. – É claro que esta casa deve ser muito bem protegida…
Tal como a nossa era! – insistiu Jake. – Era uma casa de aurores, e foi invadida por Comensais!
Mas nós não somos Comensais ou aurores, Jake! – Chloe sentou-se e encarou o irmão. – Somos só crianças! E temos um bebê para levar! Não é tudo tão simples!
Mas temos que ir à casa do papai! – berrou Jake. – Lembra?
Chloe não respondeu de imediato; pegou o adormecido Mad no colo e murmurou, de cabeça baixa:
E se… não tivermos mesmo visto o papai? Quero dizer, Marieta não o viu…
O que quer dizer? – Jake disse, cerrando os olhos.
Bom… deveria ser impossível falar com alguma alma inconformada ou algo assim, e papai não seria do tipo "inconformado"; ele enfrentaria a morte de frente. Pode ter sido um sonho nosso ou um feitiço de Marieta para nos fazer fugir para nossa casa… – Chloe disse tudo isso rapidamente, e Jake a interrompeu, inconformado.
O quê! Como pode duvidar do nosso pai assim? Ele falou conosco, teria nos tocado se… pudesse. – Os olhos do moreno começavam a ficar vermelhos de raiva. – É claro que ele estava l�, ele explicou tudo. E como Marieta poderia ter descoberto que havia uma caixa no quarto dele que só nós poderíamos abrir?
Ela poderia saber da caixa antes… provavelmente sabia, Jake! – Chloe começou a se desesperar com a fúria descontrolada de Jake, tal como quando ele tentara enforcar Gorlois. – Ela sabe que só nós podemos abri-la, e sabe que não abriríamos para ela à força… queria que fugíssemos e a abríssemos espontaneamente…
Como! – disse Jake, tentando medir a raiva. – Como, por Merlin, ela saberia? Se papai provavelmente não disse isso nem à mamãe?
Jake! Eles sabem da Reversão! – retrucou Chloe. – Eles queriam acabar conosco por causa da Reversão, lembra? Os próprios Comensais disseram isso… eles sabiam, e provavelmente nem papai fazia idéia que eles sabiam! De alguma forma, eles descobrem tudo…
Jake chegou a abrir a boca, mas suas palavras se perderam no caminho. Tinha sentido o que a irmã dizia, mas ele não queria aceitar a idéia de que não tinha estado com Harry… ele tinha certeza que aquele era seu pai, tinha tanta certeza…
Então, o que você sugere? – murmurou Jake, com uma pontinha de ódio.
Não podemos fazer nada sozinhos… Temos que arranjar um modo de avisar à mamãe, ou ao tio Draco, ou ao tio Rony, que estamos aqui!
Como!
Tem que ter uma lareira aqui…
Bom, no quarto dela não tinha…
Então vamos procurar uma enquanto ela não chega!
-Você falhou.
Perdão, Milorde, mas...
Não me interrompa! – sibilou Voldemort, andando levemente ao redor de seu subordinado. – Matou Moody e deixou o corpo onde estava, no rastro certo para que algum auror fosse levado à casa de Dumbledore…
Milorde, eu já consertei tudo! Cuidei para que não fossem as minhas mãos que matassem Olho-Tonto…
Já disse para não me interromper – Voldemort disse num sussurro, sentando-se em sua poltrona. – Você está muito mal acostumado… deixou Moody no rastro dos Comensais… Por acaso queria que me descobrissem? Não pense que pode me trair à hora que bem entender, como fez com seus amiguinhos… as coisas aqui funcionam de maneira diferente… – o Lorde sacou sua varinha e passou-a entre os dedos agilmente.
Não, Milorde, já lhe disse! – a voz do traidor tremeu. – Quando vi que Moody havia descoberto uma falha de Gorlois, cuidei para que a morte dele fosse ligada o menos possível a nós… nem mesmo fui eu quem o matou! Cuidei para que outra pessoa…
Que outra pessoa? – o Lorde cerrou os olhos.
Uma pessoa de minha confiança, Milorde.
Verme sujo, não pense em começar a agir sem minha permissão! Espero que esta pessoa esteja bem controlada, para não dar com a língua nos dentes…
Ela est�, Milorde. Está muito atordoada para fazer qualquer coisa, e quando ameaça se rebelar, eu a controlo com a Maldição Imperius.
Melhor assim… – Voldemort riu – Afinal, a morte do velho Moody não é algo que se deva lamentar… Rodolfo!
Rodolfo Lestrange entrou na sala calmamente, encarando com certa repugnância o traidor aos pés do Lorde das Trevas.
O que deseja, Milorde?
Tenho uma tarefa para você…
O Largo Grimmauld estava bem movimentado. Pessoas olhando mapas, examinando pistas, tecendo planos… afinal, o objetivo da Ordem era um ataque direto à sede de Voldemort, visando exterminar o maior número de Comensais da Morte possível.
E não eram só eles que estavam empenhados nisso: O Profeta Diário daquela manhã noticiou que, por ordem da Ministra Susana Bones, os bruxos que ainda estavam na Escola de Aurores receberam permissão para prender, e mesmo os que não eram Aurores Especiais receberam permissão para matar Comensais.
A razão: mais de 120 trouxas, 15 bruxos e 2 aurores recém-formados foram encontrados mortos naquela noite, sob exatas 137 marcas-negras no céu, e com uma mensagem flutuando abaixo:
"Uma comemoração à morte de um grande amigo: Harry Potter"
Hermione fechou o jornal.
Susana Bones não deveria ter feito isso sem consultar o DAE! – disse uma indignada Tonks ao ler o mesmo jornal. – Serão dezenas de aurores inexperientes sendo presas fáceis para os Comensais!
Mas será que não foi melhor? – murmurou Gina, levando café e se juntando a Hermione, Tonks e Quim no sofá. – Assim, mais pessoas podem ajudar…
Nunca prefira quantidade à qualidade – disse Quim com sabedoria. – Pessoas que estão há apenas um ou dois anos na Escola de Aurores são apenas crianças; a maioria tem apenas 18 ou 19 anos. E os que já estão formados, mas não são especiais, têm em torno de 22 a 26 anos… Pouca experiência para matar peritos em assassinatos como os Comensais… A carnificina de ontem prova isto…
Mas o que Bones deveria ter feito então? – indagou Gina.
Eu sugeriria um treinamento de aceleração – respondeu Tonks, bebendo seu café. – Ou um curso de uma semana na arte de matar… é o mínimo que poderíamos fazer…
Não temos tanto tempo… – murmurou Hermione, com um suspiro cansado.
Mione, você dormiu tão pouco esta noite, não quer descansar? – observou Tonks. – Afinal, você ainda está se recuperando de muitos ferimentos…
Não é necessário, obrigada. – Hermione bebeu seu café em um só gole e levantou-se. – Vou ver como os outros estão. – E saiu da salinha.
Ela está agindo como uma verdadeira líder – disse Lupin, entrando no recinto. – Escondendo seus medos, sentimentos e fraquezas para ir à luta…
Assim como Harry fez, segundo o que Snape disse ontem – murmurou Gina. – Não acham que é peso demais pra ela? Está sem os filhos, perdeu o marido, Dumbledore… quero dizer, se nem Harry agüentou a pressão sentimental…
Não a compare com Harry… – disse Lupin, sentando-se. – Harry poderia parecer para nós a imagem do invencível, tal como, para ele, essa imagem pertencia a Dumbledore… mas Hermione é diferente. Ela tem uma força que nem Harry nem Dumbledore puderam alcançar.
Draco resolveu chegar ao DAE cedo aquela manhã. Queria encontrar Marieta e perguntar sobre as crianças…
E, é claro, a encontrou conversando com Tedd Clinf Jr. em uma das mesas do Café.
Bom dia, Draco. – Marieta sorriu com o canto dos lábios. – Quer sentar conosco para o desjejum?
Seria um desprazer, Gorlois, mas já comi – disse Draco, seco. – Como foi a noite dos Potter? Espero que tenham sido bem tratados…
Se souberam se virar, sim. – Marieta sorriu de novo. – Afinal, não passei a noite em casa…
H�! – murmurou Draco, virando-se para Clinf Jr. – Quer dizer que tira três crianças de sua mãe para que passem a noite sozinhos na casa de uma desconhecida que deveria cuidar deles! Típico…
Não seja inconveniente, Malfoy – disse Tedd, calmamente, após engolir sua torradinha. – Marieta passou a noite comigo – assim como você e Tonks deveriam ter passado – para decidir o futuro do DAE de acordo com as ordens da Ministra.
Não recebi nenhum chamado seu, Tedd – disse Draco.
Então pelo jeito não fui a única que passou a noite fora de casa – disse Marieta, com um ar de desafio. – Certo, Malfoy?
Draco e Marieta se encararam por alguns momentos, como se tentassem ler a mente um do outro.
Certo – disse Draco finalmente, desdenhoso. – O que eu perdi, quando deixei de vir ao encontro dessa noite?
As novas decisões do Ministério e a posição do DAE quanto a isto – respondeu Clinf Jr.
Se você está falando das autorizações dadas aos novos aurores e até aos estudantes, eu já fui notificado. – Draco bocejou, sentando-se à mesa com Gorlois e Clinf Jr. – E qual é a "posição do DAE quanto a isto?" – O loiro deu uma risada fria. – Que eu saiba, se o Ministério decidiu isto, nós devemos acatar…
É claro, é claro… mas de onde você acha que o Ministério vai tirar a verba para pagar essas dezenas de novos aurores e enfermeiras trabalhando em tempo integral? – Marieta intrometeu-se.
O dinheiro vai ser tirado da verba do DAE. Quer dizer que perderemos alguns recursos… leia isto. – Tedd entregou a Draco um pergaminho com o selo do Ministério. O loiro leu e riu novamente.
Recursos? Por favor, Tedd! Não acredito que vai se revoltar por causa dessas coisas banais…
Banais? – indagou Marieta, indignada. – Não há nada de banal…
Em lavanderias, entrega semanal de roupas especiais, pessoas para limpar o escritório, mensageiros, interceptadores de Flú e corujas e lanches extras? Além de um corte de oito por cento no salário? – Draco ergueu uma sobrancelha. – Acho que podemos viver sem isto.
Me surpreende ver um Malfoy falando assim – murmurou Marieta, sarcástica. – Mas infelizmente não podemos viver sem isto. Não somos qualquer órgão do Ministério. Somos Aurores Especiais e não vamos permitir esta audácia!
E…?
Vamos tentar revogar esta questão: vamos nos recusar a trabalhar quando precisarem de nós.
O quê!
Deixemos que os estudantes e os recém-formados mostrem o que sabem fazer – murmurou Tedd.
-Encontrei!
Que tipo de pessoa deixaria sua lareira atrás do armário de vassouras? – murmurou um incrédulo Jake, aproximando-se de sua irmã gêmea, que segurava um Mad louco para meter as mãos no fogo.
Uma pessoa do "tipo auror"? – suspirou Chloe, olhando desfocadamente para a lareira e depois encarando o irmão com seus olhos grandes e verdes. – Jake, por favor, não podemos fugir! E se for uma armadilha!
Está na cara que é mais fácil ter uma armadilha aqui do que lá fora – disse Jake, empurrando a irmã pro lado e ficando em frente à lareira. – Tenho um pouco de Flú aqui… certo. Para onde?
Para a casa do tio Rony?
Não é mais fácil irmos logo para a casa de papai e resolver esta questão da caixa?
Não! Porque se algo acontecer, estaremos com o Mad nas mãos, correndo perigo! – retrucou Chloe.
Sei… bom, então eu vou só com a cabeça para a casa do tio Rony. Aí pedimos socorro para a tia Luna, que deve estar em casa…
Ok, ok… eu fico vigiando para o caso de Gorlois aparecer…
Jake respirou fundo, lançou todo o Flú que tinha em um saquinho verde, enfiou a cabeça no fogo e berrou: "Casa de Ronald Weasley e Luna Lovegood!". Sentiu então sua cabeça ser puxada, numa sensação desagradável, para frente, e então ele viu a sala da casa de Rony e Luna, escura e vazia.
Tem alguém aí? – Jake gritou, olhando para os lados e lamentando não poder mexer muito o pescoço. – Tia Luna? Tio Rony…? Alguém?
Houve um barulho de passos distantes e Jake esperou. Então Luna, com vestes de dormir, apareceu. Mas seu rosto estava horrível. Grandes olheiras rodeavam seus olhos azuis, que estavam vermelhos e saltando das órbitas. Ela tremia enquanto caminhava e passava constantemente as mãos nos cabelos bagunçados.
T-tia Luna? – murmurou o garoto, surpreso. – A senhora está bem?
Jake! Sim, sim, querido… – Os olhos dela não o focalizavam diretamente, como se ela escutasse apenas a sua voz. – Eu estou, e você? E o que você faz aqui?
Algo dentro dele não estava gostando daquela situação.
Vocês estão dopados? Estamos em estado de calamidade, o Lorde das Trevas está solto por aí com quase 100 assassinos profissionais, e vocês escolheram logo agora para serem mais infantis que minha filha! – disse Draco, indignado com a decisão do chefe.
Pense o que quiser – desdenhou Marieta, divertida. – Apenas você, Robie Count e Guila Ocean não aceitaram a decisão. E suponho que a metamorfomaga também não aceite. – Ela deu um suspiro de desgosto. – Ah, e é claro, o Auror Especial da Ministra, Shacklebolt.
Somos os melhores! Nós deveríamos agir! Pessoas vão morrer por causa da atitude de vocês! – revoltou-se Draco.
Assim que a Ministra vir a conseqüência de nos subjugar, vai aceitar as nossas regras – disse Tedd, calmamente. – E se ela por acaso não aceitar mesmo assim, digo a ela que sei como acabar com Você-sabe-quem.
Como se ela fosse acreditar numa mentira chantagista e barata dessas…
Se fosse mentira… – Marieta lançou um olhar cúmplice a Tedd Clinf Jr.
Draco olhou de um para o outro com desgosto por um tempo.
Quer dizer que sabem mesmo como acabar com o Lorde das Trevas?
Estranho você chamá-lo de "Lorde das Trevas"… apenas seus súditos costumam chamá-lo assim… – riu Tedd com o canto dos lábios.
Não se você crescer escutando os outros o chamando assim… – disse Draco com violência. – Não mude de assunto, Tedd!
Na verdade, o próprio "Lorde", como você o chama – começou Tedd – nos ajudou a descobrir. Não sabe ainda do que estou falando? – parou o chefe do DAE, ao ver o olhar confuso de Draco. – Você mesmo interrogou as crianças…
Vocês falam sobre a tal Reversão do qual falaram os Comensais? – Draco se fez de desentendido. – Acredita mesmo que pode haver uma Reversão da profecia?
Tenho certeza que pode, como temos pesquisado com o auxílio do Departamento de Mistérios – respondeu Marieta. – Mas existem certas regras a serem respeitadas.
E eu posso saber quais são? – sibilou Draco.
Não – disse Tedd simplesmente. – Porque você correria e contaria tudo à Ministra e seus asseclas… já notei que não concorda conosco…
Com certeza, não… mas, tudo bem. – Draco levantou-se da mesa e fez uma mesura. – De qualquer forma, não acho que saibam exatamente como matar o Lorde das Trevas, ou já estariam chantageando a Ministra agora mesmo. Deve estar faltando algo… bom, eu já vou indo para a minha sala. Trabalhar, sabem…
Sabemos… – Tedd levantou-se também e encarou Draco, do alto de seus quase 1,90 m. – Um aviso, Malfoy, e isso vale também para a seus amiguinhos Count, Ocean e Tonks: não se metam na minha frente.
Não se preocupe, "Teddie" – sussurrou o loiro, sem se intimidar. – Não estaremos na sua frente, e sim bem atrás de você.
-Hum… tia… o tio Rony está aí? – disse Jake cuidadosamente para Luna, que se abaixara e estava bem próxima a ele.
Não, querido… o Rony… o Rony… – Ela ficou assustada de repente, e começou a dizer coisas inaudíveis, até que pareceu se controlar um pouco e murmurar, ainda tremendo – Ele não est�, querido. Mas e você? Como estão seus irmãos?
Estamos bem… – hesitou Jake, mas depois, percebendo que só podia contar mesmo com Luna, resolveu dizer –… mas estamos correndo perigo aqui na casa de Gorlois…
Sério? O que ela fez com vocês? – a loira começou a girar os olhos rapidamente e Jake fechou os próprios olhos para não ver aquela cena angustiante.
Nada… ainda… – o garoto respondeu devagar, e pensou ter escutado algum barulho estranho vindo do outro lado da lareira. – Tia, será que podemos nos refugiar aqui?
Claro, claro, claro, querido! – Luna deu um sorriso fraco. – A minha casa é a casa de v… – ela pareceu ficar aflita de novo por alguns segundos e prosseguiu –… podem! Venham logo para… que barulho é esse?
Jake engoliu em seco ao escutar os barulhos e murmúrios.
Espere tia, eu vou ver o que está acont…
Não, não! – berrou Luna. – Eu estou sentindo que não é nada bom! Venha! – Ela agarrou a cabeça de Jake e começou a puxá-lo para dentro da sala.
Ahh! – Jake gritou de dor ao sentir a tia puxá-lo pelo pescoço e seu corpo ser puxado ferozmente para frente, por entre as chamas verdes de Flú. – Tia, mas o que… Ahh!
Luna o puxava com todas as suas forças, com uma determinação descontrolada. Finalmente conseguiu puxar Jake por completo para a sala, no exato momento em que uma mão grande passou pelo fogo, como se quisesse agarrá-lo.
Jake ofegava e massageava o pescoço dolorido, e depois olhou desesperado para a tia.
Tinha alguém l�! Alguém pegou Chloe e Mad!
O homem de vestes negras que tentara puxar Jake agora jogava Chloe contra a parede violentamente. A bruxinha protegia o irmãozinho Mad com o próprio corpo, e o bebê, assustado, começou a chorar.
Controle esse animalzinho – sibilou o homem, agora encarando uma Chloe ofegante e vermelha. – Levante-se! Vamos para a sala! – Ele colocou a varinha nas costas da moreninha e ambos saíram de perto do armário de vassouras. Chegaram à sala e o homem empurrou Chloe no sofá.
Fique quietinha aí. – O homem abriu o casaco da menina e de lá tirou sua varinha.
Eles passaram alguns momentos em silêncio, que só era interrompido pelos gritos de Mad. Depois que o bebê se acalmou, Chloe atreveu-se a perguntar:
O-o que vai fazer conosco?
Eu, nada. Meu dever era só vigiá-los e mantê-los aqui enquanto a idiota da Gorlois não chegava… mas um de vocês fugiu, e meu mestre precisa saber disso.
Ele abriu uma das gavetas do armário de Gorlois e tirou um pergaminho, um tinteiro e uma pena meio gasta. Rabiscou um bilhete e assobiou; em poucos segundos, uma coruja surgiu e levou a carta.
O homem tirou o capuz e olhou com seus olhos negros e profundos para Chloe.
O Lorde não vai gostar de saber que um de vocês fugiu… acho que ele vai vir aqui tirar essa história a limpo…
N/A: Pessoas! FINALMENTE eu consegui postar esse capítulo! Como eu disse em uma nota, eu estava sem computador... mas agora tudo se resolveu e eu posso escrever de novo, embora saiba que posso ter perdido vários leitores fiéis e queridos por causa da demora...snif... mas espere que quem tenha lido, goste! Eu demorei tanto pra escrever esse capítulo, porque tinha que ser muito cuidadosa com ele, porque ele abre o caminho para um dos capítulos mais importantes da fic...
Espero poder entregar o capítulo 8 em no máximo uma semana, porque eu também leio fics, sei como é ruim esperar! Ok?
N/A2: Agradecimentos à: Isabelle Potter Demonangels (leitora fiel!), Jesse (desejo melhoras pra você, de todo o coração, minha lavadora de calcinhas preferida :D), Ysa (netinha linda, calma que já chega mais Perdidos no Brasil ), Fer (filhuska que sempre me deu força e nunca me abandonou! ), Adriana Black (também acho que o Harry tem que se dar mal às vezes, pra variar!), Sara Lecter (deixei o corpo do Moody com a Jesse para que ela te entregue! Bom lanchinho!), Ellen Black (ta aki! Leiaaaa!), Bebeta Malfoy (também amo o meu Draco...XD), Ana Jully Potter (continue lendo! É ótimo ganhar novos leitores!), Juba (ahhh você é minha bisneta! Aparece na família H do Beco, viu?)...
Tchau gente... deixem sempre reviews, compensa muito!
Até a próxima...
Aya
