N/A-
Sei que esse capítulo e o próximo estão mais
para novela mexicana ou filme italiano do que para uma aventura de
"Harry Potter", mas são essenciais... e, bom, uma
fanfic é uma fanfic e, para quem se queixava de que essa
estava demasiado canon... voilá! eheh
Todavia, prometo
voltar logo depois desses dois capítulos ao tom "potteriano"
que tem servido de base a esta história desde o início.
O ano decorria sem novidades de maior. A cicatriz de Harry
nunca mais doera e, de acordo com as informações de
Lupin, nada fazia prever um regresso breve de Voldemort; nada de
acontecimentos estranhos e nem sequer voltaram a aparecer
Dementadores extraviados.
- Não haver notícias já
é uma boa notícia. - Comentava Rony. Harry, porém,
não sabia se havia de concordar, tanto mais que Hermione fazia
questão de recordá-lo constantemente de que deveriam
estar bem alerta e que tal silêncio poderia não
significar nada de bom... até pelo contrário.
Harry
se sentia extremamente angustiado perante tal pensamento. Sabia que
Hermione tinha razão, mas preferia que ela não chamasse
a sua atenção para isso tantas vezes. Sim, ele estaria
alerta, mas, como dizia Rony, "não haver notícias
jé é uma boa notícia" e preferia se
embrenhar nos treinos de Quadribol.
Rony, por seu turno,
continuava um jogador muito irregular e diversas vezes Angelina
Johnson perdia a cabeça com ele. Os Sonserinos tinham
recomeçado com os coros de "Weasley é o nosso
rei", o que parecia exercer um efeito positivamente desmotivante
sobre Rony e exasperante sobre Angelina.
Mary continuava sumindo
de vez em quando. Certa vez, surgiu numa aula com um braço
todo arranhado, após uma noite desaparecida. Lembrando
fortemente de Lupin, Hermione avançara a hipótese de
Mary ser uma fêmea de lobisomem, mas Rony conseguira calá-la,
quando lhe recordou que os lobisomens só se transformam em
noite de lua-cheia, ao passo que os sumiços da prima nada
tinham a ver com as luas, sendo totalmente aleatórios.
O
tempo foi passando, até que chegaram as férias do
Natal. Dessa vez, iriam passá-las na Toca, apesar de Hermione
passar o Natal com os pais.
Trinta e um de
Dezembro; último dia do ano; a Toca estava enfeitada com
milhares de luzinhas coloriadas (provavelmente fadas), que corriam
pela casa alegremente; ocasionalmente, se juntavam umas às
outras, tomando as mais diversas formas cintilantes.
Dumbledore,
Lupin, Moody Olho-Tonto, Tonks e Mary Hollow estavam presentes na
festa. Carlinhos tinha chegado da Romênia, para passar as
festividades com a família e conversava animadamente com Tonks
e Mary, antigas colegas de Hogwarts de Gui que, por seu turno
trouxera para a Toca a sua namorada francesa com sangue de veela, a
belíssima Fleur Delacour, e os dois se beijavam a um canto da
sala.
Olhando para o casal com um ar extremamente reprovador, a
Srª Weasley pigarreou, fazendo com que eles se soltassem:
-
Francamente, Guilherme Weasley! Onde estão os seus modos? Isso
é uma festa de fim-de-ano, não é o Dia dos
Namorados; e você está numa casa de família...
Gui ergueu a palma da mão no ar e falou, com ar indignado:
- Calma, mãe! Não estou ofendendo ninguém!
- Você está ofendendo a mim, ora essa! - Exclamou
Molly, em tom chocado. - É uma falta de respeito... e... além
disso... tem crianças aqui em casa!
- Crianças? -
Fred, que escutava a conversa (como, aliás, todos os
presentes) explodiu em gargalhadas. - Que crianças?
Molly
ficou vermelha, num misto de raiva e atrapalhação:
-
Bem... a Gina ainda é menor de idade...
Foi a vez de Jorge
rir:
- A Gina! Ora, mãe, a Gina já teve dois
namorados. Aquilo que o Gui e a Fleur estavam fazendo, há
muito tempo que deixou de ser novidade para ela!
Ginny corou,
furiosa:
- Cala a boca, Fred, seu idiota!
- Eu! - Inquiriu
Fred, por entre soluços de riso. - Mas eu estou aqui, tão
caladinho...
- Oh! - Quase gritou Ginny, desconcertada. - Eu
queria dizer... cala a boca, Jorge! Oh... cala a boca, Fred! Oh,
calem a boca os dois!
- Que história é essa de
namorados, Ginevra Molly Weasley? - Inquiriu a mãe, afogueada.
- A minha filha já teve dois namorados e nunca me contou nada?
A mim, que sou sua mãe, que deveria ser a sua melhor amiga...
- Ah, mãe, não faça drama! - Pediu Gina,
aborrecidíssima.
Harry sentiu que aquela discussão
familiar não era exatamente uma coisa agradável de se
presencear. Rony parecia sentir o mesmo, já que se levantou de
mansinho e fez sinal a Harry e Hermione, para que o seguissem. Eles
obedeceram. Subiram as escadas, enquanto Rony dizia baixinho:
-
Se eu não saísse dali bem rápido, ia acabar
sobrando para mim. Sempre sobra para mim!
- Foi melhor mesmo
sairmos da sala. - Concordou Hermione. - Era uma discussão de
família e eu estava sinceramente me sentindo a mais.
- Não
diga isso, Mione, você faz parte da família... - Ao
dizer isso, Rony corou violentamente e se apressou a continuar. -
Ah... quer dizer, você e o Harry já são como se
fossem da família.
Harry revirou os olhos. Não era
certamente a isso que o amigo se referia e já estava começando
a irritá-lo o fato dos amigos nunca assumirem os seus
sentimentos.
Hermione suspirou:
- Eu sei, Rony... e agradeço
muito... - De repente, estacou, ficando parada no corredor.
- O
que foi? - Perguntou Harry.
- Chiu! - fez Hermione, levando um
dedo aos lábios. Rony olhou para ela, com ar interrogativo e
ela resolveu explicar o que se passava. - Vocês não
estão escutando? Vem dali, do quarto dos gêmeos.
Harry
e Ron também pararam e se puseram a escutar. Imediatamente
Harry reconheceu a voz de Mary Hollow, apesar do tom choroso, e a de
Lupin. Aparentemente, os dois discutiam... e o teor da "conversa"
deixou os três amigos boquiabertos:
- Eu pensei que você
me amava! - Soluçava a professora.
- Oh, Mary, não
seja injusta. - Dizia Lupin, em tom amargurado. - Eu te amo tanto,
você está cansada de saber disso. Nunca encontrei uma
mulher que me entendesse tão bem...
- Nem a Nympha?
-
Mary, Mary, Mary... Ouça bem o que você está
dizendo. Você está com ciúmes da sua melhor
amiga! Não confia nela?
- É claro que confio,
mas...
- É em mim que você não confia?
-
Confio, mas... não é uma questão de confiança,
é...
- Mary, você acha mesmo que a Tonks alguma vez
poderia me entender da mesma forma que você entende?
Houve
um breve silêncio, após o qual se ouviu Mary murmurar em
voz sumida:
- Não... Claro que não... Mas... se não
é por causa dela, então porque você não
quer assumir a nossa relação?
Um novo silêncio
se gerou e, finalmente, Lupin falou, com a voz trêmula:
-
Mary... eu... você sabe que eu nunca... eu nunca namorei... É
muito difícil para mim lidar com esta situação...
Você sabe como eu sou desajeitado. Foi tão difícil
me aproximar de você... A Tonks forçou as coisas e eu
agradeço a ela do fundo do meu coração, mas...
bom... eu já não sou um jovenzinho, não tenho
idade para namorar. O que é que a Molly vai dizer?
De
repente, o tom choroso de Mary se transformou num tom levemente
divertido:
- Remo... você está envergonhado?
-
Bom... - Gaguejou Lupin. - Digamos que... é mais ou menos
isso, sim.
Mary soltou uma gargalhada:
- Oh, Remo, você
fica tão bonitinho assim, corado, envergonhado... Tudo bem, se
o motivo é só esse, eu não me importo de
continuar te namorando em segredo, como dois adolescentes. É
até mais emocionante.
Foi a vez de Lupin rir. Dava para
perceber a influência da namorada na sua vida e no seu humor.
- Você não existe! - Disse ele, em tom ternurento. -
Quer saber de uma coisa?
- Fale...
- Que se dane a vergonha.
No amor não há espaço para a vergonha. Hoje, à
meia-noite em ponto, vamos assumir o nosso... o nosso namoro. Vamos
entrar no novo ano oficialmente comprometidos.
- Remo! - O tom de
voz de Mary denotava uma felicidade estraordinária, quase
infantil. - Você está falando sério?
- É
claro que estou... e tem mais: assim que acabarem as aulas em
Hogwarts, eu quero que você seja a Senhora Remo Lupin. - De
repente, ele parou e a voz voltou a tremer. - Q... quer dizer... você
aceita, não aceita?
A voz de Mary denunciava lágrimas
de alegria:
- Oh, Remo... é claro que eu aceito! É
a coisa que eu mais desejo! Mas... - O tom mudou ligeiramente. - Você
tem certeza que quer casar com uma... uma mulher como eu?
-
Mary... - Murmurou Remo. - Você deu sentido à minha
vida... e que outra mulher aceitaria tão bem alguém com
o meu problema e seria capaz de passar uma noite de lua-cheia comigo,
me ver transformado, deixar que eu a atacasse...
- Lá se
foi a sua teoria da fêmea do lobisomem... - Disse Rony,
baixinho, para Hermione. - Os arranhões estão
explicados.
- Sim... - Respondeu ela, com ar indeciso. - Mas isso
não explica porque foi que ela sumiu das outras vezes.
-
Ora! - Resmungou Rony. - É óbvio que foi se encontrar
com ele!
- Hummm... - Fez Hermione. - Talvez, mas...
Nesse
momento, Harry os puxou para dentro do quarto de Gui e Carlinhos. A
porta do quarto dos gêmeos se abria naquele momento. Escondido,
o trio conseguiu ver Mary e Lupin atravessarem o corredor abraçados,
se beijarem, comporem as roupas e descerem as escadas. Harry reparou
que a diferença de alturas entre os dois era abismal. Mary
era, realmente, muito baixa e Lupin era bem alto. Formavam um casal
meio estranho, mas, ao mesmo tempo, por incrível que pareça,
agradável de ser ver.
Harry, Rony e Hermione olharam uns
para os outros.
- O que foi que vocês acharam? - Inquiriu
Hermione.
- O que é que tem para achar? - Perguntou Rony,
encolhendo os ombros. - Acho que vamos ter que comprar roupas novas
para o casamento, é isso que eu acho.
Harry riu do
comentário do amigo e disse, olhando para Hermione:
- Bom,
está desvendado o mistério em volta da Professora
Hollow.
A amiga franziu a sobrancelha, com ar pensativo:
-
Sim... talvez... mas eu ainda acho que tem alguma coisa errada,
porque...
Não chegou a explicar porquê, uma vez que
foram interrompidos por um agudo grito feminino, assustado, a que se
seguiu uma outra voz feminina, exclamando:
- Expecto Patronum!
