No
dia seguinte, Rony e Hermione tiveram alta, mas o silêncio
entre os dois continuava inquebrável.
Gina, Luna e Neville
também tiveram alta no mesmo dia e visitaram Harry, que
percebeu, com surpresa, que Neville era, agora, namorado de Luna e se
sentia extremamente orgulhoso por ter ajudado a exterminar Voldemort
(ele, Harry, por seu turno, estava aliviado por não ter tido
que matar ninguém).
Os dois saíram do quarto, após
a visita, deixando Gina lá dentro, sozinha com Harry.
-Você
viu isso, Harry? - Dizia ela. - Quem diria que a Luna e o Neville...
bem, eles são os dois surpreendentes!
Harry não
respondia. Continuava em estado de choque. Gina o olhou nos olhos. O
seu olhar revelava uma profunda tristeza contida:
-Desculpe,
Harry, mas você não pode continuar assim. Eu sei que é
difícil, mas a vida continua... e eu estou aqui, pronta para
começar com você essa nova fase da sua vida. Por favor,
Harry, reaja!
Nos olhos azuis de Gina se formaram lágrimas
e ela se aproximou de Harry, o beijando na boca.
Harry
correspondeu ao beijo e a abraçou. Acabara de sair do estado
de choque e estava disposto a despertar para uma nova vida.
No dia seguinte, Harry teve alta e
Gina o levou para a Toca. Para além da família, também
Hermione estava lá, mas o silêncio entre ela e Rony
prosseguia.
Não aguentando mais o clima entre os amigos,
Harry resolveu falar com Rony:
-Desculpe, cara, mas eu acho que
já chega!
-Você está a falando do quê?
-Da Mione, claro! Não suporto mais esse clima entre vocês
os dois! Estou começando a ficar com saudade dos tempos em que
vocês não paravam de brigar!
-Não se
preocupe. - Disse Rony. - Pelo menos, esses tempos não voltam
nunca mais.
Rony deixou Harry sozinho na sala e se retirou, com
ar triste. Algum tempo depois, surgiu Hermione e Harry resolveu falar
com ela, pela primeira vez. Estava decidido a juntar os amigos de uma
vez por todas.
-Mione... - Começou. - Por favor, pare com
esse clima horrível entre você e o Rony. Vocês
dois estão se machucando mutuamente.
-Diga isso a ele! -
Resmungou Hermione, com amargura na voz. - É ele quem está
me evitando feito um idiota. Ele não fala comigo, foge do
assunto... Que situação tão estúpida! Oh,
Harry, eu não aguento mais!
Lançando-se nos braços
do amigo, ela começou a chorar. Ele se sentiu meio
constrangido e pediu:
-Calma, Mione. Você tem que fazer
alguma coisa...
Nesse momento, o aparecimento de Gina na sala,
acompanhada por Rony, os interrompeu. Ao ver Hermione, Rony corou e
virou costas, para tornar a sair da sala. Contudo, ela se levantou de
um pulo e se dirigiu para ele, exclamando:
-Rony, espere! Nós
temos que conversar!
-Porquê? - Inquiriu ele, em tom
revoltado. - Você vai rir de mim?
-Não seja
estúpido! - Exclamou ela. - Só quero falar um pouco...
Rony desviou o olhar e replicou, voltando as costas:
-Se eu
sou estúpido, porque é que você quer falar
comigo? Fique aí, falando com o Harry e a Gina, porque eu não
quero falar com você.
Hermione estava à beira das
lágrimas e Harry percebeu que ela iria explodir a qualquer
momento. De facto, em menos de dez minutos, ela gritou para Rony:
-Estúpido! Mal-educado! Idiota!
Furiosa, ela o agarrou
por um braço, o obrigando a se virar para ela. Rony a olhou,
com certa mágoa e inquiriu, em tom de desafio:
-O que é
que você quer, Senhorita Miolos?
-Isso! - Berrou Hermione
descontrolada, puxando Rony para si e o espantando com um belo beijo
na boca, a que ele, após a surpresa inicial, correspondeu.
Harry e Gina se entreolharam, sorrindo. Finalmente!
Quando
Hermione soltou Rony, olhou para ele, com um sorriso e disse:
-Você
é mesmo um idiota. Você nos fez perder tanto tempo...
Rony, porém, corado até a raiz dos cabelos, só
conseguia gaguejar:
-Você... você...
-Eu... eu...
- Brincou Hermione, ligeiramente impaciente. - Eu beijei você,
sim. Beijei, sim, porque gosto de você. Sempre gostei.
-Você... você...
-Sim, Rony, sempre gostei. Todos
sabiam que nós gostávamos um do outro... menos nós
próprios.
Rony baixou os olhos:
-Mas... eu não
lhe mereço, Mione. Eu sou um...
-Um tonto? - Completou
ela. - Sim, tonto, estúpido, arrebatado, esculachado,
distraído, louco, infantil, engraçado, valente,
amigo... e é por tudo isso que eu te adoro, seu... seu
tonto!
Se jogando nos braços de Rony, Hermione tornou a
beijá-lo, perante o ar feliz de Harry e Gina.
Dumbledore convencera Lupin a
marcar o casamento para o mesmo dia da festa do final do ano lectivo
em Hogwarts. Sempre discreto, Lupin começara por discordar da
ideia, mas acabara por não conseguir resistir aos apelos de
Mary, a quem a ideia sorrira grandemente.
O Grande Salão
de Hogwarts estava enfeitado com todas as cores possíveis e
imaginárias e, no teto, se via um enorme arco-íris, num
céu muito, muito azul.
Dumbledore presidira à
cerimónia de casamento, durante o qual Molly e Tonks não
pararam de chorar, comovidas, e Gui aproveitara para pedir a Fleur
que fosse ela a próxima noiva.
Mary estava muito bonita,
num vestido azul-celeste, com reflexos cor-de-rosa e Lupin parecia
dez anos mais novo, com um manto azul-escuro novinho e o cabelo muito
bem penteado.
Os pais de Mary compareceram à cerimónia,
apesar do ar apreensivo. Pelos vistos, Lupin conseguira convencê-los
de que tudo faria para garantir a felicidade dela.
-Cuide bem da
nossa menina, sim? - Pediu a Srª Hollow, chorosa.
-Não
se preocupe. - Respondeu Lupin, abraçando Mary carinhosamente.
- Vou protegê-la com a minha própria vida. Para além
disso, a poção que o Snape deixou vai ajudá-la
muito.
Perto de Harry, Rony e Hermione dançavam, com ar
muito feliz.
-Pelo menos, dessa vez, você não me
convidou para uma festa como último recurso. - Brincou
Hermione, com uma careta. Rony riu e a calou com um beijo.
-Vamos
dançar? - Perguntou a voz de Gina, que estendia a mão
para Harry.
Ele abriu um enorme sorriso e, pegando na mão
dela, se levantou e respondeu:
-Claro, Senhorita Weasley.
Harry
não sabia dançar. Contudo, nos braços de Gina,
nada parecia ter importância. Junto deles, Neville e Luna
dançavam, agarradinhos, e Harry não pode deixar de
sorrir. Sorriu ainda mais ao ver Dumbledore puxar a Professora
McGonnagall para dançar.
Dumbledore voltara para Hogwarts.
Era, de novo, o diretor, cargo que, afinal, sempre lhe pertencera por
direito. O novo Ministro da magia era, agora, Artur Weasley e Percy
teria que se esforçar por agradar ao próprio pai, de
quem tanto havia desdenhado. Umbridge fora demitida e desaparecera
sem deixar rasto. Os Dementadores voltaram para Azkaban, retomando o
seu posto de guardas.
Todos aqueles que haviam participado da
batalha final contra Voldemort eram, agora, heróis e mitos no
mundo mágico, o que significava que o preconceito contra Lupin
e Mary se transformara numa grande admiração e
respeito. Essa mudança o levou Remo a aceitar o convite de
Dumbledore para reassumir o posto de Professor de Defesa Contra as
Artes das Trevas em Hogwarts, onde trabalharia junto da mulher, que
continuaria ensinando Adivinhação ao sétimo ano.
Harry se sentia no meio de um sonho, enquanto rodopiava nos
braços de Gina. De repente, olhou para a porta e estremeceu.
Um enorme cão preto o olhava fixamente, como se sorrisse. Não!
Não podia ser! Era bom demais para ser verdade...
-Snuffles!
- Gaguejou, com o coração disparando.
-O que foi? -
Perguntou Gina.
Harry a olhou, tremendo de felicidade.
-O
Snuffles, Gina! Ele está ali, junto da porta! Olhe!
Harry
voltou a olhar para o lugar onde acabara de ver a forma canina de
Sírius. Gina o imitou. Contudo, o cachorro já não
estava lá.
Harry correu até à porta, mas não
viu qualquer sinal de Snuffles... Mas não tinha sido um sonho!
Snuffles estivera ali e ele sabia disso, do fundo do seu coração.
FIM...
