Eu ainda tinha que protegê-lo. E enganar Treize.

(¯·..·¯·..·¯)

Passamos vários dias vivendo como em uma lua de mel.

Dentro do apartamento e com as janelas fechadas.

Aquilo era irritante. Não que eu quisesse desfilar sempre de mãos dadas com Duo, mas às vezes quando estávamos almoçando ou jantando em algum restaurante, ele me olhava como se implorasse por um toque que fosse, mas eu não podia. Então acabava me lembrando que a cada dia que passava eu ficava mais próximo de ser mandado para longe dele.

E isso eu não suportaria.

Com o passar dos dias, estar perto de Duo era algo necessário, imprescindível...eu não poderia mais ficar longe dele.

– Coração, você tentou cozinhar de novo? – Olhei para a cozinha semi-destruída e ri.

– Só tentei mesmo. – Seu olhar baixo amoleceu meu coração.

– Tudo bem, nós damos um jeitinho depois, ta?– O abracei, beijando sua testa. – Podemos comer fora.

– E aí eu não posso nem segurar sua mão ou te beijar. – Ele suspirou. – Eu não quero mais ter que passar por isso. – Naquelas semanas eu pude perceber o quão doce e frágil Duo podia ser. – Como eu queria arrancar os olhos do Treize com as minhas próprias mãos. – Ok, nem tão doce assim.

– Não fique assim, só mais um tempinho...

– Eu não quero que o tempo passe. – Ele se limitou a dizer.

– Certo, vamos pedir algo por telefone, então. – Ele ergueu aqueles olhos de filhote de cachorro. – Eu peço uma pizza, meu anjo. – Quando eu poderia negar algo a ele?

Estávamos nos arriscando muito mais do que podíamos. Ao invés de nos afastarmos, só nos aproximávamos mais e mais, tornando nossas presenças para o outro, coisas vitais. E na nossa situação aquilo era perigoso.

Só de imaginar ficar longe dele, meu coração apertava.

– É por isso que sou insanamente apaixonado por você! – Ele sussurrou, apertando minhas nádegas.

– Oh...você só está comigo porque te satisfaço na cama. – Me fingi magoado.

– Descobriu meu segredo. – Ele se afastou, mas em seguida me roubou um beijo. E meu fôlego.

Como eu poderia ficar longe do corpo dele?

(¯·..·¯·..·¯)

Três semanas...três semanas que estávamos juntos. E a cada dia ele me encantava mais.

Sua voz, seus toques, seus gestos gentis...tudo nele me fascinava e por várias vezes me esquecia do meu trabalho e me deixava levar por aquela paixão que crescia mais entre nós.

– Só temos sete dias, coração. – Me remexi sob seu corpo.

– Eu sei. – Murmurei, sentindo-o sair de dentro de mim. Por que ele tinha sempre que tocar naquele assunto?

– Acho que estou te pressionando demais. – Ele se sentou, fazendo meu corpo gritar pela perda de calor repentino.

– Não é isso...é só que...

– Olha eu entendo, ok? Tivemos uma ótima transa agora...e pra você foi só isso, sinto muito estar te pressionando a assumir algum risco por mim. – Notei seu tom magoado e ergui a mão para toca - lo, mas ele me impediu. – Eu vou tomar um banho e talvez dormir no quarto de hóspedes. – Me peito se apertou quando ele se ergueu, caminhando até a porta.

– Espere! – Levantei rapidamente e o abracei por trás, afundando o rosto em suas costas fortes. – Não é nada disso! Não foi só uma transa...foi muito mais pra mim, como sempre é quando você me toca. – Ele se virou e segurou fortemente meus ombros.

Ficamos nos encarando durante vários minutos, mergulhados na intensidade do olhar do outro. Era difícil para eu pensar em como tudo ficaria.

Odeio admitir, mas sempre fui um sujeito acomodado. Tudo estava bem. Para mim, tínhamos ainda uma semana. Para Heero tínhamos apenas uma semana.

E se eu não movesse meu traseiro e tentasse fazer algo eu o perderia por essa nossa diferença de pensamentos.

– Eu não posso ficar longe de você. – Sua voz rouca fez meu corpo se arrepiar. – Consegue entender isso, Duo? Consegue entender que eu me envolvi muito mais que imaginava? – A intensidade de suas palavras me atingiu em cheio, criando um grande bolo em minha garganta.

– Eu...eu...eu...

– Tudo bem. – Ele suspirou e me soltou. – Eu deveria saber que você não se envolveria a esse ponto com uma testemunha. Pode não ser só sexo, você pode estar apaixonado, mas eu...eu preciso de você. – Seus dedos tocaram delicadamente meu rosto. – Preciso do seu sorriso, da sua voz, do seu carinho, do seu corpo...preciso estar com você. – Meus olhos, involuntariamente, encheram-se d'água.

– Hee-chan... – Ele me calou.

– Não diga nada, coração. – Seus lábios pousaram sobre os meus. – Um dia talvez você consiga entender. – Então ele se foi, me deixando sozinho e com frio.

Quis segui-lo, mas não o fiz. Precisava pensar um pouco...tinha que bolar um plano, porque eu nunca deixaria aquele japonês maravilhoso.

(¯·..·¯·..·¯)

Meu peito batia desesperadamente em meu peito.

Naquelas semanas sequer havia passado pela minha cabeça que Duo podia simplesmente não corresponder meus sentimentos. Era bem plausível até.

Ele fora treinado para não se envolver com quem protegia e nada mais normal que ser apenas sexo para ele. Claro que ele sentia algo por mim. Eu via em seus olhos, mas era apenas carinho, desejo...tesão.

Eu sentia algo bem mais forte.

Entrei no banheiro e me enfiei em baixo do chuveiro. Um banho poderia me acalmar e fazer minhas idéias clarearem.

Apoiei as mãos na parede e deixei a água escorrer por meu corpo, enquanto pensava em Duo. Aquele americano baka conseguiu me fazer esquecer do porque eu estava ali.

E que eu estava correndo risco de morrer a qualquer instante.

Hn. Maldita vida de jornalista.

Quando abri meus olhos me deparei com duas jóias me encarando.

– Deus, Duo! – Praticamente gritei. Ele estava encostado a parede, com a cabeça entre minhas mãos espalmadas.

– No que estava pensando? Nem percebeu minha presença! – Ele fez um adorável biquinho e eu sorri.

– Estava pensando em você. – Seus olhos escureceram.

– Vamos esclarecer umas coisas aqui, Yuy. – Ele apontou um dedo para o meu rosto. – Você falou um monte de coisas para mim no quarto e não me deixou revidar. – Franzi as sobrancelhas. – Você vai me ouvir! – Eu assenti e esperei, mas ele não disse nada.

– Duo?

– Mas primeiro, saia de tão perto...com seu corpo nu e molhado perto de mim eu não consigo pensar direito! – Eu sorri, abraçando-o forte.

– Anjinho...

– Oh, Hee-chan...você falou coisas tão lindas! – Seus braços circularam minha cintura. – Eu também queria falar coisas assim, mas...eu só posso dizer que também preciso de você, que te quero sempre do meu lado...poxa...eu não me imagino acordando sem você do meu lado! – Segurei seu rosto entre minhas mãos. – Desculpe por te fazer pensar o contrário, mas eu achei...

– Que tínhamos ainda uma semana. – Ele arregalou os olhos, mas assentiu.

– Eu não queria pensar em coisas ruins...só queria ficar com você. – Ele passou a língua pelos lábios inocentemente, mas meu corpo respondeu ao gesto. – Mas...eu não quero me separar de você e farei o que for preciso para...Heero, por que está me olhando assim?

– Sua boca...seu corpo assim... – Passei meus dedos pelo seu tórax. – Não deveríamos ter conversas sérias debaixo do chuveiro...eu não resisto. – Ataquei seus lábios furiosamente.

– Espera, Hee-chan...espera... – Ele me empurrou e eu o olhei frustrado. – Oh, merda! – Suas mãos buscaram meu membro. – Esquece...vem logo! Conversamos depois.

O imprensei contra a parede azulejada, colando meu corpo ao dele. Ele suspirou me puxando ainda mais, tentando suprimir o espaço inexistente entre nós.

Beijei seu pescoço e em seguida o virei de costas para mim, roçando meu membro em suas nádegas.

– O que isso te lembra, meu anjo? – Sussurrei, enquanto meus dedos encontravam seu membro.

– Oh...Hee-chan... – Ele empinou os quadris, separando as pernas. – Me possua...por favor.

– Diga: o que isso te lembra? – Exigi, pressionado meu membro em sua entrada.

– Nossa...primeira vez! – Ele gritou quando a ponta do meu membro penetrou seu corpo ainda receptivo devido ao nosso ato de algum tempo atrás.

– Bom garoto. – Gemi e em uma estocada forte o penetrei por completo, ouvindo um grito desesperado em resposta.

Fiquei um tempo parado, apenas beijando seus ombros e seu pescoço delicadamente, enquanto uma de minhas mãos acariciava seu membro e a outra deslizada por sua cintura.

Ele gemeu, empurrando o corpo para trás em um pedido mudo por mais. Eu o atenderia satisfeito se o telefone não tivesse tocado.

Sussurrei todos os palavrões possíveis enquanto me retirava de seu corpo. Ele apoiou a cabeça por alguns instantes na parede, parecendo ainda mais frustrado que eu.

– Não diga essas coisas assim, Hee-chan...fico mais excitado. – E com um beijo rápido ele correu para atender o telefone, molhando a casa toda no processo.

Meu corpo protestou e eu me vi obrigado a me aliviar sozinho.

Mas pegaria aquele americano quando ele voltasse.

(¯·..·¯·..·¯)

Eu me perguntei por que os telefones sempre tocavam nas horas mais impróprias. Parece que foram criados especialmente para isso.

Merda!

Ainda com o corpo pegando fogo pelos toques de Heero, corri para o irritante aparelho, imaginando se joga-lo na privada era uma boa opção.

Não...infelizmente não seria inteligente fazer isso.

– Alô. – Disse de forma ofegante.

Duo? Céus eu pensei que você não fosse atender! – Reconheci a voz de Chris e suspirei.

– O que você quer? Seja rápido! Eu estava tomando um delicioso ban...

Eles sabem onde Heero está e você tem menos de vinte minutos para tira-lo daí! – Minha mente se recusou a trabalhar enquanto meu corpo ainda implorava pelo de Heero.

– Como assim, Chris?

Não temos tempo, Maxwell! Saía daí agora! Já contatei Treize e em cinco minutos um helicóptero estará no telhado. – Finalmente minha mente resolveu trabalhar. – Agora, Duo!

– Oh, Deus! Obrigado, meu amigo! Se você estivesse aqui lhe daria um beijo. – Ele riu. – Vou sair agora mesmo com Heero.

Boa sorte! O piloto sabe o destino que Treize escolheu para vocês.

– Certo! – Desliguei o aparelho, sentindo minha cabeça rodar.

A vida de Heero corria perigo. Eu tinha que salva-lo.

O mais rápido que pude corri até o quarto e separei algumas roupas, indo até o banheiro em seguida.

– Duo?

– Vamos, Heero! – Ele me puxou pelo braço.

– Vem, anjo...

– Eles nos acharam, Heero! Vamos embora! – Ele perdeu a cor e eu o esbofeteei. – Acorde! Vamos logo!

Como dois loucos, nos vestimos o mais rapidamente possível. O fiz vestir um colete a prova de balas, enquanto vestia o meu próprio.

Sem tempo. Sem tempo.

Com uma mochila nas costas subi até o telhado, carregando Heero comigo. Ele parecia assustado demais para se mover sozinho.

Eu não era mais o rapaz apaixonado, eu era um agente do FBI e precisava proteger Heero com minha própria vida. E eu o faria.

– Duo, por favor... – Eu calei com um gesto, caminhando até o helicóptero que nos esperava.

O piloto me sorriu e em um gesto rápido o puxei, golpeando-o em seguida. Heero me olhou, espantado e eu sorri tranqüilizando-o.

– Minha experiência diz para não confiar em estranhos. – Segurei sua mão. – Suba. – Ele pareceu em dúvida e eu o abracei. – Vou te proteger, eu prometo. – Em silêncio embarcamos e eu fiquei um tempo apenas olhando os controles.

– Duo?

– Eu não lembro como se pilota isso...acho que... – Algo estalou em minha mente. – Sim! – Ajustamos os fones e os comunicadores e em poucos minutos estávamos voando para longe do meu apartamento.

– Duo...

– Diga. – Com os controles presos firmemente em minhas mãos, me permiti olha-lo.

– Preciso te confessar que nunca voei de helicóptero porque...morro de medo. – Eu sorri.

– Então tenho que te confessar que fui expulso das aulas de vôo. – Ele franziu as sobrancelhas. – Digamos que nas poucas aulas que tive descobri que helicópteros não são a prova d'água. – Seus olhos quase pularam das órbitas. – O instrutor disse que eu era uma negação e implorou que Treize não permitisse mais minha ida às aulas.

– Estou bem mais tranqüilo. – Eu gargalhei, vendo-o apertar as mãos no banco, enquanto seus olhos estavam firmemente fechados.

Toquei seus dedos rapidamente, chamando sua atenção.

– Vou nos tirar dessa. – Ele sorriu fracamente. – Eu prometo.

Duo? – Reconheci a voz de Treize no rádio.

– Sim?

O que você fez com o piloto?

– Hum...deixei-o lá...não confio em ninguém, Treize, você sabe.

Maxwell, você matou meu agente?

– Não...apenas o fiz dormir. – Heero ao meu lado riu. – E nosso destino foi mudado. É seguro dizer?

Sim.

– Vou para a sua casa.

O QUE?

– Não a que você mora! – Expliquei. – Aquela outra nos arredores de Nova York.

Você está maluco? Você vai para onde...

– Vou pra là, Treize, é mais seguro e você diga que eu surtei e fugi com a testemunha e que vai me caçar, assim você fica responsável pela minha busca.

Mas...

– Eu sei que são agentes do FBI que estão atrás de nós, Treize...se você comandar as buscas pode despistílos.

Certo, Maxwell, mantenha-o vivo durante essa semana e te espero na porta do tribunal. As chaves estão enterradas no chão, em baixo do tapete da entrada dos fundos.

– Obrigado, Treize.

Mandarei Chris e Leon ficarem de vigia por lá. Adeus.

(¯·..·¯·..·¯)

Eu não estava com medo.

Estava apavorado.

Apesar de saber da minha situação, jamais imaginei que seria realmente perseguido por agentes corruptos do FBI.

Depois de uns dez minutos a adrenalina começava a sair do meu sangue me deixando com uma sensação...vazia. Eu ainda estava com medo, mas só conseguia pensar no meu futuro. Se é que eu tinha um.

Se conseguíssemos sobreviver às habilidades de piloto de Duo, o que faríamos a seguir? Iríamos para alguma casa escondida e então...

– Merda! – O grito do americano me tirou de meus devaneios e então notei sua expressão raivosa. – Segure essas merdas de controle, Heero!

– O que?

– Porra, Heero, apenas mantenha os controles firmes! – Eu obedeci, chocado demais para pensar quando ouvi o barulho de tiros ricocheteando pelos ares.

Ele pegou sua arma na cintura e colocou o corpo para fora, atirando contra os nossos perseguidores. Minha mente estava vazia e eu só conseguia sentir medo...medo...medo...

Duo era um louco, completamente insano...eu podia ouvir claramente as balas batendo no helicóptero, perfurando...céus! Iríamos morrer!

Minhas mãos começaram a tremer, então notei que estávamos sobre um rio e estávamos caindo...caindo...caindo...

– Heero! – Seu punho acertou minha bochecha, enquanto ele se encostava no banco fugindo das balas. – Apenas mantenha essa merda de controle firme! – Suas mãos pousaram sobre as minhas, fazendo-nos ganhar altitude novamente.

Em movimentos cadenciados notei que balançávamos de um lado para o outro. Duo provavelmente tentava fugir das balas.

– Céus...Duo... – Balbuciei, enquanto o via carregar sua arma, pegando outra pistola na cintura, ouvindo outra rajada de tiros.

– Vou tentar fazê-los cair, por favor, nos mantenha firmes. – Eu assenti, apavorado demais para responder qualquer outra coisa.

E se Duo não os fizesse cair? O que seria de nós?

Continua...


Primeiramente perdoem-me pela falta de acentos em certos "as" mas é que o nosso querido site resolveu não reconhecê-los...

É...acho que viajei nesse finalzinho, mas não estamos numa fic de aventura, certo? Talvez eu tenho exagerado, mas é que aqueles filmes americanos não em fizeram bem mesmo...

Mas fora essa minha "viajada" para alguma galáxia distante, espero que tenham gostado desse cap! Posso dizer que me diverti bastanta escrevendo! E desculpem pela demora! Tive alguns probleminhas!

E claro...valeu pelas reviews, pessoal! Cada vez que abro minha caixa de email e vejo os recados que vcs deixam pra mim eu fico kuase histérica!

Por hora é só...comentem, pleaseeeeee! Continuo com o mesmo esqueminha, ta? Quanto mais reviews mais rápido vem o cap...HIHIHIHEHEHEHAHAHAAHAHA +risada maquiavélica+

Andei surtando mesmo...

Bjus, gente!