E nenhuma noite foi melhor que aquela.

(¯·..·¯·..·¯)

Ele era meu.

Isso era apavorante.

Mas não era ruim. Era gostoso saber que éramos um do outro. Claro que tudo seria mais fácil se não estivéssemos correndo riscos de sermos mortos a cada segundo.

Mas naquela noite eu esqueci desse pequeno detalhe. Eu era apenas um rapaz apaixonado.

–Bom dia, coração. – A voz sussurrada me fez abrir os olhos lentamente para encontrar aquela imensidão azul.

–Hum...quero dormir... – Disse manhosamente.

–Acho que não...seu amigo...o tal do Chris ligou para esse aparelho e... – Nem o deixei terminar, pegando o celular que ele agitava no ar, discando o último número recebido.

Após a ligação eu apenas mirei Heero, olhando-o de forma séria.

–Hee-chan... – Chamei num sussurro, abraçando-o forte em seguida, me perdendo em meio aquele calor tão reconfortante.

–O que foi, Duo? – Sua voz soou assustada. – Por favor! Você está me assustando! – Ele me segurou pelos ombros. – Me diz o que seu amigo disse.

–O julgamento...a data foi mudada...

–Para quando?

–Amanhã...às nove da manhã. – Seus olhos praticamente pularam das órbitas.

–Mas...

–Foi a oportunidade perfeita...se você não aparecer eles se livram. – Ele me abraçou carinhosamente.

–Então estaremos lá e hoje aproveitaremos nosso tempo. – Eu apenas assenti, deixando algumas lágrimas escorrerem.

Lá estava eu novamente...eu achava que teríamos ainda um semana...mas tínhamos apenas um dia. A vida poderia ser mais injusta?

Eu teria que dar um jeito de levar Heero até o tribunal...claro que haveriam agentes por toda a parte tentando nos matar, mas...eu conseguiria. E depois...nós...ficaríamos juntos.

Como, ainda era o problema.

Me levantei pronto para tomar um banho, mas Heero me puxou para a cama, deitado sobre meu corpo, já tomando minha boca de forma selvagem.

–Hey! – O empurrei levemente, puxando o ar para dentro de meus pulmões.

–Hum...temos pouco tempo, coração...

–Mas não é por causa disso que vamos fud... – Ele me deu um tapa na boca.

–Guarde essas suas palavras desaforadas para quando eu estiver dentro de você. – Eu ri.

–Sabe...ontem você estava tão doce...tão passivo...eu gostei sabia? – Ele cravou os dedos em minhas coxas, arrancando um gemido de dor dos meus lábios.

–Mas eu não sou assim, meu amor...eu gosto de te dominar..te provar que você é só meu... – Uma mordida em meu pescoço me fez tentar empurrá-lo mais forte.

–O que está fazendo? – Indaguei assustado com toda aquela violência.

–Se eu morrer, Duo... – Sua língua escorregou pelo local dolorido pela mordida. – Vou te deixar uma marca...para provar pra quem tentar se aproximar que você era meu...é meu... – Eu gemi, me deliciando com aquelas palavras e só então percebi o quão pervertido que eu era.

Nos amamos como dois desesperados e único tempo que tive longe dos braços fortes dele, aproveitei para pegar algumas coisas com Chris: comida, roupas descentes para o julgamento e pedi para que ele providenciasse um carro. Sairíamos de madrugada.

E seria perigoso, mesmo com meus amigos nos escoltando até a porta do tribunal.

Bem...tínhamos que aproveitar!

(¯·..·¯·..·¯)

Parecíamos dois loucos.

Parecíamos não: éramos.

Pena que o dia tenha passado tão rápido e com a aproximação da noite meus medos voltaram, me fazendo tremer de encontro ao corpo que eu tanto amava.

–Fique calmo, Hee-chan, apenas durma um pouco. – Eu assenti, abraçando-o por trás.

–Mesmo com todo o nervoso seria impossível não dormir! – Brinquei. – Estou exausto.

–A culpa não é minha! – Ele entrelaçou os dedos com os meus. – Você quem não me deixou em paz um minuto! Nem sei como vou agüentar ficar sentado dirigindo!

–Não ouvi você reclamar, amor...pelo contrário...só escutava algo bem parecido com "mais, Hee-chan...tudo!" – Ele se desvencilhou, ficando de frente para mim e eu notei como as suas bochechas estavam rubras.

–Não fale essas coisas! – Enlaçando minha cintura, ele apoiou a cabeça em meu peito, se acomodando naquele lugar que era só dele.

–Certo, amor...vamos dormir então. – Depositei um beijo em sua testa, sentindo puxar mais as cobertas, ronrando como um gatinho.

–Chris vai nos ligar na hora de irmos. – Torci o nariz diante do nome. – Noite, amor.

–Boa noite, meu anjo. – Murmurei, aspirando o perfume de seus cabelos.

Céus! Como eu o amava!

O tempo que dormimos não foi o suficiente para o meu corpo. Todos os meus músculos protestaram quando Duo me ergueu da cama, praticamente me segurando no colo.

–Amor... – Sua voz melodiosa acompanhou o jato de água quente em meu corpo.

–Duo! – Gritei, assustando. – Por que não esperou eu despertar antes de me enfiar debaixo d'água? – Indaguei e ele apenas me sorriu, me abraçando forte.

–Eu te amo tanto, amor...tanto. – O afastei, olhando em seus olhos. – Não quero lhe perder.

–Não vai, coração. – Afirmei, beijando seus lábios delicadamente. – Eu te amo.

Nos tocamos, nos beijamos...tudo como se fosse a última vez. Mas claro que não seria! Esse tipo de pensamento sempre passa pela cabeça de pessoas que estão em situações difíceis! Claro que eu teria mais banhos com Duo, mais beijos, carinhos...mais tempo.

Entramos no carro depois que Duo se certificou que o colete a prova de balas estava ajustado direito em meu corpo. Tolice. Se acontecesse algo com ele eu o seguiria. Com ou sem colete.

–Vai dar tudo certo, Hee-chan! – Ele sorriu assim que colocou o cinto, me beijando em seguida. – Vamos conseguir. – Eu assenti, sentindo o frio da madrugada em meu rosto. – Feche a janela e tente descansar mais um pouco. – Eu tentaria se não estivesse apavorado.

–Te amo muito, Duo...demais mesmo. – Murmurei, encostando a cabeça no banco, pousando minha mão em sua coxa.

–Eu sei, amor...eu sei. – Sua voz soou doce e eu sorri, fechando os olhos.

O carro corria a toda velocidade por pequenas estradas secundárias, mas quando o sol nascia Duo teve que dirigir pelas avenidas principais. A todo instante eu olhava pelo retrovisor, notando que os amigos do americano nos seguiam.

Alguma segurança pelo menos.

–Vai demorar? – Murmurei, sonolento.

–Leon acha melhor se chegarmos em cima da hora...isso nos dá três horas livres, mas não podemos ficar vagando pela cidade.

–Ache algum estacionamento 24 horas. – Ele abriu um grande sorriso e ligou para o tal de Chris, informando para onde estávamos indo.

Estava tudo bem até então...mas algo me dizia que as coisas não ficariam tão calmas até a hora do julgamento.

(¯·..·¯·..·¯)

Estacionei o carro e imediatamente tirei o cinto, puxando Heero para mim. Ele se assustou, mas me abraçou, encostando a cabeça em meu peito.

Iria acontecer alguma coisa...eu podia sentir o cheiro do perigo no ar.

Chris e Leon estacionaram um em cada lado do carro onde eu estava com Heero, tentando nos dar alguma proteção.

Pena que não foi o suficiente.

Faltando apenas 20 minutos para as nove horas um carro entrou no estacionamento velozmente, atirando contra nós. Ouvi o grito apavorado de Heero e entrei no piloto automático.

Pisando fundo escapei do primeiro perseguidor, deixando Leon em uma troca de tiros complicada. Mas eu não me importei, meu trabalho era proteger Heero.

O segundo carro tentou nos fechar na saída do estacionamento. Realmente só tentou, porque eu não me importei em amassar o lado esquerdo do carro.

–Pelo amor de Deus, Duo! – Olhei para Heero, antes de fazer uma curva fechada. – Você está sangrando! – Captei o terror em sua voz e só então notei algo quente em minha bochecha. Aparentemente alguns estilhaços de vidro haviam cortado meu rosto.

Escapei de um terceiro perseguidor graças a Chris que o interceptou. Faltava pouco para o tribunal...tão pouco...Eu já podia ver a aglomeração de jornalistas na porta.

–Se segura! – Gritei, enquanto ouvia tiros serem disparados em nossa direção. O carro rodopiou, quase atropelando algumas dezenas de jornalistas histéricos que gritavam por causa dos tiros.

Vi um ou dois rapazes feridos, mas me concentrei em Heero. Saindo do carro, puxei-o junto comigo, deixando-o atrás do meu corpo, protegendo-o. Dois homens saltaram do carro que nos perseguia e atiraram em nossa direção.

Nunca aquela maldita escada que dava acesso ao tribunal foi tão longa.

–Parados! – Eu não quis ouvir, apenas ignorei os dois guardas e empurrei Heero para dentro, sentindo uma dor aguda em minhas costas...uma, duas, três vezes.

Rolamos pelo chão e parei com Heero sobre mim. Um de meus braços o envolvendo, enquanto o outro empunhava a arma.

–Vocês dois!

–Esse é o senhor Heero Yuy! – Os guardas arregalaram os olhos. – Eu sou o Agente Maxwell.

–Agente Maxwell? O senhor está preso por...

–Ele não está preso por nada. – Ouvi a voz forte e ergui os olhos, encontrando Treize sorrindo para mim. – Ele trouxe a principal testemunha para esse caso, deixe-o. Ele está sob minha supervisão.

–Certo, senhor Kusherenada. – Os guardas abaixaram a cabeça. – Vamos, senhor Yuy.

–Não! – Heero se ergueu e se aproximou de mim, tocando minhas costas. – Você foi atingido...tudo bem?

–Graças ao colete. – Murmurei, sorrindo. – Agora v� Heero. – Seus olhos imploraram e eu apenas suspirei.

–Nós mesmo o acompanharemos, senhores, podem voltar aos seus postos. – Agradeci a Treize com um sorriso.

Treize nos guiou pelos corredores e antes de levar Heero pedi um momento a sós com ele.

–Oh, amor! – Ele se jogou em meus braços, assim que entramos no banheiro. – Está tudo bem com as suas costas? – Eu murmurei um "sim", abraçando-o forte, ignorando a dor.

–Se preocupe com o que vai dizer, certo? – Ele assentiu, buscando meus lábios.

Nos beijamos castamente, apreciando aquele contato tão doce. Se eu pudesse não o deixaria ir. O levaria para longe de tudo e o amaria para o resto da vida.

A voz de Treize me tirou de meu pequeno transe e a contragosto afastei Heero de mim, sorrindo.

–E depois?

–Ficaremos juntos. – Afirmei, acariciando seu rosto pálido. – Não tenha medo, amor, apenas conte o que sabe. – Ele tremeu levemente. – Por favor.

–Tudo bem. – Ele tentou sorrir e ajeitou o terno que usava, tentando deixá-lo descente.

–Eu...amo você. – Murmurei, beijando-o rápido.

–Também te amo. – Foi a última coisa que ele disse antes de Treize levá-lo.

Não assisti ao julgamento, apenas fiquei sentado em um dos bancos, fora da sala, esperando por algo que eu não sabia o que era.

–Vocês têm algo não é? – Olhei para Treize que se sentou ao meu lado e ignorei sua pergunta e sua presença.

Não conseguiria falar de qualquer forma.

Só conseguia pensar em Heero dentro daquela sala, diante das pessoas que mandaram matá-lo.

(¯·..·¯·..·¯)

O julgamento foi...vago.

Não me lembro bem de tudo que aconteceu, só sei que depois do meu depoimento o secretário de Segurança tentou avançar para cima de mim. Aparentemente aquele fora seu erro.

Ele e o traficante foram condenados a não sei quantos anos de prisão, por não sei quantos crimes. Não prestei atenção, só conseguia pensar em Duo.

O esperei na sala adjunta da qual ocorria o julgamento, mas ele não apareceu. O tempo foi passando e meu peito se apertava mais e mais...

–Senhor Yuy, venha conosco. – Pensei em protestar, mas apenas assenti, me deixando ser levado pelos dois guardas. Foi por eles que eu soube do resultado do julgamento. Não que eu me importasse.

Na saída do tribunal meus colegas de profissão fizeram alvoroço, mas eu só conseguia procurar aquela longa trança com meus olhos.

–Entre! – A voz forte veio junto com um empurrão, me jogando para dentro do conversível preto.

Eu estava com medo. Apavorado era a melhor palavra. Estavam me levando para algum lugar e eu nem sabia se aqueles eram os mocinhos ou os bandidos!

–Yuy? – Ergui meus olhos e identifiquei vagamente a voz. – Sou Chris, colega do Duo. – Eu assenti, sentindo ciúmes só de olhá-lo. – Vou te levar para o hotel e amanhã você saberá seu destino. Você bem sabe que como testemunha sua vida...

–Eu sei de tudo isso, eu quero saber onde o Duo está. – Murmurei, seco.

–Ele está em detenção, senhor Yuy. – Eu arregalei meus olhos. – Ele seqüestrou o senhor e...

–Ele não me seqüestrou! – Gritei, tentando abrir a porta do carro.

–Se acalme, senhor, quando chegarmos no hotel lhe darei mais detalhes sim?

–Eu só quero ver o Duo. – Sussurrei, me encolhendo.

O que era aquilo afinal? Um adeus definitivo?

O quarto era bem confortável tenho que admitir, mas a cama não era atraente apesar de todo o meu cansaço. Não havia um lindo americano sobre ela.

Tomei um banho e me sentei na sacada, observando as dezenas de carro do FBI que estavam ali só para me proteger. Bobagem. Eu só precisava de um certo americano baka.

Cedendo ao meu cansaço me joguei na cama, apenas com o roupão, desejando ardentemente acordar como naquelas últimas semanas: com Duo.

Eu não consegui acreditar que depois que tudo que havíamos vivido ele desaparecia da minha vida. Eu já nem conseguia me importar se invadiriam meu quarto e me matariam.

Era tudo confuso demais.

Eu era dele...merda! Ele não podia sumir! Ele tinha prometido que não iríamos nos separar!

Bem...eu parecia uma mocinha chorando pelo amor perdido. Eu não era uma mocinha, é verdade...mas Duo era, sem sombra de dúvida, o amor da minha vida.

Eu tinha a tendência de ficar bem sentimental longe dele. E perto também.

(¯·..·¯·..·¯)

Deveria lembrar de agradecer a Quatre por ser um amigo tão fabuloso.

Estava tudo que eu chamaria de essencial dentro da mala, coisas minhas e de Heero...só tinha um problema...eu deveria arrumar um jeito de sair daquela maldita sala onde estava preso por "má conduta".

Ora que a conduta se danasse no inferno!

Uma, duas, três...várias horas e nada. Pela pequena janela notei que já anoitecia e um medo se apossava cada vez mais de mim.

E se tivessem levado Heero para longe?

–Hey, Duo! – A voz de Leon despertou meus sentidos. – Pegue sua mala e vamos, cara! – Arregalei meus olhos e mais que rapidamente saí com meu amigo dali, me esgueirando pelas paredes até estar seguro do lado de fora.

–Eu não sei como te agrade...

–Calado, Maxwell! – Eu sorri. – Aqui está o endereço de onde ele está. – Um pequeno papel foi depositado em minha mão. – Chris conseguiu acompanhá-lo, mas parece que seu namorado não lhe deu muita confiança. – Meu sorriso se alargou, me lembrando do meu doce ciumento japonês. – Tome cuidado, certo? Ninguém vai poder te ajudar a entrar. – Eu assenti. – Mas Chris preparou algo.

Corri pelas ruas movimentadas, me ocultando na multidão. Prendi minha trança sob minha blusa, tentando ficar mais discreto, gemendo quando meus cabelos roçaram nas queimaduras provocadas pelos tiros. Abençoados sejam os coletes a prova de balas!

Mas aquelas queimaduras de atrito doíam pra cacete!

O charme Maxwell serviu para passar por alguns agentes do FBI na porta do hotel. Conseguir um quarto foi ainda mais fácil, já que a atendente parecia ter uma queda por homens de olhos violetas.

Hn. Quem pensa que os agentes do FBI são homens extremamente inteligentes, que não podem ser tapeados anda vendo muitos filmes americanos. Eles são apenas homens normais...que se distraem constantemente.

O difícil seria convencer os quatro guardas que estavam na porta do quarto de Heero.

Com alguma sorte...uma explosão no elevador na extremidade do corredor foi minha deixa e com extrema rapidez me entrei no quarto do meu belo japonês, trancandoa porta.

Agradeceria a Chris depois.

Ele estava tão lindo! Jogado na cama, com apenas um roupão cobrindo seu corpo.

Como eu poderia ficar sem ele?

Ouvi a movimentação no corredor e fiquei atrás da porta. Algumas palavras baixas foram trocadas e então eles saíram, convencidos de que ninguém tinha entrado.

Já disse que agentes federais podem deixar a desejar na inteligência algumas vezes?

Tranquei a porta silenciosamente e me aproximei de meu amante, sentando-me ao seu lado. Quando toquei seu rosto ele se mexeu levemente, se aproximando do meu toque. Eu fiquei espantado como ele podia ter um sono tão pesado...ele deveria estar tão cansado, tão magoado...

–Hee-chan. – Chamei suavemente. – Acorda, meu amor... – Ele se remexeu e abriu os olhos.

–Du... – Sufoquei seu grito com meus lábios, sentindo todo o seu desespero.

Seus braços circularam meu pescoço e eu caí pesadamente sobre seu corpo. O beijo foi intenso e durante vários minutos nos esquecemos até mesmo de respirar.

–Eu...eu pensei que você...céus! – Eu ri, apoiando a cabeça na curva de seu pescoço.

–Eu disse que ficaríamos juntos, Hee-chan!

–Te amo... – Ele segurou meu rosto. – Te amo, te amo, te amo...sempre! – Eu assenti.

–Eu também amo você! Mas agora temos que parar com isso e dar um jeito de sair daqui!

–Fugir? – Sua expressão assustada era uma tentação.

–Humhum. – Rocei minha coxa sobre seu membro. – Por que eu não consigo te resistir? – Sussurrei em seu ouvido.

–Duo... – Ele gemeu, se empurrando contra mim. – Assim...eu vou querer e...

–E nós vamos fazer um amor selvagem, quebrando tudo aqui dentro e nos descobririam. – Seu gemido foi mais alto e eu o calei. – Teremos tempo assim que saímos daqui.

–Para onde vamos?

–Não sei. Chris te deu algo? – Ele franziu a sobrancelha.

–Um papel onde estava escrito oito horas e dez horas. – Olhei para o relógio.

–Oito foi a primeira explosão...temos um pouco mais de uma hora e meia até a segunda então. – Conclui.

–E o que faremos?

–Ficaremos quietinhos, meu amor... – Desci meus lábios por seu pescoço, abrindo seu roupão.

Não fizemos amor efetivamente, mas meus talentos...hum...labiais foram muito apreciados.

Declarações bobas, palavras doces...éramos dois tolos apaixonados...que corriam risco de morte.

Às dez horas conseguimos fugir, graças à explosão que Chris providenciou.

E por mais hilário que pareça, ninguém sequer desconfiou. Um velho truque de travesseiros sob os lençóis parece ter enganado os agentes que acharam que Heero ainda estava no quarto.

Os filmes são ou não são mentirosos?

(¯·..·¯·..·¯)

Eu ainda sentia a adrenalina correndo em meu sangue por causa daquela fuga desesperada. E perigosa.

Ainda aturdido caminhei com Duo para longe do hotel, me apoiando nele.

–Até que enfim, Maxwell! – Ergui meus olhos, encontrando Chris. Apertei meu braço em volta da cintura de Duo possessivamente, recebendo um pequeno beijo como resposta.

–Então minha suposição estava certa mesmo. – Duo sorriu, apertando a mão de seu amigo. – Belas explosões.

–Valeu. – Ele sorriu e quase me convenceu que era uma boa pessoa. – Eu sabia que você viria até aqui.

–E eu sabia que você estaria aqui. – Me senti incomodado olhando em volta, estávamos em um parque, completamente deserto aquela hora. Como Duo sabia que Chris estaria ali? Será que eles se encontravam ali? – O que tem pra mim?

–Tome. – O rapaz entregou um envelope para Duo. – Não perca o horário. – O americano abriu o envelope e soltou um assobio.

–Destino?

–Leia. – Ele respondeu de forma displicente.

–Nossa! Chris, você é demais! – Duo me soltou e deu um abraço no amigo. Meu sangue ferveu e sem mais demoras o puxei, o arrastando pela rua.

Ouvi o som de sua risada cristalina e seu agradecimento àquele engraçadinho. Hn! Duo era meu!

–Pra onde vamos? – Perguntei quando já estávamos a uma distância segura de Chris.

–Acho que a casa de Quatre...os agentes só devem entrar no seu quarto pelas 9 da manhã...a essa hora já estaremos no avião. – Ele deu de ombros e me puxou, me abraçando forte. – Você fica uma graça com ciúmes!

–Hn. Mas e você? Eles podem estar atrás de você! E podem achar que você quem criou as explosões e...

–Leon cuidou de tudo, não se preocupe! Só vão dar a minha falta de manhã! – Balancei a cabeça, confuso, não entendendo como aquelas coisas funcionavam. Mas eu estava com Duo...só isso importava.

Passamos a noite vagando pela cidade, nos aproximando do aeroporto. Duo achou que seria arriscado ir até Quatre.

Sem inconveniente nenhum, embarcamos e foi então que descobri nosso destino.

–Por que estamos indo para a França? – Indaguei assim que o avião decolou.

–Andamos te investigando e descobrimos que você tem uma conta considerável por l� Hee-chan. – Ele entrelaçou nossas mãos. – Como você pode ter tanto dinheiro se é só um jornalista?

–Eu fiz matérias muito...importantes. – Disse de forma vaga.

–Como assim? Eu nunca vi nenhuma matéria sua... – Algo pareceu estalar em sua mente. – Você é um chantagista, Hee-chan! – Eu sorri. – Você recebia dinheiro de pessoas importantes para não publicar o que descobria!

–Bingo! – Murmurei, puxando-o para mim. – Agora vamos dormir, sim?

–Oh...você mau! – Eu assenti, beijando-o delicadamente.

Mesmo sem frio, pedimos um cobertor a então eu descobri como era bom ter um orgasmo em um avião. E Duo provavelmente também, já que parecia bem satisfeito quando explodiu em minha mão.

Éramos dois loucos.

Mas só o que importava é que estávamos indo para longe de tudo, para começar algo novo.

Algo só nosso.

Continua?


Bem...esse é o fim? Sinceramente não sei...que cs acham?

Obrigada pelas reviews!

E mandem comentários!

Bjus!

Arsinoe