"Afrodite treina uma aprendiza na poderosa arte das rosas, mas será que no final ele conseguirá se separar dela, ao descobrir algo diferente em si próprio?"
As rosas não falam
Capítulo 13 - A Decisão
- Hmmm... Você ainda olha para mim com essa cara de bobo... hi hi.
Ele franziu as sobrancelhas, e falou muito sério. - Acha isso? Agora só tenho uma escolha, não é? Morrer ou te matar...!
- O.O ...o quê? Tá louco?? - ela arregalou os olhos em surpresa.
- Não. Segundo as regras, seriam esta as minhas duas opções... Vi uma amazona sem máscara! Isso é grave, sabia? - ainda continuou sério.
Ela soltou uma gargalhada. - Por acaso você acha que eu o mataria?? Hahahaha... Parece uma piada. Não gosto dessa história de matar... além disso tenho outra escolha...
"Na regra das amazonas é matar ou... amar?? Hmmm... então..." pensou. Ainda com a estranha expressão facial séria, ele voltou a perguntar: - Sei... Posso lhe pedir uma coisa? - pausou. - É um conselho de amiga, ta? Não usa mais essa trança no alto da cabeça... que coisa horrorosa e ultrapassada... tsc tsc.. Você é tão boni... para usar essas coisas de velha...
Foi interrompido. - O quê diisseee? Por acaso está dizendo que a minha trança é feiosa e coisa de velha?? - ela levantou a voz em irritação.
- Não... quêêêiiisssoo... Deixa pra lá, então.
Ela franziu as sobrancelhas, cruzou os braços e falou indignada: - Pior é você que fica usando aquela maquilagem para 'realçar os traços do rosto'... Pensa que eu nunca percebi? Ou que talvez tenha morrido de rir nas suas costas? - ela parou e olhou para ele. - Epa... peraí. Você não está usando... e o cabelo está diferente, as suas roupas... Por que diabos você está vestido como um homem?? - só então ela realmente olhou para ele.
Afrodite balançou a cabeça em reprovação. - Tsc tsc... Eu sou um homem, e você até que sabe bem disso... - olhou para ela e viu o seu rosto mudar de cor com o comentário. - Eu não poderia sair na rua parecendo um travesti, sou um cavaleiro de ouro...! Afinal preciso honrar o título, já que pago um absurdo da anuidade da carteira do sindicato...
- Sim... é verdade... O meu cavaleiro de ouro... - murmurou pensativa.
- Agora, o que você diiissseeee??!
- Nada não... - sorriu e estirou a ponta da língua para ele. Dessa vez, ele é quem ficou com as bochechas coradas.
O silêncio reinou por alguns minutos até que Afrodite resolveu falar algo...
- Sabe... Pode parecer insano para mim te dizer isso, mas tenho que agradecer a Saori, por ter me enviado para cá. Eu... realmente sentia a sua falta... O santuário é muito chato, e eu fiquei sem ninguém para brigar... - sorriu.
Ela sorriu e deu um tapinha nele, que acabou caindo no chão por não estar bem apoiado. Ouviu uma reclamação do tipo: 'Você está louca, mocréia!?', mas não ligou, ao invés disso aproveitou a situação e deitou-se por cima dele. Com o seu rosto quase colado ao dele, murmurou: - Hmhm... sentiu a minha falta, foi? Mas só para brigar...? - falou em tom de decepção. - Não teria sido para outras coisas, não? Hmhmhm... - sorriu.
Ele, entretanto, ficou visivelmente nervoso. - ... Assim... Eu realmente não sei o que responder... - sorriu. - Que tal isso... - beijou-a.
Ao longe se podia ouvir passos pesados e cada vez mais próximos. Depois de um tempo finalmente cessaram. Com uma alta e tenebrosa gargalhada, os dois sentaram-se lado a lado ofegantes.
- Gyahahahahahaha! Nunca que eu pensei que estaria vivo para ver isso... Afrodite de Peixes. - riu-se de novo. - Você, o mais fresco daquele Santuário inteiro, agarrado aos beijos com una mólher...
- Ma-máscara da Morte?? - exclamou.
- Hahahaha! Io, em carne e osso. - olhou para Cypria. Puxou-a pelo braço com força, trazendo-a para perto de si. - E você, sua vadia, o que pretende? Me trair?
Ela tentou soltar-se dele, mas câncer apertou ainda mais o seu braço. - Me larga, você não tem esse direito!
- Hahaha...! Tenho sim. Ou você acha que esse anel é apenas um enfeite caro na mão direita...? - falou calmamente. - Vamos para dentro, prometi almoçar com você e com sua família hoje, ou se esqueceu? Hahaha!
Afrodite paralisado pelo susto e pela surpresa limitou-se apenas a olhar a bizarra cena que acabara de presenciar. Agora, eles se afastavam em direção a uma grande casa do outro lado da fazenda.
- Não acredito... não acredito... NÃO ACREDITOOO!!! - falou para si mesmo. - "O que pode ter acontecido em tão pouco tempo...?"
Só havia uma maneira de saber, ir até lá e perguntar. Mesmo não sabendo como é a casa, antes de entrar, Afrodite enviou sua encomenda florida. Abriu a porta e entrou. Como havia planejado todos estavam entorpecidos pelo cheiro forte de suas rosas vermelhas, até mesmo o cavaleiro de câncer, embora que para ele o efeito seja menor. A única 'sobrevivente' era Cypria.
- Cypria venha comigo, precisamos esclarecer umas coisas! - ele puxou-a pelo braço.
- Não! Antes me diga porque colocou todos para dormir! - falou irritada.
Ele pareceu perder a paciência e puxou-a com violência para fora da casa. - Não temos muito tempo, daqui a pouco o Maskinha vai acordar...! Vamos!
Por fim, saíram da casa. Os dois sentaram-se no batente da varanda. Afrodite largou o braço dela, e ordenou: - Quero que me explique tudo! O que aconteceu entre você e o Maskinha?!
- Falando assim, até parece que se importa mais com ele do que comigo... - abaixou a cabeça.
- Isso... não tem importância. Conte-me o que quero saber...!
Ela, então, começou a narrar a história desde a manhã do dia em que saiu do Santuário até antes de encontra-lo novamente. - Como você vê, eu não posso ir de encontro os meus pais, e por isso tive que pôr esse anel no dedo... Ele armou uma cilada para mim, e eu caí...
- Hmm... Então aquele canalha jogou muito sujo, é do feitio dele. - fechou o punho e bateu-o de encontro com a outra mão, aberta. Então, perguntou sem encara-la: - E... você? Concorda com isso...? - apontou para o anel.
- Nãoooo!! Se eu pudesse mataria o Máscara da Morte!! - ela tirou o anel do dedo e quase o atirou longe, mas foi impedida por ele. Encarou-o.
- Por enquanto não. Isso o irritaria, e você pode até virar um enfeite na casa de câncer, se bobear... - olhou de lado. - Deixe que eu me encarrego disso...
"Então... é o que estou pensando? Ele está... não..." pensou. - fale a verdade, você aqui na esperança de me ver não foi??
- Não foi bem isso... Mas foi a maior surpresa da minha vida. - mudou de cor.
De dentro da casa saía Máscara da Morte, resmungando e reclamando: - Afrodite, seu viado maledetto, aquelas drogas de rosas acabaram me deixando com uma terrível dor-de-cabeça...!
- Huhuhuh... Esse é o troco por ter se metido no meu caminho, é só o começo, fofo! - soltou um beijinho para ele.
- Grrr... - resmungou um pouco mais, e saiu à francesa. Apenas ameaçou: - Não ouse tocar no que é meu! Ou pagará muito caro! - sumiu.
A noite já estava chegando quando os pais dela acordaram. Por exigência de Cypria, Afrodite ficou lá quebrando o efeito das rosas para que eles acordassem mais rápido. Ao término estava exausto.
- Cypria! Você está bem?! - sua mãe levantou-se num pulo. - Sonhei que você estava sendo atacada por alguém... e oh, foi horrível...!
- Eu estou bem. Ajude-me a levar o papai por quarto, ele não está nada bem...
Alguns minutos depois...
- Quem é aquele rapaz de cabelo azul claro sentado ali na sala?
- Oh, sim. Ele é o meu mestre, chegou aqui há pouco tempo. Veio a mando de Athena, pois como saí tão rápido do Santuário, não lhe dei satisfações... - respondeu nervosa.
- Eu sei... Mas parece um pouco abatido, cansado... - ela comentou apontando para ele.
Na verdade, Afrodite ainda não havia se recuperado bem do tempo que ficou enclausurado, havia perdido muita energia. E o esforço de confrontar Máscara da Morte, e fazer todos voltarem ao normal, depois das rosas, foram muito desgastantes. E ainda havia um agravante, ele havia sido atingido pelo cosmo de Máscara, num ataque tão rápido, que Cypria não percebeu.
- É uma viagem muito longa, deve ser isso. - falou meio nervosa, olhando para os lados.
- Engraçado... Acho que ele dormiu... - falou a mãe dela passando a mão sob o rosto de dele, não houve reação. - Coitado...! Eu sei que a viagem é cansativa, mas cair num sono desse, só se estivesse muito fraco, e tivesse gastado muita energia...
- Sabe que eu também acho... O que vamos fazer?
- Vamos acomoda-lo por aqui mesmo. Já que seu pai está dormindo, ao colocará empecilhos. Depois eu explico tudo a ele. Ele só não poderá ficar nesse sofá... � De tão alto mal cabe no meu sofazinho... Só existem homens altos no Santuário, é? - deu um suspiro profundo. - Eu deveria ir para lá cuidar de você... ai ai...
Ela franziu as sobrancelhas - Sem brincadeiras ou insinuações... você não abandonaria o papai... - olhou para sua mãe com os olhos perdidos em pensamentos, pecaminosos. - Mas mãe, não temos quartos de hóspedes e nos outros quartos estam os empregados! Onde o colocaremos?
Ela sorriu e completou com um ar severo. - Não seu quarto! Não é seu mestre? Então, não tem problema, você o conhece mais do que eu... Embora que você, mocinha, ficará no meu quarto, junto comigo e com o seu pai!
Assim o fizeram, com muito esforço o carregaram para o quarto e deitaram-no na cama. Cypria pegou o colchonete e foi para o quarto de sua mãe, pelo menos até que ela dormisse...
De manhã logo cedo, abriu os olhos e percebeu que não estava mais na sala. Sua última lembrança foi que os pais dela tinham acabado de acordar, e que havia fechado os olhos, mas depois disso, nada.
Estavam num quarto simples, mas arrumado. A decoração tinha um ar meio infantil, inocente, mas bem feminino. Logo percebeu que não estava sozinho na cama, havia uma outra pessoa com ele, abraçando-o. Não precisou nem pensar muito para saber quem seria, apenas olhou para se certificar, e era Cypria.
"Não acredito... esse deve ser o quarto dela! O mesmo perfume de flores...", sorriu. Com cuidado para não acorda-la, ele se levantou e sentou-se na ponta da cama. Ela ainda estava num sono pesado, então ele ficou a observa-la.
Com a ponta dos dedos acariciou todo o seu rosto. Cypria possuía uma face angelical, de traços delicados e puros. A pele macia e sedosa, não tinha sido queimada pelo sol forte da Grécia, isso graças ao uso da máscara lá no Santuário. Ela não tinha nenhuma marca, um rosto extremamente perfeito, "Uma obra de arte..." como havia pensado. Agora ela estava com os olhos fechados, mas ele ainda lembra-se do verde claro dos olhos dela, parecidos com esmeraldas, brilhantes e alegres.
Seu cabelo num estranho tom de castanho médio, ora liso no início, ora encaracolado nas pontas, demonstrava o uso de trança todos os dias, mesmo assim continuava sedoso. Caía-lhe sobre o rosto, ele o afastou devagar.
- Hum. Sabia que descobri uma coisa... - falou baixinho em seu ouvido. - ... que agora amo você... amo.
Ela, porém, ainda continuava em seu sono, ou melhor, seu sonho... Entretanto não por muito tempo... Acordou com um barulho de algo caindo no chão, e depois uma reclamação em voz baixa...
Ela levantou-se e ainda com os olhos marejados foi até onde vinha o barulho. Esfregou os olhos. - Afrodite, o que você está fazendo...?
- .o.o Hã? - ele estava agachado no chão, juntando um monte de escovas e uns produtos de maquilagem que caíram do estojo, espalhando-se pelo chão do banheiro. Virou o rosto e corou ao vê-la em sua frente, ainda de camisola. - Err... nada. Tentei pegar uma escova e o estojo caiu no chão, fazendo aquele barulho... me desculpe, você acordou.
- Epa... não são produtos de maquilagem? Quem foi que me disse que não ia ficar igual a um travesti na rua... hein? E... eu já estava acordada a um bom tempo... hi hi... Fiquei só me fazendo... - ela sorriu.
- .O.O O quê?! - ficou nervoso e acabou por derrubar tudo de novo. - Não vou passar estas coisas, estou escovando o meu cabelo, só isso. Você é quem deveria passar um pouco... Essa cara amassada de sono não está na bem...
- Sei... mas... por que está usando o secador, se nem ao menos seu cabelo está molhado?
- É uma mania que eu tenho... Só que esse espelho não está me ajudando... como você consegue usar isso??
Ela foi para frente do espelho, e esse estava pendurado na parede na altura dela. - Entendeu? Haahahhah... Você é muito alto. Me dá isso aqui que eu te ajudo.
- Hã? Você sabe usar um secador?
- Sei. � Pode não parecer, mas eu sei usar, só não uso todos os dias... Senta aqui, agora consegue se ver melhor? - ele respondeu afirmativamente com a cabeça.
Ela, então começou o trabalho, a partir daí Afrodite percebeu que ela tinha 'mãos de fada' e que não era tão caipira assim, não tanto quanto ele achou quando a viu pela primeira vez lá no Santuário.
A porta do quarto estava trancada, mas de repente ouviram alguém bater. - Cypria? Você está aí? - era sua mãe lhe chamando.
- Xiii... a minha mãe... ela não pode te ver aqui. - desligou o secador.
- Por que?
- Lembra que sou pura e noiva de outro?? Como eu explicaria a ela, que estou aqui cuidando de você, e de... camisolas? Não dá... Mas onde posso esconder você...
Afrodite conteu o riso. - Pura? Hahahah... eu é que era...
- Já sei! Fica aqui. - o empurrou para o chuveiro e fechou o box de madeira. - Aqui ela não vai te ver. Espera um pouco.
"Ai ai... o que está acontecendo com o poderoso cavaleiro de peixes... escondendo-se da mãe da garota pela qual deseja..." parou a reflexão no meio.
Lá fora... - Mãe, o que foi?
- Cypria! Você está aí... Cadê o seu mestre? - falou entrando no quarto e vasculhando tudo com o olhar. - Ele não está em canto nenhum.
- Eu não sei... Acordei-me e fui para o banheiro, quando passei pela porta do meu quarto, ela estava aberta e não havia ninguém. Daí eu entrei e tranquei.
- Hmmm.. que rapaz estranho. - cruzou os braços. - Você está fazendo o quê, filha?
- Estou indo tomar um banho... heheh... se me permite... - entrou no banheiro.
Sua mãe sentou em sua cama, ainda desfeita. - "Que falta de educação, sumiu e nem arrumou a cama... eu não deveria ter sido tão bondosa..." - Filha, não se esqueça de que o seu noivo vem jantar com você essa noite, hoje vamos decidir a data do casamento, viu?
- Tah... - "Droga..." - Mãe, deixa-me tomar o meu banho... - falou ao ver a mãe na porta do banheiro. Ela parecia desconfiada. Entrou no box de toalhas e abriu o chuveiro. - Fecha as duas portas mãe!
- Sim, Cypria. Venha logo que eu vou preparar o café da manhã! - ela saiu.
- Ufa...! Foi por pouco... - abriu a porta do box, e olhou para baixo, Afrodite estava agachado exatamente debaixo do chuveiro... ensopado. - Ops...
- Precisa abrir esse chuveiro... hein? - levantou-se. - Agora não tenho mais nem cabelo... ta ensopado! E que água fria... brrr..
- Foi mal... Mas se eu não fizesse isso ela não iria embora... - procurou por uma toalha. - Hehehe... bem, espera que eu vou pegar uma toalha para você. - virou-se.
- Não precisa. - abraçou-a por trás. - Tem a que você está usando. Já basta.
- o.o ... você não está pensando em... - perguntou nervosa.
- Sim. Vou te mostrar que aprendi direitinho... hmhm... - ela o encarou incrédula. - Mas... . Aqui tem água quente...?
- Tem. - sorriu e depois o beijou. - Está me saindo um belo pervertido... belo mesmo...
- Vou te dizer uma coisa séria. Vim aqui para o Máscara só porque Athena me pediu, mas acho que não vou obedecê-la dessa vez, vou voltar para lá com você. Você precisa terminar o seu treinamento como amazona...
- Só por isso?
- Não. - ele tirou a toalha dela e jogou por cima do box. - Para morar comigo, ser minha esposa.
Continua...
N/A:
Bem, eu tentei fazer o sotaque de Máscara o mais real possível, mas acho que fui muito bem... Também não conseguiria ignorar o sotaque dele, então me perdoem!
Na minha opinião, esse foi o capítulo em que mais gostei de escrever dentre todos os já publicados.
Agradecimentos especiais para Yoshino, Milla-chan, Juliane-chan e Marcella, por terem deixado seus comentários na minha humilde fanfic. Muito obrigado!! Até o próximo capítulo, que já é um dos últimos...!!
Kourin-sama
