Capítulo três – Limão
- Não, você não pode fazer nada! Quantas vezes tenho que repetir que Melane se cortou com uma faca, ontem, fazendo uma poção? Lílian me contou, ela não mentiria para mim, Aluado! – contou Tiago, pela vigésima vez.
- Você sempre foi o mais racional de nós, sabe disso. Nunca vi você agir deste jeito, sem pensar, sem analisar as coisas! – continuou Sirius.
Estavam nas arquibancadas do campo de quadribol, fazia duas horas, conversando sobre os acontecimentos. Tiago conversara com Lílian sobre o ferimento de Melane. Aquilo não passava de um enorme corte, quando Melane manuseava uma faca, tentando fazer uma poção.
- Esta história não me convence, simplesmente – desabafou Remo – Como vocês acham que estou me sentindo? Aquilo não parece muito bem uma mordida, mas tenho certeza que fui eu. Estou certo.
- Mas não foi e estou cansado desta conversa, Aluado – disse Tiago, sentando-se. – Onde está o Rabicho?
- Não sei, ele anda meio estranho nestes últimos meses. Talvez meio perdido, por ser o último ano – falou Sirius. – Mudando completamente de assunto, – falou, abrindo um enorme sorriso – já tem par pro baile, Aluado?
- Não, sabe muito bem que odeio bailes.
- Mas este é especial, só alunos do sétimo ano. Baile de formatura, você tem que estar lá... Por que não chama a Melane?
- Rá-rá-rá, está de gozação com a minha cara? – perguntou mal humorado.
- Deixa disso... Eu vi ela recusando vários convites, talvez esteja esperando o seu – disse Sirius, maliciosamente.
- É verdade, Remo. Por que não vai com ela? Que mal há nisso? – concordou Tiago. – Ela é engraçada, talvez arranque esta sua carranca.
- Primeiro, eu não sou carrancudo, segundo, ela não vai querer ir comigo, e terceiro...- ele fez uma pausa – E em terceiro...
- Em terceiro? – perguntaram Tiago e Sirius ao mesmo tempo.
- Se você vier com aquela lengalenga, eu sou feio, ninguém gosta de mim, vou ser obrigado a lhe dar um murro no rosto, e você não quer isso... Ou quer? – continuou Sirius – Esta é a última semana de aulas. Depois, você sabe muito bem o que encontraremos pela frente... Vamos lutar, então...
- Acho melhor você tomar uma atitude e logo – completou Tiago.
Remo Lupin era um homem diferente, um tanto maduro para os seus dezessete anos. Talvez pelo fato de ser um lobisomem, adquirira mais responsabilidade que os outros. Ele gostava de estudar, saber o porquê das coisas, e sobre a sua própria natureza.
Uma vez lobisomem, sempre lobisomem. Só queria aliviar as dores que sentia, quando se transforma em lobo. Só isso que queria, menos dor, menos sofrimento.
Muitos desconfiavam que fosse um aliado do Lord das Trevas, por ser ótimo aluno em D.C.A.T, assim como Sirius e Tiago. Mas Remoera diferente, estranho, meio perdido em volta dos outros alunos.
Tinha medo de se relacionar com os outros, do preconceito.
Filho único de família pobre, se esforçava bastante para dar conforto à sua mãe. Seu pai tinha morrido quando Remo tinha onze anos. Lembrava se deu pai com saudade, fazia tantos anos.
Como era a última semana de aula, Remo estava um tanto melancólico. Em Hogwarts estava tudo calmo, mas estariam formados dali a alguns dias. Estariam na frente de batalha da Ordem da Fênix. Acabar com Voldemort, com o sofrimento que o Lord das Trevas vinha causando.
Pensava nisso, quando caminhava em volta do lago de Hogwarts. Provavelmente, o último passeio perto do lago, quando alguém lhe chamou.
- EI, REMO!
Ele virou-se e avistou Melane, saindo do lago. Estava molhada da cintura para baixo, com um sorriso no rosto.
- Você é louca? – perguntou Lupin, andando em direção a ela.
- O QUÊ? NÃO POSSO TE OUVIR! – berrou Melane, que estava um tanto longe.
- Pare de gritar! – disse inutilmente, apressando os seus passos.
- ANH? EU NÃO CONSIGO TE OUVIR! – berrou mais uma vez. Lupin correu um pouco para chegar até a margem onde ela se encontrava.
- O que estava fazendo nesta água? – perguntou, quando estava suficientemente perto.
- Observando você dando mil voltas em torno do lago – contou.
- Vá se secar, você pode ficar resfriada.
- Remo, estamos na primavera. A água está quentinha, vem – falou Melane, puxando-o para dentro da água.
- Melane, me solte! Não estou a fim de me molhar.
Tarde demais, seus sapatos já estavam cheios de água. Andaram até a água bater na cintura de Melane.
- Isso é perigoso, que eu saiba... Tem uma lula gigantesca aqui. – observou Lupin, cruzando os braços.
- Você vai ficar assim? – perguntou, abaixando-se na água.
- Assim como? Me molhei o suficiente por hoje...
- Ah, qual é a sua? – perguntou sorrindo, enquanto jogava água em Lupin. Desta vez, ele não deixou quieto se abaixou também e começaram uma guerrinha de água. "Já estou ensopado mesmo", ele pensou. "Chega, chega. Você ganhou, ganhou!", gritava ela. Remo ficou submerso. Depois de alguns instantes ouviu-a reclamar "Okay, você já me assuntou o suficiente. Vamos, se levante". Mas ele não levantou. Melane mergulhou, mas não o viu, quando já estava sem fôlego, submergiu dando um susto na garota.
- Você me assustou, isso não teve graça! – brigou Melane.
Foi quando notou que estava mais perto dela do que o normal. Ele colocou sua mão na nuca de Melane, fazendo com que ela se aproximasse mais.
Narizes colados, olhos nos olhos. Mas ele tinha medo. Medo de beijá-la, se apaixonar mais e não poder tê-la. Melane envolveu seus braços em volta de Remo, e ele pôde sentir o coração dela pulsar, perto do seu. Ela o beijou no canto dos lábios.
- Você tem gosto de limão – contou a garota.
- Limão?
- Azeitona que não é! – disse ela, ainda com os braços em volta dele.
- Melane... Quer ir ao baile comigo? – perguntou Lupin, tentando quebrar o clima. Ela sorriu, fazendo com que ele ficasse bastante vermelho.
- Por que está vermelho? – caçoou Melane.
- Eu retiro o que disse! – disse Remo, levantando-se e andando em direção à margem do lago.
- ESTAVA ME PERGUNTANDO ATÉ QUANDO VOCÊ IRIA DEMORAR, PARA ME CHAMAR PRO BAILE! – berrou ela, ainda no lago – MEU LIMÃOZINHO!
N/A: Por que limão? Oras, porque a minha bala favorita é aquele VitaC sabor limão. Já provaram? É uma delícia
