Capítulo quatro – Eu juro

"Eu procuro um amor que seja bom pra mim. Vou procurar, eu vou até o fim. E eu vou tratá-la bem. Para que ela não tenha medo, quando começar a conhecer os meus segredos" – Frejat, Segredos

Sábado finalmente havia chegado. Todos os alunos do sétimo ano estavam um tanto inquietos, sobretudo Remo Lupin. Andava de um lado para o outro, no dormitório.

- Que foi? Tá doente, Aluado – perguntou Tiago.

- Eu sei o que ele tem. Doença chamada Melane Walker – disse Sirius, arrumando seu cabelo.

- Não estou nervoso, o problema é de vocês, que demoram um século e meio para se arrumarem – respondeu Lupin, estalando os dedos da mão.

- Eu já estou pronto há séculos, Aluado – protestou Rabicho – São estas maricas!

- Maricas é a m.. – retrucou Sirius avançando sobre Pedro.

- Ei, ei! Vamos Rabicho, vamos descer – falou Remo, puxando Pedro para fora do quarto. – Sempre provocando, né? Seu rato gordo, quando Almofadinhas lhe pegar de jeito, só quero ver – disse enquanto desciam a escada de caracol.

- Só estava brincando! Meu par está lá embaixo, boa sorte! – desejou Pedro, saindo do Salão Comunal.

Procurou Melane com os olhos, ela ainda não estava pronta. Mas, encontrou Lílian ao pé da escada e estava bem bonita. Vestia um vestido verde escuro, os cabelos presos em um coque. Aparentemente ansiosa, pois se balançava um pouquinho e apertava o par de luvas verdes que segurava.

- Faz tempo que está aí? – perguntou Lupin, enquanto se aproximava.

- Oh, Remo! Onde Tiago se enfiou?

- Ele já vem... Como você está bonita! – elogiou Lupin. Ela ficou um pouco vermelha e sorriu.

- Você também está, Remo! Há tempos que não te via com cara de "estou feliz, e daí?" – contou Lílian, fazendo com que os dois rissem.

- Eu estou feliz e ao mesmo tempo triste, por deixar Hogwarts. Vou ficar com saudades deste lugar... – contou Remo.

- Eu também... Estava falando isso com Tiago, passamos muitos momentos felizes neste castelo. Você se lembra quando nós nos conhecemos? Na biblioteca? – perguntou animada.

- Eu lembro! Você que esbarrou em mim ou foi eu?

- Na verdade, foi Melane que esbarrou em você – corrigiu Lílian.

- É mesmo, ela armou a maior confusão, sendo que ela estava errada. Os livros voaram para tudo quanto é lado, Madame Pince quase nos comeu vivos!

- Posso saber o que estão falando com tanta animação? – perguntou Tiago, acompanhado de Sirius.

- Como você está atrasado! – reclamou Lílian fazendo uma careta.

- Você sabe, Li... Tiago demora muito tempo para disfarçar a sua feiura. Horas e horas fazendo poções e feitiços.

- EI, REMO! – gritou Melane, descendo as escadas, fazendo com que todas as pessoas que estavam no Salão Comunal a escutasse.

- Porque ela sempre tem que gritar? – perguntou Lupin, um pouco constrangido.

- Se ela não gritasse, não seria a Melane – respondeu Sirius, sorrindo bastante. – E AÍ MELANE!

Foi então que Remo reparou como ela estava bonita. Os cabelos soltos, os cachos estavam mais firmes. Vestia um vestido "tomara que caia" creme. Usava uma gargantilha e brincos de pérola.

- Uhuuu! Aluado está com tudo e não 'tá prosa! – caçoou Sirius bagunçando o cabelo de Remo. Sirius tinha esta mania e Remo odiava quando ele bagunçava seu cabelo.

- Cala a boca, imbecil – retrucou Melane, dando um tapa na cabeça de Sirius – Rouge já está descendo. Ela é um pouco mais atrapalhada que eu, Sirius.

- Vamos? – perguntou Remo, dando o braço à Melane.

O salão estava todo enfeitado com balões coloridos, que voam. Ele olhou para o teto encantado, fazia uma noite bonita, com bastante estrelas e sem lua.

Uma enorme faixa "Formandos de 1975", as cadeiras devidamente enfileiradas. Um corredor da Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa.

Os dois casais se acomodaram em uma das primeiras fileiras, guardando lugares para Sirius e Rouge. Sentaram-se na seguinte disposição: Tiago, Lílian, Remo e Melane.

- Ah Deus, eu não gosto nem um pouco disso. – reclamou Melane.

- Do que você não gosta?

- De ficar esperando e toda esta... Esta coisa de despedida.

- Eu também não gosto. – apoiou Lílian – Eu fico triste...

- Vocês duas não precisam ficar tristes – disse Tiago, colocando o braço em volta de Lílian – Ninguém aqui vai morrer. Nós vamos nos ver e todas estas coisas!

Os quatro ouviram um burburinho, era Sirius chegando com Rouge. "Licença, licencinha, licença...", dizia Sirius arrastando Rouge pelo braço.

- Vocês tinham que ficar aqui, justo aqui! – reclamou Sirius, sentando-se ao lado de Melane.

- 'Tá reclamando do quê? – perguntou Melane – Você é folgado...

- Obrigada pelos lugares – gesticulou Rouge. – Sirius é mal educado, você sabe disso.

Rouge era uma garota uma garota diferente, ao contrário de Melane, que falava o tempo todo, Rouge era muda. Então, durante os sete anos de Hogwarts, Melane foi "obrigada" a aprender a língua dos mudos, para se comunicar com ela.

No começo, se falavam por papéizinhos mas ao decorrer do tempo, todos já dominavam a arte de falar com as mãos. Rouge tinha cabelos na altura do queixo, eram bastante lisos e vermelho-sangue. Sua pele bastante branca e vivia reclamando disso, pois adorava o sol. Volta e meia, preparava poções para que o sol não deixasse sua pele vermelha.

- Eu sou mal educado? Okay... Eu não demoro séculos e séculos me arrumando e...

- Fica quieto, Sirius – interrompeu Lupin.

Dumbledore que estava ao centro da mesa dos professores, levantou-se e começou a discursar. Melane não parava quieta, ficava prestando atenção em tudo, menos no que Dumbledore falava. Parecia estar mais nervosa do que o normal.

- O que você tem? – perguntou Remo bem baixo.

- Eu não gosto destas coisas, já lhe disse... Porque nós não vamos embora? – perguntou, fazendo menção em levantar-se.

- Nós não podemos sair! – respondeu, segurando a mão de Melane.

- Ai ai! – reclamou a garota – Minha mão...

Remo puxou a mão de Melane, para si. Ainda não havia cicatrizado, estava um tanto vermelho em volta. Lupin estremeceu ao ver aquilo. Um simples ferimento já deveria ter iniciado o processo de cicatrização. Ele olhou brabo para a garota.

- Você ainda não foi ver este corte?

- Fui, mas minha poção fez o favor de dar errado... Ainda está um pouco inflamado.

- Suas poções nunca dão errado... Tem certeza que isso é um corte?

- Dá para casalzinho ficar quieto um pouco? – bronqueou Sirius.

- Vamos seguir com as premiações! – anunciou Alvo Dumbledore.

McGonagall levantou-se, bastante orgulhosa, olhou para todos os alunos sentados e apanhou um abacaxi de bronze que tinha sobre a mesa.

- Este prêmio vai para os alunos que deixavam todos os professores e zeladores de cabelos em pé. Se tenho alguns cabelos brancos, é devido a estes alunos! – disse, com um enorme sorriso – Tenho que confessar que sentirei falta das encrencas desta dupla que é recorde em detenções. Sirius Black e Melane Walker, este abacaxi é de vocês!

Melane deslizou na cadeira e tampou o rosto, já Sirius, levantou-se rapidamente e puxou Melane pelo braço.

Chegaram até a professora e Sirius apanhou o abacaxi bronzeado e desatou a falar.

- Eu gostaria de agradecer unicamente à Melane, que foi uma parceira e tanta durante todos estes anos! – e levantou o troféu. Foram bastante aplaudidos.

- Chega! – disse Melane, fazendo com que as pessoas parassem de aplaudir – Eu gostaria de agradecer ao Filch, porque muitas vezes nós escapamos das detenções e ele deve ter ouvido muitas broncas. Aos nossos amigos não nos deixarem desistir. E eu não vou agradecer ao Sirius – disse ela, colocando o braço em volta dele -, porque ele é muito bobo!

Muitas pessoas se levantaram para aplaudir mais uma vez o casal, Melane estava um tanto vermelha.

- Muito obrigada a vocês, vamos continuar com a cerimônia. – falou Dumbledore – Em Hogwarts existem muitos alunos bons, excelentes! Em Transformações...

- Remo, você já pode ficar de pé – caçoou Melane.

- Você não perde uma, hein?

O professor começou a chamar os alunos para receber as homenagens, Remo, Sirius, Tiago e Lúcio Malfoy ganharam como os quatro melhores alunos de Defesa Contra as Artes das Trevas, fazendo com que Melane, sentisse uma pontinha de orgulho. Lilían, Rouge e mais duas alunas da Corvinal ganharam em transfigurações. Houve mais troféus de gozações, como aluno mais mal humorado (Severo Snape), encrenqueiro (Sirius Black e Lúcio Malfoy), melhor time de quadribol (Grifinória), melhores monitores, quase-bibliotecário (Remo Lupin e Silas Tompson), dentre outros.

Melane divertia-se com os discursos, como o de premiação de "Quarto mais bagunçado" ."Bagunçamos os quartos e gostamos disso", foi para um grupo de alunos da Corvinal. Eles agradeciam a preguiça e aos elfos domésticos por terem a paciência de arrumar o dormitório deles.

- Última premiação da noite! Alunos que destacaram-se em Poções. Dêem uma salva de palmas para Severo Snape e Melane Walker.

Remo olhou para Melane que tinha os olhos arregalados, realmente ela não esperava aquilo. Se existia uma coisa que Melane gostava de fazer, era poções. Era um tanto impressionante a facilidade com que ela manejava os ingredientes, nem sequer estudava para as provas. Ela apenas sabia o que estava fazendo.

- Vai Melane, você merece. – contou Remo, sorrindo amavelmente.

Snape já estava na frente, esperando a garota, que andava desastradamente. O troféu era um caldeirão pequeno, de bronze e estava gravado o nome dos alunos. Remo percebeu que Melane estava bastante nervosa, ela se achava tão bagunceira (o que era verdade) que não merecia a homenagem.

- Bem... Gostaria de agradecer a... Oh, Meu Deus! Eu... A nossa professora e... Okay, eu já gaguejei demais, eu estou feliz com isso e pronto! – falou a garota, fazendo com que todos a aplaudissem. Snape não disse nada, era antipático demais para falar em público.

A música soou alto no salão e Remo, bastante orgulhoso, foi ao encontro de Melane. Conforme as pessoas levantavam, as cadeiras desapareciam magicamente. Dando lugar à mesinhas redondas, com velas (suspensas) e vasinhos de flores.

Quando chegou perto de Melane, ganhou um abraço caloroso e sentiu-se imensamente feliz.

- Você acredita nisso? – ela perguntou, estendendo a miniatura. – Estou achando que é alguma peça de vocês.

- É claro que acredito, você fez por merecer. Vem, - disse pegando na mão de Melane – vamos arranjar uma mesa pra colocar todas estas coisas.

Os alunos estavam bastante animados com as premiações, sobretudo Melane. Nem ela sabia que era tão boa em Poções. Logo arranjaram uma mesa e acomodaram-se. De repente, não havia muito o que falar e ficaram observando os casais dançaram. Alguns minutos depois, Lílian e Tiago se aproximaram, felizes da vida. Se acomodaram na mesma mesa que Remo e Melane.

- Vocês não vão dançar? – perguntou Tiago, com um enorme sorriso no rosto.

Remo e Melane entreolharam-se. Ela parecia querer dar uns passinhos atrapalhados, mas ele...

- Que desânimo, hein? – continuou Tiago.

- Até me desanimei de vez os dois assim... – comentou Lílian, cruzando os braços – Onde está o Pedro?

- Aquele nanico anda muito estranho. O Sirius também está achando, não é só eu não.

- Ai, vai começar a implicância? – repreendeu Remo.

- Não, ninguém aqui está implicando! – retrucou Melane.

- Quer saber? – perguntou Remo levantando-se – Vamos dançar, Melane.

Puxou-a pela mão e a levou para pista de dança. Ele não tinha medo de dançar, ele apenas sabia. Sabia muito bem o que fazer quando tinha uma mulher em seus braços, mas com Melane era diferente. Não era uma qualquer, ou uma amiga. Era a sua vida que tinha em seus braços, os cabelos com cheirinho de canela. Simplesmente travava quando estava perto dele.

Lupin já era um adolescente um tanto tímido, percebeu há alguns meses que travava quando ela estava por perto. Tinha medo do seu amor, por ser o que era. Da sua animalidade. Qual seria a reação dela quando soubesse da sua natureza? De seu segredo? Uma vez por mês, ele se tornava um lobo sangüinário, que já tinha a atacado e não gostava de pensar naquilo.

Como é duro repreender um sentimento tão enorme, o amor. Como conviver com isso? Ter e não poder beijar, contar seus segredos, dividir suas angústias e alegrias.

Eram de mundos diferentes, complemente opostos. Ele procurava se alimentar destas diferenças, para tentar afastar os pensamentos esperançosos que vinham em sua mente. Último ano, última noite que a veria. A distância sempre acaba com o amor, e ele tentava acreditar nisso.

- Eu não sabia que você era tão bom em poções. – sussurrou Melane, ao seu ouvido.

- Poções?

- Não se faça de desentendido... Você tomou alguma coisa para dançar deste jeito – observou Melane. Ele começou a ir, fazendo com que ela ficasse um tanto irritada.

– Do que está rindo?

- De você. Eu sei dançar, não preciso de poções. – contou, bastante orgulhoso.

- Háháhá e eu sou o Merlin! – caçoou Melane.

Neste instante, ele a girou e em seguida, puxou-a para si. Melane ficou levemente vermelha e sorriu.

- Okay, quem deveria ter ganhado o troféu de Poções é você e não eu – ela disse sorrindo.

Depois de algum tempo dançando, Melane e Remo foram até o jardim do castelo. O jardim era enorme e podia se perceber, em alguns cantinhos escuros, casais namorando. Ela puxou Lupin para perto do lago e sentou-se na grama, fazendo com que ele fizesse o mesmo.

- Sabe... – ela começou a falar, olhando para o lago – Eu estou com medo.

- Medo do...? – disse Lupin, fazendo um sinal com o dedo.

- Não! – ela respondeu rapidamente – Estou com medo de deixar Hogwarts... De nunca mais te ver – contou olhando para ele.

- Não sabia que eu era tão importante assim pra você – brincou Remo.

- Eu estou falando sério, Remo. – falou ainda olhando nos olhos do garoto. – Aliás, eu estou morrendo de medo.

De repente ele não sabia o que falar. É claro que ele sentia a mesma coisa. Ela estava ali, parecia tudo certo, o momento certo de contar tudo, mas ele não conseguia. Tentou até abriu a boca mas as palavras teimavam em não sair.

- Por que as coisas têm que acabar, Remo? Por quê? – ela continuou, agora com os olhos marejados. – Eu tenho medo de ficar sozinha, sem você por perto pra me dizer o que é certo e o que é errado. Uma parte de mim está em você, entende? E você... Eu sei lá que vai fazer da vida e se você não sabe... Imagine eu.

- Melane, não fale deste jeito. Não é a única que está perdida, que está sentindo sozinha.

- Mas você parece não ligar – ela contou, enxugando as lágrimas.

- Eu tenho mais medo do que você pensa. Medo de nunca mais encontra-la, ou de... Principalmente agora, com toda esta guerra lá fora. Eu não queria te contar, mas faço parte da Ordem da Fênix. Assim que sair da escola, vou ver o que está acontecendo. Qual é a minha missão.

Melane arregalou os olhos e segurou forte no braço de Remo.

- Não Remo, por favor... Você não pode! E a sua mãe? Você não pode, não pode!

- Se estou lá, é por causa de vocês duas.

- Remo, eu não quero que você morra! Quantos já morreram por causa daquele maldito! – falou desesperada segurando fortemente o braço do garoto.

- Justamente, temos que acabar com isso logo.

- Mas existem outras pessoas para fazer isso. Você só tem dezessete anos, quantas vezes te disse isso?

- Eu não sou mais criança, Melane. Eu sou um homem, tenho que defender o lugar que vivo, as pessoas que amo. Tenho que defendê-la – contou, enxugando as lágrimas teimosas de Melane.

- Você promete então... – pediu Melane, com certa dificuldade devido ao choro – Você promete que vai se cuidar, que não vai morrer. Você jura? Jura?

- Eu juro – e selou a promessa com um beijo.

O tão esperado beijo aconteceu. Ondas de calor percorreram os lábios de Remo, fazendo com que tomo amor repreendido por Melane, se escapasse através daquele beijo. Mas ele lembrou, que não podia a beijar. Não, não agora. Tudo parecia perfeito, mas para ele não. Ele era um animal. Animal igual a ele, não poderia amar. Teria que privar-se do amor. Foi então, que afastou-se de Melane, vagarosamente.

Ela o abraçou apertado, como se fosse uma criança, com medo de alguma coisa.

- Você prometeu – ela disse em seu ouvido. – Prometeu pra mim...

- Eu cumpro as minhas promessas.

Desta vez foi Melane que o beijou. Ele não poderia se iludir daquela forma, não era certo. Mas as coisas erradas eram mais gostosas, principalmente beijar a quem se ama. Depois de um beijo, prosseguiram para outro e mais outro...

A cada beijo apaixonado, o amor multiplicava-se no peito de ambos. O sentimento falava mais alto que a razão e ele sabia, que pagaria um alto preço por aqueles instantes de felicidade.

N/A: E aí, o que vocês acham que vai acontecer com o Lupin e Melane? Escrevam e-mails!

Beijos e até o próximo capítulo!