Capítulo sete - Mais uma barreira

Remo não conseguiu fechar os olhos por mais de cinco minutos durante a noite. Seja os pensamentos perdidos em Melane e sua mãe tossindo no quarto ao lado. Foi uma noite cansativa e desesperadoura.

Por onde andava Melane? Estaria bem? Com quem estaria? Muitas eram as perguntas na cabeça de Remo, mas poucas eram as respostas. Melane era impulsiva, mas ele não imaginava que era tão impulsiva, ao modo de juntar as coisas e sair de casa.

Raramente ele havia visto Melane reclamar dos seus pais, de seus irmãos. Só soube que a relação Melane-Família eram a das piores possíveis por causa de Lílian e Rouge, que tinham comentado vagamente com ele. E após saber que ela tinha fugido de casa, Remo pensou que deveria ser pior do que imaginava.

A única coisa que ele soube, através de Melane, é que um dos seus irmãos - o mais velho - havia morrido, mas ela não tinha contado como e nem o porquê. Melane sofria claramente com isso então, ele nunca mais tocou no assunto.

- Remo, meu filho... Não está com sono? - perguntou com certa dificuldade, deitada na cama.

- Não, eu fico aqui até a senhora dormir.

- O que te preocupa tanto? - disse, olhando os olhos tristonhos do filho. - Ouvi vozes, quem esteve aqui?

- Sirius e Tiago, vieram trazer notícias.

Francis, vagarosamente sentou-se na cama. Remo colocou alguns travesseiros nas costas da mãe, para que ela ficasse mais confortável.

- Ruins, pelo jeito... - e sorriu fraquinho - Anda mais quieto do que o costume.

- Nem todas - respondeu e sorriu fraquinho - Tiago vai se casar com a Lílian.

- Oh, isso é uma ótima notícia! Aquela ruivinha parece mesmo gostar dele. E a ruim?

- Hum... A Melane, fugiu de casa.

Francis logo entendeu a melancolia de seu filho.

- Há quanto tempo?

- Quinze dias... Bom... - desconversou - está na hora da sua poção, mãe - disse se levantando, para apanhar a poção que sua mãe deveria tomar.

- Sempre fugindo do assunto. É de Melane que você gosta, não? Porque não estão juntos? - Remo, mexia a poção para pneumonia mágica, sem dar ouvidos a sua mãe. - Não me diga que...

- Vamos, hora do remédio - falou, colocando a poção rosada em um copo.

- Hein? Olhe para mim quando falo contigo! - falou soando irritada. Ele levantou os olhos castanho claro para a sua mãe, que tinha a expressão de descontento, no rosto cansado. Ele sentou na bera da cama, ofereceu o copo com o líquido rosado dentro. Mas a sua mãe, empurrou-o de volta.

- O que pretende fazer?

- Para você tomar o remédio? Sinceramente... - e suspirou - Eu não sei.

- Sinceramente você não sabe!?

- O que quer que eu faça?

- Não sou eu quem tem que lhe dizer, você sabe muito bem o que é bom para você! Tem dezessete anos, terminou a escola com ótimas notas. Pode fazer da vida uma maravilha, mas não quer! Aliás, você não gosta que as pessoas se aproximem de você, querido! É um ótimo rapaz, tem tudo para ser feliz!

- Mãe, eu sou um lobo. E você sabe disso - falou rudemente.

Francis respirou fundo.

- Você contou isso a ela?

- Não.

- Eu não reconheço o meu filho - disse brava - Enquanto não o fizer, não vai saber a reação dela. Que não pode ser tão ruim assim... Das vezes que Melane apareceu aqui, me aparentou uma boa garota. Não tenha medo de ser feliz, querido.


Remo aparatou na casa de Tiago. Lá estava ele, jogado em sua enorme cama. Sirius e Rabicho discutindo alguma besteira.

O quarto de Tiago, cabia a casa de Remo inteira, de tão grande que era. Uma cama enorme, bastante bagunçada por sinal. Armários, prateleiras, alguns pôsteres de quadribol. A vassoura de Tiago ficava pendurada na parede, ele tinha conseguido "surrupiar" um dos troféus que a Grifinória ganhou ao longo dos anos que Tiago jogava para o time. Um retrato dos quatro juntos e um de Lílian, que sorria bastante. A decoração do quarto era toda azul marinho, descansava bastante os olhos. Sem contar as enormes janelas, que fazia entrar os raios solares e esquentava bastante o ambiente.

- Olá, Aluado - saudou Tiago, deitado de qualquer jeito na cama - Tô com preguiça de levantar...

- Como vai sua mãe? - perguntou Sirius para Remo, jogando um sapato na direção de Rabicho.

- Está melhorando, nunca vi uma pneumonia mágica tão forte se recuperar tão rápido - comentou Remo, com uma ruguinha de preocupação no meio a testa.

- Agradeça a Merlim - disse uma voz feminina, que entrava no quarto. Era Isabela Potter, mãe de Tiago.

Os garotos costumavam a brincar com Tiago, que quando seu pai morresse, eles se casariam com Isabela. "Simplesmente linda", era o que Sirius suspirava. Tinha os cabelos castanho escuro e iam até o queixo, olhos verdíssimos e um sorriso calmo. Magra, alta e elegante. Ah, brava. Muito brava, principalmente quando eles quebravam alguma coisa e desarrumavam a sala, coisa que sempre acontecia. Ou faziam qualquer coisa que garotos de quartoze anos costumavam fazer, embora já tivessem dezessete. O único lugar que Isabela não tinha muito poder era dentro do quarto de Tiago, que sempre era uma zona e isso, deixava Remo doente. Ele odiava bagunça.

- Olá, meninos - cumprimento Sra. Potter, dando uma bela olhada no quarto bagunçado - Vejam só, cada dia isso daqui está mais nojento!

- Vai, mãe, agora não! Já estamos de saída! - disse Tiago, dando um pulo da cama e andando até a porta do quarto, onde estava sua mãe. - Só vou juntar umas coisas e depois vamos encontrar as garotas.

- Juízo, Tiago! E penteie este seu cabelo, que parece mais uma juba!

- Eu gosto dele assim... - resmungou Tiago, assanhando os cabelos - Está ótimo!

Isabela fez menção de dizer mais alguma coisa a respeito do "penteado" do filho, mas resolveu deixar para depois.

- Até mais tarde... - despediu-se acenando um "tchauzinho" para os garotos. - Juízo, pelo amor de Merlim!

- AH! QUE MÃE, PONTAS! - caçoou Sirius, fingindo um desmaio, assim que Isabela deixou o quarto.

- Cala a boca aê, seu folgado! - retrucou Tiago.

- Onde nós vamos? - perguntou Lupin, encostando-se no enorme armário de Tiago - E as garotas?

- É, vamos tomar um sorvete, Aluado. Qualquer coisa que me faça lembrar de que não existe nenhum Lord das Trevas - falou Sirius em tom debochado - E você vive naquele fim de mundo...

- Até pensamos em ir pra tua casa - acrescentou Tiago, abrindo e fechando as gavetas de uma cômoda - Mas, sua mãe está em repouso... E todo o nosso barulho - e abriu um sorriso.

- Minha mãe está melhor - falou Remo, com um certo alívio - A pneumonia voltou como veio. Rápido. Acho que as minhas poções estão dando certo.

- Pontas, quer parar de bater estas gavetas! - brigou Rabicho - Que tá procurando?

- Nada, nada! - e colocou algo no bolso - Vamos...

Tiago fechava a porta de seu quarto, quando Remo ouviu um pequeno "puf", tinha uma ótima audição. Novamente, entraram no quarto bagunçado. Lílian encontrava-se com uma cara assustada, olhava para o chão. Lá estava Rouge, mais assustada ainda.

- E orelhão - caçoou Rabicho referindo-se a Remo - Sentiu o cheiro delas?

Sirius lançou um olhar "cala a boca" para Rabicho, que entendeu perfeitamente e encolheu-se em um canto.

- Que foi, Lílian? - perguntou Tiago, entrando no quarto novamente.

- Nada - respondeu em um sorriso - Olá pra vocês aí - e acenou para Sirius olhando meio emburrado para Rouge, Rabicho com cara de quem comeu e não gostou e Remo, tentando passar pela porta, que estava sendo obstruída pelos dois. - Só queríamos passar por aqui...

- Sei... - resmungou Tiago.

Remo conseguiu empurrar Sirius e Pedro que estavam "entalados" na porta e ajudou Rouge se levantar.

- Não me acostumei com esta coisa de aparatar - ela gesticulou - Sirius ainda está com esta cara de concha?

- A-há! Por isso que ele está assim, brigaram? - exclamou Tiago, olhando para Sirius.

Rouge suspirou fundo.

- E quando é que não brigamos? Ele é muito teimoso...

- Vai, nós vamos ou não vamos? - perguntou Sirius impaciente - 'Tô com fome!

- Você vive com fome - falou Rabicho - 'Cês estão aqui de passagem mesmo?

- É claro que sim - respondeu Sirius dando um tapa na cabeça de Rabicho - Eu estou com muita fome para saber o que elas estão fazendo aqui. Só vieram para... - ele fez uma pausa para pensar na bobagem que falaria - É, só pra ver a zona deste quarto. Vamos, Rabicho! Estamos com fome, lembra? - e sorriu arrastando o amigo pelo braço.

- 'Pera aê, Sirius - falou Lílian de repente - Os pais de Melane querem falar conosco.

Os marotos ficaram parados, como se Lílian tivesse lançado algum feitiço nos quatro. Remo não gostou muito do que a amiga havia acabado de falar. O que os pais de Melane queriam falar? Queriam falar para todos e ele estava incluído nisso?

Remo sabia muito bem que os pais de Melane não gostavam muito de sua presença, talvez porque desconfiassem de sua animalidade. Ela havia convidado todos para um dia em sua casa, logo que os olhos negros de Sr. Kian Valentine pousaram sobre os seus. Ah, ele soube no instante que o viu. E depois, Melane fez o favor de lamentar a saúde fraca dele.

Kian apenas ligou os pontos, era esperto. Então, Remo fazia tudo para não voltar na mansão dos Valentine, arranjava mil desculpas e assim vinha se arrastando até hoje.

- Você vai, né, Remo? - acrescentou Lílian. - Ele disse todos... - ela olhou para Remo - E todos inclui você, não é mesmo?

- Eu não disse nada... - ele respondeu.

- É a respeito da Melane. Você vai contar sobre o bilhete, Rouge? - falou Sirius, ficando sério.

- Simplesmente não sei... - Rouge deu com os ombros - Ela não apareceu na casa de Remo até agora, isso não é preocupante?

- 'Tá com o bilhete? - perguntou Remo. Rouge tirou do bolso um pedaço de pergaminho dobrado muitas vezes e estendeu para o amigo. A caligrafia de Melane parecia mais um monte de códigos, de tão horrível. Eram enormes garranchos, uma letra apressada. Mesmo que tivesse o todo o tempo do mundo para escrever uma simples carta, saía do mesmo jeito, ilegível e mal feita. Mas, com tantos anos vendo a mesma caligrafia, Remo lia com tranqüilidade os "códigos" de Melane, que só ele conseguia decifrar com precisão.

Rouge, você sabe que as coisas na minha casa não andam nada bem. Aliás, nunca andaram. Ainda mais que não tem mais Hogwarts, não quero ficar presa aqui durante o ano todo, ficar igual uma boneca de porcelana, porque é assim que meus pais acham que eu sou. Tô cansada de abaixar a cabeça e por mais irresponsável que pareça esta atitude, revolvi ir embora sem avisar ninguém. Fugir mesmo. Tô escrevendo, só pra avisar que não aconteceu nada de grave comigo. Aconteceria se estivesse lá, presa e ouvindo meus pais brigarem, brigarem comigo. Só sinto pelo Dan, meu irmão né? Mas ele soubesse deste meu plano de última hora, preferiria ficar em casa... E não me deixaria ir embora.

Só criei coragem de me despedir de você... E já tô chorando igual uma retardada mental, que foi atingida por um feitiço de memória e ficou abobada. Passei na casa de Remo, quase bati na porta mas eu sei que... Se eu o visse, não iria pra lugar algum, até porque ele não me deixaria e a vontade de ir embora diminuiria. Eu não posso vê-lo, você sabe disso até mais que eu.

Li e Tiago vão se casar mesmo e sinto muito em não poder ir, porque se eu aparecesse em qualquer lugar agora meus pais me pegariam, quer dizer o meu pai mesmo, porque minha mãe nem sentiria muita a minha falta. É, ela me "ama" mesmo.

Vê se você acerta seus pontos com o idiota do Sirius. Apesar de ser extremamente idiota (me desculpe, não pude resistir) ele é um cara legal e você sabe muito bem disso. Com aquele jeito de malandro ele conquista todo mundo mesmo.

Não conte sobre esta carta para meus pais. Por favor. Tá tudo bem comigo, estou em um lugar legal, com roupas e dinheiro suficiente para me virar.

Se cuida amiga.

Melane

- Aonde vocês leram que ela passaria na minha casa? - perguntou Remo, estendendo o pergaminho amassado para Rouge.

- Ué? Me dê aqui - Sirius tomou o papel da mão de Rouge e começou a ler em voz alta - Passarei na casa de Remo... - Sirius apertou os olhos para entender melhor a letra de Melane - Passarei na casa de Remo, não sei que lá, e não vou... Anh?

Tiago se juntou a Sirius e leu por cima do ombro do amigo:

- Passarei na casa de Remo e bati na porta - Tiago fez uma careta - Não... Passarei na casa de Remo e se eu o ver não vou pra lugar algum, até porque ele deixaria... Putz, mas que droga de letra! Cada dia fica pior!

Remo riu, realmente ele era o único que entendia a letra de Melane.

- Se até o Aluado não entendeu - suspirou Rouge - Quem vai entender? Vai Tiago, leia de novo em voz alta...

- Rouge, você sabe que coisas na minha casa não... - Tiago apertou os olhos - Andam bem... Ai - resmungou - Não tem nada em Hogwarts e não quero ficar presa no ano todo, igual uma boneca... Boneca? Ah, vamos pular pra parte do Remo! - ele limpou a garganta e tentou ler novamente - Passarei na casa de Remo e bati na porta, se eu o visse ele deixaria a vontade de ir embora. Não posso vê-lo... Mais do que eu.

- Chega, chega! - pediu Remo sorrindo - Estudamos com Melane há sete anos e ninguém consegue ler o bilhete dela?!

- Nem você consegue! - falou Sirius ofendido.

- Claro que consigo - Remo respondeu rapidamente. - Me de isso aqui.

Ele começou a ler a carta de Melane, ficando vermelho na parte que ela escrevera sobre a sua pessoa. Lílian soltou suspiros quando a amiga disse sobre o casamento, Sirius fechou quando ouviu o "idiota" mas logo abriu um sorriso, quando Remo lera que ele era um "cara legal".

- É isso... - concluiu estendendo novamente o pergaminho para Rouge, mas ela disse através de suas mãos que ele poderia ficar com a carta, então coloco-a no bolso. - Ela está bem... - resmungou, tentando acreditar no que dizia. - Não vamos falar nada sobre a carta, porque ela pediu. Sem comentários, sem nada.

- Okay - responderam todos e Rouge, acenou com a cabeça.

- Porque Melane tem que ser assim? - resmungou Lílian tristonha.

- Porque se não fosse, não seria a nossa Melane - respondeu Sirius.


Lupin ficou parado em frente a grande mansão dos Valentine. Aliás, ele não conhecia aquela casa. Estava tão grande e branca, se destacava no meio das outras casas no quarteirão. Tudo ali era grande e pomposo.

O portão que cercava a casa (de esquina por sinal) era preto e de ferro, ele deixava mostrar um belíssimo jardim, com uma fonte e bancos brancos. Algumas árvores e ao fundo a mandão branca.

- O que ela tem na cabeça de deixar este casão? - surpreendeu-se Rabicho, olhando espantado para o tamanho da casa.

Não ficaram muito tempo parados em frente ao enorme portão preto, logo viram os criados e fizeram com que os jovens entrassem na casa. O criado pediu que aguardassem no saguão da casa. "E que saguão", pensou Remo observando o lugar.

Ema duas escadas que se encontravam no topo. Quadros, tapetes e todos aqueles cacarecos que existem em mansões de pessoas muito ricas.

- E eu que achava que a de Tiago era enorme... - surpreendeu-se Rabicho mais uma vez.

Da escada, desceu pomposamente Sra. Valetine com cara que não havia dormido muito bem. Ao seu lado, vinha seu marido com um sorriso cínico nos lábios. Ah, como Remo não gostava de estar lá e nem de ver a cara amassada de Kian.

Os dois cumprimentaram todos e seguiram para a sala.

- Não vou fazer muitas cerimônias - começou Kian, enquanto os garotos se sentavam - Quero saber como estava a nossa filha no último dia de Hogwarts...

- Ela estava bem. Normal - respondeu Tiago - Um pouco triste por causa do final das aulas.

- Melane é uma pessoa difícil de se lidar - contou Sra. Valetine - Não se dá bem com limites, com regras... Brigou com o pai tantas vezes, tanto que nem usa mais o nome do pai. Rebelde sem causa, mas não imaginávamos que ela fugiria de casa. Nós brigamos, sim. Mas... Ela é minha filha e...

- Nenhum comportamento estranho... Algum desentendimento? - interrompeu Kian olhando para Remo - Nada? Não disse para ninguém sobre o plano de fuga?

- Sr. Valentine, Melane havia discutido com o Remo... - contou Rabicho - Não tinha? - e olhou para Remo.

Pedro era um cara legal, mas ás vezes falava demais. Demais.

- Hum... Sabia que tinha alguma coisa a ver com o senhor - disse Kian fitando-o - Onde ela está?

- Eu não sei, Sr. Valentine. Eu apenas conversei com ela, não foi nenhum discussão.

- Você está mentindo - disse alterado - Onde raios escondeu a minha filha!

- O senhor não acha que eu não gostaria de saber onde ela está? - retrucou Remo. - Ela não me disse nada sobre a fuga e se ela o fez, sem contar para ninguém, é que não gostaria de ser achada; se o senhor me permite dizer. - ele respirou fundo e fechou os punhos - Deve ter motivos para ter deixado todo este conforto.

- Coisa que o senhor não tem, não é mesmo?

- Kian! - falou Sra. Valentine - Não é assim que conseguirá alguma coisa. Se acalme!

- Cale a boca, mulher! - Kian gritou. - E quais são os motivos de minha filha, deixar a casa dela? O lar dela?

- Eu não sei! Acho que quem deveria nos contar é o senhor, não eu. Afinal, Melane é sua filha, não é mesmo? - Remo perguntou, com um tom de nervosismo em sua voz. Ele sentiu a mão de Tiago apertando o seu braço, pedindo calma. Mas havia alguém bem mais nervoso que Remo e Kian: Sirius.

- O senhor quer saber de uma coisa? Pelo que Melane me conta, isso aqui é um inferno, fantasiado de céu! - disse Sirius, pulando de sua cadeira - O senhor bate em sua mulher, briga com Melane por causa de seu filho que morreu, e não dá atenção nenhuma para o Daniel, que aliás é seu filho também. E você, tem a coragem de levantar de perguntar para Remo o quais são os motivos de sua filha querer ir embora? Ah, faça-me um favor!

Kian arregalou os olhos.

- E não adianta fazer esta cara de que não sabe nada! - continuou Sirius. - De que está surpreso! Se eu soubesse de alguma coisa sobre o paradeiro de Melane, o senhor seria o último a ficar sabendo!

Lupin levantou-se e segurou Sirius pelo braço.

- Vamos, vamos embora daqui! - falou Remo.

- Não, você não vai a nenhum lugar. Seu lobisomem! - falou Kian, cuspindo as palavras e olhando com nojo para Remo.

Houve um enorme silêncio na sala. Remo sentiu o sangue ferver mas ele sabia muito bem controlar a calma, mas Sirius não, que quase pulou no pescoço do velho Kian, mas Tiago ajudou a segurá-lo.

- Vamos embora daqui - disse Remo mais uma vez.

- Melane já sabe o seu segredinho? - perguntou Kian com os olhos faiscando - Aposto que não... Aliás, acho que ninguém daqui sabia da sua anormalidade. Devorador de humanos!

- Cale a sua boca, seu maldito! - berrou Sirius - Rouge, Pedro, vamos!

- Não, eu quero que ele termine de falar - pediu Remo. - O que tem a dizer? Eu acho que não sou o único anormal desta sala... Você bate em sua mulher e eu como gente. Um pouco incomum, não?

- Assim que vi esta sua cara de cachorro sem dono, logo percebi. E este seu nome, Lupin... Saiba que conheci seu pai, sua anormalidade levou sua família a falência. Estão vendendo o almoço para comprar a janta, não é mesmo? Pois saiba, que quando minha filha souber de sua anormalidade, vai desejá-lo nunca ter lhe conhecido. Meu filho mais velho, Patrick morreu. Ele foi atacado por um lobisomem, ele se pôs na frente da besta. Desde então, Melane abomina pessoas como você. E me surpreendo por ela não ter descoberto, sendo que parece tão evidente.

Remo perdera o chão. Se ele já tinha medo de falar o que realmente ele era, agora então. Mais um obstáculo, uma pedra no caminho. Isso só mostrava o que era impossível ficar com ela.

- O que foi? Cadê a sua coragem que via nos seus olhos? É... - e disse com prazer - É duro ser um anormal.

- Escuta aqui, seu verme! - desta vez era Tiago, que tinha largado o braço de Sirius e avançava sobre Kian - O único anormal aqui é você! E a senhora - olhou com repugnância para Sra. Valentine, que estava sentada em uma poltrona, chorando - Vai continuar aqui? Ouvindo estas besteiras todas?

- Tiago, não vale a pena - falou Remo. Ele olhou pela última vez nos olhos esverdeados de Kian e deixou a sala. Desaparatando para um lugar bem longe dali.