N/A: Se vocês não notaram alguém me denunciou "Esta noite não", perdi a fic, meus comentários e a paciência. Poxa, tem tanta droga por aí porque me escolheram, né? Em breve vou mandar o bônus para outro site e aviso pra vocês. Espero que vocês gostem do capítulo, ele está grandinho porque tem bastante diálogo. Não sei quando volto a atualizar porque sexta feira eu vou viajar, volto dia treze de fevereiro e logo logo vou começar a faculdade. Boa leitura e OBRIGADA PELAS REVIEWS! Não se esqueçam de comentar ;-)


Capítulo quinze – Doces, ciúmes e elástico

Remo acordou com os raios do sol batendo em seu rosto. Ainda com os olhos fechados tateou a cama a procura de Melane e não a encontrou. Pulou da cama e vestiu a primeira peça de roupa que encontrou no chão.

- Melane! Está aí? – chamou vasculhando os cômodos do andar de cima. Desceu a escada, ela não estava em nenhum lugar da casa. "Ela não pode ter ido embora!".

- Melane!

Foi até o jardim e acalmou-se ao ver ela sentada na grama.

- Que está fazendo aqui fora?

- Bom dia para você também, Remo – Melane falou levantando-se. – Estava plantando uma árvore... Uma vez sua mãe me falou que gostava de ipês. Daqui alguns dias a árvore vai crescer, eu usei magia...

- Então você prestava atenção nas aulas de Herbologia.

- Só de vez em quando – contou sorrindo – Vamos lá tomar café. Tô faminta – e arrastou Remo pela mão para dentro da casa.

- Eu posso cozinhar alguma coisa, que você acha? – ela perguntou vasculhando os armários da cozinha.

- Melane... Desde quando você sabe cozinhar?

- Remo, eu sou uma mulher, sabe... E toda mulher tem que saber cozinhar, pelo menos um pouco.

- Da última vez que você tentou fazer alguma comida, eu e Sirius ficamos sem almoço, a minha cozinha quase pegou fogo e tivemos que comer em um restaurante – ele relembrou sentando-se em uma cadeira.

- Isso faz muito tempo – ela desconversou batendo alguns ovos.

- Isso foi no semestre passado... Por que não usa a varinha? É mais rápido.

- Nossa, eu não tenho um mínimo de credibilidade com você, né? Precisa rever os seus conceitos. Eu sou uma grande cozinheira agora – falou despejando os ovos em uma frigideira – Pelo menos tratando-se de omeletes, panquecas e bolo de chocolate. Eu tenho muitas coisas para te contar. Mas antes, levanta esta bunda da cadeira e vai fazer um suco. Você não é o grandioso cozinheiro da turma?

- Você vai tomar o melhor suco de laranja da sua vida, Walker. Pelo menos eu vou ter algo para engolir enquanto eu como este seu omelete meia boca.

Os dois fizeram rapidamente o café da manhã. Melane fez panquecas, omelete e ele fez o suco.

- Okay, agora você pode dizer que as minhas panquecas estão ótimas – ela disse adoçando seu suco de laranja. – Você comeu o suficiente para Hogwarts inteira.

- Estão ótimas... – falou limpando a boca com o guardanapo – Onde aprendeu?

- Nas minhas andanças pela Inglaterra. Eu tive que trabalhar em um restaurante depois que minha conta em Gringotes foi bloqueada.

- Você saiu e casa e sacava o dinheiro que seus pais depositaram no banco?

- É... – confirmou fazendo careta – Muito estúpido da minha parte. Sair de casa e sobreviver com o dinheiro do meu pai. Foi assim que ele me achou na primeira vez. Depois me rastreou através da minha varinha e a terceira eu não me lembro...

- Seus pais estiveram aqui em minha casa, no casamento de Lílian e Tiago.

Melane engasgou-se com o suco ao mesmo tempo Remo escutou um craque na sala.

- Aluado, vou filar o seu café da manhã – disse a voz de Sirius. Ele ficou parado algum tempo analisando Melane, que estava com os cabelos cacheados armados e vestindo um blusão de Remo, este que usava apenas um hobby surrado.

- HEY, SIRIUS! – berrou Melane. Ela não deu chance para que ele respondesse e pulou em seu pescoço. Sirius abraçou a amiga e piscou malicioso para Remo.

- Melane, você vai quebrar as minhas costelas deste jeito – reclamou Sirius.

- É, eu sei que sentiu a minha falta também – respondeu bagunçando os cabelos compridos de Sirius.

- Melane, eu demorei UMA HORA para arrumar o meu cabelo!

- Ai, florzinha... – ela disse puxando uma cadeira e sentando ao lado de Remo.

- Bom eu passei aqui para ver se estava tudo bem com você, Remo. Mas estou vendo que as coisas estão ótimas por aqui – Sirius comentou feliz.

- Sente ai, Sirius. Coma alguma coisa...

Ele puxou uma cadeira e analisou as panquecas.

- Fui eu que fiz – Melane comentou.

- Hm, acho que perdi o apetite então – ele brincou – Então, Melane... Quando é que você resolveu voltar ao mundo dos mortais?

- Ontem... Quando eu fiquei sabendo que a Dona Francis tinha falecido – contou Melane.

- Quer dizer que alguém precisa morrer para você aparecer? – perguntou Sirius – Se eu soubesse disso já teria envenenado o Aluado.

- E eu jogado a sua moto barranco a baixo – rebateu Remo.

- Na verdade nem era para eu estar aqui – ela revelou - Por causa do meu pai e estas coisas. Ele vai me achar aqui rapidinho...

- Melane, até quando você vai ficar fugindo do seu pai? – Remo perguntou sério – Você não tem doze anos de idade.

- Mas meu pai pensa que eu tenho. A melhor coisa que existia em me formar em Hogwarts era sair da minha casa, me virar sozinha. Eu simplesmente odiava as férias de verão e sempre que podia passava o Natal em Hogwarts. Meu pai tem uma mentalidade do século passado. Para ele a mulher tem que cuidar da casa, cozinhar e dar filhos homens para seu marido. Daí os negócios da família começaram a ir mal... Meu pai mudou mais ainda. Bate na minha mãe, obriga o Daniel a fazer milhões de coisas e me culpa por Patrick ter morrido. Ele sempre foi o filho favorito dele... Patrick isso e Patrick aquilo – contou ressentida - E toda vez que voltava de Hogwarts ele me lembrava que toda a minha família foi da Sonserina e eu sou a ovelha negra, reclamava das minhas notas, me lembrava do acidente de Patrick e ainda reclamava por eu ser mulher. Como vocês acham que eu vivia naquele inferno? Depois começou com uma história que quando eu fizesse dezessete anos teria que me casar e eu fiz dezoito em junho...

- Nossa... – resmungou Sirius – Eu sei muito bem o que é ser a ovelha super negra da família.

- Quando eu terminasse o ano em Hogwarts eu iria me casar com um cara de não sei de onde.

- Por que ele queria te casar? – perguntou Remo.

- Pra salvar a família – ela disse amargurada – Pra salvar a pele dele, só se for. Sabe aquela coisa de casar e juntar o dinheiro todo? Era isso que ele queria. Uns negócios de dote e tudo mais.

- Melane, você deveria ter contado isso antes pra mim – Remo disse.

- Que adiantaria? – replicou injuriada – É por isso que saí de casa, que fiquei tempos fora de casa e por isso que vou embora... Eu preciso me livrar deste karma, ser alguém de verdade.

- Você fala como você fosse uma lenda – disse Remo – Ninguém tem certeza se aconteceu de verdade. Melane, você é real. Uma das mais fantásticas pessoas que conheço – completou – E você não era a primeira da classe porque simplesmente não queria. Quase nunca pegava nos livros e mesmo assim tirava notas boas. Todo mundo gosta e se importa com você. Não deixe seu pai te iludir deste jeito...

- É verdade – concordou Sirius – E agora sabemos que você faz panquecas ótimas.

Melane sorriu acanhada e Remo passou o braço em volta dos ombros dela.

- Da próxima vez que tiver uma crise de identidade eu vou aparecer na lareira de vocês e perguntar o quanto eu sou maravilhosa e pedir um conselho, quem sabe abrir um restaurante.

- Tá, vamos com calma, Mel. Você só sabe fazer panquecas – disse Sirius.

- As panquecas dominarão o mundo meu caro – respondeu dando uma piscadela.


- Remo, para onde exatamente nós estamos indo? – Melane perguntou mal humorada. Os dois andavam em círculos no centro de Londres e Melane não parava de falar um segundo sequer.

- Hein? – ela resmungou - O mundo não está estranho? Lord das Trevas a solta, Dona Francis faleceu na segunda feira – ela desandou a falar – Hoje é quinta e meu pai ainda não me achou... E agora estamos aqui, andando em círculos.

- Ali está! – e ele apontou com o dedo para uma loja do outro lado da rua. Os dois atravessaram a rua no meio dos carros e Melane ficou admirando a enorme loja de doces chamada "Guloseimas". Ele puxou-a para dentro da loja, era a mais colorida e maior que ele encontrou aos arredores de Londres. Só poderia ser a nova loja de doces de Savana. Melane parecia uma criança no meio das balas e pirulitos.

- Isso aqui é o paraíso? Lílian conhece esta loja? Nossa, ela amaria – disse com os olhos brilhando – Tudo bem que não é uma Dedosdemel da vida, mas... Será que eles tem bala de limão?

Havia muitas crianças no local e ele acabou se perdendo de Melane. Remo encontrou a seção que ficavam os chocolates e ficou um bom tempo pensando qual levaria. Havia chocolate coma avelã, pistache, amêndoas, castanha de caju, cereja, uva, nozes, crocrante. Remo era um chocólotra assumido e às vezes Melane o mimava trazendo chocolates da Suíça quando viajava para lá no Natal.

- Eu levaria o de amêndoas, é o meu preferido.

Ele virou-se e encontrou Savana com um olhar alegre. Ela estava com os longos cabelos preto presos em um rabo de cavalo, sua testa estava um pouco suja de algo que parecia chantilly.

- Não esperava te ver tão cedo – ela continuou.

- Sobre aquele outro dia quero me desculpar.

- Hm, deixa pra lá... Eu fiquei ansiosa, toda boba de te ver tomando chá e rascunhando algo que poderia ser uma poesia. Quem deve desculpar-se sou eu.

- Então estamos quites? – ele perguntou estendendo a mão, Savana balançou a cabeça e apertou a mão de Remo.

- Onde estão seus amigos? O gordinho e aquele cabeludo com pinta de galã cinematográfico?

- Sirius está empenhado em fazer com que Pedro emagreça...

- Veio sozinho para se empanturrar de chocolate?

- Não, eu estou com uma pessoa que deve estar perdida na loja. Aliás, esta é bem maior que a outra – ele comentou, caminhando pelo lugar.

- É... Mas eu gostava mais da outra. Esta é muito grande e cheia de luzes. Vai ser difícil eu conhecer todos os clientes, qual doces eles preferem... Mesmo eu trabalhando aqui só de vez em quando.

- A outra loja era mais íntima – ele disse.

- Então, qual seu doce favorito no seu planeta?

- Como assim em meu planeta?

- Se você mergulhar uma pedra em um chocolate derretido ele come – falou Melane do outro lado do corredor caminhando na direção dos dois – Teve uma Páscoa que Remo se intoxicou de tanto comer chocolate – ela contou aparecendo com uma sacolinha cheia de doces – Eu pensei que ele nunca mais comeria chocolate em toda a sua vida, mas assim que Remo saiu da enfermaria ele me perguntou se eu tinha guardado algum pedaço dos meus ovos para ele.

- Chocólotra, assim como eu – Savana disse.

- Savana esta é Melane, minha amiga – ele apresentou rapidamente – Melane esta é Savana, a dona da loja.

- A quase dona – ela corrigiu.

- Vocês se conhecem há algum tempo, hein – Melane comentou com uma estranha expressão no rosto.

- Na verdade...

- Parece que conheço ele há séculos – Savana contou interrompendo Remo – Por causa do livro. Mas ele me conhece há pouco tempo, questão de duas semanas, não me lembro.

- Livro? – Melane perguntou confusa – Que livro?

Remo e Savana entreolharam-se rapidamente.

- O livro que ele escreveu, de poesias... – contou Savana – As melhores poesias que eu já li, devo acrescentar.

Melane tentou desfazer a cara de espanto mas ela sempre fora transparente demais para esconder as suas emoções e um enorme ponto de interrogação seguido de uma exclamação pairaram na cabeça de Melane naquele momento.

- Ora, ora... Eu não sabia que tinha escrito um livro. De poesias...

- Já tem algum tempo, Melane – explicou Remo. – Um tempinho.

- Sim, você deveria ler... Eu e alguns colegas meus de faculdade gostamos bastante – Savana acrescentou.

- Faculdade?

- É, eu curso Medicina.

- Nossaaaaa – espantou-se Melane – Você corta as pessoas?

- Naturalmente, mas eu tô no começo muito... Por enquanto são só cadáveres e analisamos órgãos separados. Nunca cheguei operar gente viva, falta muito para isso.

- Por Merlim, esta sua amiga é esquisita – Melane disse – Mexe com mortos...

– Cortar os pacientes na verdade é coisa de natural... Eu quero ser obstetra, tudo bem que a gente tem que usar o bisturi, mas as mulheres fazem grande parte do trabalho.

- Obstetra? – perguntou Melane.

- Quem realiza partos – respondeu Remo. – Trata de mulheres grávidas.

- Remo, eu estou com fome – falou Melane pegando ele pelo braço – Nós podemos ir? Eu já comprei tudo que eu queria.

- Sim... Quer ir conosco? – e virou-se para Savana.

- Eu não sei – ela respondeu – Vou lá nos fundos, falar com minha mãe... Não sei se ela vai deixar por causa dos funcionários novos. Bom, eu já volto.

Savana se distanciou e Melane ficou absurdamente quieta o que era estranho tratando-se dela.

- Qual o problema? – ele perguntou.

- Problema? Nenhum. Está vendo algum problema aqui? Pintado de verde quem sabe – ela respondeu mal humorada. Remo bufou alto e cruzou os braços.

- Droga, Remo! Como ela é bonita! Ela tem o cabelo liso, você sabe o que isso significa?

- O quê?

- Não se faça de tonto porque você não é. Todo homem que se preze sabe o que um cabelo liso significa.

- Onde você quer chegar com isso?

- Bom, você e Savana. Savana e você...

- Cê tá com ciúmes? – perguntou Remo se divertindo olhando a carranca de Melane.

- Ciúmes, EU? – retrucou ofendida – Eu não tenho ciúmes, imagine. Háháhá – riu sarcasticamente – Ciúmes é coisa de gente fraca. De onde tirou esta história? Ciúmes é uma palavra que não existe no meu vocabulário.

- Sei... – ele disse rindo por dentro.

- Por que está com este sorrisinho, Remo? Olha, você poderia agarrar ela na minha frente que eu bateria palmas. Eu sou boazinha – ela disse com uma certa voz alterada – Vai em frente.

- Melane...

- Melane? Que Melane? – ela zombou – Ah, Melane, a sua amiga. Não fomos apresentadas ainda.

Savana apareceu com os cabelos soltos, testa limpa e parecendo feliz. Os três caminharam para um pub, Melane muito quieta e quando abria a boca para alguma coisa, cutucava ora Savana ora Remo.

- Você vem muito aqui, Savana? – Melane perguntou tomando um pouco de refrigerante.

- Toda terça feira eu canto aqui de noite – ela contou.

- Nossa, então você é uma cantora? – Remo perguntou interessado.

- Amadora, bem amadora – ela explicou – Eu sempre quis ser cantora e enchi o saco do Paul, o dono do pub, deixar eu cantar aqui. Depois de muita lábia em cima dele, convencendo que aqui seria um pub diferente ele deixou que eu cantasse nas terças. O movimento é fraco de terça então eu não correria o risco de assustar o pessoal daqui.

- Humf... Talvez você devesse mudar o seu repertório – Melane alfinetou – Bom, eu já volto – e levantou-se fazendo um certo barulho ao sair da mesa.

- Acho que ela não gostou muito de mim – Savana comentou.

- Eu disse isso quando a conheci há quase sete anos atrás.

- Uma longa história... Vocês dois tem juntos.

- É... Passou voando.

- Eu sempre quis ter alguém assim – ela disse com o olhar perdido – Um amigo de longa data, um namorado talvez. Pra dizer 'Sabe o Fulano? Conheço ele desde 1978! Nós nos conhecemos em um pub escuro de Londres' – comentou fazendo uma voz de velha – 'E veja só, estamos em 2000 e Fulano e eu ainda somos bons amigos'.

- Nossa, o ano dois mil está longe... Acho que até já entrou alguém – falou Remo.

- Eu espero...

Melane aproximou-se da mesa com as bochechas vermelhas.

- Olha, só sua peituda – começou Melane – Eu não sei quem você é e sinceramente eu nem pretendo.

Savana e Remo olharam assustados para Melane.

- Simplesmente não fui com a sua cara e não estou nem um pouco a fim que você fique jogando este seu cabelão pra lá e para cá pra cima do MEU namorado. Garota, você não se enxerga?

- Eu não...

- Ai, pode parar – interrompeu a ciumenta Melane – Larga a mão de ser sonsa. Eu demorei muito tempo para conseguir um minuto de paz ao lado dele. Sem pais enchendo o saco, sem nenhuma garota pentelha. No minuto que você apareceu eu me perguntei 'Meu Deus, o que eu tô fazendo aqui?' E acredite Savana, eu odeio me sentir perdida, ainda mais tratando-se do Remo que conheço como a palma da minha mão e você me fez duvidar disso. E estou duvidando disso até agora! Eu fui clara? – perguntou com o rosto fervendo. Savana estava prestes a mover os lábios para responder quando Melane se adiantou:

- Ótimo, você é uma garota esperta!

Melane virou-se e saiu do pub e assim que ela deixou o lugar a atenção dos clientes se voltaram para a mesa que Remo e Savana estavam. Ele levantou-se pedindo desculpa e foi atrás de Melane. Correu pelos arredores do pub e nem sinal de Melane, ele sabia que ela não estaria por lá e aparatou para casa. Foi até os fundos de sua casa e olhou para a árvore que Melane tinha plantado na segunda feira; a árvore estava longe de ser um ipê. Sempre quando Melane ficava chateada com alguma coisa ela costumava ir para a Floresta Proibida e subia em uma árvore e ficava por horas lá. E desta vez não era diferente.

- Melane? – chamou ao pé da árvore – Eu sei que está aí em cima.

Ela nada respondeu.

- Melane, você sabe que não sou bom em subir em árvores – ele continuou – Quer descer, por favor? Melane...

Ele olhou para cima e viu um tênis sendo arremessando em sua direção.

- AI! ISSO DOEU! – ele disse jogando o tênis para longe.

- Isso é pra você aprender...

Remo fez um certo esforço para conseguir alcançar o primeiro galho e foi subindo até onde Melane que estava.

- Que está fazendo aqui? – ela perguntou sentada em um galho encostada no tronco da árvore.

- Aqui é minha casa, sabe... – ele disse se aproximando.

- Fui eu que plantei a árvore... Você veio aqui me ver chorar feito uma garotinha – disse limpando as lágrimas. – Eu odeio chorar.

- Melane, você é uma garota, caso não saiba.

Ela olhou para o lado, onde ele estava e desabafou:

- Okay, eu estou com ciúmes. Como é que você queria que eu me sentisse? Num minuto estamos juntos e no outro você tem segredos com ela, parecem que se conhecem há anos!

- Eu não tenho segredos com ela. Mal a conheço.

- E aquela história do livro? – ela relembrou – Você nunca me disse que iria fazer um livro com suas poesias, ninguém sabia disso...

- Eu cheguei a comentar com você, mas não deve ter prestado atenção – ele contou – Foi idéia da Rouge. Isso já tem um tempo, Melane. Savana é uma trouxa que conheci sem querer.

- Eu percebi que ela não era bruxa com aquela coisa de Medicina. Mesmo assim, Remo... Me senti pequena, deixada de lado. Vocês dois nos maiores dos papos, como velhos amigos – ela desandou a falar – Sem contar que ela é bonitona e fica com aquele cabelo seboso dela pra lá e pra cá. Cê pensa que eu sou cega? Que não sei reconhecer uma coisa perigosa vindo a caminho?

- Melane, você está...

- Espera! – interrompeu Melane - Deixa eu terminar! Eu odeio me sentir perdida, sabe... Ainda mais tratando-se de você. Nós demoramos tanto tempo pra ficarmos juntos. Sempre tentava quebrar este muro que você construiu em sua volta. E depois daquele dia do lago, você se lembra? Você me beijou e me senti a mulher mais feliz do mundo e agora vem uma peituda de araque – e fez uma careta – querendo me tirar de você, e... Eu me senti perdida! Perdendo você e acredite, é horrível sentir sem chão. Tentei engolir o ciúme, mas não deu. Eu tive motivos para isso, você me chamou de amiga! Achei que nós fossemos mais do que isso...

Remo sorriu, era tudo o que ele queria ouvir.

- E nós somos.

- Somos?

- Eu fiquei com medo de dizer 'Savana, esta é a Melane, minha vida e eu a amo muito'. Fiquei pensando e se ela não gostar, achar que estou sendo precipitado.

- Você ama a Melane mesmo? – perguntou sorrindo timidamente.

- Sim, chega até doer... – ele respondeu olhando nos olhos dela. – Eu gosto quando ela dá uma de mandona e acha que sempre está certa. Gosto quando ela me ajuda com minhas poções, quando me faz rir e quando dá ataques de ciúmes em pubs lotados. Eu amo quando ela pega na minha mão, embaraça o meu cabelo e quando ela me beija... E gosto muito dos cabelos cacheados dela.

- Melane também te ama... – ela contou – Eu lembro quando eu te espiava na biblioteca, no quinto ano. Eu te achava tão irritante – contou sorrindo – Eu comentava com o Sirius como ele podia ter um amigo tão chato e depois... Nem sei como aconteceu, eu me apaixonei e até hoje eu tenho bronca daquela lufa que você foi num baile que teve no sexto ano.... Lembra?

- Eu me lembro também – ele comentou – Ela pisou no meu pé a noite toda. Você não foi no baile...

- Eu, Tiago, Sirius e a coitada da Rouge ficamos em detenção naquele sábado... Cada um em um canto de Hogwarts.

- Que vocês fizeram?

- Bombas de bosta no vestiário enquanto o pessoal do time de quadribol sonserino tomavam banho. Foi divertido, mas alguém nos dedurou e a Rouge que nem estava com a gente acabou ficando detida também.

- O baile não estava lá aquelas coisas... Bombas de bostas são divertidas. Uma vez eu e os meninos transformamos a sala do professor Gilbas em um manguezal.

- Então foram vocês!

- Na verdade, eu e Tiago fizemos a maior parte – ele contou – Sirius e Pedro se preocuparam mesmo com os siris.

- McGonagall me convocou como suspeita, ela pensou que eu tinha ajudado no manguezal. 'Senhorita Valentine, você tem notas boas em Transformação e uma ficha extensa em detenções' – contou imitando a voz seca da professora.

- A semana toda tomando sopa de siri... – ele disse mudando para o galho de Melane.

- Nós vamos cair... – ela avisou.

- Será divertido.

- Me desculpe por hoje, foi algo que...

- Shhhh... – disse ele colocando o dedo indicador nos lábios de Melane. Remo tirou do bolso um elástico, pegou na mão esquerda de Melane e deu duas voltas em seu dedo anelar – Agora é pra sempre.

- Já não era sem tempo.

Melane inclinou-se para beija-lo quando o galho fez "creck".

- Nós vamos cair – ele disse apressado.

- Não. Respire.

- Eu acho que tem alguém aqui precisa fazer dieta.

- De onde veio aquele tênis tem mais... – ela disse rindo e bateu a mão na cabeça de Remo.

Creck.

- Nós vamos cair – ele repetiu.

- Pensei que você achasse isso divertido.

- Não acho mais.

Creck. Remo bateu as costas em pelo menos três vezes antes de cair no chão duro. Melane tentou se segurar em galho mas a gravidade vencera e ela caiu do lado dele.

- Está proibida de subir em árvores – ele retrucou olhando para o lado.

- Foi legal ver a sua cara de pânico – Melane comentou - Ralei meu cotovelo...

- Eu dou um jeito nele.

- Seu rosto está cheiro de terra...

- Melane... – ele disse ficando com os lábios próximos aos dela.

- Hm...

- Chega de conversa fiada – e logo depois a beijou com certa urgência. – Mas que eu gostei de ver você com ciúmes eu gostei.

- Remo, você disse sem conversa fiada.


Aluada-Digrin: - levanta Aluada que estava de joelhos – A transformação do Remo será explicada no próximo capítulo (que está quase pronto) e se conseguir finalizar ele na sexta feira eu já coloco aqui pra vocês.

Yasmine Lupin: MOÇA, BRIGADA PELO E-MAIL! – dança feliz – Vou hospedar o bônus no 3V ) que lá não tem problema. Huahuahua, sua existência está vinculada a Lobos? Que chic! – emocionada – Eu também gosto muito da Lobos e vou ficar triste quando eu acabar... Mas não quero pensar nisso. Boa sorte com a Recomeço, porque ela é enorme!


Cena do próximo capítulo:

- E quanto a você? A sua felicidade? – ela perguntou colocando a mão no ombro de Remo. Ele virou-se e respondeu:

- Eu vou ficar feliz em ajudar os outros e mais ainda de saber que minha missão está cumprida...

- E você acha que está certo eu ficar aqui pensando nas coisas que eu poderia ter feito, Remo? Está sendo incompreensível...

- Talvez...

- E nós, como ficamos? – Melane perguntou enxugando as lágrimas.

- Nós? – e riu nervoso. – Não existe mais "nós" acho que nunca existiu.

- Vamos ficar brigados pro resto da vida?

Remo cruzou os braços em resposta.