O Treinamento

As horas passavam lentamente para Luthy. Ela ficava olhando para o relógio da sala de aula de cinco em cinco minutos. Estava louca pra sair daquela sala e ir embora para casa e treinar. Era o único pensamento que ocupou sua mente durante as aulas, ela estava tão distraída, que não percebeu quando seu professor de química a chamou.

- Luthy... Luthy....

- Senhorita Luthy Athena Stravos! – gritou o professor. Luthy deu um pulo na carteira, tamanho foi o susto que levara.

- Professor, não precisa gritar! Eu não sou surda!

- Se não é, está ficando, pois, estou chamando a senhorita já faz algum tempo e a senhorita não me deu atenção alguma – disse o professor.

- Desculpe professor – disse ela – é que estou um pouco distraída hoje.

- A senhorita não está um pouco distraída!A senhorita é distraída – disse o professor virando para a lousa e arrancando risos dos alunos, fazendo com que Luthy ficasse vermelha de tanta vergonha.

- O que o senhor queria comigo professor? Perguntou ela com um jeitinho meigo

- Não importa mais, Luthy – disse ele com um olhar de decepção – você é uma ótima aluna, mas esse negócio de ficar distraída pensando em que sei lá o que, poderá atrapalhar seus estudos. Você tem que prestar mais atenção nas aulas.

- Ah! É só isso, pensei que fosse alguma coisa grave, mas não se preocupe, de hoje em diante eu prometo que prestarei mais atenção em suas aulas e nas aulas dos outros professores – disse ela com um sorriso maroto.

- Está bem. Agora vá embora para casa que o sinal já soou e não quero que você fique se distraindo por aqui e esqueça de ir para casa.

- Não se preocupe, professor. Hoje mesmo que quisesse não esqueceria de ir para casa por nada nesse mundo – disse pegando o material e saindo da sala correndo.

"Essa menina não tem jeito mesmo" pensou.

Luthy chegou em casa como um furacão, jogou o material em cima do sofá, trocou de roupas e deixou-as jogadas em cima da cama, vestiu uma roupa mais confortável e foi almoçar. Ela comia tão depressa que Sarah começou a rir.

- Do que você está rindo Sarah? Disse ela com a boca cheia de comida.

- Estou rindo de você por quê? Respondeu Sarah desafiadoramente.

- Eu não sou nenhuma palhaça para que você fique rindo – disse Luthy com expressão séria.

- Não é, mas parece, e não fale com a boca cheia! Senão vou ter que armar um guarda-chuva pra me proteger da chuva de arroz, hahahahaha!

Luthy, não se agüentando mais de tanta raiva, foi pra cima de sua irmã, mas essa conseguiu escapar e foi para perto de sua mãe.

- Você não me pega, você não me pega – disse Sarah provocando sua irmã mais ainda.

- Mãe, olha a Sarah! Se ela não parar de me provocar eu vou dar um beliscão nela – disse Luthy com voz chorosa.

- Luthy – disse Saori – você não tem vergonha não! Olha o seu tamanho e o de sua irmã...não acha que está um pouco grandinha demais pra ficar se implicando com ela?

- Mas foi ela que começou – protestou Luthy.

- Bem...sua irmã não deixa de ter um pouco de razão. Você realmente está falando com a boca cheia de arroz – disse Saori não contendo o riso.

- Ah! Cansei! Não quero mais comer, vou descansar um pouco e depois vou treinar com o pai. Por falar nisso, onde está ele?

- Ele foi meditar um pouco, parece que ele está preocupado com alguma coisa, mas ele disse que você fosse encontra-lo no campo de treino lá pelas 14:00 hs.

- Está bem! Vou aproveitar pra dar uma arrumada no meu quarto, que está uma bagunça.

- Além de falar com a boca cheia, ainda por cima é relaxada – disse Sarah já correndo para perto de sua mãe – Luthy lançou um olhar fulminante para sua irmã, mas resolveu ignorar o comentário dela, afinal de contas o quarto estava precisando de uma faxina.

As horas passaram rapidamente e assim que terminou a arrumação, ela saiu correndo, pois, estava atrasada – O papai vai me matar – pensou ela – logo no meu primeiro dia de treino já chego atrasada. Logo que chegou já pode ver a cara de poucos amigos de seu pai.

- Até que enfim chegou! Já estava pensando que não viria mais!

- Desculpa...pai...é que eu estava...arrumando o meu quarto e vim correndo até aqui – disse Luthy arfando.

- Bem vamos começar logo. Você já treinou com os outros cavaleiros, não é mesmo?

- Sim – respondeu ela.

- Já que você tem um cosmo desenvolvido, mostre-me o que você aprendeu com eles...me ataque!

- O quê?

- Vamos menina me ataque! Quero ver como está seu nível de luta. Não perca mais tempo e me ataque!

- Mas pai eu não sei se estou pronta pra isso e...

- Você não queria que eu a treinasse, pois bem, aqui estou e o que você deve fazer é me atacar com toda sua força, do mesmo jeito que me atacou quando cheguei da viagem no outro dia.

- Está bem.

Luthy fechou os olhos, respirou fundo e começou a elevar seu cosmo, deixando Kal impressionado.

"Ela tem uma cosmo energia tão poderosa quanto a dos cavaleiros de ouro" – pensou ele orgulhoso de sua filha.

- Não tenha medo – disse ele – você aprendeu com os melhores mestres que poderia ter, você está totalmente pronta para isso.

Ela assentiu com a cabeça e lançou uma esfera de energia, mas não conseguiu atingir Kal.

- Mas como! Eu lancei um ataque na velocidade da luz e mesmo assim não consegui atingi-lo!! Isto não é possível, pois, você nem se mexeu!!

- Isso não é verdade, simplesmente me movimentei mais rápido que o seu ataque – respondeu ele calmamente.

- Mas da distância que estava não teria como errar o golpe e você também se movimenta na velocidade da luz, não é?

Kal nada respondeu, apenas levantou o punho cerrado na altura da cintura e vários feixes de raios apareceram e passaram ao lado de sua filha sem atingi-la, deixando-a totalmente atônita.

- Na verdade – respondeu ele – eu me movimento mais rápido que a luz e tenho certeza que você não viu nenhum dos meteoros que passaram ao seu lado, não é?

Luthy ainda estava paralisada. Sabia que seu pai era forte, mas não esperava que ele se movimentasse mais rápido que a luz. Ainda estava envolta com seus pensamentos que nem percebeu que em um instante Kal se encontrava atrás dela.

- Se fosse uma batalha de verdade você já estaria morta. Não se deixe levar pela enorme velocidade dos meus golpes, o segredo da vitória em uma luta é o cosmo, se você conseguir elevar seu cosmo até o nível de seu adversário, poderá vence-lo com certeza. Agora pare de agir como uma garotinha e me ataque, tenho certeza que conseguirá me atingir.

- Qual a velocidade que você se movimenta? Perguntou Luthy – estou acostumada a treinar com os cavaleiros de ouro e vejo bem os movimentos na velocidade da luz, mas a única coisa que vi no seu golpe, foi quando você levantou o punho e ele brilhou, depois não vi mais nada.

- Não acha que isso é irrelevante no momento – disse Kal friamente – você acha que seu adversário vai perguntar a que velocidade você se movimenta? Mas se isso é tão importante pra você vou lhe dizer...me movimento a 300.001 km/h, mas posso me movimentar mais rápido que isso se precisar. Só me movimentei um metro a mais e você já não foi capaz de ver meus movimentos.

- 300.001 km/h e ainda pode aumentar a velocidade!! Exclamou Luthy totalmente surpresa com a velocidade que seu pai alcançara. Quem lhe ensinou essa técnica?

- Foi uma "senhora". Mas agora chega de conversa e acerte um golpe em mim e se conseguir, lhe direi o nome da minha mestra e lhe ensinarei a minha técnica mais poderosa.

Luthy continuava tentando acertar seu pai, mas ele esquivava de todos os seus golpes com muita facilidade e parava vez ou outra para passar algumas lições a sua filha.

- Luthy – disse ele – depois de acertar mais um golpe nela que a derrubou no chão – o que é preciso para deter uma pessoa que é mais veloz que você?

- Eu não sei... – ela nem terminou de falar e logo foi interrompida por seu pai.

- Não me diga o que você não pode fazer e sim o que pode, você não espera que eu lhe conte como me derrotar não é mesmo!

- Quando uma pessoa é mais veloz que eu, preciso por um obstáculo para força-lo a diminuir a velocidade – respondeu ela.

- Muito bem! É isso mesmo. Mas e se você não conseguir por esse obstáculo, o que você deve fazer?

Luthy ainda pensava na resposta, quando de repente levou mais um golpe na altura do estomago e se não fosse pela proteção que usava, certamente teria desmaiado.

- Pense rápido! Não fique ai parada sem fazer nada!

- Eu não agüento mais – disse Luthy quase chorando.

- Eu lhe disse ontem que não pegaria leve com você, não é mesmo? Disse Kal estendendo a mão para ajudar sua filha a levantar-se.

- Mas não disse que pegaria tão pesado – respondeu ela.

- Muita coisa na cabeça.

- O quê? Disse ela sem entender nada.

- Muita coisa na cabeça, não fique tentando enxergar e prever meus movimentos – disse Kal amavelmente – sinta o meu cosmo, o deslocamento de ar que acontece quando me movo, se concentre e não fique se preocupando em quando e como vou atacar, mas eleve o seu cosmo ao máximo e aí sim poderá enxergar meus movimentos. Agora ponha em prática o que acabei de lhe dizer. Ela olhou para seu pai e pode ver um sorriso que lhe encheu de forças e assentiu com a cabeça.

- Vamos começar de novo – disse ela desafiadoramente – e desta vez vou enxergar os seus golpes e vence-lo.

Fechou os olhos e elevou seu cosmo mais uma vez, concentrando-se, tentando ouvir os sons, sentir o deslocamento de ar, começou a sentir o cosmo de seu pai se aproximando rapidamente, primeiro pela esquerda, depois pela direita e assim sucessivamente, então de repente ela abriu os olhos e pode ver nitidamente seu pai se preparando para ataca-la, ela defendeu-se do soco, e contra atacou com uma esfera de energia que passou a poucos centímetros do rosto de seu pai, pois, ele havia conseguido desviar-se do ataque no ultimo instante.

- Esse golpe foi ótimo, realmente, não pensei que conseguiria ver meus movimentos tão depressa. Você deve ter a mesma habilidade minha, aprende as técnicas de seu adversário rapidamente, somente de observa-las por uma ou duas vezes. Muito bem minha filha, isto torna as coisa mais interessantes. Ah! Antes que me esqueça, essa cápsula de poder foi incrível, vejo que Aioria lhe ensinou bem.

- Obrigada papai, mas agora chega de conversa e vamos treinar!

Kal não pensou duas vezes e correu em direção a sua filha, saltou e tentou acerta-la com os pés mas ela consegui esquivar-se saltando de lado. Kal virou-se rapidamente e disparou sua "Tempestade Estelar", mas Luthy evitou todos os golpes.

Luthy correu em direção de seu pai e lançou uma esfera de energia, Kal fugia da esfera e quando ela estava prestes a acerta-lo, ele virou-se e disparou uma rajada de energia que fez a esfera desaparecer.

Luthy lutava bravamente, defendia-se muito bem e também atacava, no entanto, sem conseguir toca-lo, ela tentou novamente acerta-lo com seus meteoros, mas seu pai esquivou-se de todos eles.

- Luthy! Está na hora de acabarmos com isso – disse ele com uma frieza que parecia congelar todo o local.

- Eu ainda não fui derrotada e esta luta está longe de acabar – disse ela com a mesma frieza.

- Você lutou bem minha filha, mas ainda tem muito que aprender – dizendo isso Kal saltou novamente e tentou acerta-la com os pés, fazendo com que Luthy saltasse para frente, ao virar-se pode ver seu pai com um dos joelhos encostado no chão e observou também que as pontas dos dedos da mão direita também estavam tocando o chão.

- Está ficando velho papai, já cansou – disse ela com ar de deboche.

- Como eu lhe disse, você tem muito o que aprender ainda – dizendo isso Kal cerrou o punho, fazendo com que ele tocasse o chão e elevou seu cosmo.

"SHOCK WAVE" – gritou ele e imediatamente feixes de energia semelhantes à Excalibur de Shura surgiram cortando o solo e indo na direção de Luthy, que rapidamente saltou o mais alto que pode, mas a poeira que o golpe produziu a impediu de ver que seu pai havia saltado no mesmo instante e quando ela percebeu já era tarde, Kal estava atrás dela lançou alguns meteoros, Luthy cruzou os braços em X para se proteger do ataque, mas não impediu ela de cair com força no chão.

- Luthy por hoje chega, você está muito cansada, e já não está acompanhando meus movimentos como anteriormente, vamos pra casa descansar – disse ele estendendo a mão para sua filha afim de ajuda-la a levantar – amanhã treinaremos mais.

- Não preciso da sua ajuda para levantar-me – disse ela dando tapa na mão de seu pai.

- O que você tem menina? Perguntou Kal espantado com a reação inesperada de sua filha.

- Eu disse que o venceria e é isso que vou fazer – respondeu ela ficando de frente com seu pai e pondo-se em posição de combate.

- Já disse que por hoje chega e pare já com isso, você está cansada e fraca, nem que quisesse conseguiria me vencer.

- Fraca e cansada! Isso é o que veremos, papai – dizendo isso Luthy ascendeu seu cosmo mais uma vez, fazendo com que Kal se espantasse do poder que emanava dela.

"Não poder ser, o cosmo que emana dela é maligno" pensou ele.

- O que foi papai está com medo? – disse ela sarcasticamente – o mais poderoso cavaleiro de Athena está com medo de uma pirralha – dizendo isso ela fez surgir entre suas mãos uma poderosa esfera de energia – agora papai se prepare para morrer! Que ironia, vai morrer pelas mãos da própria filha e por sua própria técnica.

Kal sentiu mais alguns cosmos se aproximando – "é Saori e Sarah, não poderiam chegar em pior hora"- pensou ele – "estou entre a cruz e a espada, a minha frente minha filha pronta pra me atacar com uma das minhas melhores técnicas, atrás de mim Saori e Sarah. Se eu desviar, o ataque irá atingi-las em cheio, seu usar a técnica Escudo de Athena, o golpe voltará para Luthy, que certamente morrerá, pois, não tem controle total dessa técnica. O que eu faço?

Bem pessoal! Aqui está mais um capítulo, espero que estejam gostando da fic e não esqueçam de mandar reviews, tá!!!