CapítuloDois - Nas Asas de Um Anjo Meu Coração Sorriu e Cantou

"- Eu juro, juro por esse sangue... que jamais sofrerei novamente!"

Hermione Jane ainda podia ouvir sua voz gritando aos quatro ventos sua promessa após a morte da madrinha. Nazareth, aquela que acolheu Hermione Jane quando ninguém mais a queria... aquela que era um poço de bondade, pureza e virtudes, estava... morta!

Ela caminhava graciosamente de volta à sua cabana, a tristeza claramente estampada em seu rosto angelical. Entrou em sua humilde moradia de três cômodos, e não olhou para onde o corpo da madrinha jazia. Colocou seu melhor vestido florido rodado e pegou sua cesta mais bem trabalhada que só era usada em ocasiões especiais.

Preciso buscar as melhores flores para o funeral de minha madrinha querida... – e saiu, sem se importar nem com a tempestade nem com as lágrimas que caíam, rumo ao seu tão bem cuidado jardim florido, do outro lado da cerca.

Percebendo a angústia e a tristeza que dominavam o coração da belíssima Hermione Jane, uma borboleta amarela pousou delicadamente em sua mão.

Ah borboletinha... Minha madrinha morreu, borboletinha... – Hermione Jane sentou-se na areia, deixando a cesta de lado, buscando consolo em sua mais nova amiga – isso não é muito triste? Quê? Ah é... Eu sei que vai ficar tudo bem, mas eu gostava tanto dela, borboletinha... É, vou ter que arrumar um emprego agora que não conto mais com a aposentadoria da minha amada madrinha... Ei, espere, aonde você vai?

A borboleta amarela voou em direção à cabana, e Hermione Jane a acompanhou, querendo continuar a animada conversa. Mas o pequeno animal era demasiadamente rápido, e logo se distanciou de Hermione Jane.

Borboletinha, volte... O que deu em você, hein?

Antes que a nova amiga de Hermione Jane pudesse responder, um clarão iluminou o céu, e um raio desviou-se na borboleta amarela, atingindo a cabana de Hermione Jane, ao invés da belíssima garota.

Hermione Jane jogou-se de joelhos no chão com a mão em sua boca, ainda sem de acreditar nas peças que o destino pregava. Incapaz de ver seu casebre ser destruído pelas intensas chamas amarelas-avermelhadas que nem a forte tempestade conseguia deter, Hermione Jane levantou-se e saiu correndo em direção à praia.

Tomada pela dor de perder sua madrinha e sua casa no mesmo dia, ela parou de frente para o mar e ajoelhou-se novamente, erguendo as mãos e a voz:

Oh there is nothing to lose
'Cause it's already lost
In a runaway world
Of confusion
I'm gonna take it
That's why I fight fire with fire
Oh I'm burning inside and my heart is a-cryin'


Draco Alexander Carlos Daniel Malfoy aguardava ansiosamente os relatórios sobre a chegada de Harry Tiago Luís Fernando Potter a Pumpkin Springs. Deitado em uma espreguiçadeira nas areias fofas de Mayaguana, Bahamas, uma exuberante morena aproximou-se dele com uma taça de champagne e uma carta.

Draco Alexander, esta carta acaba de chegar para você através do serviço de corujas do hotel. Sabe do que se trata?

Ele afastou os óculos escuros dos olhos apenas para vislumbrar com desprezo sua belíssima amante. Ajeitou-os novamente no rosto, bebendo um gole da bebida oferecida pela dedicada mulher, e pegando a carta que ela lhe entregava, falou:

Não é da sua conta, Pansy Clarissa da Luz Parkinson. – ele abriu a carta e passou os olhos rapidamente por ela, como se já soubesse o que aquelas linhas continham. – Droga! – Draco Alexander deu um murro na espreguiçadeira, mostrando todo o seu descontentamento.

Algum problema, meu amor? – Pansy perguntou, ajoelhando-se a seu lado.

Cale a boca, sua pata alienada! E isso é o que se chame de champagne? – Draco Alexander atirou a taça na areia fofa, e Pansy assustou-se. – Traga-me uma bebida decente! Anda!

Pansy Clarissa da Luz Parkinson saiu em disparada, enquanto Draco Alexander refletia sobre as notícias recém chegadas de Pumpkin Springs.

Então você voltou mesmo, uh, Potter! Agora finalmente você terá o que merece... – coçando o queixo, Draco Alexander voltou a aproveitar a tranqüilidade que Mayaguana oferecia.


- Senhor Potter! Seja bem-vindo a Pumpkin Springs! – um ruivo alto com enormes cicatrizes pelo rosto apressou-se em tirar as malas do carro.

Harry Tiago olhou demoradamente para ele através das lentes embaçadas de seus óculos. O ruivo sentiu-se incomodado com tanta atenção, e olhou para baixo, a fim de verificar se tudo se encontrava no devido lugar. Ao constatar que não havia nada errado consigo, Rony finalmente perguntou:

Algum problema, senhor Potter?

Você... Como é mesmo seu nome?

Ginevra aproximou-se delicadamente de Harry, beijando-o no pescoço. Harry afastou-se dela, concentrando seu olhar no motorista.

Ronald Billius, senhor.

Harry Tiago pensou por um momento. Seu amigo, morto na guerra também era ruivo, também tinha sardas, e também se chamava Ronald. Mas não Billius, e sim Weasley.

Esqueça, rapaz... meu amigo não poderia ter um sobrenome como esse. – Harry Tiago disse, e Ginevra Malvina riu, parecendo extremamente aliviada. Harry sorriu, e tinha de admitir que os pais de seu novo motorista não deviam gostar muito dele. Na verdade, com aquela aparência e jeito desengonçado, seria impossível que qualquer pessoa gostasse dele!

Entraram na imensa mansão Black, e Ginevra ordenou que Ronald levasse suas sete malas com sais para banho imediatamente ao banheiro da suíte principal. Ao descer afrouxando a gravata borboleta vermelha, e enxugando o suor do rosto, ele encontrou Harry Tiago folheando um livro na sala de estudos.

Senhor Potter... o senhor poderia me conceder alguns minutos de sua atenção?


Hermione Jane sentiu algo salgado em sua boca e acordou subitamente.

Onde estou? – ela sentou-se na areia, relembrando os acontecimentos do dia anterior.

Você está em Pumpkin Springs, e são exatamente 10 horas da manhã do dia 24 de Outubro. – uma voz ao lado dela falou.

O que faz aqui, Ronald Billius? – ela procurou esconder suas partes íntimas com o vestido molhado.

Nada. Apenas te observando. – ele a encarava com um olhar estranho, como se pudesse perder o controle a qualquer momento, e acabar com toda a graça e pureza de Hermione Jane.

Não gosto desse seu olhar, hein...

Eu soube o que aconteceu, Hermione Jane. Sua madrinha, sua casa. E já resolvi as coisas para você.

Como assim? Tá querendo dizer o quê? – Hermione Jane perguntou, desconfiada.

Venha comigo. Você vai trabalhar na casa do Potter.


Hermione Jane já havia visto a mansão dos Black por fora, mas não imaginava que pudesse ser tão deslumbrante. Ronald Billius abriu a porta para ela, que trazia consigo apenas sua melhor cesta de flores, tudo que sobrou de uma vida inteira de sofrimento e provações.

Apesar do manto negro que envolvia seu doce coração, Hermione Jane não pôde deixar de se sentir alegre ao vislumbrar tamanha beleza e conforto. Sorrindo, jogou a cesta no chão e saiu rodopiando pela sala de estar, segurando as pontas do vestido florido rodado com as mãos. Ronald Billius a olhava admirado, mas ela nem percebeu que o tolo apaixonado continuava ali.

Com incrível leveza e graciosidade, jogou-se no sofá branco, colocando seus lindos dentes brancos e perfeitos à mostra em uma risada que mais parecia um cântico entoado pelos deuses da alegria e da beleza. Hermione Jane fechou os olhos, querendo aproveitar cada segundo daquele momento mágico e especial, e ao abri-los, deparou-se com uma visão ainda mais mágica, especial e encantadora. Olhando fixamente para ela, como se não acreditasse no que via, estava um homem com os cabelos bagunçados, óculos e uma pequena cicatriz em forma de raio na testa.

momento câmera lenta on

Hermione Jane sabia quem ele era, claro. Todos já tinham ouvido falar da grandiosidade, beleza e coragem de Harry Tiago Luís Fernando Potter, mas ao vê-lo ali na sua frente, Hermione Jane sentiu algo que até então desconhecia. Suas pernas pareceram se desprender do chão, seu coração parecia querer saltar por sua boca e ela se sentiu flutuando.

Harry Tiago por sua vez, estava estupefato com tamanha beleza e graciosidade; era como se sua vida começasse ali, naquele momento; como se ele tivesse passado todos os seus anos em uma escuridão completa, e de repente um anjo aparecesse em sua frente, libertando seu coração das trevas e mostrando a ele possibilidades de uma nova vida, cheia de luz, alegria e amor.

Oh, my love, my darling,
I've hungered for your touch a long, lonely time,
Time goes by so slowly and time can do so much.
Are you still mine?
I need your love, I need your love, God speed your love to me

Ao som da música que enchia seus ouvidos, Hermione Jane levantou-se do sofá suspirando enquanto encarava Harry Tiago, que vinha em sua direção, os profundos olhos verdes fixos no doce olhar de Hermione Jane. Nada mais existia naquele momento além de duas almas que pareciam feitas uma para a outra, finalmente encontrando-se!

"Lonely rivers flow to the sea, to the sea
To the open arms of the sea
Lonely rivers sigh, "Wait for me, wait for me"
"I'll be coming home, wait for me!"

Apenas dois passos separavam Hermione Jane de Harry Tiago, e suas mãos se encontraram pela primeira vez. Seus corpos estremeceram ao toque sensível de suas peles, e eles teriam ficado ali, envoltos na mágica descoberta do amor, perdidos no novo mundo que acabavam de adentrar. Mas uma voz soou firme e clara, e a música parou de tocar nos ouvidos dos futuros amantes.

Harry Tiago! O que pensa que está fazendo?

Ginevra Malvina adentrou a sala em um luxuoso e longo vestido vermelho, que deixava metade de suas pernas à mostra, e Ronald Billius agradeceu intimamente à ruiva por ter chegado em hora tão propícia.

momento câmera lenta off

Será que Hermione Jane irá adaptar-se à rotina da casa grande? E que clima foi aquele entre ela e Harry Tiago? Sinal de amor verdadeiro? Tramas do apocalipse? Leia o próximo capítulo de... ETERNAMENTE ENTRE ABÓBORAS E BEIJOS

Hermione Jane canta: Fight Fire With Fire, Kansas.
Hermione Jane e Harry Tiago escutam: Unchained Melody, Righteous Brothers.